ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01131</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA07</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Costas Largas</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Pedro Nóbrega Vidal (Universidade de Fortaleza); Iara Maria Pereira (Universidade de Fortaleza); Matheus Câmara Rocha (Universidade de Fortaleza); Isabela de Sousa Silva (Universidade de Fortaleza); Elias Montesquieu Braga e Silva (Universidade de Fortaleza); Jari Vieira Silva (Universidade de Fortaleza); Jari Vieira Silva (Universidade de Fortaleza)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;fotografia, movimento, documentário, mar, comunidade</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O artigo apresenta a pesquisa e processos que deram origem ao vídeo de fotografia em movimento  Costas Largas que tem como objetivo mostrar a difícil e, ao mesmo tempo, poética vida das crianças do Serviluz através de uma história: a do Kauan Alves Barbosa. A fotografia em movimento deste artigo mostra, através de imagens, os altos e baixos do dia a dia de Kauan, desde os contrastes geográficos e socioeconômicos que vive todos os dias, até a sua relação com a comunidade do Titanzinho e Serviluz, em Fortaleza, Ceará. Para a produção do projeto partimos de influências etnográficas e levantamento de informações até a feitura da obra audiovisual. Por fim, ao analisar esse recorte social, percebemos que a comunidade vai muito além daquilo presente no imaginário popular.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este trabalho foi desenvolvido na disciplina de Fotografia, concluído no quarto semestre do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). É registrado historicamente que antes da chegada de Pedro Álvares Cabral às terras Tabajaras, outro europeu já havia aqui atracado. Segundo Ríos 2014, Vicente Yáñez Pinzón foi o primeiro a pisar nas areias da costa cearense onde batizou a enseada do Mucuripe de Rostro Hermoso. No início do século XIX foi construído o farol do Mucuripe onde se localizaria o nariz do rosto ao qual Pinzon se referiu. Já no começo do século seguinte, a cidade de Fortaleza sentia a necessidade da construção de um novo porto. Depois de décadas de discussões sobre a localidade, Getúlio Vargas decretou que a construção seria na enseada do Mucuripe, e em 1939 se instaurou o canteiro de obras. Nessa localidade além dos pescadores, que já moravam naquela região, foram chegando devido o êxodo rural, inúmeras famílias do interior com o sonho de emprego e fugindo da seca que todos os anos avassala o interior do estado. Alguns anos depois, com a mudança do Serviço de Luz e Força do Municipio de Fortaleza para as proximidades do farol do Mucuripe, o aglomerado de casa ficou ainda maior nas proximidades da instalação que logo foi popularmente chamada de Serviluz. A favela do Serviluz, como até hoje é conhecida, tem uma grande bagagem histórica esquecida pela cidade Fortaleza. A falta de recursos é brutal naquela região onde tudo é relegado pelo estado. Neste local desassistido, os jovens veem no mar, e em tudo que gira em torno deste, um refúgio, no qual surf é o esporte que mais se destaca, sendo considerada as praias do Serviluz um grande celeiro de surfistas conhecidos mundialmente. Kauan se insere nesse contexto como mais um jovem que tentam no mar o acolhimento que lhes faltam na sociedade.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Esta modalidade é voltada ao conjunto imagético das narrativas audiovisuais de ficção ou de não-ficção, que contempla a fotografia, a estética e a iluminação da imagem em movimento, desde que desenvolvidos no âmbito de disciplinas específicas, projetos experimentais e/ou TCCs. Com isso, o objetivo da fotografia do documentário é realizar, a partir de métodos e técnicas uma investigação no ambiente no qual foi escolhido para a realização das gravações do vídeo, com foco na relação dos jovens com o mar por meio da personagem Kauan e seu cotidiano na favela Serviluz e fomentar um olhar contemplativo e fotográfico da favela com ênfase na infância. Com o devido reconhecimento da sociedade sobre uma comunidade e a vida daqueles que pertencem a ela podemos obter um maior êxito no que diz respeito à melhor convivência entre comunidades de uma cidade. Através da fotografia deste documentário a equipe visou levar ao público um retrato fiel da comunidade do Titanzinho, sobretudo através da visão do jovem Kauan. Mostramos que a infância e juventude de uma comunidade carente pode ser muito viva, criativa e ter seu nome em evidência. Objetivos específicos que são delimitados por: Demonstrar ao público, através de apelo visual, as riquezas e contrastes presentes em uma comunidade costeira da cidade de Fortaleza; Observar como se dá a comunicação em Fortaleza, como em grandes centros, muitas vezes fica restrita às zonas mais privilegiadas economicamente; Desenvolver e produzir técnicas que dialoguem com cunho de imagem poética; Exprimir o cotidiano na favela, com ênfase na vida enquanto infância; Suscitar novas pesquisas na área.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">No decorrer do processo da escolha do local e personagem, vimos que a história de vida do Kauan se encaixava com a abordagem de cunho mais poética na qual havíamos escolhido, seria perfeito para explorar a fotografia do local e da vida do menino. Assim como Walter Carvalho, a equipe roteirizou previamente um processo de obtenção de imagens, tendo em vista o que seria necessário para o básico da montagem do vídeo documentário, porém, ao chegar no local era comum observar que poderiam ser obtidas mais imagens que o pensado previamente, devido ao local com grande riqueza de detalhes e vivacidade.  O processo do filme como um todo tem como ponto de partida a improvisação. Havia um guia, sempre um guia mínimo para a produção, direção de arte e o figurino tomarem conhecimento daquilo que eu precisaria dispor em determinada cena. Mas nunca um roteiro adaptado, uma fala adaptada. (CARVALHO, 2003, p.44) Outro fator crucial para essa escolha, foi a persona tratada viver em uma favela que está localizada às margens do mar. Assim conseguimos aliar nossa vontade de mostrar uma parte de Fortaleza, a comunidade do Serviluz, que é esquecida pelo restante da cidade com as imagens poéticas e falas lúdicas da nossa personagem sobre o oceano. A escolha do nome Costas Largas foi pensada em fazer uma analogia com a extensão da costa litorânea, é aquilo aguenta muita coisas, o Kauan e o mar poderiam ter isso em comum, o mar carregar os sonhos. Através do olhar de jovens estudantes as gravações do documentário foram sendo feitas nas orlas da comunidade do Serviluz. Durante as filmagens, todos tinham seus postos principais; alguém encarregado do áudio, uma pessoa para dirigir a situação, outra que fosse atrás de pegar os depoimentos; mas sempre havia pelo menos dois que estavam fazendo a tarefa de gravar, dois fotógrafos sempre tentando manter o olhar aguçado para tudo o que estava acontecendo aos arredores da comunidade.  A transposição da fotografia para a memória empresta-lhe o movimento contínuo do pensamento, que é o que se torna necessário fazer para que a foto isolada exprima o seu conteúdo latente e não explícito. (PROUST, apud Míriam Leite, 2001) Planos abertos foram usados quase sempre, com o intuito de mostrar o máximo possível para o espectador, sem causar nenhum tipo de desconforto, claro. Nestas cenas, a câmera ficava parada na maioria das vezes, longe de tudo, mas ao mesmo tempo tão perto; a intenção era levar o espectador até lá, para que este se sentisse observador passivo dali, como uma mosca na parede. Cenas claras, muito claras; esse foi o grande marcador deste documentário. Planos abertos, cores sóbrias, muita luz e quase sempre a presença de crianças. Esta foi a nossa visão do Serviluz e da vida de Kauan. Quando observamos cenas gravadas de madrugada, pensamos que aquele local nem é a mesma comunidade na qual aquele vídeo estava retratando, parecia outro local, como olhar para uma fotografia e não reconhecer onde é aquilo, até consegue observar-se alguns itens na imagem que nos remete à locação, porém parece que não é o mesmo, pelo fato de estar sem vida, sem sol, sem crianças. Passava a ideia de que a comunidade realmente ainda não tinha acordado. E, lentamente ela acorda, com o decorrer das imagens, vemos aqui e ali as pessoas que cedo madrugam e aparecem nos quadros do vídeo, reavivando a comunidade, e o documentário.  Com efeito, a palavra e a vista são os meios de comunicação mais importantes, aqueles que são mais fáceis de empregar para persuadir ou sugerir e também para demonstrar qualquer coisa a alguém . (SANT ANNA, 1998, p.218) Costas Largas busca então, através da fotografia artística, elementos audiovisuais, poéticos e uma experiência estética, trazer um pouco da realidade da vida do morador de uma comunidade carente para todos de forma impactante, dramática e sensível. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A concepção do Documentário  Costas Largas foi desenvolvida num período de aproximadamente 3 meses, dentre os quais foram divididos entre períodos de levantamento de informações e pesquisa, seja de campo ou bibliográfica, e outro momento, posterior, para a realização e produção de tudo o que estava no papel, a respeito ao documentário. Sempre tentando o melhor ângulo para a fotografia, a adaptação contínua a alternância de iluminação e a variação de movimentos dependendo de cada situação vivida pelo Kauan, a fim de conduzir a mensagem proposta da mesma. Para o fotógrafo é essencial conhecer outras técnicas de edição de vídeo para saber mesclar as linguagens. Após algumas pesquisas sobre a história da Fotografia e do Fotojornalismo, definimos nosso tema a ser fotografado e conceitos básicos a serem abordados em nosso artigo. Costas Largas é uma produção audiovisual, de cunho  Documentário de curta-metragem que foi embasado pelo modo poético. Possui uma estética de fácil leitura, que preza prioritariamente o apelo visual da produção. Mas também exprime as sensações vividas no local através da trilha sonora, que traz ao espectador uma grande imersão no ambiente onde se passam as imagens - desde o barulho das ondas quebrando no mar, até os sons da natureza nos arredores da comunidade às 4 da manhã e a vibração pulsante de quem está no coração do Serviluz. Produzido na prática num período aproximado de dois meses, o documentário foi gravado, em sua maior parte, dentro da comunidade e seus arredores. Para a gravação do curta foram utilizados, como câmeras uma Canon 5D Mark III, duas Canon 60D, uma Nikon D5100, uma GoPro Hero 4 Black, e um drone DJI Phantom 4. As lentes teleobjetivas usadas foram uma Canon EF 50mm f/1.2L USM, uma Canon EF 70-300mm f/4-5.6L IS USM, uma Canon EF 50mm f/1.8 II, uma Canon EF 24-105mm f/4L IS USM, uma Nikon 24-120mm f/4 ED VR Nikkor e uma Nikon 50mm f/1.8G Nikkor. Para a captura de áudio, foram usados um gravador profissional Zoom H4n e um Zoom H6 e como microfones um Sennheiser M-66 Shotgun e um Sennheiser ME-2 Lavalier. As imagens do documentário foram feitas prioritariamente segurando as câmeras na mão, com exceção de alguns casos, onde foram utilizados tripés, monopés, gimbals e até o suporte aéreo do drone. O fato de, na maioria dos casos, a equipe de gravação ter usado teleobjetivas com estabilização de imagem interna facilitou muito a obtenção de imagens nítidas. Quando via-se necessário o uso de auxílio na estabilização, eram usados gimbals ou monopés. O uso de tripés também tornou-se indispensável no momento de fazer imagens estáticas, sem movimento, onde a equipe desejava exprimir dali somente o movimento do ambiente, e nada mais. O uso de tripés também veio a ser conveniente ao fazer imagens com as lentes de grande distância focal, que aproximam demasiadamente a imagem, possibilitando assim a obtenção de uma imagem tremida. O uso de monopés e tripés se fez bastante útil ao fazer movimentos de pan e tilt (movimentação horizontal e vertical) nas cenas de movimentação. O estilo utilizado de fazer a gravação das imagens  na mão foi com o intuito de levar o espectador até a comunidade ou o local onde as imagens estavam sendo feitas, assim como a reprodução fiel dos sons ambientes de lá. Todos esses princípios levam a imersão do público ao local. Todas as imagens do curta-metragem foram feitas utilizando-se somente da iluminação natural do local. A maioria das cenas foram gravadas no período matutino, no qual havia incidência de luz em abundância. Mesmo nas imagens feitas em ambientes internos, no final da tarde ou externos - de madrugada - não foram utilizadas fontes de luz externas ao ambiente. Sempre com a ideia na de levar ao espectador um recorte fotográfico de forma mais fiel possível do local, do que a equipe tinha como sensações ao fazer as gravações do projeto. A medição da luz das cenas foram feitas através do sensor fotômetro das próprias câmeras. Sempre que possível, as câmeras eram configuradas na regra do obturador à 180°, em que a velocidade do obturador da câmera é sempre o dobro do valor dos quadros por segundo em que o vídeo está sendo gravado, que no caso foram a 24 quadros por segundo. Estes dois métodos garantem um movimento mais suave, natural e fiel à imagem, dando um efeito mais agradável ao espectador que assiste à produção. O filme possui enquadramentos em sua maioria de Plano Geral (PG), em que a câmera revela o cenário à sua frente, que visam mostrar ao público o local, a geografia, o conviver daquele ambiente. Em algumas cenas, porém, a equipe usou do plano médio - para aproximar mais os personagens do espectador - e Meio Primeiro Plano (MPP). Em poucos casos, veio a utilizar-se os tipos Primeiro Plano (PP) e Primeiríssimo Plano (PPP) em que a maior intenção é retratar a expressão e intimidade com o integrante da cena, demonstrar as emoções, o sentimento. Ao final das gravações, foram efetuados os processos de corte, edição, colorização e finalização do áudio e das imagens. No início, para o corte e seleção as cenas, foi utilizado pela equipe para registro, transcodificação, recepção e corte de vídeos o programa Adobe Prelude CC. Como software principal para a edição do documentário, foi utilizado o programa Adobe Premiere Pro CC, onde foi feito todo o processo mais fino de edição. O processo de colorização do filme se deu utilizando-se o programa Adobe Speedgrade CC, onde foram feitas correções de cores e colorização final de imagens. A edição de áudio do documentário foi feita majoritariamente usando o próprio Adobe Premiere Pro CC, porém em alguns casos onde foi preciso uma edição mais a fundo de algum clipe de áudio, a equipe utilizou o software de edição de áudio Adobe Audition CC. Após todo o processo de edição finalizado, o vídeo foi exportado, usando o programa Adobe Media Encoder, para realizar a transcodificação e exportação, de maneira unificada entre os programas acima citados, em um só clipe. O vídeo final, exportado, ficou com resolução de 1920 pixels (horizontal) por 816 pixels (vertical) e 23,97 quadros por segundo, com taxa de bits por segundo de aproximadamente 12mbps e áudio estéreo. Para fazer um trabalho de fotografia em movimento, além de todo o planejamento que antecipava a produção do documentário, uma importante parte da feitoria desta categoria também é realizada depois de todo o processo de gravação e edição: a captura dos fotogramas do vídeo, para que estes sejam as fotografias analisadas neste artigo.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Costas Largas é uma produção audiovisual do gênero Documentário, que segue os padrões de curta-metragem, com 14 minutos de duração. O filme foi feito por alunos de Comunicação Social da Universidade de Fortaleza, como uma atividade prática da disciplina de Documentário. Para fazer este artigo, foram selecionados frames (quadros) específicos do documentário. Desde o início do projeto, já tinha-se em mente a produção deste material de fotografia em movimento, em que são analisados e destacados fotogramas que contam a história do documentário através da fotografia.  [...] existem sequências de imagens fixas e narrativas (na história em quadrinhos, na pintura) que até certo ponto podem ser comparadas à sequência fílmica, pelo conteúdo narrativo que veiculam. Mas as relações temporais entre imagens sucessivas são aí evidentemente muito menos marcadas, não apenas porque cada imagem só inclui o tempo de modo muito indireto e muito codificado, mas porque o dispositivo é bem menos impositivo. Somente a sequência fotográfica  em razão do poder de crença ligado à arché fotográfica  pode, com menos rigor, comparar-se à sequência fílmica. (AUMONT, 1995, p. 169). A narrativa do filme se dá ao redor da vida e do cotidiano de Kauan Alves Barbosa, de 15 anos, morador da comunidade do Serviluz e busca entregar ao espectador uma amostra visual de como é viver naquele ambiente através dos olhos de uma criança. Antes de serem iniciados qualquer tipo de produção ou pesquisa, a equipe recém-formada reuniu-se no período pré-determinado pelo professor da disciplina para que fossem norteados os temas que o Documentário iria seguir. Após unanimidade, ficou decidido que a produção audiovisual teria um apelo mais aproximado ao poético, visual, fotográfico. Essas decisões foram tomadas em vista do que foi ministrado em sala pelo professor; as referências tomadas pelos integrantes da equipe foram de fato importantes para decidir a forma que o Documentário iria ter. No início da produção do documentário, a equipe reuniu-se para que fossem feitos os devidos levantamentos; sejam informações do local ou até mesmo sobre a família dos que ali habitam. Um dos integrantes da equipe já havia contato com alguns dos integrantes da trama do documentário, sabendo disso, a equipe do trabalho passou a tentar estabelecer uma ligação mais próxima com os integrantes do documentário o mais rápido possível. Passado este primeiro momento em que as partes da equipe agora estavam ambientalizados com o seu novo espaço de trabalho, agora seria a hora de fazer os primeiros planejamentos para a produção do curta-metragem. Marcação de datas, lugares, entregas de documentação e agendamentos para locação de equipamentos. Todo o processo de planejamento e produção do filme foi auxiliado e orientado pelo professor da disciplina, garantindo assim um melhor aproveitamento da equipe no que diz respeito do tema abordado. Após tudo marcado, começamos o período de gravações; variados horários e locações, dias de conversas com as famílias e outros somente de captação de áudio, ou de vídeo. Foi desenvolvido previamente um roteiro do que deveria ser capturado pela equipe, porém isso não impediu que, durante as gravações, a captura de outros objetivos fora do que estava no roteiro fossem gravados. Sempre foi tido em mente a ideia de que seria um documentário com apelo visual, fotográfico, a equipe visou em captar imagens que retratassem de forma fiel o ambiente, luzes naturais, movimentos suaves, enquadramentos completos que colocassem em cena o dia-a-dia. Ligações rasas entre as cenas, pois queríamos sim contar uma história, mas acima de tudo a ideia era contar essa história com base em fotografias, em imagens do que seria o cotidiano de um jovem naquela comunidade.  Cada ser humano constrói seu modo específico de ver e interpretar a cor nos objetos. Sabemos que esta construção envolve também uma parte coletiva que chamamos cultura. Portanto, cada indivíduo faz de seu mundo visual um mundo particular em cores. (GIBSON, 1974, p.259) Passadas as semanas de gravações, os membros da equipe se reuniram para fazer uma apuração geral do material registrado, onde foram verificadas ainda algumas deficiências de material para a edição posterior. Visto esses problemas, voltamos para campo e gravamos o que faltava para ter certeza de que a equipe tinha todo o material necessário para fazer a edição do filme. Após a obtenção de todas as imagens, foi feita toda a decupagem do material registrado, os áudios, vídeos, depoimentos; tudo foi organizado em ordem de tempo, lugar e assunto. Todo esse processo foi feito visando a facilitação do processo de edição do material, uma vez que foi feita uma quantidade excessiva de vídeos, para que não houvesse nenhuma falta após a devolução dos equipamentos e acabado o prazo de gravação. Terminado o processo de decupagem e organização do material bruto do filme, iniciou-se a linha do tempo da edição do filme, onde foram sendo encaixados os clipes, sincronizados as trilhas de áudio, efetuados os cortes mais minuciosos e aplicação de efeitos de transição. Foi durante essa parte também que a equipe foi editando as faixas de áudio e trilhas sonoras do curta. Passado essa fase, que é considerada a mais demorada, o projeto foi exportado para que a equipe tivesse uma breve amostra de como estava ficando o material final do filme. Analisado como estava ficando o filme e feito todos os ajustes, passamos a fazer agora a parte da colorização, acordos de transição de clipes e finalização do filme. No final, fez-se o levantamento de toda a ficha técnica, para ser colocada no término do filme, nos créditos.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">O documentário realizado revelou muitas das mazelas sociais comumente presentes em comunidades de extrema carências de políticas públicas adequadas às condições socioeconômicas da população desses ambientes. A hostilidade, muitas vezes presente, é decorrente de uma autoproteção contra o fascismo e segregação pregado pela sociedade detentora do dinheiro e dos meios de comunicação. Porém, é notável a coesão que existe nestes ambientes. As casas minúsculas e cheias de gente nos dão a sensação de proximidade e de participação. Sensação essa que extremamente diferente da que está presente no mundo fora das comunidades. Durante nossas expedições ao Serviluz, nos foi ensinado o significado da palavra família no seu sentido mais amplo, quebrando paradigmas construídos durante nossa formação. Apesar da segregação que a sociedade os proporciona, os moradores são extremamente acolhedores. Para quem integra este grupo, o acolhimento é extremamente natural. Porém, nós que somos de fora, ficamos perplexos com esse tipo de atitude e levaremos isso como uma lição de vida e esperamos, através deste documentário, transmitir esse aprendizado para o público em geral.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">AUMONT, J. A imagem. Campinas, SP: Papirus, 1993.<br><br>CARVALHO, Walter. Fotografias de Um Filme. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.<br><br>LEITE, Míriam Lifchitz Moreira, (2001). Texto visual e texto verbal. In: FELDMAN-BIANCO, Bela, LEITE, Míriam L. Moreira. Desafios da imagem; fotografia, iconografia e vídeo nas ciências sociais. 2ª ed. Campinas: Papirus. p. 37-49.<br><br>SANT ANNA, Armando. Propaganda. Teoria, técnica e prática. 7 ed. São Paulo: Pioneira Thompson Leraning. 1998.<br><br>GIBSON, J. J.  Perception of the Visual World .Connecticut: Greenwood Press Publishers, 1974.<br><br> </td></tr></table></body></html>