ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00094</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PT04</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Releituras de um país descoberto</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Geiciane Fonseca de Souza (Universidade Federal do Amazonas); Allan Soljenistsin Barreto Rodrigues (Universidade Federal do Amazonas); Maria Luiza da Silva Dacio (Universidade Federal do Amazonas)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;colonizacao, exploracao, fotografia, indigena, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A exploração portuguesa no contexto da colonização foi retirada de um ensaio fotográfico denominado  Releituras de um País Descoberto . Produzida na disciplina de Planejamento Visual, Editoração Eletrônica e Web Design, visa representar os efeitos da exploração portuguesa no cotidiano indígena por meio da fotografia. A intenção é fazer com que se perceba o quanto a vida dos índios e a identidade nativa foram afetadas pelo domínio português.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A fotografia aqui apresentada foi resultado de um trabalho proposto na disciplina de Planejamento Visual, Editoração Eletrônica e Web Design, ministrada pelo professor Allan Soljenístsin, no primeiro período do curso de Jornalismo na Universidade Federal do Amazonas, primeiro semestre de 2016. A fotografia é a técnica de criação de imagens através de exposição luminosa, fixando esta em uma superfície sensível. Não é obra de um único autor, mas um agregado de conceitos e avanços por parte de várias pessoas. No século XX e no período entre as duas guerras mundiais a fotografia se tornou o meio dominante e mais &quot;natural&quot; de nos reportarmos às aparências. Foi então que ela substituiu o mundo como testemunho imediato. Uma fotografia é uma imagem, não é apenas uma imagem como uma pintura da interpretação do real; é também um traço, algo do real, como uma pegada ou uma máscara. (BERGER, 1978, P.55). Toda e qualquer imagem fotográfica contém em si, oculta e internamente, uma história. A realidade da fotografia reside nas múltiplas interpretações, nas diferentes &quot;leituras&quot; que cada receptor dela faz num dado momento; tratamos, pois, de uma expressão peculiar que suscita inúmeras interpretações. Nesse contexto, A Exploração Portuguesa no Contexto da Colonização traz consigo uma bagagem histórica de fácil entendimento e consequentemente, grande alcance. Sua essência está na capacidade que tem de fazer com que o receptor rapidamente assimile o que foi proposto, além de lhe dar a liberdade de interpretar de outras maneiras. Visto que, a exploração por parte dos portugueses aos indígenas não se deu apenas no âmbito da escravização, mas também na extração dos recursos naturais e no abuso de poder e exploração sexual das nativas habitantes da recém terra descoberta.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Objetivo geral: &#61623; Representar através da fotografia artística a realidade de exploração e sofrimento enfrentada pelas índias durante a colonização europeia no Brasil. Objetivos específicos: &#61623; Trazer à tona a lembrança de que os problemas e situações discutidos em nosso cotidiano pelo movimento feminista, como assédio, exploração, ausência de igualdade e respeito, não são fatos isolados na nossa realidade atual, mas também uma construção de estereótipos e preconceitos presentes na grandes navegações.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">No início do século XVI, o litoral brasileiro era repleto de tribos indígenas, época também da chegada dos portugueses. A primeira  relação de trabalho entre portugueses e indígenas foi o escambo  os portugueses ofereciam objetos aos índios em troca de trabalho na corte e transporte do pau-brasil. Os engenhos de açúcar no Nordeste do Brasil, também abrigavam grande quantidade de mão-de- obra indígena. O processo de colonização levou à extinção de muitas sociedades indígenas existentes no Brasil, seja por meio de guerra ou por contágio de doenças trazidas dos países distantes. Oficialmente, a escravidão indígena só foi proibida em 1757 através de um decreto de Marquês de Pombal. Na relação entre brancos e índias, a nudez constituía o pecado e as nativas habitantes da recém terra descoberta chamavam a atenção dos colonizadores sedentos de sexo, como é mostrado em detalhes na carta de Pero Vaz de Caminha ao rei Dom Manuel: [...] Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos muito pretos, compridos pelas espáduas, e suas vergonhas tão altas, tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha... e certo era tão bem feita, e tão redonda, e sua vergonha (que ela não tinha) tão graciosa, que a muitas mulheres da nossa terra, vendo-lhe tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua como ela. (CAMINHA, 1939, p.6).[...] Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos muito pretos, compridos pelas espáduas, e suas vergonhas tão altas, tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha... e certo era tão bem feita, e tão redonda, e sua vergonha (que ela não tinha) tão graciosa, que a muitas mulheres da nossa terra, vendo-lhe tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua como ela. (CAMINHA, 1939, p.6). Sendo a sociedade colonial conservadora, patriarcal e escravagista, o senhor branco detinha toda autonomia, podendo fazer todos seus desejos, vontades e consequentemente, as mulheres eram consideradas como  patrimônio destes.  Nesse contexto, o corpo feminino servira os prazeres do branco colonizador, que resultou no que hoje chamamos de miscigenação. Ao contrário da ideia primária de que o povo brasileiro se fez pela união das três raças  branca, negra e índia  de forma voluntária e igualitária, a verdade é que isso foi em grande parte resultado da exploração sexual das escravas pelos seus senhores e de tantas outras figuras autoritárias como jagunços, navegantes e posteriormente, escravos vindos da África. Os filhos que resultaram dessas uniões, raras vezes foram reconhecidos, não recebendo educação, herança e, muitas vezes, nem mesmo a liberdade. O presente trabalho é uma tentativa de fazer com que o espectador possa assimilar os efeitos da colonização portuguesa na cultura indígena, sobretudo na vida das mulheres nativas, que em um primeiro plano foram usadas como força de trabalho, e que também eram vistas como objeto sexual. O que não é muito diferente do que ocorre no presente, sob uma nova perspectiva, novos atores e novas falas, mas que ainda continua sendo um problema latente na sociedade atual.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">As técnicas básicas de fotografia foram utilizadas, juntamente a técnicas intermediárias de composição visual. A foto é proveniente de um ensaio fotográfico feito sob luz natural em meio a uma área verde fechada. Foram necessárias técnicas variadas para o melhor uso dos recursos naturais. As possibilidades fotográficas são praticamente inesgotáveis. Tudo o que é fotografável pode ser fotografado. A imaginação do aparelho é praticamente infinita. A imaginação do fotógrafo, por maior que seja, está inscrita nessa enorme imaginação do aparelho. Aqui está, precisamente, o desafio. (FLUSSER, 1983 P.52) A composição fotográfica utilizou os elementos básicos como primeiro plano, motivos secundários, equilíbrio de cores e focalização. Afinal, compor uma imagem é prender o olhar do expectador. Na fotografia artística em questão, o assunto está no primeiro plano, possuindo motivos secundários em formato Bokeh. Além da regra dos terços, que fortalece o teor artístico da imagem enaltecendo de forma grandiosa seu ponto focal e o destacando. Intercom  Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação Faculdade de Informação e Comunicação - FIC 5 Utilizando da composição horizontal, houve prioridade do uso da regra de leitura visual: o assunto na parte direita da foto, traçando um caminho diagonal, possibilitando que os olhos do receptor descansem no assunto. O uso das cores buscou revelar o calor tropical (típico brasileiro e regional) e do que a história diz daquele momento da humanidade. Por este motivo, optou-se pelo uso das cores quentes(amarelo, laranja e vermelho). A figura feminina que foi inspiração para o despertar filosófico representado nas imagens, retratadas pela índia, foi elemento em destaque.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A primeira etapa do processo de criação do ensaio fotográfico  Releituras de um País Descoberto foi a seleção dos modelos. Nossa preocupação quanto ao casting foi escolher figuras que fossem facilmente ligadas a quem pretendíamos representar nas imagens, no caso da foto aqui defendida, um europeu mais velho e uma jovem índia. O cast é composto pelo espanhol Saturnino Valladares Lopez, de 37 anos e Professor Doutor de Língua e Literatura espanhola na Universidade Federal do Amazonas, e Raquel Correa Amazonas de Menezes, 24 anos, nascida em Manaus, atualmente trabalha em um grupo de dança contemporânea independente e com um grupo de hip hop local. A foto foi imaginada em composição horizontal, em primeiro plano (PP), em espaço de mata fechada na Universidade Federal do Amazonas. O local em que o cast está presente remete à área verde lembrando o ambiente que os colonizadores encontraram ao chegar no Brasil. O processo de fotografia e tratamento foi feito pela estudante Maria Luiza Dacio no dia 22&#8206; de &#8206;setembro&#8206; de &#8206;2016, às &#8207;&#8206;15:00h, em Manaus-AM. A produção artística foi de Gabriel Veras, Giovanna Andrade, Julie Pereira e Lucas Henrique, que ficaram responsáveis pelos figurinos, sempre procurando trazer referências de pinturas que nos contam as histórias do descobrimento do Brasil, como as do pintor brasileiro Oscar Pereira da Silva, como Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro em 1500. A produção executiva foi feita por Geiciane Souza buscando referências teóricas e imagens referência. Sendo as fotos construídas em ambiente natural, sem artifícios adicionais de iluminação, toda luz foi utilizada para a sensação de naturalidade ser a maior possível. Por este motivo foi escolhida uma lente com abertura de f/1.6. A técnica digital foi executada com uma câmera D3100 Nikon com lente 50mm com distância focal 50mm produzida em ISO 1100, abertura f 1.6, velocidade 1200s, DSC_1268 no formato JPEG, e finalizada no programa de manipulação de imagens Adobe Lightroom nas dimensões 4608x3072.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A fotografia é sem dúvida um recurso indispensável nos dias atuais. Uma de suas principais características é a possibilidade que dá ao receptor de interpretar uma única imagem de múltiplas maneiras. A imagem tem o poder de despertar certa sensibilidade no espectador, que é levado a sair do senso comum.  Representar a cena icônica de uma jovem índia ia sendo perseguida e observada por um homem branco, certamente faz com que o receptor reaja com diferentes emoções. Trazer a temática de exploração sexual no período colonial, é também trazer à tona a discussão latente sobre a autonomia e a liberdade da mulher nos dias atuais. A figura feminina, foi cuidadosamente trabalhada, com o intuito de que ao visualizá-la, o espectador pudesse entender o contexto e a história em que ela está envolvida. Relacionar passado e presente da vida da mulher na sociedade brasileira, faz com que se perceba que apesar de alguns papéis terem mudado de lugar, ainda é preciso muita luta para que a desigualdade e visão fragilizada da mulher enquanto ser humano, sejam erradicadas. Ter esse novo olhar, é saber que mudaram os atores e as perspectivas, mas que as falas continuam as mesmas. E é contra isso que se deve lutar.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">FLUSSER, Vilem. Ensaio sobre a Fotografia. Lisboa: Editora Flusser, 1997.<br><br>CAMINHA, Pero Vaz de. Carta ao rei Dom Manoel. 1500.<br><br>SONTAG, Susan. Sobre fotografia. Companhia de Letras, 2004.<br><br>DALY, Tim. Guia Básico de Fotografia Digital. Lisboa: Espanha, 2002.<br><br>MASCARO, Cristiano. Um toque pessoal em cada imagem. Artigo da Revista Superinteressante, 1989.<br><br> </td></tr></table></body></html>