ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01498</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PP</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PP10</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Um rosto de histórias</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Gabriel Pacifico Macedo Borges (Universidade Federal do Ceara); GUSTAVO LUIZ DE ABREU PINHEIRO (Universidade Federal do Ceara); SILVIA FATIMA ROQUE FIGUEROA (Universidade Federal do Ceara)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Caligrafía, Rosto, Imagem, Tradução Intersemiótica, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O exercício desenvolvido na disciplina de Direção de Arte consistia na criação de um cartaz que pertenceria a uma campanha de valorização do idoso. Frente a problemática de abandono e maus tratos às pessoas desta faixa etária, buscou-se sensibilizar à população com a imagem de um rosto que além de mostrar ternura, conte histórias. Usando recursos tipográficos e através da lei de continuidade e proximidade da Gestalt, um rosto preenchido de pequenas, mas significativas histórias da memória de uma mãe foi desenhado. Por meio da Teoria de Tradução Semiótica, uma das bases metodológicas do seguinte projeto, foram explorados os conceitos de memória, cultura e corpo, descobrindo a possibilidade de retratar uma imagem que além da mobilização do sensível, conseguisse impactar o espectador com uma mudança de pensamento para o futuro.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O presente trabalho configurou-se como a tradução das memórias de uma mãe num rosto envelhecido. Procurou-se remeter a relação do rosto envelhecido e da caligrafia para criar uma imagem que traz consigo possibilidades de gerar sensações e sensibilidades, com as quais era esperado que o espectador gerasse uma crítica sob a problemática do mal trato ao idoso. Entendendo primeiramente por tradução como prática crítica-criativa na historicidade dos meios de produção e reprodução, como leitura, como metacriação, como ação sobre estruturas eventos, como diálogo de signos, como síntese e reescritura da história, ou seja, como pensamento em signos, como trânsito dos sentidos, como transcriação de formas na historicidade. (PLAZA, 2003, p.14). O seguinte processo baseou-se na teoria de tradução intersemiótica, na qual a passagem de tradução é de um sistema de signos a outro. No caso do cartaz, o sistema fonte de signos foi o registro de memórias da mãe (de natureza abstrata) e o sistema de signos de recepção é um rosto (de natureza concreta). A tradução desenvolvida pensou o repertório de memórias como um sistema, uma linguagem que, se bem é verdade, é abstrata e contém as subjetividades de cada pessoa, comunica e pode ser traduzível. O outro sistema de signos que buscou-se atingir foi o rosto, uma entidade que através dos gestos que o performam, configura-se sem dúvida como parte da linguagem não verbal do ser humano e como sua mídia primária. Então, como traduzir as memórias de uma mãe no seu rosto? É assim que a escrita caligráfica atua como mediador entre as memórias e a imagem do rosto. A caligrafia como mediador do passado e o presente.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A indiferença, esquecimento, vergonha e tédio que a sociedade prolifera ao idoso não se reflete somente no abandono e maus-tratos físicos, mas também retrata uma sociedade em conflito com a ideia de envelhecer; a perspectiva ocidental parece valorizar sempre a novidade e o jovem, quanto mais é possível parar o tempo e não ter que envelhecer, melhor. O rosto humano, como prova disso, é exposto hoje a um mercado que oferece inúmeros métodos para retardar o envelhecimento. O idoso, no seu símbolo atual, virou um ser vazio de vida, por serem pessoas que parecem ter terminado seu tempo. Deste modo, a problemática de abandono e maus-tratos à comunidade desta faixa etária, seriam somente sintomas de uma doença pior. Uma sociedade temerosa do passo do tempo. A presente peça pretende então gerar, a partir do questionamento e crítica ao lamentável trato que os idosos têm atualmente, um convite sensível para recriar e reconstruir nossa relação com um rosto e corpo envelhecido e a história que traz, revisando a importância do corpo como mídia primária que merece ser valorizado sem distinções de faixa etária, cor ou qualquer outra subjetividade que uma cultura pode outorgar. Nossos corpos sempre carregam uma identidade coletiva na qual eles representam uma dada cultura como resultado da etnicidade, educação e de um ambiente visual particular. [...] Os corpos performatizam imagens (deles mesmos ou até contra eles mesmos) tanto quanto eles percebem imagens externas. (BELTING, 2006) </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O corpo representa a mídia primária do homem, por isso é necessário ver o corpo como texto capaz de comunicar (BAITELLO JR, 1999). Nessa perspectiva o rosto humano claramente configura-se como uma entidade que contém formas e gestos que atuam como agentes de comunicação não verbal. O corpo, e mais especificamente o rosto, possui uma potência de significações, porém é condicionado aos fatores externos que o rodeiam. Um rosto envelhecido no contexto atual da sociedade ocidental é símbolo de feiura, gera um tédio que ninguém quer olhar por muito tempo. No entanto ao estudar o corpo, Harry Pross, sem distinção de jovem ou velho, classifica o corpo como a primeira mídia do homem, como "mídia primária", aquela que funde "em uma [única] pessoa conhecimentos especiais". (BAITELLO JR, 1999). Parece que a atual sociedade esqueceu os valores que possui, atribuindo inconscientemente aceitação só ao jovem, à novidade, e rejeição à velhice. O corpo está na base de toda comunicação, também é inegável que o corpo enquanto mídia se altera a cada alteração da cultura e da sociedade da qual faz parte (BAITELLO JR, 1999). Repare-se aqui quanto importante é sensibilizar e celebrar um rosto envelhecido porque ele mesmo é também um texto que tem registrado em si uma enorme quantidade de informações, desde a história da vida no universo até a história cultural do homem. (BAITELLO JR, 1999). Assim, a imagem resultante da nossa tradução, a imagem caligráfica, é apresentada também como uma forma de recuperar o passado de forma crítica, tomando aqueles elementos de sensibilidade que estão inscritos no passado e que podem ser liberados como estilhaços ou fragmentos para fazer face a um projeto transformativo do presente, a iluminar o presente. (PLAZA, 2003, p.7). Ou seja, não se trata de afligir ao espectador com nostalgias, trata-se de gerar uma provocação para um comportamento diferente no presente e futuro. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Buscou-se traduzir as memórias num rosto através da escrita, neste caso a escrita caligráfica exerce um papel de mídia, que procura animar ou devolver à vida o rosto. Apresenta-se deste modo esta metodologia de tradução intersemiótica, apontando a um tratamento mais consciente da imagem, dentro do campo da comunicação. Assim com o intuito de recriar uma imagem que registre a natureza de ícone, de índice e símbolo do signo, nosso cartaz percorre uma tradução intersemiótica, na qual o passado, presente e futuro são ensaiados e organizados da seguinte forma: Nossa fonte base de tradução é o repertório das memorias de uma mãe, contendo um passado icónico, de natureza abstrata. Esta fonte encontra logo no rosto envelhecido, o momento operacional da tradução contendo um presente índice, que depois através da criação caligráfica do rosto, este mesmo busca virar um símbolo para o espectador. Um símbolo que inspire uma nova conduta com respeito ao trato do idoso. (Ver imagem 2) Nossa fonte de tradução, a memória, tem relação com a cultura. Segundo Velho (2009, p.250) cultura é memória não-genética, um conjunto de informações que os grupos sociais acumulam e transmitem por meio de diferentes manifestações do processo da vida, como a religião, a arte, o direito (leis), formando um tecido, um  continuum semiótico sobre o qual se estrutura o mecanismo das relações cotidianas. Assim a memória carrega um sistema de imagens internas na qual o cérebro é a mídia viva que nos faz perceber, projetar, ou lembrar de imagens, o que também permite a nossa imaginação censurá-las ou transformá-las. (BELTING, 2006). Procurou-se então promover que o cérebro do leitor conseguisse transformar essas memórias em ação na sua conduta no presente, e também que revisse seu comportamento frente à problemática exposta, pois uma forma mais atenta de ler a história, de ler um rosto humano, foi apresentada.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para gerar um diálogo entre o passado e o presente; desenhamos um rosto com histórias. Sendo o passado as pequenas e significativas histórias e o presente a fotografia do rosto. Os traços feitos a mão criaram uma semelhança com a pele rugada e através de um cuidadoso domínio de recursos tipográficos e das leis de continuidade e proximidade da Gestalt, conseguimos delinear um rosto de uma mulher idosa. As histórias pequenas escritas nela, procuram legibilidade e às vezes também ilegibilidade para gerar um efeito de preenchimento em algumas partes. Este estilo artístico de imagem tem inspiração em peças de arte tipográfico, e nas peças de poesia concreta de Décio Pignatari, Haroldo de Campos, Augusto de Campos e o autor peruano Carlos Oquendo de Amat na sua obra  Cinco metros de poemas . Todos eles artistas que perfoman suas letras, na busca de uma metalinguagem que toque o sensível, e transforme a escrita desenhada em imagem, quase dissolvendo a diferenças entre elas. Este processo foi realizado com canetas preta, sobre uma folha branca A3. Logo esta foi escaneada e levada ao digital, criando uma combinação com a fotografia do rosto da senhora. No tratamento em Adobe Photoshop, as camadas foram juntas e se aplicou efeitos para ressaltar melhor as frases, fazendo ênfase na textura das letras, pois queríamos manter a aparência de uma escrita carinhosa e feliz. O estilo caligráfico utilizado tenta explorar uma voz suave e gentil, própria da voz de uma mãe quando lembra com saudade as histórias ao lado de seu filho. A tipografia aqui comunica, inspira e fala com o leitor. Trata-se de um convite a viajar no tempo, e se valendo do repertório cultural da relação afetiva de uma mãe e filho, relembram ao leitor os momentos felizes da infância, relembram ao leitor que cada ruga desenhada representa uma história, uma risada, uma saudade. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify"> Achamos necessário e importante mencionar que a fotografia do rosto da senhora idosa, foi tomada da internet, no site http://i2.wp.com/museperk.com/wpcontent/uploads/2015/08/30-photos-show-that-eyes-are-windows-to-the-soul4.jpg?w=640. A fotografia é parte do trabalho do fotógrafo francês Réhahn, e exposto através do site http://museperk.com. Sem ter maior informação sobre licenças de uso ou proibição, consideramos o uso da imagem. Finalmente nossa exploração na disciplina de Tradução intersemiótica continua aberta, e pensamos a presente produção como início de novas formas de trabalhar com imagem. Assim mesmo fica o convite a comunidade acadêmica a continuar o diálogo entre a teoria com a prática, para a criação de peças no campo da publicidade e comunicação. Pois o cartaz foi produzido no contexto da disciplina de Direção de Arte, porem teorias como a semiótica, que aparenta para vários só uma perspectiva teórica, pode ajudar à construção de projetos, e server como metodologia aplicada no design em geral. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BAITELLO JR., Norval. A mídia antes da máquina . JB On-line, 16 out. 1999. Seção Caderno de Idéias. Disponível em: http://www.cisc.org.br/portal/biblioteca/maquina.pdf Acesso em: 04 maio 2017. <br><br>BELTING, Hans. Imagem, mídia e corpo. Uma nova abordagem à iconologia. Revista Ghrebh, número 8, 2006.<br><br>LOTMAN, I. M. La se miosfera I: semiótica de la culturay del texto. Tradução de Desiderio Navarro. Valência: Frónesis Cátedra, 1996.<br><br>PLAZA, Julio. Tradução Intersemiótica. São Paulo: Perspectiva, 2003<br><br>OQUENDO de AMAT, Carlos. "Cinco metros de poemas." Lima: Minerva, 1927.<br><br>VELHO, Ana Paula Machado. A semiótica da cultura: apontamentos para uma metodologia de análise da comunicação. Rev. Estud. Comun. Curitiba, v.10, n.23, p. 249-257, set/dez, 2009. Disponível em: http://www2.pucpr.br/reol/pb/index.php/comunicacao?dd99=issue&dd0=242 Acesso em: 04 de maio 2017 <br><br> </td></tr></table></body></html>