ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00029</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO07</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;O tempo que diz: as pessoas, a vida e o Césio</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Michel da Silva Gomes (Universidade Federal de Goiás); Luana Silva Borges (Universidade Federal de Goiás); Dayane Silva Borges (Universidade Federal de Goiás)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Césio 137, Jornalismo Literário, Narrativa multimídia, Plataforma Transmídia, Webjornalismo</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Esse trabalho busca apresentar e analisar, utilizando as técnicas do Jornalismo Literário, as percepções das pessoas que vivenciaram o acidente com o Césio 137 e como elas estão hoje. Além disso, mostrar como o governo de Goiás agiu na época e como está a assistência dada às vítimas na atualidade. A atuação da psicologia e do Ministério Público Federal também são abordados neste trabalho como forma de compreender, de maneira ampla, os lados do acidente com o Césio 137. A reportagem webliterária "O tempo que diz: a vida, as pessoas e o Césio" é composta por perfis literários, vídeos, áudios, linha cronológica e textos informativos.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">"Césio 137" é o nome dado ao acidente radiológico que ocorreu em Goiânia, capital de Goiás, em 13 de setembro de 1987. Foi o maior acidente radiológico do Brasil e o maior do planeta fora de usinas nucleares, causado por uma peça, abandonada no antigo Instituto Goiano de Radioterapia (IGR). A reportagem webliterária "O tempo que diz: as pessoas, a vida e o Césio" foi construída em uma plataforma multimídia com o intuito de relatar o acidente e como as vítimas estão hoje, depois de 30 anos. Para construção da plataforma foi escolhida a produção de vídeos, perfis literários, poemas e textos informativos para narrar às diversas histórias das vítimas e dos lugares afetados. A plataforma multimídia foi a forma encontrada para narrar com profundidade - e de unir diferentes estilos jornalísticos - o que foi o acidente com o Césio 137. Segundo Nguyen (2012), "da mesma forma que você lê um artigo de revista, você pode navegar a superfície de camadas visuais como gráficos, legendas e citações, ou pode mergulhar mais fundo. A chave é que o usuário pode escolher como interagir com a história". O gênero escolhido para narrar as histórias foi o Jornalismo Literário. A inserção de perfis literários permite uma narrativa em que é possível o aprofundamento do tema. A humanização, característica do Jornalismo Literário, é o meio pelo qual se consegue, com mais profundidade, alcançar a complexidade dos personagens e das narrativas cotidianas. A produção traz aspectos diferentes dos já abordados em tantas reportagens sobre o tema, como a visão das pessoas sobre o que aconteceu e trazendo os personagens dessa história não como parte do Césio e sim o Césio como um capítulo na vida de tantos que o vivenciaram. Este trabalho foi produzido para disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, e se propõe a ser uma reportagem webliterária diferente dos padrões estabelecidos e enrijecidos e tenta servir de memória para as pessoas que vivenciaram o ano de 1987 e as pessoas do presente.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">As plataformas digitais possibilitaram o surgimento de estratégias narrativas que abarcassem o jornalismo aprofundado e fizessem que o Jornalismo Literário não perdesse umas das características principais, a humanização. O texto aprofundado na web pode ser classificado, como sugere Longui, (2014) como narrativas longform, que utilizam recursos multimídias e o texto como sendo o elemento principal da narrativa. De acordo com Ito e Ventura (2016), A circulação digital vem crescendo e, no Brasil, existe a possibilidade de os jornais em sua versão on-line ultrapassarem a venda impressa ainda em 20161. No que se refere a modelo de negócio, grandes empresas jornalísticas brasileiras seguem uma tendência internacional. Em 2011, o The New York Times foi um dos primeiros veí- culos a investir em paywall e, um ano depois, foi a vez da Folha de S. Paulo, no Brasil. As plataformas que utilizam recursos expressivos para publicar textos, áudios e vídeos parecem estar marcando um ponto de virada na produção jornalística. "Verifica-se um momento no qual características específicas relativas a design, estratégias narrativas e de navegação parecem ser reforçadas em novos "modos de fazer", resultando em formatos noticiosos renovados". (LONGUI, 2014). Ainda de acordo com Longui (2014): Observa-se uma consolidação da grande reportagem nos meios digitais (...), constata-se uma aposta no que tem sido definido como jornalismo long-form e na narrativa mais verticalizada, o que leva à discussão sobre novos padrões narrativos textuais e a qualidade jornalística desses produtos. Sendo assim, a reportagem multimídia promove uma convergência de linguagens do meio digital, e incentiva o leitor a explorar toda a produção. Neste sentido, a reportagem webliterária Tempo que diz: as pessoas, a vida e o Césio, busca não somente atender as demandas informacionais, como também fazer um jornalismo menos engessado por meio da humanização.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Relatar histórias é ter sensibilidade para compreender o mundo e tudo que está ao redor. Seja na forma de crônica, poema, conto, vídeo. A escolha pela plataforma multimídia e, essencialmente, pelo Jornalismo Literário, se justifica pelo fato dela possuir competências necessárias que o jornalismo convencional não dá conta. A reportagem multimídia literária foi escolhida para, assim como defende Edvaldo Pereira Lima (2009, p.51), quando fala de perfis literários, "evidenciar o lado humano de uma personalidade pública ou de uma personagem anônima que, por algum motivo, torna-se interessante". Nesse aspecto, a narrativa literária, tanto em vídeo como em texto, é a melhor escolha para compor a plataforma multimídia porque, por meio da liberdade proporcionada pela entrevista em profundidade do perfil e da liberdade descritiva dos vídeos, a narrativa se torna de fácil acesso. Para Sergio Vilas Boas (2003, p.13) o perfil é "uma narrativa curta tanto na extensão (tamanho do texto), quanto no tempo de validade de algumas informações e interpretações do repórter". Outro ponto importante é a plataforma multimídia foi produzida como forma de fazer jornalismo informativo, utilizando diversas técnicas do jornalismo, explorando suas potencialidades, e de se esquivar do jornalismo convencional presente nos diversos meios de comunicação. "A reportagem multimídia permite a convergência de linguagens do meio digital, e incentiva o leitor a explorar toda a produção" (NGUYEN, 2014). Além disso, o jornalismo literário será utilizado como forma de "eliminar o aspecto efêmero da mensagem da atualidade praticada pelos canais cotidianos da informação jornalística" (LIMA, 2009, p.4). O estudo proposto é importante para o conhecimento do que foi o acidente com o Césio 137 e como estão às vítimas depois de 30 anos. Isso porque, por meio das narrativas e das histórias relatadas pelas vítimas e por profissionais que trabalharam na época é possível perceber outro lado do acidente, o real sentimento do que foi passar pelo "brilho da morte". Considerando essa produção é possível perceber a discussão e reflexão sobre essas questões como as vítimas, reais sentimentos, versões além-oficiais, não só entre demais pessoas que viveram e viram o Césio de perto, mas, igualmente, entre os que acreditam que por meio da literatura é possível ultrapassar o muro das memórias.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O primeiro passo para a produção, foi o levantamento bibliográfico.  Descobrir o que os outros já escreveram sobre um assunto, juntar ideias, refletir, concordar, discordar e expor os próprios conceitos pode se tornar uma atividade criativa e prazerosa (STUMPF, 2010, p. 61). A pesquisa bibliográfica guia o pesquisador para que uma porta seja aberta e a resposta encontrada, ou não. Com o levantamento bibliográfico  [...] o pesquisador precisa estar minimante  iniciado no seu tema. Precisa saber o que já se disse e escreveu sobre o grupo escolhido antes de  entrar nele. Saber quais as dificuldades e os riscos que vai encontrar (TRAVANCAS, 2010, p. 100). Um instrumento muito importante adotado, é a entrevista. De acordo com Travancas (2010), há várias formas de fazer uma entrevista, e uma das que são utilizadas, é a entrevista semi-aberta. Esse tipo de entrevista  parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante (TRIVIÑOS, 1990, p.146). A entrevista semi-aberta permite, ao longo do tempo, com as perguntas prévias lançadas, o aprofundamento de questões que surgem com as respostas. Como forma de auxiliar no aprofundamento do tema é utilizada, também, a entrevista em profundidade. Esse tipo de entrevista permite, de acordo com Duarte (2010, p.62),  recolher respostas a partir da experiência subjetiva de uma fonte, selecionada por deter informações que se deseja conhecer . Portanto, assim como coloca Duarte (2010), tanto a entrevista semi-aberta quanto a entrevista em profundidade possibilitam a criação de uma estrutura que abre o leque para que inquietações sejam aprofundadas, auxiliando assim na sistematização dos dados. Para que essa sistematização dos dados seja composta, no caso as entrevistas com as vítimas, é utilizado um diário de campo, que foi gravado e anexado na plataforma, obtendo registros dos repórteres em cada entrevista. Além disso, o gravador (e a câmera, no caso das entrevistas em vídeo) foram utilizados a fim de garantir o registro literal e integral das entrevistas (DUARTE, 2010). A primeira pessoa entrevistada foi Marli Alves Ferreira. Marli ficou incomodada na primeira conversa. Por isso, na segunda não foram utilizados gravadores, apenas cadernos para anotar tudo que Marli falava. Essa foi a maneira de humanizar aquela entrevista era por meio do lápis e papel, do olho no olho, do ouvido atento aos detalhes. O segundo personagem foi Odesson Alves Ferreira, marido de Marli. Trabalhando como Uber ele só chegava em casa tarde da noite, a solução encontrada foi entrevistá-lo em seu local de trabalho: o carro. Foram três horas percorrendo a capital e falando sobre sua história. A terceira personagem, Meirielle Fabiano, era criança na época do acidente. O contato de Meirielle foi passado por Sueli, atual presidente da Associação das Vítimas do Césio 137 e tia de Meirielle. A entrevista durou mais de 2h. O perfil de Meirielle não tem fotografias, apenas ilustrações, pois boa parte da história da moça partia do imaginário de sua fase infantil. Todos dados coletados e analisados por meio dos instrumentos apresentados estão expostos na plataforma de reportagem multimídia (otempoquediz.com). A reportagem multimídia terá três perfis literários das vítimas com o Césio 137 e vai explorar, por meio do Jornalismo Literário, um ambiente que, na maioria das vezes, é símbolo de dor, do indizível: a angústia humana. Além disso, a plataforma tem vídeos e áudios das vítima perfiladas, a fim de complementar a história narrada. Tem também um texto informativo com a finalidade de informar as pessoas que ainda não sabem ou não conhecem o acidente com o Césio 137. Além disso, poemas e diários de repórter fazem parte da plataforma. A produção foi feita pensando na plataforma multimídia e na veiculação na internet. O avanço da internet permitiu que o jornalismo ganhasse novos rumos, abriu uma gama de possibilidades de criação e formas de inovar, dando mais vida ao conteúdo, que se feito para outro meio (impresso, televisão) teria outra narrativa. Canavilhas (2001) cita sobre essa evolução: O chamado  jornalismo online não é mais do que uma simples transposição dos velhos jornalismos escrito, radiofónico e televisivo para um novo meio. Mas o jornalismo na web pode ser muito mais do que o actual jornalismo online. Com base na convergência de texto, som e imagem em movimento, o webjornalismo pode explorar todas as potencialidades da internet, oferecendo um produto completamente novo: a webnotícia. (CANAVILHAS, 2001, p. 1. Grifos do autor.) Dessa forma, a tecnologia trouxe meios para que as diferentes áreas do jornalismo pudessem se desenvolver e se aperfeiçoar em suas particularidades. Como afirma Canavilhas (2001), assim como nos meios tradicionais  rádio, televisão e impresso  o webjornalismo está diretamente ligado ao aperfeiçoamento das notícias e reportagens veiculadas nesse meio. A melhor forma para narrar as histórias ouvidas, foi usando o Jornalismo Literário, que Edvaldo Pereira Lima (2009, p.436) entende como  viagem de descoberta pelo território do real, por todos os mundos que constituem aquilo que achamos que é a realidade . Dentro desse campo de conhecimento o perfil-literário é o que melhor se encaixa para produzir a reportagem. Para entender como compor o perfil-literário, é indispensável os conhecimentos de Sergio Vilas Boas (2003), porque ele exemplifica como essa forma de produção jornalística abre espaço para novas práticas além do convencional.  Um personagem desconhecido, por mais iluminado, simplesmente não existe para o jornalismo convencional. Exceção para os grotescos, os pitorescos, os vitimados ou os loucos de pedra (VILAS BOAS, 2003, p.24). Com o perfil-literário definido, dentro da linguagem do Jornalismo Literário, é possível compor a linguagem da reportagem multimídia. A linguagem literária dos perfis tem sido uma maneira alternativa de fugir do jornalismo tradicional e tem funcionado porque os jornalistas procuram, de forma humanizada, a reportagem com maior grau de aprofundamento e que vai além da técnica da pirâmide invertida. O etnojornalismo é o método usado como guia da reportagem  O tempo que diz: as pessoas, a vida e o Césio . Esse método é conhecido como etnografia aplicada à prática do Jornalismo Literário (ROVIDA, 2015). A pesquisa etnográfica consiste em  ir ao mundo, ouvir as pessoas e, principalmente observar para compreender aquilo que se passa; o que nos leva à chamada observação participante (ROVIDA, 2015). Teixeira (2010, p. 66) afirma que o trabalho do etnógrafo  consiste em estabelecer relações, selecionar informantes, transcrever textos, levantar genealogias, mapear campos e manter um diário . De acordo com Cardoso (1986, p. 103), a observação enquanto prática de pesquisa qualitativa exige  um investimento do observador na análise do próprio modo de olhar . Percebe-se então, que quanto maior o detalhamento do etnógrafo, assim como do jornalista quando esse se utiliza do jornalismo literário, maiores serão as possibilidades do leitor compreender sentimentos, valores, desafios, pensamentos e o que move um ser humano em sua totalidade (ECKERT e ROCHA, 1998, apud VEN NCIO, 2012). Venâncio (2012, p. 10) ainda coloca que  [...] a literatura associada ao método etnográfico, possibilita a escrita de textos verdadeiramente artísticos, de cunho literário, sem perder a credibilidade exigida pela antropologia, como acontece também no jornalismo literário . A escolha desse método se justifica por acreditar que é a melhor maneira de entender a vida por uma perspectiva mais humana e realista, além de possibilitar a imersão no mundo das vítimas com o Césio 137 e na escrita literária.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A reportagem multimídia literária, assim, propõe entre perfis, vídeos e ilustrações alcançar o entendimento da vida e o que foi passar pelo  brilho da morte . Dessa forma, o produto final se dispõe de três perfis literários: Do passado, uma lição  perfil de Odesson Alves Ferreira, irmão de Devair Alves (dono do ferro-velho na rua 26 A), que teve contato com o material do Césio 137 no dia 22 de setembro de 1987; O silêncio que fala  perfil de Marli Ferreira, esposa de Odesson, que foi irradiada por meio do marido; Quem pensa, ri  perfil de Meirielle, que na época do acidente tinha apenas cinco anos de idade. Além dos perfis, a reportagem engloba entrevistas em vídeo com o presidente do Centro de Assistência aos Radioacidentados (C.A.R.A), além de entrevistas com a psicóloga Suzana Helou, que trabalhou na época do acidente, e a psicóloga Camila Wolf que explica sobre o estresse pós-traumático das vítimas. A plataforma foi dividida em páginas com segmentos temáticos como forma de dinamizar todo o conteúdo produzido. A divisão foi propícia porque garante o entendimento do leitor sobre cada eixo tratado, além de não causar monotonia ao ler o site. Cada divisão temática foi pensada de forma que os textos e vídeos se complementassem e o leitor pudesse ter a uma imersão maior em cada história perfilada. As divisões englobam relatos, vídeos e diários de repórter como forma de colocar as experiências dos dias das entrevistas na produção do trabalho. Os vídeos, ilustrações e poemas foram pensados como forma de dar vida à plataforma, além de explorar as potencialidades que o Jornalismo Literário, aplicado à web, oferece. A composição visual da plataforma buscou dar destaque, de forma igual, aos textos e vídeos dos perfilados. Para isso foi utilizado recursos do Adobe Premiere, Adobe Indesign, Adobe Photoshop, Adobe Illustrator, ilustrações feitas por Kaito Campos, jornalista formado na Faculdade de Informação e Comunicação. As ilustrações foram feitas com base nos relatos presentes no perfil de Meirielle, que descreve vivências sobre o Césio e sobre sua avó, Ermelinda. Para captura de imagens foi utilizado o modelo de T5i da câmera Canon e os enquadramentos de plano médio e plano médio curto, com a finalidade de dar mais dinamicidade ao entrevistado. As fotografias foram feitas nos lugares em que a cápsula que continha o Césio 137 ficou e utilizamos imagens do acervo disponível no Centro de Assistência aos Radioacidentados, além de fotografias do livro-reportagem 30 anos CÉSIO 137  Fotoreportagem do Acidente Radioativo em Goiânia. A plataforma utilizada foi o WIX, e para ter total liberdade de criação, foi adquirido o domínio do site, o que possibilitou maior abertura tanto na quantidade dos vídeos disponíveis quanto das informações que foram possíveis anexar, como documentos em PDF, por exemplo. O template de todas páginas foi resultado de um processo de criação manual, cada cor e fonte foi selecionada pensando no todo e assimilando aos personagens, para deixar a produção com uma cara única e inovadora. Como forma de apresentação, a página inicial da reportagem transmídia literária traz um vídeo contendo imagens de 1987. Logo ao lado, passando o mouse do computador, o leitor é direcionado para o ano de 2017. Rolando o mouse é possível ver as disposições dos perfis literários (clicando o leitor é direcionado para a página específica de cada perfil), além do início do texto informativo, galeria de fotos e os 30 anos do acidente. Os perfis foram compostos a partir de entrevistas com os personagens e em cada caso foi utilizado um recurso diferente para obter as informações. No caso da entrevista com Marli Ferreira (perfil: O Silêncio que fala) foram utilizados gravadores apenas na primeira entrevista. A entrevistada mostrava resistência ao falar sempre que os gravadores eram ligados. Para compor o perfil de Meirielle Fabiano (Quem pensa, ri) foram usados gravadores; Para escrever o perfil de Odesson Ferreira a entrevista (Do passado, uma lição) teve de ser feita no local do trabalho dele, que era o Uber. Foi feita uma entrevista em movimento, diferente de tudo que os repórteres já tinham feito em relação ao jornalismo. A entrevista durou cerca de 3 horas e Odesson percorreu pontos em que o Césio deixou rastros, em cada local há fotos e vídeos. Todas as entrevistas foram decupadas e foram feitas anotações, para composição dos perfis, do espaço, dos personagens, do tempo, tudo como forma de enriquecer a escrita. As trilhas sonoras utilizadas foram escolhidas de acordo com o assunto tratado em cada vídeo. Nos vídeos que compõe o perfil da Marli  O silêncio que fala  as trilhas sonoras são parte fundamental em todos os vídeos por se tratar de produções com cunho mais poético  a entrevistada não quis ser filmada, então foram utilizados outros sentidos de percepção para transmitir quem é Marli. Na parte de Odesson foi utilizada trilha sonora apenas no início do vídeo onde mostra o assunto que será tratado. Na parte do perfil de Meirielle, foi colocado apenas um vídeo representando uma parte da vida dela, as bonecas. A escolha pelo título da reportagem webliterária  O Tempo que diz: As pessoas, a vida e o Césio surgiu com inspiração de um trecho do livro Bocas do Tempo, de Eduardo Galeano (2004). Assim, a reportagem é organizada em páginas que contém um texto informativo, galeria de fotos, três perfis literários, os 30 anos do acidente e expediente. Além do texto informativo que vem logo no início da reportagem é traçada uma linha cronológica sobre o início do acidente até as primeiras mortes causadas pelo contato com o Césio 137. Para construção da linha cronológica foram utilizadas informações dadas pelas vítimas além de documentos como o Relatório do Acidente Radiológico em Goiânia  feito pela Comunicação Nacional de Energia Nuclear  além de informações disponíveis no memorial feito pelo Ministério Público Federal. A reportagem foi pensada estruturalmente como forma de deixar o leitor mais próximo do que foi o acidente com o Césio 137 e, de alguma forma, causar a imersão no passado das vítimas. A plataforma possui recursos audiovisuais, além de legendas em áudio em algumas partes  como no perfil de Marli. Faz parte da reportagem também os diários de repórter, que foram a forma encontrada de deixar, de alguma maneira, o que foi sentido em cada entrevista, em cada lugar visitado. Dessa maneira, a plataforma cumpre sua função quando contempla uma cobertura jornalística de profundidade e que instrumentalize meios de deixar outra versão sobre o acidente com o Césio 137. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Ao longo de toda a produção, os repórteres puderam trocar experiências, vivências, e unir todas as competências jornalísticas para dar forma à reportagem webliterária  O Tempo que diz: As pessoas, a vida e o Césio . Falar sobre o Césio 137 ainda é muito importante e será pauta no jornalismo enquanto não for tratado de forma mais humana, expressando os sentimentos de quem realmente sofreu com o acidente, as vítimas. Produzir a reportagem webliterária despertou alguns sentimentos não esperados no início do trabalho. Por mais que os textos de Jornalismo Literário falassem que, na prática, o jornalismo deve ser mais humano, ainda era preciso exercitar. As vivências na graduação, foram importantes para que fosse possível compreender a dimensão do tema trabalhado. O resultado da escrita e do processo de criação do site é o prazer em escrever e escrever de uma maneira acessível a quem se interessar pelo tema. Produzir essa reportagem e Trabalho de Conclusão de Curso fez que os repórteres, conhecessem as ruas de Goiânia jamais vistas e conhecer pessoas que gostam de conversar e gargalhar, como Odesson e Meirielle. Além de aprender com Marli que o silêncio pode ser a ferramenta mais apropriada em momentos de angústias. Mais que escrever, ou gravar, sobre o Césio 137, o objetivo foi expressar a vida nos textos e vídeos. Em cada conversa, foi possível perceber uma sede ampla por lutar e lutar para que a história permaneça viva. Para que ela seja contada de forma que as pessoas entendam quem são as vítimas. Elas vão além dos números e dados químicos sobre a composição do Césio. Marli, Odesson e Meirielle demonstraram, em suas particularidades, que o acidente faz parte da vida deles e não o contrário. É importante que mais pessoas conheçam o que o que foi escrito e produzido na plataforma webliterária  O Tempo que diz: As pessoas, a vida e o Césio . Talvez, assim, a história possa, de alguma forma, permanecer viva em algum lugarzinho além dos números e porcentagens.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">NGUYEN, Kevin. The future of the feature: Breaking out of templates to build customized reading experiences.NiemanJournalismLab, Cambridge, MA, 16 nov. 2012. Disponível em: <http://www.niemanlab.org/2012/11/the-future-of-the-feature-breaking-out-of-templates-to-build-customized-reading-experiences>. Acesso em: 05 de maio de 2018.<br><br>ITO, Liliane de Lucena; VENTURA, Mauro de Souza. A REPORTAGEM MULTIMÍDIA INTERATIVA: inovação, produção e monetização, 2016. Disponível em: <https://bjr.sbpjor.org.br/bjr/article/viewFile/903/859>. Acesso em: 05 de maio de 2018.<br><br>LONGHI, Raquel Ritter.A grande reportagem multimídia como gênero expressivo no ciberjornalismo. In: 6º SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIBERJORNALISMO, 1 a 3 de jun.2015, Campo Grande  MS. Disponível em: <http://www.ciberjor.ufms.br/ciberjor6/files/2015/03/LONGHICIBERJOR.pdf> Acesso em: Acesso em: 05 de maio de 2018.<br><br>LIMA, Edvaldo Pereira. Simbiose com o jornalismo literário e o futuro. Páginas ampliadas: O livro-reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. Barueri: Manole, 2009.<br><br>VILAS BOAS, Sergio. Perfis e como escrevê-los. 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