ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01630</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;RT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;RT05</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Sequidão: Sol, poeira e esperança </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;ALEXANDRE MOTA LACERDA (Universidade Federal do Ceará); ANALIA MENDONÇA RIBEIRO FARIAS (Universidade Federal do Ceará); EMANUEL DA SILVA NASCIMENTO (Universidade Federal do Ceará); PAULO CARDOSO FERREIRA (Universidade Federal do Ceará); EDGARD PATRÍCIO DE ALMEIDA FILHO (Universidade Federal do Ceará); KARINA GOMES NASCIMENTO (Universidade Federal do Ceará)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Irauçuba, Webdocumentário, Imersão, Escassez Hídrica, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este projeto descreve o processo de elaboração do webdocumentário "Sequidão: sol, poeira e esperança" realizado na disciplina "Oficina de vídeo + Realização em cinema e audiovisual" que envolve os cursos de Jornalismo e Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará (UFC). O produto aborda, através de um formato seriado de quatro episódios, a escassez hídrica no município cearense de Irauçuba, distante 168 km de Fortaleza. Os discursos dos personagens, moradores da região, são o fio condutor de uma narrativa que se propõe a discutir a degradação ambiental, o impacto da seca nas diferentes instâncias do cotidiano e os modos de obtenção de água utilizados pela população. O estudo também considera as transformações pelas quais o jornalismo perpassa atualmente e suas novas perspectivas de produção e imersão.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A produção "Sequidão: sol, poeira e esperança" foi desenvolvida em uma disciplina experimental envolvendo dois cursos distintos da Universidade Federal do Ceará (UFC)  Jornalismo e Cinema e Audiovisual  que se propuseram a discutir novas estéticas e linguagens audiovisuais para o desenvolvimento de um produto final que contemplasse os aspectos abordados em sala de aula. Intitulada como "Oficina de vídeo + Realização em cinema e audiovisual", a disciplina possuía um caráter que envolvia teoria e prática, no qual a ideia central seria permitir a integração dos estudantes dos diferentes cursos e semestres, afim de compartilhar informações acerca de Jornalismo Imersivo, webdoc/idoc e narrativa documental. Deste modo, a plataforma adotada foi a internet em virtude de todo o potencial multimídia presente, o que permitiria uma maior experimentação de formatos. Mattelart afirma: "A noção de comunicação recobre uma multiplicidade de sentidos. Se isso vem sendo assim há muito, a proliferação das tecnologias e a profissionalização das práticas acrescentaram novas vozes a essa polifonia, num final de século que faz da comunicação, uma figura emblemática das sociedades do terceiro milênio" (MATTELART, 1999 apud VENÍCIO, 2004, p. 23). Essa polifonia tem se mostrado muito presente na internet. O meio transformou as projeções estruturais envolvidas no século XXI, visto que sua relação com o público alcançou um novo patamar interacional. Afinal, "se a internet tem algum impacto nas interações sociais, ele é positivo. Para a maioria das pessoas, ela é uma da extensão da vida em todos os aspectos" (CASTELLS, 2003). Depois da roteirização, produção e edição, o webdoc "Sequidão: sol, poeira e esperança" foi avaliado, passou por correções para só então ser disponibilizado no segundo semestre de 2016 no site http://sequidao.wixsite.com/sequidao, além de conteúdos voltados para o YouTube, Facebook e Instagram.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O webdocumentário "Sequidão: sol, poeira e esperança" pretende retratar a escassez hídrica presente no município cearense de Irauçuba, distante 168 km de Fortaleza, através de relatos dos moradores da região, que vivenciam e enfrentam a problemática diretamente. Deste modo, os estudantes puderam adentrar em parâmetros de contextualização do fenômeno da seca latentes e repercutir uma transcrição da realidade cuja voz do personagem é o principal fio condutor do enredo. Utilizando-se de informações fornecidas por documentos oficias do Governo do Estado do Ceará, trabalhos acadêmicos e dados obtidos com a prefeitura do município, os alunos realizaram uma série de expedições por Irauçuba  totalizando sete dias de produção  afim de perceber as nuanças da cidade e seus distritos. Tal fator foi determinante para a elaboração de um banco de dados acerca dos locais visitados, afim de divulgar o material com um viés também educativo, uma vez que o público pode conhecer e interagir com elementos não muito explorados pela mídia convencional. "[...] o verdadeiro significado das comunicações de massa na sociedade reside não em seus efeitos imediatos sobre audiências, mas nas influências indiretas, sutis, ao longo do prazo que têm sobre a cultura humana e a organização da vida social" (DEFLER; BALL-ROKEACH, 1993, p. 219). É possível inferir uma interferência no cotidiano de Irauçuba, de modo que os estudantes tenham contribuído para melhor esclarecer a problemática do município, contemplada em uma sociedade regida por um "tempo de velocidade implacável e urgência desvairada" (MORAES, 2006, p. 33), em que cabe ao jornalismo convergir tecnologicamente, buscar novas plataformas que permitam os processos comunicacionais e prezar pela humanização enquanto lida com seu conteúdo.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Em 2016, Irauçuba era apontada como um dos municípios do Estado do Ceará afetados pelo processo da desertificação. Esse fenômeno foi agravado devido ao 5º ano de estiagem consecutivo na cidade. Segundo dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (COGERH), todas as reservas hídricas mapeadas no local haviam secado em 2015. Estes foram os dados que fundamentaram a elaboração do webdocumentário "Sequidão: sol, poeira e esperança". Através dessa realidade, tendo em vista que Gomes (2000) interpreta o verossímil como um elemento que apresenta uma relação direta com "o efeito do real discursivamente construído", os estudantes se propuseram a conhecer e adentrar nas atividades cotidianas de alguns moradores que residiam no local, afim de compreender a seca e retratá-la utilizando uma instância que perpassasse as concepções estruturais da degradação ambiental, como conceitua Ijuim (2005) ao tratar de jornalismo humanizado: Dessa forma, sua busca envolve a compreensão das ações dos sujeitos da comunicação  é a expressão dos sentidos da consciência. Na procura da essência dos fenômenos, o comunicador atribui-lhe significados, os sentidos, para proporcionar ao público, mais que a explicação, a compreensão das ações humanas. Se busca a compreensão, conta com observação objetiva, mas para isso recorre a um caráter humano nato, a subjetividade, o fundo intimista capaz de tornar a narração viva  humana. A observação e a expressão dessa compreensão, assim, dispõem dos recursos de todos os órgãos dos sentidos, que envolvem emoções, afetividades, subjetividades. (IJUIM, 2005, p. 40  itálicos do original). Outro elemento que fundamenta o webDOC é o fato da cidade ter sido a 1º do Brasil a desenvolver um plano de ação municipal de combate à degradação ambiental, sendo homenageada pelo Ministério do Meio Ambiente em 2015. Tal reconhecimento cria contextualizações que ressignificam a população irauçubense mediante um cenário de resistência às calamidades naturais e sociais. A partir dessas especificidades, o desafio da equipe seria produzir um conteúdo que conseguisse abranger todos os fatores circunstanciais se fazendo valer das possibilidades estéticas e narrativas do webjornalismo discutidas ao longo da disciplina. Depois da apuração e início da produção do webDOC convencionou-se que o produto final possuiria quatro episódios com temáticas diversas e uma disposição cronológica não-linear, um atributo do formato documental adotado para o "Sequidão: sol, poeira e esperança". O documentário não se define, experimenta-se; e a mais recente experimentação são os webdocumentários que surgem numa moldura de tecnologia exacerbada, onde os meios são cada vez mais interativos, não-lineares e, acima de tudo, personalizáveis (PENAFRIA, 2013, P. 51). Sendo assim, o webDOC almeja informar e proporcionar uma relação entre o universo acadêmico e a sociedade civil, com uma narrativa que fornecesse escolhas ao usuário através das perspectivas de cada personagem do produto.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O webdoc "Sequidão: sol, poeira e esperança" foi produzido em meio a uma disciplina que intercalava estudos e práticas em jornalismo audiovisual no qual todos os participantes possuíam a experimentação como principal cerne de desenvolvimento do projeto. Tendo como contextualização temporal um maior efeito de convergência midiática e de suportes, os atributos informativos vigorados no material foram trabalhados para extrair sua concepção educativa, de modo que a densidade do conteúdo e sua relevância social não fossem suavizados com as escolhas técnicas e linguísticas da equipe. Tal fator é notório quando se averígua o meio em que o webdoc está inserido. A cultura digital, consolidada após a popularização da internet (Castells, 2003), oferece uma proposta de imersão mais aprofundada que a utilização de cortes entre as cenas filmadas, característica muito frequente em produções audiovisuais para televisão. Para uma melhor captação de imagens e aperfeiçoamento estético, os planos básicos do jornalismo adotados, que tem contribuições técnicas do cinema, como lista Squirra (2004) foram: planos gerais, próximos, closes e planos detalhe. Em alguns takes, também foi utilizado o plano panorâmico para fornecer uma melhor ambientação ao espectador. Esses recursos são articulados com mapas interativos, backgrounds, caracteres de identificação, compartilhamento de conteúdo e disposição de menus no layout, o que exige do espectador  agora usuário  uma interação mecanicamente forçada, visto que ele vai ter a possibilidade de interromper conteúdos, intervir, contribuir, além de construir o seu próprio roteiro de contato com o webdocumentário, tudo através da ação do "click". Apesar da essência do webdocumentário ser a interação, essa pode atingir diferentes níveis de intensidade, a depender da base conceitual utilizada na abordagem da expressão. Tendo como base Steuer (1993), a interatividade em meios de comunicação é mensurada através da velocidade de resposta do ambiente para com o espectador; da abrangência de possibilidade de ação que o meio oferece para interagir e o mapeamento das formas com que as ações humanas são conectadas às ações no ambiente analisado. Para tal, depois de reuniões de pauta e esboços temáticos, a equipe convencionou utilizar a plataforma Wix como suporte para montagem do produto. A ferramenta permite a criação de websites de modo rápido e prático através dos inúmeros templates já pré-concebidos que atendem diversas demandas específicas, a exemplo do e-commerce e da divulgação de portfólios. No entanto, para a realização de um trabalho experimental, os estudantes decidiram iniciar a construção do website onde o webdoc está inserido a partir de uma "página em branco", que seria o não uso dos templates já fornecidos. Esta opção, apesar de mais trabalhosa, dá margem para uma disposição de conteúdo mais arrojada, trazendo consigo a organização que a equipe julgou necessária. Após o planejamento dos suportes, a apuração jornalística teve início. Watzlawich, Beavin e Jackson (1967) separam a comunicação entre aspectos de conteúdo e comunicação, afirmando que toda relação (interação) tem uma significação para cada envolvido, sendo essa mais uma caracterização do conceito explanado. Deste modo, os alunos imergiram na concepção da escassez hídrica em Irauçuba afim de captar relatos que pudessem delimitar o que seria a essência da seca na vida dos moradores. Se fazendo valer das técnicas que delimitam as entrevistas aprofundadas, aquelas que não são "um tema particular ou um acontecimento específico, mas a figura do entrevistado a representação de um mundo que ele constrói, uma atividade que ele desenvolve" (LAGE, 2005), o grupo viajou à Irauçuba e apurou todo o conteúdo do webdoc durante seis dias divididos em duas semanas. É no processo de edição do material que todo o webdoc ganha a manifestação audiovisual final. A disposição de elementos visuais, quando associado aos discursos dos personagens, deve obedecer a um direcionamento que seja suscetível de uma sequência lógica. Conforme Ruge (1983, p. 39), "nas séries de imagens de atualidade, o ponto de tensão é de uns 50 segundos [...] Um ponto de tensão a cada 50 segundos dá ao espectador uma sensação de marasmo". A equipe registrou vídeos, além de fotos dos entrevistados e locais de gravação. A edição da série foi pensada seguindo parâmetros que estipulam que "a regra ética e artística do cinema documentário é de preservar o caráter imprevisto dos eventos" (LIOULT apud PAZ&SALLES, 2013). Os conteúdos foram disponibilizados em blocos temáticos que pudessem ser assistidos de modo independente, ou seja, não obedecendo uma cronologia temporal. Por último, utilizamos elementos infográficos como complementariedade ao trabalho audiovisual. Como define Sancho, a infografia é "uma contribuição jornalística, realizada com elementos icônicos e tipográficos, que permite ou facilita a compreensão dos acontecimentos, e [...] acompanha ou substitui o texto informativo" (SANCHO, 2000, p.1). Como representação gráfica da notícia, o infográfico contribui para a síntese e a compreensão dos dados. O autor lista ainda oito pontos importantes a serem levados em conta na criação de um infográfico eficiente: 1. Que dê significado a uma informação plena e independente; 2. Que proporcione a informação de atualidade suficiente; 3. Que permita entender o evento ocorrido; 4. Que contenha a informação escrita com formas tipográficas; 5. Que contenha elementos icônicos precisos; 6. Que possa ter capacidade informativa suficiente e ampla para ter identidade própria; 7. Que proporcione certa sensação estética; 16 8. Que não contenha erros ou falhas de concordância. (SANCHO, 2001, p. 21) Vale ressaltar que não havia uma delimitação específica da atividade que cada aluno deveria realizar durante a elaboração do webdocumentário. As tarefas de filmar, fotografar, editar o material, produzir os roteiros, infográficos e entrevistar foram executados seguindo uma rotatividade dos envolvidos, uma vez que o produto era experimental e se configurava também como uma proposta de extensão universitária, uma vez que as metodologias e o diálogo fomentados em ambiente acadêmico teriam contato direto com um recorte da sociedade.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Como já explicitado anteriormente, o  Sequidão: sol, poeira e esperança é um produto audiovisual no formato de webdoc disponibilizado através de um site oriundo da plataforma Wix. O nome do especial surgiu de uma das entrevistas realizadas pelo grupo, em que a personagem utilizava a expressão  sequidão para se referir ao estado de calamidade causado pela estiagem de seis anos que atingia a região de Irauçuba. O subtítulo do trabalho busca resumir o retrato encontrado pela equipe durante a realização do webdoc. Em todos os dias em que os integrantes permaneceram no local, o sol era um dos protagonistas. As altas temperaturas exigiam sempre um cuidado maior com a integridade física. A poeira que encobria as serras que cercam o município e se levantava quando os carros passavam pelas estradas de terra era outro elemento predominante nas paisagens que foram exploradas. Mas, apesar das intempéries causadas à população por causa da seca, a esperança foi percebida como algo comum a cada personagem que fez parte da história. A perseverança em trabalhar todos os dias, a determinação em fazer o possível e o impossível para conseguir água e a confiança de que a chuva voltaria a cair fazem da esperança o principal elemento de elo entre as personagens do webdoc. O site em que o trabalho está disponibilizado (http://sequidao.wixsite.com/sequidao) contém os seguintes elementos: um infográfico interativo sobre a geografia do município de Irauçuba, os quatro episódios do webdoc, um vídeo que apresenta todos os personagens através de um Parallax, uma seção que dá acesso ao perfil do Instagram do trabalho e a apresentação dos autores do trabalho. O site foi construído em uma única página, ou seja, os visitantes devem utilizar a barra de rolagem do mouse ou a seta do teclado para navegar pelo site. No entanto, pensando no viés interativo que a equipe foi direcionada a conceber, um menu fixo, que fica na parte superior central da página foi criado. Neste menu, estão as opções de acesso aos elementos que fazem parte do site:  A cidade ,  Conquista ,  Lugar ,  Resistência ,  Raiz ,  Parallax ,  Instagram e  Equipe . A página inicial, foi construída com o objetivo de denotar o  tom do especial. A logo do trabalho foi inserida no centro da página. Vídeos que foram feitos durante a viagem pelo município que simbolizam a seca foram utilizados como plano de fundo. Além disso, a página introduz a paleta de cores que é utilizada em todo o layout, que é baseada no preto e branco. A decisão de utilizar essas duas cores no desenho do site  e não nos episódios do webdoc ou nas fotografias  foi tomada por entender que o contraste proporcionado pelo encontro entre as duas cores simboliza outro contraste, presente também no título do trabalho. Apesar da sequidão, da seca, há esperança. Na âncora (linha que delimita as partes de um site formado por uma página) seguinte, os usuários podem interagir em um infográfico que explicita diversos fatores geográficos, políticos e econômicos da cidade. São eles: população, economia, geografia, educação, infraestrutura, saúde e política. Ao clicar em um desses aspectos, pode-se ter acesso a informações textuais, números, tabelas e gráficos. A equipe pensou nesta seção como forma de oferecer um dispositivo que forneça informações jornalísticas sobre a cidade, bem como no contexto socioeconômico em que os personagens do webdocumentário estão inseridos. Depois disso o site se divide nas quatro páginas que contêm os episódios do documentário. Cada episódio é precedido por uma página formada por uma grande foto em preto e branco, que contém ainda um pequeno texto que pretende resumir de forma simbólica e literária o conteúdo de cada episódio. Na página do episódio, o plano de fundo é completamente preto e o vídeo está posicionado na parte central da página. No primeiro episódio, intitulado  Conquista , os personagens relatam como é a busca pela água no dia a dia. Na seca, conseguir ter água para beber e cozinhar todos os dias é, por vezes, um grande esforço. Durante o episódio, cada entrevistado expõe as formas como conseguem este recurso tão básico para a sobrevivência. Desde os percursos que realizam e os lugares onde passam até o valor que na maioria das vezes pagam para obter água potável. A primeira parte do documentário perpassa as narrativas de quem aprendeu desde pequeno a viver com o pouco do sertão, que ultimamente, tem sido tão difícil de preservar. O ambiente, o espaço físico, a terra, o lugar em que vivem e a saudade dos tempos verdes. São palavras chaves que podem resumir bem as histórias do segundo episódio, denominado  Lugar . Três personagens que estão separados apenas por algumas estradas de terra trazem à tona a esperança comum que move cada um deles. Ver a cachoeira se encher de água outra vez, o açude abastecido e cheio de peixe, fonte de renda para tantos pescadores da região. Mais do que ter água ou produtos para vender e se sustentar, é o desejo dos personagens de ver a cidade cheia de vida outra vez que orienta o espectador durante este episódio. Os cidadãos de Irauçuba conhecem bem o significado da palavra resistir. É o resultado da esperança que cada um tem em viver dias melhores. No terceiro episódio, chamado  Resistência , conhecemos a história de um lugar em Irauçuba que nem parece estar no meio de uma região atingida pela seca há seis anos. Frutas, verduras, hortaliças e cultivo de mel. É o que a equipe encontrou na pequena propriedade de um agricultor irauçubense que procura todos os dias oferecer uma alternativa para a família e para a população. Mas será que mesmo com todos os percalços e dificuldades, as pessoas que moram em Irauçuba deixariam o lugar que vivem? O que falaria mais alto na hora de deixar a cidade em que nasceram, cresceram e vivem até hoje? São perguntas que cada personagem que participou dos episódios anteriores respondem, na simplicidade e sinceridade que foi demonstrada em cada entrevista. Desde a fase de planejamento a equipe pensou em acrescentar, de alguma forma, esta parte da história. Afinal, amar o lugar em que vivem é um fator de fundamental importância para continuar o caminho da sobrevivência. É o que os visitantes podem conferir no último episódio do webdoc, denominado  Raiz . A sexta parte do trabalho consiste de um vídeo em que são apresentados todos os personagens do webdoc. Durante o decorrer da disciplina, os alunos tiveram a oportunidade de experimentar diversos formatos de formatação e estruturação audiovisual. A técnica do Parallax foi escolhida pela equipe para a realização deste vídeo, e foi realizada como forma de contemplar a demanda de utilizar diversas ferramentas de edição visual para a feitura do trabalho. O Parallax pode ser definido como um efeito de edição no qual o motivo principal da fotografia é deslocado do fundo, e vice-versa. Após a inserção de um movimento nas camadas separadas, é possível conseguir um efeito característico, em que motivo principal e fundo  se movem na tela. Na parte final do site os usuários podem acessar algumas fotos do perfil do Instagram criado para o trabalho. Isso foi pensado como uma forma de divulgação do trabalho em meio às redes sociais. Através de um clique o internauta é direcionado para a página da rede social e pode ter acesso às dezenas de fotos que foram produzidas durante a viagem em Irauçuba. Uma página do Facebook também foi criada com o mesmo objetivo, e pode ser acessada através de um botão no rodapé da página.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">O webdocumentário  Sequidão: sol, poeira e esperança foi concebido com a finalidade de expor as metodologias que permeiam o webjornalismo discutidas em sala de aula. O objetivo inicial era buscar elementos de imersão e  como em um grande laboratório  conseguir experimentar. No entanto, somente durante a apuração e o contato com as fontes foi que a equipe descobriu a verdadeira intenção do produto: potencializar a voz às pessoas. O desafio era imenso. Dentro de uma disciplina de apenas três meses, o webdoc precisava estar pronto e os estudantes se detiveram a partir para Irauçuba e realizar toda a apuração em cinco dias. Tal fator proporcionou uma maior vivência das práticas jornalísticas como um todo, já que havia uma logística de gravação fixa, os deadlines eram apertados e as nuanças técnicas de entrevista, produção e edição passaram a ser exigidas com afinco. Para além da apuração, o webdoc aproximou os estudantes da sociedade, o maior campo de trabalho do jornalista. Houve contato com a seca, a população e uma realidade que estampava os noticiários locais, mas até então não pudera ser sentida no meio urbano de Fortaleza. O produto final ganha dimensão por ter relacionado a academia e os moradores através de uma perspectiva de humanização e de resiliência presente em cada um dos personagens presentes no audiovisual. O tema afeta o subjetivo, mas não deixa de atender uma série de critérios de noticiabilidade envoltos à prática jornalística, o que permeia uma nova visão sobre o cotidiano e como podemos transformar esse meio através da interferência da nossa profissão. Fica o aprendizado de que fazer jornalismo é tarefa excitante e, ao mesmo tempo, cuidadosa, já que lidamos com uma série de variáveis que juntas podem contar uma história de algum lugar ou de alguém.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">CASTELLS, Manuel. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2003.<br><br>DEFLEUR, Melvin L.; BALL-ROKEACH, Sandra. Teorias da Comunicação de Massa. Rio de Janeiro: Zahar, 1993.<br><br>GOMES, Mayra Rodrigues. Jornalismo e Ciências da Linguagem. São Paulo: Hacker Editores/Edusp, 2000.<br><br>IJUIM, Jorge Kanehide. Jornal e vivências humanas: um roteiro de viagem. Bauru: Edusc; Campo Grande: UFMS, 2005.<br><br>LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de Janeiro: Record, 2005.<br><br>MORAES, Dênis de. A tirania do fugaz: mercantilização cultural e saturação midiática. In Sociedade Midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad, p. 33-48, 2006. <br><br>PAZ, André & SALLES, Julia. Dispositivo, acaso e criatividade por uma estética relacional do webdocumentário. Doc On-line, Revista Digital de Cinema Documentário, 2013, 33-70p. Em: http://www.doc.ubi.pt/14/doc14.pdf.<br><br>PENAFRIA, Manuela. Webdocumentário  Interatividade, Abordagem e Navegação. Comunicação Digital  10 Anos de Investigação. Lisboa, Portugal, Editora Minerva/Labcom, 2013, 216 p.<br><br>PORTAL HIDROLÓGICO DO CEARÁ. Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos. Disponível em: <http://www.hidro.ce.gov.br/reservatorios/volume/nivel-diario> Acesso em: 27 abril 2017.<br><br>RUGE, Peter. Prácticas de periodismo televisivo. Pamplina. Ediciones Universidad de Navarra, 1983.<br><br>SANCHO, José Luis Valero. La infografía de prensa. In: Revista Latina de Comunicación Social, 30., La Laguna, Tenerife, 2000.<br><br>STEUER, Jonathan. Defining Virtual Reality: Dimensions Determining Telepresence. 1993. Disponível em: http://www.cybertherapy.info/pages/telepresence.pdf. Acessado em 20 de abril de 2017.<br><br>SQUIRRA, Sebastião. Aprender telejornalismo: produção e técnica. São Paulo: Brasiliense, 2004.<br><br>VENÍCIO. Lima. Mídia: teoria e política. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004. <br><br>WATZLAWICK, Paul, Beaum, Janet Helmeck, e Jackson, Don D. Pragmática da comunicação humana, São Paulo, Culturix, 1967, 263 p.<br><br> </td></tr></table></body></html>