ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00264</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA06</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Uma Página Por Dia</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Victoria Cristina Gonçalves da Costa (Universidade de Brasília); Camila Castro da Costa (Universidade de Brasília); Paulo José Araújo da Cunha (Universidade de Brasília)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Representação, Roteiro, Síndrome de Down, Websérie, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O presente trabalho aborda a pesquisa e elaboração do roteiro pertencente à websérie documental "Uma página por dia". Criado como etapa na disciplina Projeto Final em Jornalismo da Universidade de Brasília, seu objetivo é o de mostrar a perspectiva de mães de pessoas com síndrome de Down, expondo momentos significativos, como a notícia do diagnóstico, cuidados tomados exclusivamente por conta da síndrome, discriminação e histórias de superação dos filhos. O roteiro prevê a realização de quatro episódios com 7 minutos e meio, cada um tratando de subtemas diferentes relacionados à síndrome.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A Síndrome de Down é uma alteração genética produzida pela presença de um cromossomo a mais, o par 21, e por isso é também conhecida como trissomia 21. Conforme Garcia Moreno Vieira Chaves, trata-se de uma síndrome "porque eles têm um conjunto de características semelhantes entre si, e Down como homenagem ao médico John Longdon Down, que foi o primeiro a identificar a síndrome". (CHAVES, 1998. p 26). Sua ocorrência implica na presença de algumas características físicas, dentre elas a hipotonia  diminuição do tônus muscular -, que faz com que as crianças com a síndrome necessitem de um esforço muito maior para realizar processos básicos do desenvolvimento infantil, como segurar um objeto e engatinhar. (CHAVES. 1998). As mães costumam ter um papel fundamental na trajetória de uma criança, principalmente quando ela nasce com necessidades especiais. Com a chegada de uma criança com síndrome de Down, muitas alteram suas rotinas para se adequar às atividades dos filhos  que, geralmente, são muitas. A dedicação e paciência necessárias para com o filho que possui a síndrome faz com que muitas se redescubram e passem a dar um novo significado para a palavra "maternidade". Como deve ser, para uma mulher, ter uma gravidez considerada "normal" e, somente após o parto, descobrir no filho uma condição genética como a síndrome de Down? E para a mãe que teve conhecimento ainda na gravidez? Quais outros possíveis obstáculos podem ser encontrados depois que a pessoa com síndrome de Down cresce? Houve casos nos quais essas mães notaram algum tipo de discriminação por parte de outras pessoas? Há, atualmente, atividades para auxiliar pessoas com síndrome de Down? O projeto Uma Página Por Dia propõe, justamente, o retrato dessa perspectiva das mães sobre a síndrome. Por meio de uma série documental, ele visa saber mais sobre a realidade de mulheres que convivem diariamente com as questões relacionadas à síndrome. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O roteiro tem como objetivo geral a organização de temas relacionados à síndrome de Down a partir da perspectiva materna para norteamento da equipe no que se refere às problemáticas presentes na convivência diária com a condição. Para tanto, se buscou saber mais sobre a realidade dessas pessoas, por meio de livros ou outros produtos audiovisuais já feitos sobre o tema, como os documentários "Do Luto à Luta" (2001), "Fibra" (2012). Por fim, esperava-se procurar novos. Desde o início, já havia a intenção do projeto ter um caráter reflexivo, de possibilitar a inserção de quem assiste em uma nova realidade. Para isso, desejava-se que o formato fosse atrativo ao público e despertasse nele o interesse pelo tema. Assim seria possível, também, que o trabalho atingisse outras mães de pessoas com síndrome de Down, auxiliando-as através das histórias que seriam expostas no produto. Logo, optou-se pela realização de uma websérie documental - já que este, ao trabalhar com imagem em movimento e som, torna-se mais dinâmico que um projeto escrito.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O trabalho traz a atenção para a responsabilidade da mídia na desconstrução de estereótipos e preconceitos relacionados a pessoas com deficiência e a qualquer outro grupo social. Conforme afirmam Suellen Vieira e Ariane Pereira no estudo A Deficiência nas páginas do jornal Folha de Londrina: analisando o discurso da inclusão, os profissionais da área de comunicação social e do jornalismo se caracterizam como agentes facilitadores da troca de informações com grande poder de penetração social. Porém as autoras também apontam que "quando eles não usam esse 'poder' da maneira correta  leia-se, livre de formações discursivas que remontam a discursos antigos, da exclusão  , podem reforçar ainda mais um estereótipo já existente, fazendo aumentar o preconceito. (VIEIRA; PEREIRA. 2009) Jornais, filmes, documentários e qualquer outro produto comunicacional veiculado na grande mídia possuem uma abrangência muito grande. A Pesquisa Brasileira de Mídia, feita pelo Instituto IBOPE em 2016, aponta a TV como o meio de comunicação mais acessado pelos 15.050 entrevistados, sendo mencionada pela quase totalidade da amostra. A pesquisa também mostra que pouco mais de três quartos dos entrevistados assistem TV todos os dias da semana. Assim, é de suma importância que aqueles que produzem conteúdo para ela tenham em mente que milhares de pessoas estarão assistindo o trabalho feito. Assim, como afirmado pelas autoras Vieira e Pereira (2009), "torna-se evidente, então, que, em um ambiente constantemente mediado pelos veículos de comunicação, a afirmação da identidade de um grupo depende, em grande parte, da sua visibilidade (VIEIRA; PEREIRA. 2009, p. 27). Abordar um tema como a síndrome de Down permite, também, o questionamento sobre a forma como a condição do filho afeta a rotina da mãe e de todos os que com ele convivem. No livro "Cadê a síndrome de Down que Estava Aqui? O Gato Comeu& " (2006), a autora Elizabeth Tunes conta a história de Lurdes Piantino, mãe de Lúcio, que tem síndrome de Down. No caso dela, "o Lúcio foi aceito e amado desde sempre. O diagnóstico não alterou esse sentimento. Ao contrário, fortaleceu-o" (p. 31). Será que o sentimento foi o mesmo para outras mães que passaram por situações semelhantes? Por fim, outra oportunidade que pode ser gerada pelo trabalho é a de aproximar mães que compartilham da mesma realidade - e até mesmo mães que possam vir a ter filhos com a síndrome no futuro. A forma como a narrativa da websérie documental foi pensada, utilizando-se apenas dos depoimentos das mães que compartilham as próprias histórias (inclusive experiências negativas), faz com que o projeto também permita uma maior aproximação com os espectadores com pessoas com síndrome de Down. Ao se optar por fazer o produto através da perspectiva das mães, a websérie pode trazer uma nova visão do tema. Tornando possível o enriquecimento do debate sobre a síndrome e agregando novos pontos de vista a ele e não se esquecendo de pautas importantes e sempre faladas, como inclusão e preconceito. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Pelo fato das autoras não conviverem com pessoas com síndrome de Down, ter esse primeiro contato estando no papel de jornalista foi um desafio  como abordar um assunto, e entrevistar pessoas sobre ele, se não há uma familiaridade? Assim, era importante que houvesse um estudo e conhecimento mais aprofundado sobre a condição. A preparação contou com a pesquisa de quais termos utilizar - seria a síndrome de Down uma deficiência? É correto falar  portador da síndrome ? Assim, optou se por fazer um estudo maior e mais aprofundado em relação às questões terminológicas ligadas à condição genética e à sua história. Em 1966, Down publicou um estudo chamado Observations on an Ethnic Classification of Idiots, no qual faz uma  classificação étnica das pessoas com deficiência mental. Ele aponta as características físicas de indivíduos com síndrome de Down como similares às das pessoas da Mongólia, chamando-as então de  mongolian idiocy - traduzido como  idiotia mongolóide ou  mongolismo . Essa foi a primeira vez que a síndrome foi tratada como uma condição clínica (MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2013), mas o termo já havia sido utilizado em estudos anteriores - como por exemplo, no livro de Chambers, datado de 1844 (SILVA; DASSEN. 2013). Entretanto, atribuir a designação  mongol ou  mongolóide às pessoas com a síndrome passou a ser considerado pejorativo e até ofensivo, o que fez com que os termos fossem banidos no meio científico. Ainda hoje em dia algumas pessoas costumam utilizar a expressão  portadores de síndrome de Down , quando o correto é dizer  pessoa com síndrome de Down . Isso porque, aos poucos, essa expressão foi entrando desuso, sendo frequentemente reduzida para  portadores de deficiência (SASSAKI, 2002). Porém, a palavra  portar remete à ideia de carregar algo. Uma pessoa com deficiência não a  carrega  aos lugares, como se ela fosse portátil. Dessa forma, por volta da metade da década de 90, entrou em uso a expressão  pessoas com deficiência , que permanece até os dias de hoje. Aprovado após debate mundial, o termo é utilizado no texto da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, em fase final de elaboração pelo Comitê Especial da ONU. (SASSAKI, 2002). Após a pesquisa relacionada às questões terminológicas, foi realizada mais uma pesquisa, dessa vez em caráter exploratório. O objetivo era ver o que já havia sido produzido em relação ao tema. Livros e artigos na internet foram consultados, além da procura por produtos audiovisuais que abordassem a síndrome. Assim seria possível entender um pouco sobre o assunto e procuras temas recorrentes abordados nos projetos lidos/assistidos. Entre eles estavam a inclusão, preconceito, reações de amigos e família ao receber a notícia e cuidados exigidos pela síndrome. Esses foram os tópicos utilizados como referência para a elaboração das perguntas para as entrevistas. Como a websérie abordaria o preconceito e a inclusão, também foi feita uma pesquisa sobre ambos os assuntos, sempre lembrando a importância da terminologia correta. O termo  inclusão foi o primeiro a ser pesquisado. Logo de início surgiu a dúvida: inclusão, inserção ou integração? Apesar de remeterem a ideias parecidas, as três palavras têm significados um pouco diferentes. Sobre inserção e integração, Márcio Ruiz Schiavo explica que a integração se refere a uma inserção  parcial e condicionada às possibilidades de cada pessoa , enquanto a inclusão prega uma inserção 1total e incondicional  (SCHIAVO, 1999 p. 132). Síglia Camargo e Cleonice Bosa também dissertam sobre o tema no artigo Competência social, inclusão escolar e autismo: revisão crítica da literatura, afirmando que enquanto na integração investe-se na possibilidade de indivíduos com deficiência frequentarem escolas comuns de ensino, na inclusão muda-se o foco do indivíduo para a escola. (CAMARGO; BOSA; 2009). Como ela conclui, neste caso, é o sistema educacional e social que deve adaptar-se para receber a criança deficiente. O Movimento Down, uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo apoiar o desenvolvimento e inclusão de pessoas com síndrome de Down, explica em seu site que o termo  inserção é um  vocábulo neutro, porque não está vinculado a movimentos internacionais de defesa de direitos de pessoas com deficiência - como é o caso da palavra inclusão. Apesar dos estudos citados focarem mais especificamente em um contexto escolar, é possível entender que a integração é uma adaptação feita em menor escala pelo meio no qual a pessoa com deficiência está inserida, enquanto a inclusão, além de ser feita em uma escala maior, demanda uma mudança do meio, e não do indivíduo. Ele não apenas insere a pessoa com deficiência, mas se adapta a suas necessidades. Por isso, o termo inclusão seria o melhor utilizado. Sobre preconceito, a dúvida foi similar: preconceito ou discriminação? Qual a diferença? Qual utilizar? Segundo o autor Gordon Allport, em estudo sobre o preconceito publicado em 1954 chamado The nature of Prejudice, o preconceito é  uma atitude hostil ou preventiva a uma pessoa que pertence a um grupo, simplesmente porque pertence a esse grupo, supondo-se, portanto, que possui as características contestáveis atribuídas a esse grupo (ALLPORT, 1954/1962, p. 22 apud MANUEL; SILVA; OLIVEIRA, 2013, tradução livre). Então, qual seria sua distinção em relação à palavra  discriminação ? As autoras do documentário Quem é todo mundo? abordaram essa diferença em artigo sobre o projeto apresentado em 2009. Para elas, o tema da discriminação é mais complexo de ser tratado do que o preconceito. O preconceito é mais visível e a sociedade foi educada para percebê-lo, já a discriminação é uma prática social difícil de ser revertida, pois necessita de alterações estruturais na sociedade. (CASTILHO; RICCIARDI; SOUZA; KHALIL. 2009). Dessa forma, optou-se por fazer do uso do termo  preconceito uma vez que a série não teria tempo o suficiente para problematizar e explicar a diferença de ambos com as falas das mães. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O período dedicado à realização do projeto foi de seis meses. Em janeiro de 2017, as autoras Camila Castro e Victoria Cristina Costa definiram o tema e começaram a estudá-lo, de forma que, nos primeiros dias de março - com o início do período letivo -, ambas entraram em contato com o professor Paulo José Cunha para pedir orientações. A ideia inicial era criar um projeto voltado para alguma deficiência, mas não se sabia se intelectual ou física. Camila tinha interesse em estudar o autismo devido ao histórico na família, enquanto Victoria já estava com um projeto em andamento voltado para pessoas com deficiência auditiva. No entanto, a possibilidade de se descobrir a síndrome de Down ainda na gravidez foi o que motivou a curiosidade de ambas por conhecer histórias de mães cujos filhos têm a síndrome. Nesse momento, foi definido não apenas o tema, como também o foco na maternidade. Paralelamente, também foi cogitada a produção de uma grande reportagem. No entanto, enquanto a primeira exige a presença de um narrador (seja por meio de passagem, off, etc.),  os depoimentos constitutivos de um documentário podem ser alinhados uns aos outros sem a necessidade de que uma voz exterior venha lhes dar coesão (MELO; GOMES; MORAIS, 2001, p. 08). Como o projeto tem o intuito de retratar o olhar materno sobre a síndrome de Down, acreditou-se que um documentário sem a narração de terceiros seria a melhor escolha para dar voz apenas às mães que compartilhariam seus relatos. Após as ações descritas, o roteiro previa a realização de quatro episódios com duração de média de 7 minutos. A ideia de se trabalhar com episódios, e não um documentário inteiro, foi motivada pelo fato de que há uma maior probabilidade de vídeos menores com assuntos bem definidos circularem na internet. Dessa forma, as chances de o documentário atingir um público grande são maiores, pois basta a pessoa assistir a apenas um dos episódios para que tenha conhecimento do projeto. Em certo momento, pensou-se em fazer um episódio para cada mãe, com todos eles abordando notícia, cuidados, preconceito, inclusão e a superação vividas por essas personagens e seus(suas) filhos(as). O motivo da ideia não ter seguido adiante foi porque as autoras acharam mais interessante ter os temas como focos dos vídeos que seriam produzidos. Considerou-se mais enriquecedor um vídeo com mais de um relato sobre preconceito, por exemplo, do que deixar o assunto como subtema em uma produção. Além disso, seria mais fácil trazer os temas à pauta colocando-os como linha de raciocínio principal dos vídeos. Assim, o produto mostraria as quatro mães falando sobre os temas escolhidos (sendo as perguntas voltadas para tanto), além de possíveis atividade feitas pelos filhos para seu desenvolvimento. A única exigência feita pelas autoras era de não selecionar mães com filhos na mesma faixa etária, para que se tivesse pontos de vista de diferentes etapas da maternidade. Apesar de haver perguntas baseadas pré-estabelecidas e uma ideia de quais assuntos tratar nas entrevistas, todos os depoimentos foram compostos de relatos inesperados. O primeiro episódio abordaria o momento em que a mãe recebeu a notícia do diagnóstico. O início de toda a história que ela, hoje, está escrevendo junto ao filho ou filha. Haveria uma pergunta feita para todas as mães e outras adicionais focadas nas especificidades de cada caso. Como foi dada a notícia? Em que períodos da gestação se descobriu que a criança tinha síndrome de Down? Para as mães que soubessem após o nascimento da criança: como elas receberam o diagnóstico? A ideia deste episódio é mostrar quais seriam as melhores formas de dar a notícia, com possíveis exemplos do que não fazer. Já levando em consideração que não deve ser fácil este momento, o episódio também visa mostrar o  depois , a sucessão deste susto inicial. O segundo episódio seria focado em atividades de estimulação e desenvolvimento de pessoas com síndrome de Down. Os cuidados necessários e tomados por causa da síndrome. Ao contatar as mães, as autoras já perguntariam se o(a) filho(a) delas fazia alguma terapia ou estímulo. É muito provável que ele ou ela fizesse, levando em consideração as necessidades trazidas pela síndrome de Down. Assim, já nas gravações a equipe poderia acompanhar a atividade e, nas entrevistas, pedir que as mães explicassem mais elas. O principal objetivo aqui é o de mostrar ao público que elas existem. Dessa forma, seria possível que algum(a) espectador(a) tenha conhecimento dessas atividades e possa procura-las, no caso de conviver com alguém que tenha a síndrome. O terceiro teria como assunto principal o preconceito, perpassando a importância da inclusão. Ao perguntar se as mães já testemunharam alguma situação de preconceito vivida pelo(a) filho(a), as autoras também gostariam de saber como que elas viam a importância da inclusão. Seguindo a mesma ideia da do episódio da notícia, a pergunta seria feita, com questionamentos adicionais focados nas individualidades. Sendo os dois quase que ideias contrárias (o preconceito exclui e inclusão, adiciona), viu-se como mais vantajoso inserir ambos os temas em um mesmo episódio, traçando um paralelo entre eles durante as falas das mães. O quarto episódio fecharia a narrativa mostrando a superação dos percalços apresentados ao longo do crescimento da criança, além das mudanças positivas que ela poderia ter trazido pra família. Abordaria a superação do choque causado pela notícia, da busca pelas atividades de desenvolvimento e os casos de preconceito que, infelizmente, sabe-se que existem. Dessa forma, as perguntas deste episódio seriam voltadas para os momentos felizes que mãe e filho(a) teriam compartilhado. Na realização, imagens de ambos interagindo seriam primordiais, além da relação da criança ou adulto com síndrome de Down com outros que o(a) rodeiam. Como até o momento seriam abordadas as surpresas e tribulações passadas por elas, o objetivo é concluir a série com um olhar menos focado na dor, mas, sim, nas alegrias trazidas pela chegada dessas pessoas. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A busca pelos insumos necessários para a estruturação do roteiro e guia do Uma Página Por Dia clareou, já nesta fase de pré-produção, muitas dúvidas em relação à síndrome de Down e, também, à realidade de quem tem alguém com a condição em seu meio. A pesquisa exploratória e um estudo aprofundado do tema proporcionou uma familiaridade com o assunto primordial para que as autoras se sentissem prontas para poderem lidar com as mães que fossem participar do produto, inclusive sem equívocos terminológicos. Ela tornou possível, também, a reflexão sobre o papel da mídia na inclusão de pessoas com deficiência em sua agenda. Além da responsabilidade social em relação ao público exposto a uma produção midiática sobre pessoas com deficiência, é importante também lembrar que as próprias pessoas com deficiência merecem atenção na criação de conteúdos voltados para representá-las. Pereira e Vieira (2010) concluem que, para que os limites da produção de informação de qualidade dirigida às pessoas com deficiência se expandam, os jornalistas precisariam conhecer melhor as preferências e desejos desse segmento da sociedade. Isso contribui bastante, como dito, não só para a ideia dos outros em relação a pessoas com deficiência, mas, também, para a imagem que eles próprios possuem sobre si. Como exposto no site da Federação Brasileira das Associações da Síndrome de Down, as atitudes e os comportamentos que demonstram apoio, estímulo e confiança na capacidade e potencialidades da criança contribuirão, portanto, para que ela vá construindo, aos poucos, uma autoimagem e autoestima positiva. Dessa forma, a mídia não só deve estar atenta ao impacto daquilo que produz em relação a pessoas com deficiência na sociedade, mas também saber que a inserção feita de forma correta pode gerar um resultado positivo na vida delas. Assim elas terão a oportunidade de se verem representadas à frente da deficiência em si. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">CASTILHO, Stella de Oliveira RICCIARDI, Marina SOUZA, Maísa KHALIL, Helena. Quem é todo mundo? 1º Simpósio Internacional de Televisão Digital (SIMTVD) - Bauru/SP. 27 p<br><br>CHAVES, Garcia Moreno Vieira. Síndrome de down, um problema maravilhoso. Brasília: Graf Itamarati, 1998. 147 p<br><br>COUTO, Thaís Helena Andrade Machado; TACHIBANA, Miriam; AIELLO-VAISBERG, Tania Maria José. A mãe, o filho e a Síndrome de Down. 2007. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/paideia/v17n37/a10v17n37.pdf>. Acesso em 07 de junho de 2017.<br><br>DOWN, JL. Observations on the ethnic classification of idiots. In: London Hospital Clinical Lectures and Reports. 1886. P 259-62.<br><br>EVANGELISTA, Fernando; KROEGER, Juliana. Fibra. Produção: Fernando Evangelista e Juliana Kroeger. 15 41  . Brasil, 2012<br><br>MELO, Cristina Teixeira V. de; GOMES, Isaltina Mello; MORAIS, Wilma. O documentário jornalístico, gênero essencialmente autoral. In: Intercom - 25º Congresso Brasileiro de Comunicação, Campo Grande, 2001, Disponível em <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2001/papers/NP7MELO.PDF> Acesso em 15 de junho de 2017<br><br>MINISTÉRIO DA SAÚDE, Diretrizes de atenção à pessoa com Síndrome de Down / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas.  1. ed., 1. reimp.  Brasília : Ministério da Saúde, 2013. 60 p. : il.<br><br>MOCARZEL, Evaldo. Do Luto à Luta. Produção: Leila Bourdoukan. 75 Brasil, 2005.<br><br>MESQUITA, Marcelo. Paratodos. Produção: Sala 12 Filmes e Barry Company. 110 Brasil, 2016.<br><br>SASSAKI, Romeu Kazumi. Terminologia sobre deficiência na era da inclusão. In: Revista Nacional de Reabilitação, São Paulo, ano 5, n. 24, jan./fev. 2002, p. 6-9<br><br>TUNES, Elizabeth; PIANTINO, Lurdes Danesy. Cadê a síndrome de down que estava aqui? O gato comeu...: o programa da Lurdinha. 3. ed. Campinas: Autores Associados, 2006. 143 p.<br><br>VARGAS, l.m; VARGAS, t.m; CANTORANI, j.r.h; GUTIERREZ, g.l; PILATTI, l.a. Deficiência intelectual: origens e tendências em conceitos sob a ótica do constructo social. In: Revista Stricto Sensu. Ponta Grossa  PR  Brasil v. 01, n. 01, jan./jun. 2016, p. 12-21<br><br>VIEIRA, Suellen; PEREIRA, Ariane. A Deficiência nas páginas do jornal Folha de Londrina: analisando o discurso da inclusão. In: Mídia Cidadã 2009  V Conferência Brasileira de Mídia Cidadã, 2009. Guarapuava. Anais. Guarapuava, 2009 p. 7-29.<br><br>SASSAKI, Romeu Kazumi. Terminologia sobre deficiência na era da inclusão. In: Revista Nacional de Reabilitação, São Paulo, ano 5, n. 24, jan./fev. 2002, p. 6-9<br><br>SILVA, n.l.p; DESSEN, m. a. Síndrome de Down: etiologia, caracterização e impacto na família. In: Interação em Psicologia, 2002, 6(2), p. 167-176. Disponível em: <http://revistas.ufpr.br/psicologia/article/view/3304/2648> Acesso em 15 de Junho de 2017.<br><br> </td></tr></table></body></html>