ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00858</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO04</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Revista Ceos: direitos humanos para todos.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Luíza Buzzacaro Barcellos (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul); Marcela Leal Donini (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul); Bruna Jacquelinne Rohleder de Lima (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul); Camila Ferreira de Oliveira (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul); Carina Nardi da Silva (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul); Clarissa Pires Müller (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul); Diogo Zanella Prates (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul); Eliane Patrícia Staudt Aires (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul); Emily Mallorca Wagner (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul); Isabela Rabelo Tomain (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul); Joao Vitor Nunes Pereira (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul); Kellyn Boniatti (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul); Rafael Reggiani de Moraes (Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Direitos humanos , ESPM-Sul, Jornalismo de revista , Revista Ceos , Revista-laboratório </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O trabalho apresenta a segunda edição da Revista Ceos, que dá continuidade à publicação criada pelos alunos de jornalismo da ESPM-Sul em 2016/1, no âmbito da disciplina de Produção e Edição de Impresso II. O desafio dos alunos do quinto semestre de jornalismo da ESPM-Sul foi produzir uma grande reportagem para uma publicação impressa, à luz das teorias sobre o fazer jornalístico aprendidas nos semestres anteriores. Além do desafio de escrever uma grande história, os alunos aproveitaram esse espaço para dar voz a uma luta importante que tem pouco espaço na mídia tradicional: os direitos humanos. O desenvolvimento da revista, portanto, colaborou para o crescimento profissional e, sobretudo, pessoal dos futuros jornalistas. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O jornalismo tem como principal objetivo levar informações à sociedade. O jornalismo praticado em revista, mais que isso, deve propor uma reflexão sobre os temas tratados, portanto, oferecendo um maior aprofundamento (SCALZO, 2009). A Revista Ceos foi idealizada pensando nesse aprofundamento das pautas e na reflexão que elas trariam. Na segunda edição o tema escolhido foi  Direitos humanos para quem? . Com a ascensão dos direitos humanos, principalmente na década de 1990, o assunto tornou-se pertinente aos jornalistas e à imprensa; no entanto, eram tratados de maneira superficial e sempre ligados à fatos, e não a contextos (INTERNATIONAL COUNCIL ON HUMAN RIGHTS POLICY, 2002). Portanto, tendo a Declaração Universal dos Direitos Humanos como pano de fundo, os alunos desenvolveram pautas que tratassem o tema como um contexto, uma discussão, pouco ligado a notícias factuais. As 12 reportagens elaboradas individualmente pelos alunos do quinto semestre de jornalismo da ESPM-Sul, tinham como  gancho um Artigo específico da Declaração. Dessa forma, além da contextualização do assunto, o leitor também teria a oportunidade de conhecer melhor o documento através dos diferentes Artigos acionados pelos textos. Ao longo das 51 páginas da Revista Ceos, os alunos colocaram em prática as teorias relacionadas ao texto, à fotografia e à diagramação, passando pelo processo de pauta, apuração, entrevistas e finalização. Depois de um semestre de produção da revista e da sua impressão, as reportagens também foram disponibilizadas no Medium, uma plataforma digital muito utilizada na divulgação de textos. Assim, através da leitura, seja feita pela revista ou pelo Medium, a sociedade pode tomar conhecimento e refletir sobre um assunto tão importante e infelizmente mal discutido pela mídia tradicional: os direitos humanos. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A Revista Ceos teve como objetivo proporcionar aos alunos uma experiência prática sobre jornalismo de revista, durante a disciplina de Produção e Edição de Impresso II. Além de produzir as pautas e escrever as reportagens, os alunos também fizeram as fotografias das suas matérias e as diagramaram, passando por todo o processo da produção de uma revista. Por último, mas não menos importante, os estudantes passaram pela experiência de produzir conteúdos relacionados à diferentes Artigos da Declaração Universal de Direitos Humanos, dando voz a uma série de grupos que, de uma forma geral, são normalmente marginalizados pela imprensa e, notadamente, por seus veículos mais tradicionais. Para além do aprendizado de sala de aula, unindo teoria à prática, a produção da Revista Ceos também teve como objetivo dar aos alunos a oportunidade de crescimento pessoal, revendo alguns conceitos e pré conceitos e aprendendo mais, também, sobre como ser humanitário e empático. Dessa forma, a disciplina trouxe conhecimentos técnicos no que diz respeito à produção de uma revista e sociais, tanto na prática jornalística como na vida pessoal dos alunos. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A interdisciplinaridade é um método de ensino que busca fazer uma interação, entre duas ou mais disciplinas com conceitos próprios, mas que podem ser aplicadas em conjunto num mesmo processo (JUNIOR; FERNANDES, 2015). Pensando em proporcionar aos alunos uma experiência interdisciplinar, a Revista Ceos demandou o trabalho dos estudantes em três principais áreas: texto reportagem, fotografia e diagramação. Portanto, além de escrever reportagens especiais de revista, que era o foco da disciplina de Produção e Edição de Impresso II, também foram produzidas em conjunto as fotografias das matérias e, por fim, a diagramação dos textos e das fotos no projeto gráfico da Ceos. Além do desafio da produção em si, houve também o desafio de um tema que pudesse nortear toda a revista e que, portanto, desse a ela uma unidade, proporcionando aos alunos um leque de pautas e assuntos que pudessem ser desenvolvidos para a revista. Assim, o tema escolhido foi  Direitos Humanos  questão que, apesar da importância, é pouco ou mal discutida na mídia tradicional. A ideia era que, através das reportagens produzidas para a Ceos, pudesse ser feita uma disseminação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, tornando-a conhecida e compreendida pela população. Diversas teorias foram desenvolvidas para explicitar o papel do jornalismo, como no livro Opinião Pública, em que Walter Lippmann aborda a relação dos acontecimentos do mundo e das imagens que a sociedade guarda desses acontecimentos, ou a própria teoria do agendamento, conceito introduzido por Maxwell McCombs e Donald Shaw.  Investigações recentes explorando as consequências da marcação da agenda e do enquadramento dos media sugerem que os media não só nos dizem no que pensar, mas também como pensar nisso, e, consequentemente, o que pensar (MCCOMBS; SHAW, 1993 apud TRAQUINA, 2008). O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, além de atentar para o fato do compromisso com a verdade, também observa o dever do jornalista de trazer informações que  produzam efeito na vida em sociedade (art 4º). Portanto, os jornalistas  têm o dever profissional (não moral) de cobrir e explicar as questões de direitos humanos com precisão igual à atribuída a outros temas: apresentar os fatos, evitar o viés (bias ) e contextualizar o assunto tratado (INTERNATIONAL COUNCIL ON HUMAN RIGHTS POLICY, 2002, p. 1). Nos últimos anos, os direitos humanos têm passado a ser cada vez mais proeminentes. Os governos e líderes políticos recorrem às normas de direitos humanos com maior freqüência, tanto na formulação oficial de políticas como nos seus discursos. O conhecimento do público a respeito do tema tem experimentado uma evolução similar. Os direitos humanos têm sido considerados centrais na cobertura de muitas matérias internacionais - desde Afeganistão à Palestina, de Colômbia à Serra Leoa  e a estar cada vez mais vinculados aos debates sobre a dívida externa e o comércio internacional, a educação e a saúde (INTERNATIONAL COUNCIL ON HUMAN RIGHTS POLICY, 2002, p. 1). A relevância do assunto é marcada pelo aparecimento de manuais sobre Direitos Humanos. Há algumas iniciativas independentes nesse sentido. Por exemplo, a ONG Think Olga lançou dois manuais em 2016: um sobre violência contra a mulher e outro sobre pessoas com deficiência, ambos chamando atenção para os termos corretos para tratar dos assuntos. Também há manuais sobre trabalho escravo (Repórter Brasil, 2016), sobre jovens que cumprem medidas socioeducativas (ANDI, 2012) e sobre gênero e etnia (FENAJ/ONU, 2011). Nesse sentido, torna-se obrigação dos estudantes de jornalismo tratarem sobre direitos humanos e alertarem a população para a importância desse tema. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O jornalismo praticado em revistas possui diversas especificidades. Podemos dizer que, a primeira delas é a preocupação em se diferenciar do jornalismo praticado em jornais, que responde somente aos detalhes do fato acontecido, diretamente relacionado ao hard news. Segundo Scalzo (2009), o jornalismo de revista, no entanto, pretende cobrir funções muito mais complexas do que a simples transmissão de notícias. Scalzo (2009) diz que as revistas  entretêm, trazem análise, reflexão, concentração e experiência de leitura (p. 13), além de ter um papel importante como  complementação da educação, relacionando-se intimamente com a ciência e a cultura (p. 21). O jornalismo de revista possui diferentes aspectos que ajudam a caracterizar esse modelo, como a utilização de recursos gráficos ou a proximidade com o leitor, mas o que nos interessa é a sua diferença no que diz respeito ao conteúdo que apresenta:  complexo, diversificado e especializado, o jornalismo de revista engendra olhares e percepções sobre o mundo, sobre si e sobre o outro, e é nessa articulação que reside seu amplo e fecundo poder (BENETTI, 2013, p. 55). Uma das formas mais utilizadas para fazer o jornalismo de revista é a reportagem, um tipo de texto que, diferentemente da notícia que é mais objetiva, permite um maior aprofundamento da informação A reportagem é a forma discursiva jornalística mais adequada para quem quer oferecer algo além da instantaneidade. É a partir da análise de causas, da contextualização e das consequências de um acontecimento que podemos compreender melhor os sentidos nele presentes (FURTADO, 2013, p. 151). A boa reportagem é construída, principalmente, com dois fatores: a apuração e a entrevista. Uma apuração bem feita traz credibilidade à reportagem (FURTADO, 2013) e ela pode ser feita, também, através de entrevistas. Como, na revista, o tema é tratado com maior aprofundamento, a entrevista com os personagens e/ou especialistas torna-se ainda mais importante para contar a história:  Entrevista é encontro, diálogo . Na prática jornalística,  também é possibilidade de desvendar e apresentar uma pessoa, da mesma forma que se consegue, no universo das relações humanas, quando se trava uma conversa franca e minuciosa com alguém , diz Necchi (2013, p. 161). Para desvendar e apresentar essa pessoa na reportagem de forma efetiva, é necessário que as entrevistas aconteçam pessoalmente, já que, desta forma, é possível notar elementos e características do personagem que não seria possível em entrevistas feitas por telefone ou e-mail, por exemplo. Priorizando a experiência pessoal com o entrevistado, é possível, portanto, detalhar, descrever e aprofundar uma história. Desta forma, o jornalismo exerce seu poder de muitas maneiras:  ao destacar temáticas que devem ser consideradas relevantes, ao conceder poder de fala a grupos e ideologias, ao instituir angulações e quadros interpretativos para perceber, avaliar e compreender relações (BENETTI, 2013, p. 45, grifo nosso). Levando em consideração estes dois pontos, destacar temáticas relevantes e conceder poder de fala a grupos ou ideologias não hegemônicas, os alunos propuseram que o assunto norteador da segunda edição da Revista Ceos fosse direitos humanos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas no dia 10 de dezembro de 1948, em Paris, começou a dar a todos os indivíduos uma noção de igualdade, principalmente após a Segunda Guerra Mundial (SABOIA, 2009). Inegavelmente, a Declaração Universal de 1948 representa a culminância de um processo ético que, iniciado com a Declaração de Independência dos Estados Unidos e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, da Revolução Francesa, levou ao reconhecimento da igualdade essencial de todo o ser humano em sua dignidade de pessoa, isto é, como fonte de todos os valores, independentemente das diferenças de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião, origem nacional ou social (COMPARATO, 2010, p. 240). Os direitos humanos, portanto, se estabeleceram através de três princípios: liberdade, igualdade e fraternidade - popularmente conhecidos durante a Revolução Francesa (COMPARATO, 2010). Mesmo existindo desde 1948, os direitos humanos começaram a ser mais conhecidos pela sociedade brasileira na década de 1990, quando também se pensou em políticas públicas a respeito (INTERNATIONAL COUNCIL ON HUMAN RIGHTS POLICY, 2002). No Brasil, mais especificamente, os direitos humanos ganharam mais visibilidade a partir da Constituição de 1988, quando, após um longo período de ditadura militar, o país conseguiu voltar a instaurar uma democracia, garantindo direitos civis, econômicos, culturais, políticos e sociais, além de liberdades individuais (SABOIA, 2009). Com a emergência desse assunto na opinião pública e também na política do mundo, a imprensa se viu obrigada a veicular informações à respeito.  Provavelmente, a cobertura dos direitos humanos nos meios de comunicação continuará aumentando muito e, portanto, passa a ser cada vez mais pertinente que os jornalistas da imprensa, do rádio e da televisão realizem uma reportagem mais apurada sobre a questão (INTERNATIONAL COUNCIL ON HUMAN RIGHTS POLICY, 2002, p. 1). No entanto, a cobertura sobre direitos humanos, de maneira geral, se mostra deficiente. Os veículos jornalísticos veiculam notícias sobre direitos humanos sempre muito centradas em acontecimentos, principalmente nos casos de conflito político (INTERNATIONAL COUNCIL ON HUMAN RIGHTS POLICY, 2002).  A mídia não explica nem contextualiza a informação sobre direitos humanos como deveria. Em geral, não estão faltando dados sobre as violações ou sobre as normas de direitos humanos (INTERNATIONAL COUNCIL ON HUMAN RIGHTS POLICY, 2002, p.4). Dessa forma, a Revista Ceos cumpre o seu papel jornalístico e social: apresenta o assunto direitos humanos através de diferentes contextos, sem levar em consideração a notícia em si, mas trazendo assuntos como liberdade de expressão, transexualidade, preconceito de raça, gênero, entre tantos outros, como uma discussão e um aprofundamento dos temas e, principalmente, com ênfase nas histórias de pessoas que se encaixam em grupos que, ainda hoje, precisam se apoiar nos direitos humanos para conquistarem um espaço maior na sociedade. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A Revista Ceos é um produto jornalístico, um veículo de comunicação produzido pelos alunos de jornalismo da ESPM-Sul. Levando em consideração todas as teorias sobre o fazer jornalístico durante os semestres anteriores, a revista foi produzida, tanto os textos, quanto as fotografias e a diagramação, embasada na verdade e na transparência. Na primeira aula de Produção e Edição em Impresso II foi proposta a atividade da produção das reportagens juntamente com a realização das fotos na disciplina de Fotojornalismo II. A ideia da revista era possuir um tema em comum que pudesse dar uma variedade de assuntos que pudessem ser abordados na confecção das reportagens. Assim como em outros veículos de comunicação, foi feita uma reunião de pauta onde se discutiu alguns temas que poderiam ser abordados na revista. Em votação, ficou decidido, na segunda reunião de pauta, que o tema central da revista seria direitos humanos. A ideia dos alunos era de, a partir dos artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, propor algumas pautas que discutissem pontos específicos do documento. As pautas foram entregues à professora, todas relacionadas a algum artigo da Declaração, e começou-se a apuração das reportagens. Nas aulas seguintes, havia uma pequena reunião de pauta e, posteriormente, orientação individual aos alunos para a produção da apuração, entrevistas, texto e também fotografias. Cada aluno da turma ficou responsável por desenvolver uma reportagem individualmente, contendo, portanto, 12 matérias no total de 51 páginas da versão final da revista. Como forma de valorização da Declaração Universal dos Direitos Humanos e também como forma de informar a população sobre a existência e a importância do documento, em todas as reportagens é citado o artigo da declaração com o qual está relacionado. As reportagens trazem uma variedade de assuntos, como, por exemplo, a reportagem desenvolvida pela aluna Eliane Aires, sobre solidariedade, baseada no artigo 1 da Declaração, que orienta que todos ajam com o espírito de fraternidade uns com os outros. Na reportagem, Eliane conta a história de um morador de rua que, mesmo sem teto, ajuda outras pessoas na mesma situação que ele. Outra reportagem de destaque foi a desenvolvida pela aluna Emily Mallorca, sobre a transexualidade. Levando em consideração o artigo 5 da Declaração, que garante que nenhuma pessoa deve sofrer tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, a reportagem conta como é viver sendo trans no Brasil, tendo em vista que o Brasil é um dos países com mais casos registrados de violência contra transexuais. Apesar de toda a orientação desenvolvida nas aulas da disciplina, uma das reportagens mais difíceis de fechar na edição foi justamente sobre a liberdade de expressão, que trazia casos de jornalistas que tinham sofrido alguma agressão, ou mesmo a morte, pelo simples fato de se expressaram. É como a própria professora da disciplina, Marcela Donini, definiu no editorial da Revista Ceos: A mais difícil de encerrar nesta edição foi a Liberdade de expressão ameaça. A cada semana havia um novo episódio para contar. O que mais nos toca, pela proximidade e gravidade, é a prisão de Matheus Chaparini. Repórter do Jornal Já, de Porto Alegre, foi preso enquanto cobria a ocupação da Secretaria Estadual da Fazenda por secundaristas. Solto, sem que as autoridades admitissem excesso, responderá por quatro crimes (REVISTA CEOS, 2016, p. 2). Outras reportagens com assuntos relevantes também foram propostos na revista, como a superação de atletas paraolímpicos, o direito à educação para adultos, o direito à infância para crianças desamparadas, a busca por emprego, o recomeço de um estrangeiro em outro país, as novas configurações do que se considera família, a luta por direitos e salários iguais para as mulheres no mercado de trabalho, o direito da licença paternidade e, por fim, as questões de racismo contadas por mulheres negras participantes de movimentos de empoderamento. Uma das preocupações dos alunos e da professora era com a capa. Como demonstrar que os direitos humanos eram para todos em uma capa? Decidimos, então, produzir uma capa com um retrato composto por diferentes cores de pele, de cabelo, de olho, que demonstrassem que independente de gênero ou etnia, todos as pessoas eram iguais e a  mesma perante a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Como para montar essa capa era preciso de uma unidade de fundo e enquadramento, foi decidido que, ao invés de utilizar fotos dos próprios personagens das reportagens da revista, utilizássemos outras pessoas convidadas que fossem bem diferentes entre si. As fotos foram feitas no Estúdio de Fotografia da ESPM-Sul, com a orientação do professor de Fotojornalismo II, Guilherme Lund. Rafael Moraes, um dos alunos, ficou responsável pelo tratamento das fotos de capa, montagem e finalização. Depois de todo o processo de produção, finalização e impressão, a Revista Ceos foi lançada no Dia do Jornalista, 7 de abril de 2016, em um evento que trouxe a repórter Letícia Duarte, da Zero Hora, para comentar a cobertura de assuntos relacionados aos direitos humanos no jornalismo. Durante o evento foram disponibilizados para o público, gratuitamente, os 300 exemplares impressos. Além da palestra da repórter, os estudantes também comentaram a produção de suas próprias reportagens e responderam perguntas dos que estavam presentes no local. Os direitos humanos precisam de visibilidade, já que se trata de um dos fatores perpetuantes da democracia: [...] pode-se dizer também que o respeito aos direitos humanos no Brasil pode contribuir significantemente para que o processo de acelerado desenvolvimento e transformação que o país atravessa se traduza em benefício efetivo para todas as camadas sociais, assegurando também que estes avanços se tornem duradouros, através da melhoria do acesso dos brasileiros à Justiça, e à educação, saúde e cultura (SABOIA, 2009, p. 62). Para trazer mais visibilidade aos conteúdos produzidos pelos alunos, as reportagens também estão disponibilizadas na página do Medium, que pode ser acessada através do link: https://medium.com/revista-ceos. Dessa forma, é possível compartilhar o material através das redes sociais, gerando mais discussão e conhecimento acerca do assunto. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A produção da Revista Ceos trouxe diversos aprendizados para a turma de alunos do quinto semestre de jornalismo da ESPM-Sul. Em relação à prática jornalística, os alunos puderam aliar as teorias que envolvem o jornalismo com a realização de uma revista, com prazos a seguir e produção multimídia, já que, além de texto, os estudantes também fizeram as fotos e a diagramação, seguindo o projeto gráfico da revista, e após a produção da revista, o conteúdo ainda foi colocado na plataforma Medium, disponibilizando o conteúdo também de forma online. Durante o semestre, os alunos puderam aprofundar seus conhecimentos a respeito de produção de pauta, primeira etapa para se começar uma reportagem, apuração de informações, entrevistas com as fontes, produção das fotos e do texto, sempre tentando fugir do óbvio e buscando fazer um conteúdo diferenciado e de qualidade. Não só no que diz respeito à produção jornalística, mas também em relação aos aprendizados para a vida pessoal, todos os alunos conviveram com realidades diferentes das suas, e se viram, ao tratar de assuntos tão importantes, desafiados a serem imparciais e livres de preconceitos. Todas as reportagens, relacionadas aos direitos humanos, fizeram com que os futuros jornalistas refletissem sobre a profissão, sobre o seu papel como jornalistas na divulgação de assuntos tão importantes e também colaboraram para o fortalecimento da crença de que, sim, o jornalismo pode ser um agente de transformação na sociedade. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPRENSA (ABI). Código de Ética dos jornalistas brasileiros. Disponível em: <http://www.abi.org.br/institucional/legislacao/codigo-de-etica-dos-jornalistas-brasileiros/> Acesso em: 8 abr 2017.<br><br>BENETTI, Marcia. Revista e jornalismo: conceitos e particularidades. In: TAVARES, Frederico de Mello B.; SCHWAAB, Reges. A revista e seu jornalismo. Porto Alegre: Penso, 2013. <br><br>COMPARATO, Fábio Konder. A Declaração Universal dos Direitos Humanos - 1948. In: A afirmação histórica dos direitos humanos. São Paulo: Saraiva, 2010. <br><br>FURTADO, Thais. O aprofundamento como caminho da reportagem de revista. In: TAVARES, Frederico de Mello B.; SCHWAAB, Reges. A revista e seu jornalismo. Porto Alegre: Penso, 2013. <br><br>INTERNATIONAL COUNCIL ON HUMAN RIGHTS POLICY. Jornalismo, Mídia e o desafio da reportagem em Direitos Humanos. Tradução de Cinthya Andrade de Paiva Gonçalves. 2002. Disponível em: <http://www.ichrp.org/files/reports/15/106_report_pt.pdf >. Acesso em: 12 abr 2017<br><br>NECCHI, Vitor. Entrevista em revista: a eternização do diálogo e a percepção do mundo traduzida em respostas. In: TAVARES, Frederico de Mello B.; SCHWAAB, Reges. A revista e seu jornalismo. Porto Alegre: Penso, 2013. <br><br>PHILIPPI JUNIOR, Arlindo; FERNANDES, Valdir. Pra&#769;ticas da interdisciplinaridade no ensino e pesquisa. Barueri, SP: Manole, 2015.<br><br>REVISTA CEOS. Direitos humanos para quem?. 2016<br><br>SABOIA, Gilberto Vergne. Significado histórico e relevância contemporânea da Declaração Universal dos Direitos Humanos para o Brasil. In: GIOVANNETTI, Andrea. 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos: conquistas do Brasil. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2009. <br><br>SCALZO, Marília. Jornalismo de revista. São Paulo: Contexto, 2009.<br><br>TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo. A tribo jornalística - uma comunidade interpretativa transnacional. Florianópolis: Insular, 2 ed., 2008. <br><br> </td></tr></table></body></html>