ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00342</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO12</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Machifaro: A Interferência Militar No Cotidiano De Manacapuru</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Luciano da Silva Nogueira (DeVry Martha Falcão); Carlos Fábio Morais Guimarães (DeVry Martha Falcão)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Forças Armadas, Fotojornalismo, Manacapuru, Olhar Crítico, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A interferência militar não acabou. Ao invés disso, mesmo após o período ditatorial, as Forças Armadas continuam a influenciar a vida de muitas pessoas que vivem principalmente no interior do Amazonas. Visto que essa relação entre população e militares ainda não acabou, o presente trabalho visa denotar, por meio do fotojornalismo, muitos medos dos moradores do município de Manacapuru, que ainda não entendem como funcionam as operações de treinamento do Centro de Instrução de Guerra na Selva  CIGS. Os contrastes apresentados retratam as operações de maneira subjetiva, durante os dias em que acontecem, despertando para o olhar crítico sobre a verdadeira necessidade dos treinamentos acontecerem no perímetro urbano.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Localizado no perímetro urbano da cidade de Manaus, o município de Manacapuru fica a cerca de uma hora da capital do Amazonas, pela nova estrada Manoel Urbano, interligada à Avenida Brasil pela famosa Ponte do Rio Negro. Com população que beira 94 mil pessoas, entre o perímetro urbano e rural, a economia da região não poderia ser outra senão agricultura e a piscicultura. Uma vez ao ano, a cidade recebe uma movimentação diferente no mês de novembro. São centenas de militares que lotam os hotéis, restaurantes, o único quartel militar do município e até mesmo os bares locais, em nome da operação Machifaro. Em 2016, Batalhões militares que vêm de todas as guarnições do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) para o treinamento, contaram ainda com a participação de estudantes de Jornalismo representando, no âmbito da simulação operacional, a presença da imprensa no meio das zonas de conflito e Quartéis Generais (QGs) onde as ofensivas eram articuladas. Porém, ao longo da operação percebeu-se que a maioria dos moradores da região urbana de Manacapuru não entendia absolutamente nada acerca do treinamento do CIGS e de toda aquela movimentação militar na área, com caminhonetes, caminhões 5 Ton, tanques de guerra e helicópteros por toda parte. As fotografias foram selecionadas após o término da simulação, visto que esta se subdividia em várias ações por todo o perímetro de Manacapuru  urbano e rural. O recorte fora apresentado com a ideia de contar a história por meio das fotografias, aproveitando a afirmação de Bassalo e Weller (2011, p.285), ao dizer que as imagens, com seus signos e significados, têm maior impacto em relação a outras narrativas (como aquelas somente textuais), uma vez que produzem sentimentos, identificação, favorecem lembranças, evocam memórias pessoais e visões de mundo. Logo, este paper foi desenvolvido como uma forma de denúncia por meio da fotografia e crítica sobre o desenvolvimento dessa população que convive com a influência militar direta.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">As fotografias produzidas durante a operação Machifaro 3 têm como objetivo apreender a realidade por meio da fotografia jornalística, com significado, denúncia e crítica sobre o desenvolvimento dessa população que convive com a influência militar direta. Indiretamente, pretendia-se ter a percepção das impressões das pessoas sobre a participação dos militares no perímetro urbano; mostrar imagens da população inserida em sua rotina e espaço comum, desvendando os medos reais criados a partir da convivência com militares mesmo em zona de conflito fictícia e gerar um segundo recorte (olhar) sobre as ações sociais realizadas pelo Centro de Instrução de Guerra na Selva  CIGS no município de Manacapuru.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Em busca de trilhar um caminho diferente das notícias da imprensa tradicional, e saturado com as notícias pouco consciente com impactos sociais, o trabalho busca humanizar pessoas, inseridas em suas rotinas transformadas pela presença militar no perímetro rural e urbano de Manacapuru, mesmo em operação simulatória. Esses personagens não possuíam nenhuma ligação com a operação militar, representação em veículos de alta circulação, tampouco possuíam vozes. Nesse sentido, o trabalho também chega para explicitar o sentimento de medo e insegurança, gerado a partir da convivência com armas e tanques de guerra. A experiência da realização do projeto, que contou ainda com a participação do Capitão Luis Gustavo, da Assessoria de Comunicação do CIGS, foi enriquecedora, tanto para o futuro profissional como pessoal, pois, além do conhecimento técnico que foi aplicado e adquirido no decorrer do projeto, o contato com a doutrina militar e a cultura manacapuruense acabou por aumentar minha bagagem jornalística e responsabilidade social, principalmente no que condiz à sensibilidade das pessoas em relação aos fatos. Por fim, a fotografia foi o meio escolhido por retratar de forma clara e objetiva o que o graduando quer mostrar, concordando com Freeman, quando afirma que  a tecnologia é fundamental, mas o melhor que pode fazer é ajudá-lo a concretizar ideias e percepções (2012, p. 6). O fotojornalismo é o filtro que selecionou e distinguiu as fotografias comuns daquelas que, de fato, têm cunho informativo, instiga a crítica, revela e denuncia. Dessa forma, vemos o trabalho muito mais do que artístico, mas informacional, que instiga a análise e a opinião daqueles que o apreciam.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O produto fotográfico  Machifaro: a interferência militar no cotidiano de Manacapuru é composto por 11 (onze) fotografias, que podem ser visualizadas em mídia ou plataforma online, no qual retrata através dos recortes a relação entre a população urbana e rural de Manacapuru com os militares do Centro de Operações de Guerra na Selva (CIGS) em treinamento de simulação de guerra. A operação aconteceu entre os dias 14 e 28 de novembro de 2016, e a técnica de captação foi a ida em campo. Após um breve estudo de referências para composição das fotografias, durante os dois primeiros períodos da faculdade, pude concluir que não há nada mais sincero e instigante em uma imagem senão o olhar. Logo, os olhares da população local foram destacados, e a riqueza do trabalho está na verdadeira reação das pessoas  em algumas é possível verificar devido à baixa velocidade do obturador, que deixa registrado o rastro do assunto (um braço mexendo, ou um passo mais acelerado) na imagem. Um livro que me ajudou bastante no processo de execução técnica do trabalho foi o de  Fotojornalismo: Uma introdução à história, às técnicas e à linguagem da fotografia na imprensa , escrito por Jorge Pedro Sousa. Nele, o autor fala que a fotojornalismo é  uma atividade sem fronteiras claramente delimitadas (p. 7). Isso me guiou por um filtro onde eu pude escolher, para composição do trabalho, as imagens que eu achei que condiziam com o tema proposto, permitindo assim uma indagação de quem a vê e analisa. As imagens foram organizadas por ordem de assunto, e eu optei por não intitular ou nomeá-las, deixando que os espectadores tirassem suas próprias conclusões acerca desse contato entre a população e os artífices militares.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Aproveitando a disciplina de Fotojornalismo, ministrada pelo professor Hemanuel Veras no segundo semestre de 2016, uma proposta foi feita de realizar o trabalho dentro da operação Machifaro, como forma de obtenção parcial de nota para a segunda avaliação. A partir daí um olhar diferenciado nasceu sobre as fotografias realizadas, sob coordenação do professor Carlos Fábio, visto que, ao se deparar com a guerra, muitas pessoas tem o instinto automático de autoproteção, dispostas a fazer de tudo para a garantia da vida. Ao contrário disso, um profissional inserido nesse tipo de situação, seja ele fotógrafo ou jornalista, que sabe o poder de eternizar um momento por meio da fotografia, tem o primeiro instinto de se utilizar das aparelhagens tecnológicas para a construção da sua versão da narrativa sobre tal fato. Durante o treinamento de simulação de guerra do Centro de Operações de Guerra na Selva (CIGS), percebeu-se que havia várias realidades paralelas àquelas que nos eram apresentadas. Ao longo dos cinco dias do programa, vi-me com um acervo riquíssimo de gestos e olhares entupidos de desejos reprimidos. As quatro primeiras fotos do trabalho, por exemplo, têm o intuito de mostrar a proximidade das pessoas de Manacapuru com as armas do Exército. Meu intuito é de mostrar exatamente a primeira reação que elas tiveram ao se deparar com tamanho acervo digno de qualquer guerra. A quinta foto mostra dois fuzis segurados por dois militares dentro de um caminhão 5 Ton e, para fazê-la, eu me posicionei exatamente ao lado do veículo, tentando criar no espectador a visão que se tem como se fosse ao vivo. As demais fotografias mostram especificamente crianças, que eram vistas em quase todos os lugares que as simulações aconteciam, seja na área rural ou urbana de Manacapuru. Nelas eu procuro retratar a proximidade que se tem com os militares e o armamento perigoso, além procurar ainda os olhares curiosos  típicos das crianças  que se misturavam com a incerteza e o medo.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Enquanto acadêmico, as onze fotografias retratam meu olhar sobre a operação Machifaro. É claro que modelo de proteção das Forças Armadas não foi criado para existir no perímetro urbano, senão em situações de extremo descontrole do sistema de segurança pública. No final, a ideia deste produto é bastante simples: despertar o senso crítico quanto à interferência militar nas regiões menos favorecidas. Ao contrário do que muitos pensam, na verdade, a presença dos militares causa uma falsa sensação de segurança na população. Proximidade, sensibilidade e pessoalidade são palavras-chave. O choque cultural também é um desafio, afinal, se aproximar também significa compreender o outro. É importante lembrar que, da mesma forma que somos surpreendidos pelas diferenças, outro lado também é. Proximidade é o elemento essencial para realizar qualquer trabalho que envolve as pessoas. Os momentos não se repetem, são todos únicos. Como disse o grande fotojornalista Robert Capa, "se suas fotos ainda não estão boas o suficiente, é porque você ainda não está perto o suficiente" (CAPA, 2010). Por fim, este trabalho realizado por meio desta disciplina só veio a contribuir para minha percepção sobre as coisas, enquanto jornalista. Nem tudo é do jeito que nos apresentam.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BASSALO, Lucélia de Moraes Braga; WELLER, Wivian. Imagens: documentos de visões de mundo. Sociologias, Porto Alegre, ano 13, n° 28, set/dez 2011.<br><br>CAPA, R. Ligeiramente fora de foco: Robert Capa. São Paulo: Cosac Naify, 2010.<br><br>FREEMAN, Michael. O olhar do fotógrafo: composição, enquadramento e designe para obter as melhores fotografias digitais. 2ª Ed, Lisboa, Portugal: Dinalivro, 2012.<br><br>KOSSOY, B. Fotografia & História. 4ª ed., São Paulo: Ateliê Editorial, 2012.<br><br>SOUSA, Jorge Pedro. Fotojornalismo: Uma introdução à história, às técnicas e à linguagem da fotografia na imprensa. [:s.l.] Porto, 2002.<br><br> </td></tr></table></body></html>