ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01149</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;RT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;RT03</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Vila Feliz</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;João Victor Baumgartel Góes (Universidade Regional de Blumenau); Odair José da Silva (Universidade Regional de Blumenau); Brenda Pereira (Universidade Regional de Blumenau); Anna Clara Uliano (Universidade Regional de Blumenau); James Dadam (Universidade Regional de Blumenau)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;vila feliz, radionovela, comunicação popular, jornalismo comunitário, mobilização social</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este trabalho apresenta a radionovela Vila Feliz, um produto desenvolvido durante a disciplina de Jornalismo Comunitário que aborda a questão da regularização fundiária na comunidade Fazenda Bromberg, em Blumenau. Apresentam-se aqui as reflexões teóricas a respeito dos conceitos de comunicação popular, dos princípios do jornalismo comunitário e da produção de material jornalístico. Também são abordados os aspectos práticos para a elaboração da radionovela, que neste caso apesar de ser uma peça de ficção, possui elementos da realidade.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Muitos estudiosos afirmam que vivemos na era da informação, de fato, com todos os avanços tecnológicos, principalmente na últimas décadas, o acesso ao conhecimento ficou muito mais simplificado. Apesar disso, esta não é a realidade de todos os brasileiros, como observa Tavares,  Há um número gigantesco de pessoas que sequer tem acesso ao jornal da cidade onde vivem (...) Há um povo imenso precisando conhecer as coisas do mundo para, quem sabe, mudá-lo (TAVARES, 2004, pg. 30), mudança esta, que é uma das características essenciais da comunicação popular (PERUZZO, 1998). Na tentativa de suprir essa falta de informação dentro das comunidades, principalmente as mais empobrecidas, surge o jornalismo comunitário, definido por Pena (2012) como aquele cujo objetivo é o de transformar-se no porta-voz da comunidade, integrando-a e prestando serviços,  É a própria comunidade em forma de notícia, (...) não como marginal, mas como o indivíduo capaz de superar sua condição (PENA, 2012, pg. 141) Como exemplos de jornalismo comunitário temos, O Cidadão (jornal editado pelo Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré), TV Roc (TV Comunitária da Rocinha), Camponesa FM (emissora do Movimento dos Sem-Terra), Favela 104,5 (emissora criada por um grupo de 50 moradores do Aglomerado da Serra, um conjunto de 11 favelas) (PENA 2012) A partir destes destas definições acerca do jornalismo comunitário, a proposta da radionovela Vila Feliz é promover a cidadania e a educação popular.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A radionovela Vila Feliz foi criada com o objetivo de retratar o cotidiano dos moradores da comunidade Fazenda Bromberg através da produção de peças radiofônicas que estimulam a participação e a educação popular. Para isso, buscou-se entender os conceitos de sociedade e comunidade, e os princípios da comunicação e do jornalismo comunitário. Procurou-se também analisar a comunidade de uma forma mais detalhada, por meio da elaboração de um relatório com o diagnóstico de cada localidade, incluindo levantamento de dados, fotografias, entrevistas, registros de vídeo e áudio, bem como material bibliográfico e historiográfico. A partir deste diagnóstico, buscamos compreender como se dá a produção e o consumo de informação sob o contexto dessas comunidades e assim desenvolver materiais jornalísticos direcionados aos seus moradores, neste caso a radionovela. Por fim, abordando temas pertinentes e que gerassem o debate e a mobilização entre os moradores na radionovela, procuramos discutir e defender posições, ideias e conceitos que colaborassem para a consolidação da cidadania e de uma melhor qualidade de vida. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A região da Fazenda Bromberg foi ocupada de maneira irregular há aproximadamente 25 anos e continua assim até hoje. Atualmente cerca de 700 famílias vivem na comunidade, os mais carentes vivem na Vila Feliz, justamente o nome que dá título a radionovela. Grande parte dos moradores pertencem a classe C e possuem formação somente até o ensino fundamental. Apesar disso, para o poder público e para os veículos de comunicação tradicionais a comunidade parece ser invisível. Como alternativa a este problema surge a comunicação popular, definida por Peruzzo,  A comunicação popular representa uma forma alternativa de comunicação (...) uma forma de expressão das lutas populares por melhores condições de vida, a partir dos movimentos populares, e representam um espaço para participação democrática do povo. Possui conteúdo crítico-emancipador e reivindicativo e tem o povo como protagonista principal, o que a torna um processo democrático e educativo. É um instrumento político das classes subalternas para externar sua concepção de mundo, seu anseio e compromisso na construção de uma sociedade igualitária e socialmente justa . (PERUZZO, 2006, pg. 4) Tavares (2004) atenta para o fato de que o jornalismo comunitário deve inserir as pessoas no universo de notícias que elas veem e ouvem, além de simplificar a linguagem utilizada para que seja facilmente compreendida.  O jornalista libertador precisa ter a sensibilidade de saber que a coisa mais importante para uma comunidade é conhecer os temas que vão fazer diferença no seu dia-a-dia (TAVARES, 2004. p. 31). Dessa forma chegamos ao ponto que levou a produção da radionovela. Optamos trabalhar com o rádio devido às suas características: penetração, regionalismo, intimidade, imediatismo, simplicidade, mobilidade, acessibilidade, custo e principalmente a função social (BARBOSA FILHO 2003). Além disso, de acordo com a mais recente pesquisa da Kantar IBOPE Media sobre o meio, realizada entre maio e julho de 2017, o tempo médio diário dedicado pelo brasileiro à atividade de ouvir rádio é de 4 horas e 40 minutos, mostrando que a presença do rádio continua forte entre os brasileiros. Entre todos os gêneros e formatos que podem ser produzidos para o rádio escolhemos a radionovela,  Nas radionovelas, a palavra é explorada em toda a sua expressividade, como timbre, tom, intensidade, ritmo e harmonia. Os diálogos são curtos, construídos de forma simples, para facilitar o entendimento de todas as camadas sociais. Os efeitos sonoros são inseridos para retratar a ambiência da trama e acrescentar realismo à obra ficcional. As músicas têm várias funções, como abrir e encerrar peças, identificar personagens em cena, passagens de tempo e reflexões. Isso tudo é possível graças às particularidades do rádio, considerado hoje um aparato tecnológico simples, mas, dependendo de seu uso, pode tornar-se um meio de comunicação de enorme complexidade expressiva. (DINIZ, 2009, p. 93) Tavares acrescenta a discussão,  a radionovela é algo que se mantém na memória das pessoas, principalmente as mais velhas, e por ser um teatro sem imagens, aguça a imaginação, motor imprescindível da formação da utopia (TAVARES, 2004, p.42). Além disso, o produção da radionovela justifica-se por alcançar também as pessoas que não foram alfabetizadas. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A produção da radionovela Vila Feliz teve início com a leitura e análise de textos acadêmicos sobre comunicação popular, além da observação de vídeos, documentários, veículos de comunicação, notícias e reportagens em diferentes formatos, isso permitiu que os estudantes se familiarizassem com as características do jornalismo comunitário. Antes da produção da radionovela começar de fato, os estudantes foram até a comunidade da Fazenda Bromberg para conhecer os moradores e conversar com os líderes comunitários, a ideia era produzir um diagnóstico preliminar sobre a história dessas comunidades, como funcionava a comunicação no local, qual é a condição social dos moradores e quais eram os principais problemas enfrentados. O relatório foi apresentado em sala e discutido com os demais acadêmicos, ele serviu como base durante toda a produção da radionovela. A elaboração do roteiro teve início com a escolha do tema. Através do diagnóstico realizado, escolhemos a falta de regularização fundiária como tema principal, porém, também é possível encontrar referências a outras dificuldades enfrentadas pela população, como por exemplo a condição das estradas. Com isso, selecionamos alguns moradores como referência para os personagens da narrativa, além de elencar os ambientes, enredos e características. Após a finalização do roteiro, onde também descrevemos os efeitos e trilhas sonoras adequadas para a sonorização, iniciamos as gravações. A captação aconteceu no estúdio do laboratório de áudio da universidade através do software Sound Forge. A gravação foi realizada simultaneamente, com exceção do narrador, que fez a função de diretor. Com a etapa de captação concluída o material seguiu para a edição, neste estágio foi utilizado o software Sony Vegas. Este processo é de extrema importância, tendo em vista que o produto final é uma radionovela, e que as sensações causadas no ouvinte vem exclusivamente do áudio. Aqui também foram produzidas as vinhetas que acompanham a radionovela. Depois de concluída a radionovela foi apresentada em sala e publicada na web, para que todos tivessem acesso. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Conforme já abordado, a radionovela Vila Feliz foi idealizada com o objetivo de retratar o cotidiano dos moradores da Fazenda Bromberg. As etapas para a elaboração do produto foram: pré-produção, produção e pós-produção, a partir da escolha do tema, desenvolvimento de roteiro, captação de vozes, sonoplastia, edição e divulgação. O título da radionovela faz referência a uma região dentro da própria comunidade chamada de Vila Feliz. O subtítulo, a carta do seu Zé parte I e II, foi criado de acordo com a história e temática abordada, neste caso os dois capítulos falam sobre o problema de regularização fundiária que existe no local. A escolha destes títulos ainda deixa a possibilidade de dar sequência a radionovela com outros personagens mas que continue se passando na Vila. Ao todo, seis personagens aparecem nestes dois capítulos, alguns deles, como Zé, Carlota e Paulinho são referências aos moradores da comunidade, já personagens como Eugênia, Dalva e o atendente dos correios, foram criados para dar mais dinâmica, dramatização e até mesmo alívio cômico. A duração de cada capítulo possui aproximadamente três minutos, o tempo foi pensado para que pudesse ser veiculado por rádios comunitárias e comerciais durante os seus intervalos, sem que afete a grade de programação, e também para que pudesse ser compartilhado via web. No primeiro capítulo Seu Zé está esperando sua carta de aceite no campeonato de tiro, do Clube de Caça e Tiro do Tribess. Porém, como as ruas da Vila não são regularizadas, os Correios não entregam as cartas individualmente, em vez disso, todas as correspondências são entregues na casa de uma só moradora, Dona Eugênia, que depois faz a distribuição. Cansado de esperar Seu Zé decide ir atrás da sua carta, e depois de falar com o Clube e com os Correios, ele descobre que a própria Dona Eugênia estava escondendo a carta. No fim do episódio Dona Eugênia acaba confessando que queimou a carta para que ele não pudesse participar. O segundo capítulo começa logo após a revelação de Dona Eugênia, Seu Zé questiona o porquê dela ter queimado a carta, neste momento Carlota, a esposa de Zé, interrompe a conversa e diz que o motivo seria a inveja, o que é confirmado por Dona Eugênia. Após toda essa confusão Seu Zé decide falar com Paulinho, o líder comunitário, e tentar resolver de uma vez por todas esse problema de regularização das ruas, o líder então convoca todos os moradores da Vila para uma reunião, lá eles decidem fazer uma carta e enviar para a Prefeitura da cidade na esperança que o problema seja resolvido. A radionovela está disponível na internet pela plataforma de divulgação de áudio Soundcloud, através do seguinte link: https://bit.ly/2qC7Sfi. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A produção de uma radionovela foi uma experiência desafiadora e ao mesmo tempo enriquecedora. De início, o contato com a comunidade que vive em uma realidade totalmente diferente da nossa gera uma grande reflexão pessoal. Além disso, a possibilidade de produzir material jornalístico de uma forma diferente da habitual com base nos princípios do jornalismo, mostrou que o profissional jornalista também pode ser criativo e dinâmico. Ainda tivemos a oportunidade de empregar estratégias para promover a participação e a educação popular e com isso conhecer outras oportunidades de atuação na comunicação. E por fim, poder colaborar para a consolidação da cidadania e dar voz às pessoas que muitas vezes acabam esquecidas, inclusive por si mesmo, é muito gratificante. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">PERUZZO, Cicilia Krohling Comunicação nos movimentos populares: a participação na construção da cidadania. Petrópolis - RJ: Vozes, 1998.<br><br>TAVARES, Elaine. Jornalismo nas margens: uma reflexão sobre a comunicação em comunidades empobrecidas. Florianópolis : Companhia dos Loucos, 2004.<br><br>PENA, Felipe. 1000 perguntas sobre o jornalismo. Rio de Janeiro: LTC, 2012.<br><br>BARBOSA FILHO, André. Gêneros Radiofônicos: Os formatos e os programas em áudio. São Paulo: Paulinas, 2003. <br><br>FERRARETTO, Luiz Artur. Rádio: teoria e prática. São Paulo : Summus, 2014.<br><br>DINIZ, José Alencar. A recriação dos gêneros eletrônicos analógico-digitais: radionovela, telenovela e webnovela. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2009.<br><br> </td></tr></table></body></html>