ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01503</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO03</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Impressões na Mesa</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Marcelo Andrey Monteiro de Queiroz (Universidade Federal do Ceará); Mayara Carolinne Beserra de Araújo (Universidade Federal do Ceará); Filipe Pereira da Silva (Universidade Federal do Ceará); Ingrid Oliveira Tavares (Universidade Federal do Ceará); Carlos Eduardo Pereira Freitas (Universidade Federal do Ceará); Theyse Viana Santana (Universidade Federal do Ceará); Ana Beatriz Leite de Souza (Universidade Federal do Ceará); Nícolas Paulino Pinto Menezes (Universidade Federal do Ceará); Yngrid Sydnara Bezerra Matsunobu de Oliveira (Universidade Federal do Ceará); Carolina Mesquita Melo (Universidade Federal do Ceará); Iury Figueiredo Campos (Universidade Federal do Ceará); Larissa Pereira dos Santos (Universidade Federal do Ceará); Diego dos Santos Barbosa (Universidade Federal do Ceará); Paulo Yan Carloto de Souza (Universidade Federal do Ceará); Claryce Oliveira dos Santos (Universidade Federal do Ceará); Ana Rute Alves Ramires (Universidade Federal do Ceará); Thamiris Lisboa Treigher (Universidade Federal do Ceará); Túlio de Carvalho Queiroz (Universidade Federal do Ceará); Larissa Feitosa dos Santos (Universidade Federal do Ceará)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;experimentalismo, gastronomia, jornal-laboratório, jornalismo cultural, jornalismo gastronômico</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O jornal-laboratório Impressões na Mesa propõe, balizado pelos preceitos de Piza (2011) sobre o jornalismo cultural e de Lopes (1989) e Vieira Júnior (2002) acerca do experimentalismo próprio à atividade laboratorial, a construção de uma série temática sobre gastronomia. Por meio de três edições  Colheita, Cozinha e Bistrô  , os estudantes se debruçaram sobre o assunto para além do teor de serviço, realizando um conteúdo não convencional em termos gráficos e editoriais e proporcionando uma abordagem ampla, destacando tal processo cultural como aspecto de relevância social.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Ministrada para estudantes do sétimo semestre, a disciplina Jornal Laboratório busca exercitar a rotina de construção de um produto jornalístico impresso em sua completude como uma das últimas atividades da trajetória acadêmica. Ao passar pelas etapas de planejamento, produção, apuração, redação, edição e diagramação, os discentes podem visualizar e vivenciar o processo de criação de um jornal ainda dentro do laboratório, o que, segundo Lopes (1989), denota uma visão global não apenas no aspecto conceitual, como, também, na prática cotidiana das redações de grupos de comunicação. No entanto, por ainda estar situada em âmbito acadêmico, a confecção de um jornal-laboratório predispõe uma experiência por vezes não possível de ser operacionalizada no mercado de trabalho. Ainda resguardados pelas perspectivas do espaço universitário, os estudantes têm a prerrogativa de exercer o experimentalismo tanto nas linguagens adotadas quanto nos conteúdos visuais, fazendo desse tipo de produção um instrumento com o qual podem trabalhar os sensos criativo, crítico e estético, necessários para maior qualificação técnica e profissional. Considerando esses princípios, a disciplina tratou de reunir os alunos em prol do desenvolvimento de um produto com o potencial de se distinguir não somente dos exemplos advindos do campo jornalístico, bem como das demais produções viabilizadas pelo projeto pedagógico do curso. Além disso, buscou-se, também, a elaboração de um material aprofundado e diversificado editorialmente, mas trabalhado com a conduta ética, o interesse público e a responsabilidade social denotados à profissão. Foi a partir daí que o jornal-laboratório Impressões na Mesa se erigiu. Nos demais tópicos, descreveremos os objetivos da produção e as etapas de sua execução, contemplando o estabelecimento de bases conceituais que fundamentam os processos elencados.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O jornal-laboratório Impressões na Mesa busca, por meio de uma série de três edições, oferecer ao leitor material informativo e interpretativo acerca de questões relacionadas à gastronomia  aqui compreendida, de acordo com Amaral e Melo (2005), como um processo cultural em razão de alimentação e cultura estarem intimamente ligadas. No entanto, deve-se ressaltar que a definição de gastronomia é motivo de discussões teóricas: como salienta Collaço (2014), as noções acerca de gastronomia, culinária e cozinha por vezes se misturam, o que dificulta o discernimento de limitações conceituais e os tratamentos midiáticos em torno do assunto. Müller (2012), após lançar olhares sobre a literatura relacionada à temática, resume a área como  de conhecimento interdisciplinar, que abrange indicadores nutricionais, biológicos, econômicos, sensoriais, tecnológicos, históricos, sociais e culturais (MÜLLER, 2012, p. 48). Em consequência disso, deve-se considerar a dimensão do debate quanto à gastronomia em amplitude - e não somente sob o caráter alimentar. Por se tratar de uma questão motivadora de práticas e saberes relacionados a diversos contextos, o presente produto tenciona abordar a gastronomia aprofundadamente, ao contemplar a variedade de nuances constituintes ou relativas a seus processos para além do alimento. Para assegurar tal tratamento com abrangência, o Impressões na Mesa, valendo-se do experimentalismo e da aprendizagem, buscou o exercício de gêneros jornalísticos pouco difundidos ou versados nas rotinas produtivas do jornalismo cultural - mais precisamente, no jornalismo gastronômico - como a reportagem e a crônica reporteira, mas sem negligenciar o conteúdo opinativo. Além disso, o jornal-laboratório intenta utilizar um design capaz de conferir personalidade à informação gráfica e editorial a partir do uso de elementos visuais e ilustrações, favorecendo a compreensão do leitor e a reformulação dos moldes em que o jornalismo gastronômico geralmente é apresentado.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este trabalho teve sua realização fundamentada na necessidade de a universidade propiciar e ampliar tanto a discussão quanto a compreensão de assuntos socialmente pertinentes. Conforme Oliveira e Rodelli (2007),  o espaço dentro da universidade é necessário para debater e pesquisar temas relevantes do cotidiano, trazendo para a comunidade informações de utilidade pública, ao mesmo tempo em que os alunos tomam consciência das responsabilidades que envolvem a profissão (OLIVEIRA; RODELLI, 2007, p. 108). Tal propósito atribui ao Impressões na Mesa o exercício de uma produção universitária ao mesmo tempo em que consolida a incumbência do jornalismo, o qual, segundo Beltrão (1992) pressupõe a  informação dos fatos correntes, devidamente interpretados e transmitidos periodicamente à sociedade, com o objetivo de difundir conhecimentos e orientar a opinião pública, no sentido de promover o bem comum (BELTRÃO, 1992, p. 67). Dessa forma, a equipe percebeu a necessidade de aplicar preceitos ligados aos jornalismo cultural ao presente jornal-laboratório. Piza (2011), ao traçar um panorama histórico sobre tal expressão do jornalismo, afirma que  seu papel nunca foi o de anunciar e comentar as obras lançadas nas sete artes, mas também refletir (sobre) o comportamento, os novos hábitos sociais, os contatos com a realidade político-econômica da qual a cultura é parte ao mesmo tempo integrante e autônoma (PIZA, 2011, p. 57). Mesmo que a gastronomia não seja necessariamente uma linguagem artística ou intelectual, o autor ainda aponta que o tema passou a ganhar mais espaço nos segmentos culturais a partir dos anos 1990, com o aumento do público e de sua relevância simbólica - o que implica maior atenção midiática ao assunto. Em concordância com as assertivas supracitadas, o produto se dispõe a expor a gastronomia como uma pauta de relevância social e, também, como objeto instituinte de práticas jornalísticas, posto que, de acordo com Amaral (2014),  o jornalismo gastronômico possui papel fundamental na porção da cultura de consumo contemporânea brasileira que se relaciona à alimentação (AMARAL, 2014, p. 12). Entretanto, apesar da importância conferida a essa atuação, percebe-se que a gastronomia é abordada, de forma geral, principalmente em torno de estabelecimentos comerciais e pratos prontos, o que desconsidera os vieses ligados à sua constituição enquanto originadora de práticas socioculturais e econômicas. Por causa disso, o jornalismo gastronômico, advindo do jornalismo cultural, efetiva-se comumente sob o aspecto opinativo, limitando-se a funcionar, segundo Amaral e Melo (2005), como um jornalismo de serviço, em que há mais apoio na utilidade das informações do que no teor de novidade das pautas. Ao observar tais perspectivas, o Impressões na Mesa intenta se apresentar como um conteúdo informativo e interpretativo sobre a gastronomia, compreendendo-a como parte do cotidiano dos sujeitos sociais e ampliando suas percepções aos distintos processos relacionados ao alimento e à alimentação. Ademais, a produção não renuncia à sua função opinativa, presente em todas as edições com o objetivo de levar posicionamentos diversos à percepção e à análise do leitor  inclusive por meio da autocrítica, exprimida no espaço do ombudsman.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O Impressões na Mesa, ao primar pela pormenorização da gastronomia e pelo experimentalismo em termos gráficos e editoriais próprios ao jornal-laboratório, analisou e refletiu acerca de aspectos que Lopes (1989) considera importantes para a sua execução. Desse modo, a equipe de estudantes, junto à docente responsável pela disciplina, atentou para pontos ligados ao público-alvo, à função da professora e dos alunos ao longo das atividades, às condições materiais para apuração, à abordagem, aos temas, a forma, à circulação e distribuição, à discussão e análise do trabalho realizado e à dinamização da redação logo após votação para escolha da temática a ser introduzida nas edições pelas quais a turma seria responsável ao longo do semestre. Tal conduta promoveu não somente uma articulação democrática, como, também, minuciosa para a efetivação dos demais procedimentos. Antes do cronograma de realização do jornal, os estudantes fizeram leitura, análise e discussão de textos em rodas de conversas. Segundo Moura e Lima (2014), as rodas de conversa  [...] consistem em um método de participação coletiva de debate acerca de determinada temática em que é possível dialogar com os sujeitos, que se expressam e escutam seus pares e a si mesmos por meio do exercício reflexivo. Um dos seus objetivos é de socializar saberes e implementar a troca de experiências, de conversas, de divulgação e de conhecimentos entre os envolvidos, na perspectiva de construir e reconstruir novos conhecimentos sobre a temática proposta (MOURA; LIMA, 2014, p. 101). Por considerar tais preceitos, a metodologia permitiu aos estudantes a viabilização de observações críticas e troca de percepções acerca da gastronomia como processo sociocultural, de variações do formato reportagem, de noções de escrita para o jornalismo cultural e de arranjos gráficos e visuais para a constituição do produto. Além disso, foram convidados profissionais atuantes no jornalismo cultural - uma repórter e subeditora da seção de gastronomia de jornal local, um fotógrafo especializado em gastronomia e um designer editorial - para rodas de conversa nas quais eles discorreram sobre suas experiências no mercado, mostraram exemplos e suscitaram novos questionamentos e direcionamentos para a proposição dos trabalhos. Como parte da preparação para a fabricação do jornal, os alunos foram convidados a uma atividade em campo que consistia na produção de uma crônica reporteira. Reunidos em uma rodoviária intermunicipal de Fortaleza, os estudantes foram orientados a buscar um fato cotidiano daquele local e escrever um texto nesse formato para exercitar uma das linguagens a serem trabalhadas ao longo do jornal-laboratório. Após a preparação dos alunos para a confecção do produto, a equipe se valeu de procedimentos próprios à disciplinação da atividade jornalística para realizar o seu planejamento em totalidade. Conforme Lage (2003), o planejamento é uma ação administrativamente vantajosa, pois  garante interpretação dos eventos menos imediata, emocional ou intempestiva. Diminui a pulverização de esforços em atividades improdutivas. Permite a gestão dos meios e custos a serem utilizados ou investidos numa reportagem [...] viabiliza a realização de pesquisa prévia para ampliar uma cobertura, a produção de ilustrações e a concentração de recursos em matérias consideradas de interesse maior (LAGE, 2003, p. 36). Ao ponderar esses aspectos, o planejamento se fez necessário em razão das limitações existentes ao longo da cobertura pretendida pela equipe. A conveniência da metodologia ocorreu por parte dos alunos não ter equipamentos de gravação, fotografia e/ou acesso aos softwares de edição de imagem e diagramação, além de que algumas das pautas requeriam apuração em outros municípios do Ceará. Assim, com o auxílio do planejamento, tanto o deslocamento de pessoal quanto de material por entre as equipes e pautas foi realizado em prol do produto final. É importante ressaltar que, embora tenha se dado logo nas escolhas das pautas iniciais, a formulação do planejamento estrutural do produto seguiu ao longo da realização do jornal-laboratório tendendo a dinamizar e estabilizar os processos de sua execução. A equipe se reuniu com a docente da disciplina para escolha de pautas que dimensionassem o conteúdo pretendido para as edições e definição das equipes de trabalho. Com o objetivo de difundir uma organização similar ao de um periódico ligado a um grupo de comunicação, os estudantes se dividiram em repórteres, fotógrafos, diagramadores e editores - estes últimos divididos entre conteúdo e imagem - para a confecção de cada edição, supervisionada pela professora como editora-geral. Excetuando-se a função da docente, esse modelo de organização era rotativo, o que possibilitava diversidade de atuações e, consequentemente, de atividades aos estudantes, propiciando o contato com diversas partes da rotina jornalística. Entretanto, objetivando um regime democrático, as pautas foram apontadas, defendidas e votadas pelos alunos em três momentos distintos, ocorridos após os ciclos de finalização de cada edição  com exceção do primeiro, na posição de piloto. Tal procedimento, além de considerar as ocorrências existentes ao longo das etapas anteriores, propiciava participação e colaboração entre a equipe, pois as escolhas dos assuntos, os direcionamentos, as peculiaridades de cada pauta e o arranjo entre os grupos não ficavam a cargo da professora ou dos editores, normalmente encarregados da condução. O restante da produção, porém, ficava a cargo apenas dos grupos, encarregados de ligar para as fontes e marcar os dias e horários de apuração. A apuração geral se deu a partir de entrevistas temáticas, as quais Lage (2003) supõe abordarem temas que os entrevistados pudessem discorrer. Isto posto, tais procedimentos acarretam a compreensão de pontos de vista, problemas e procedimentos adotados pelas fontes relacionados à gastronomia. Já as circunstâncias das entrevistas, de forma geral, ocorreram de forma dialogal, que Lage (2003) define ser a entrevista por excelência: foram marcadas com antecipação e cederam espaço para que entrevistador e entrevistado fizessem a própria conversa, o que permite aprofundamento e detalhamento dos pontos abordados e possibilidades de humanização das fontes. Findados os momentos de apuração, os grupos  formados por um repórter, um fotógrafo e um diagramador  se reuniam entre si para a redação do texto e escolha de fotografias registradas. Após o envio dos materiais para a edição, as equipes se reuniam com a professora e os editores de conteúdo e imagem a fim de obter repasses sobre as revisões, apontamentos e possibilidades de montagem no espelho definido para o Impressões na Mesa. Destaca-se, aqui, que o espelho do jornal se deu após reunião com os diagramadores de cada grupo, o editor de imagem e a professora com o intuito de formular o projeto gráfico do jornal-laboratório. Terminados os materiais de cada equipe, ambos os editores, supervisionados pela docente, montavam as edições finalizadas do jornal no software Adobe InDesign, recorrendo ao Adobe Photoshop para a estabilização de cor das imagens em razão da impressão das edições ser feita em preto e branco, com exceção das capas. Depois de impresso, marcava-se uma reunião de avaliação, em que os grupos se alternavam para analisar as reportagens pelas quais não ficaram encarregados em cada rodada, e de discussão de pautas da edição posterior. Tal processo favorece a construção da série do jornal-laboratório de forma rigorosa, participativa e analítica, promovendo o crescimento profissional das pessoas envolvidas e a publicação de três edições sem alterações substanciais no organograma.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O Impressões na Mesa consiste numa série composta por três edições, as quais versam sobre a gastronomia em perspectivas distintas. A equipe, ao vislumbrar a diversidade de aspectos a serem explorados com suas devidas particularidades, optou pela criação de uma publicação sequenciada, imcumbida de se relacionar a cada eixo da produção alimentar ao longo de seu projeto gráfico e editorial. Dessa forma, as tiragens foram divididas em três partes: Colheita, Cozinha e Bistrô. Com o intuito de proporcionar um consumo seriado, optou-se por um projeto gráfico que fizesse alusão ao processo de fabricação do alimento tanto no sentido de ambientação quanto de sinalização. Dessa forma, as edições estampam, nas capas e contracapas, o trajeto de um tomate desde o momento da retirada da plantação até a sua ingestão, passando pela junção a outros vegetais como parte da feira, pelo uso como um dos ingredientes da preparação de um prato e, ao fim, como um dos elementos da comida pronta para o consumo. Já as primeiras páginas internas, constituintes das seções de opinião do Impressões na Mesa, fazem uso de imagens como ambientação dos locais em que cada processo ocorre. Além disso, as edições são caracterizadas por leves alterações no uso de símbolos gráficos, expressos nas informações dos fólios, no uso de citações e nas marcações de retrancas a fim de personalizar cada segmento trabalhado ao longo do jornal-laboratório. Ressalta-se, aqui, que as capas e contracapas são as únicas páginas com impressão colorida em razão do funcionamento da gráfica existente na universidade; o restante das edições é reproduzido em preto e branco, o que torna necessária a adaptação dos tons de cinza das fotografias e dos demais elementos visuais, como símbolos, quadros e ícones próprios a algumas das pautas, instituídos para contextualização a partir da abstração visual. A primeira edição, Colheita, aborda formas, condições e tipos de produção e comercialização dos alimentos. Como referência para os símbolos visuais, há o formato das marcas do arado, instrumento utilizado para a lavoura da terra nas plantações. A partir daí, foram criados ícones com o mesmo molde para sinalização dos fólios das páginas e de citações propostas ao longo das matérias, assim como instituído o uso dos caracteres matemáticos  maior que e  menor que , com feições próximas aos ícones, para a sinalização das retrancas. As reportagens do primeiro Impressões na Mesa tratam da sustentabilidade promovida pelo plantio de orgânicos, o cultivo de café como atividade de uma instituição religiosa, os trajetos diários de trabalhadores do ramo pesqueiro, a produção artesanal de bebidas alcoólicas, a rota da comercialização de uma central de abastecimento e o uso de insumos típicos do Ceará como atrativos gastronômicos  esta em formato de entrevista. A segunda edição, Cozinha, refere-se aos modos, procedimentos e usos do preparo alimentar. A sinalização dos fólios e das citações alude aos cortes utilizados na cozinha, como as tiras ou rodelas de insumos antes do cozimento ou processamento. O uso da  barra , com aparência próxima à iconografia, é aplicado nos detalhes das retrancas. Dentre as reportagens da edição, estão o emprego de insumos não tradicionais como alimento, a manipulação de plantas para uso medicinal, a rotina de trabalho de profissionais de restaurantes, a comida regional como referência de consumo e as receitas de família como alternativa de mercado, além de uma entrevista sobre o uso integral de alimentos como medida contra o desperdício. Já a terceira edição, Bistrô, apresenta as diferentes alternativas, circunstâncias e empregos do ato de comer. A referência visual do produto consiste nos floreios tradicionalmente delineados em cardápios em busca de uma apresentação sofisticada. Os caracteres utilizados são as  chaves , tencionando a projeção do ícone de forma minimalista. As reportagens versam sobre a diversidade das formas de servir alimentos, as alternativas ligadas ao vegetarianismo e ao veganismo, o itinerário profissional dos garçons, as variações de preparo de pratos típicos do Ceará, à harmonização de sabores durante as refeições, a estimulação sensorial provocada pelas apresentações de pratos, as percepções do alimentação como rito religioso e se completam com uma entrevista sobre a formação dos profissionais do ramo da gastronomia, compondo, assim, a maior das três edições em número de páginas. A proposta de desenvolvimento do Impressões na Mesa é próxima à do suplemento cultural. Golin et al (2013) apontam que, embora seja parte do jornal, o suplemento traz em si parte da etimologia da revista, que, a partir de maior examinação dos assuntos, pressupõe o exercício crítico e ensaístico. Desse modo, o jornal-laboratório esteve apto a realizar uma abordagem de maior amplitude interpretativa e informativa em relação aos conteúdos de gastronomia existentes nos veículos de comunicação tradicional, que, geralmente, trazem as perspectivas do prato pronto ou dos espaços em que eles são comercializados. Apesar disso, o caráter de serviço se mantém, pois, de acordo com Gomes (2013), a função do suplemento, além de trazer textos mais aprofundados e literários, é a de servir como um guia cultural  perspectiva mais trabalhada na terceira edição. Já em relação ao conteúdo opinativo, as primeiras páginas de cada edição trazem artigos de opinião, charge, crônicas e a coluna do ombudsman, classificado por Butturi Júnior e Lenzi (2009) como um sujeito sobre o qual há a pressuposição de notório conhecimento e experiência jornalísticos, o que o torna encarregado de ser crítico do jornal e elo entre o veículo e o leitor. Embora a equipe tenha se embasado no formato e na proposta do suplemento cultural para a confecção do conteúdo do Impressões na Mesa, o exercício do jornal-laboratório fez com que os estudantes pudessem criar um novo modelo de periódico, balizados pela proposta experimental do veículo. À vista disso, o produto não se limita ao papel de servir como complemento de um jornal, mas, sim, funcionar como um, além de experimentar novas formas de utilização da linguagem no texto jornalístico. Em razão disso, a equipe lançou mão de tons mais impressionistas para a redação das reportagens e optou por maior humanização dos relatos. Segundo Sodré e Ferrari (1986), tais características, junto à predominância da forma narrativa e à objetividade dos fatos narrados, constituem a natureza da reportagem. Em alguns exemplos das três edições, as reportagens ainda vão além: servem-se dos elementos de subjetividade da crônica e promovem o que os autores classificam como um  namoro com a literatura . Já o projeto gráfico foi estruturado de forma a remeter esteticamente aos suplementos culturais. Golin e Cardoso (2010) indicam que o projeto gráfico é historicamente utilizado pelo segmento cultural com o propósito de se diferenciar discursivamente, o que torna a apresentação visual uma das características marcantes desse tipo de abordagem jornalística. Comparado a edições produzidas em semestres anteriores, percebe-se que a apresentação dos conteúdos do Impressões na Mesa segue uma linha minimalista, na qual a existência de uma única fotografia ao longo da capa pretende impactar visualmente o leitor, outrora estimulado à leitura pelo peso atribuído às manchetes. O miolo do projeto, por sua vez, busca a personalização de cada página a partir da atribuição de elementos visuais próprios ao universo destacado nas pautas. Embora as tipografias de textos e fólios sejam inalteráveis, o uso de símbolos e ilustrações, além do arranjo de informações, é variante, o que imprime singularidade ao enfoque visual de cada um dos assuntos trabalhados. Tal preferência se refere às ideias de Damasceno e Gruszynski (2014), nas quais  o compromisso que o projeto gráfico assume com a cobertura cultural é elevado, de modo que ele próprio deve se propor a ser uma experiência cultural em ação (DAMASCENO, GRUSZYNSKI, 2014, 122).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Ao se considerar a concepção do Impressões na Mesa, percebe-se como o laboratório, nas palavras de Vieira Júnior (2002) é importante para a trajetória dos alunos em razão da transposição da vivência teórica da sala de aula para as páginas do jornal impresso, o que ajuda na canalização dos seus conhecimentos e na demanda de formas de aplicação e desenvolvimento do senso criativo. Além disso, conforme Lopes (1989), os exercícios propostos pelo laboratório são responsáveis por contrabalançar a reprodução de padrões dominantes no mercado a partir da criação de novos modelos jornalísticos, representados, ao longo do produto, como uma forma distinta da observada na expressão do jornalismo gastronômico. Dentre os resultados do Impressões na Mesa, houve a cisão entre os aspectos gráficos e editoriais normalmente trabalhados pelo jornalismo cultural e, mais manifestadamente, no jornalismo gastronômico. Resguardados pelo experimentalismo, os estudantes realizaram, em três edições, abordagens analíticas e informativas acerca da gastronomia, desmembrada e observada em todos os aspectos que a constituem como um processo sociocultural cada vez mais pertinente, embora não desvendado em todos os seus aspectos normalmente. Mesmo com ocorrência ao término da graduação em Jornalismo, a realização do jornal-laboratório deve ser salientada pela sua essencialidade formativa. Apesar de parte dos estudantes já estar em contato com a rotina profissional por causa da realização de estágios em veículos de comunicação, a vivência laboratorial reforça o discernimento crítico e de articulação, além de contribuir com o esvaziamento de vícios acarretados pela mecanização sistemática das rotinas produtivas do trabalho jornalístico.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">AMARAL, R. M. Você tem fome de quê?: O jornalismo gastronômico na cultura de consumo contemporânea brasileira. E-Compós, Brasília, v. 17, p. 1-16, 2014.<br><br>AMARAL, R. M.; MELO, C. T. V. Gastronomia no jornalismo cultural: crítica e crônica na Folha de S.Paulo e na Carta Capital. Estudos em Jornalismo e Mídia (UFSC), Florianópolis, v. 2, n. 2, p. 143-154, 2005.<br><br>BELTRÃO, Luiz. Iniciação à filosofia do jornalismo. 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