ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00950</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO12</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Vale do Mulembá e Ilha do Lameirão: preservação e tradição no ofício das paneleiras de Goiabeiras</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Matheus Metzker Vieira (Faesa Centro Universitário); Maria Zanete Dadalto (Faesa Centro Universitário)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Fotojornalismo, Goiabeiras, Jornalismo, Paneleiras, Preservação</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Tendo o barro como principal, senão, a única forma de sustento, as paneleiras mantêm por séculos uma tradição que advém desde da época dos índios. Localizadas em uma rua que leva o nome das mesmas e no bairro de Goiabeiras, na capital Vitória, elas se destacam no cenário capixaba e já são caracterizadas como berço cultural do Estado. O trabalho, intitulado como  Vale do Mulembá e Ilha do Lameirão: preservação e tradição no ofício das paneleiras de Goiabeiras , produto da disciplina de Fotojornalismo do curso de Comunicação Social - Jornalismo da Faesa Centro Universitário, busca retratar através da fotografia as matérias primas primordiais, o barro do Mulembá e o tanino do Lameirão, vitais para que o trabalho das artesãs se realize, bem como todo o processo na confecção das panelas de barro. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Desenvolvida como trabalho final da disciplina de Fotojornalismo I, a pauta fotográfica para o Tendências, Jornal Laboratório do Curso de Comunicação da FAESA,  Vale do Mulembá e Ilha do Lameirão: preservação e tradição no ofício das paneleiras de Goiabeiras , retrata em doze fotos o cotidiano das paneleiras, que em núcleos familiares atuam no cenário capixaba em uma Associação que leva o próprio nome. As mãos maltratadas pelo tempo demonstram o quão a atividade é totalmente manual, artesanal e árdua e que ainda não é valorizada como gostariam pelas esferas governamentais responsáveis pela preservação, mesmo até sendo um ofício que foi o primeiro bem cultural registrado, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como Patrimônio Imaterial no Livro de Registro dos Saberes, em 2002. O trabalho fotográfico ressalta todo o percurso na confecção das panelas de barro, bem como a importância de matérias primas inerentes e primordiais para qualidade que as mesmas têm no cenário regional. Iniciando pela extração do barro no Parque Natural do Vale do Mulembá, passando pela retirada do tanino nas cascas do Mangue Vermelho na Estação Ecológica do Lameirão e chegando até a Associação das Paneleiras, local que cinco etapas básicas se efetivam, desde a modelagem até a queima, o produto jornalístico disposto através das técnicas de registro fotográfico, juntamente com os preceitos sensoriais de observação e apuração, se pauta na demonstração do maior artefato cultural do Espírito Santo.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O trabalho fotojornalístico  Vale do Mulembá e Ilha do Lameirão: preservação e tradição no ofício das paneleiras de Goiabeiras , tem como um dos principais objetivos, documentar através da fotografia a importância do Mulembá e Lameirão para o desenvolvimento da atividade artesanal feita pelas paneleiras, bem como renovar que são lugares que merecem sempre um olhar vigente das esferas governamentais para a sua plena preservação e bom funcionamento. Além disso, servir de base para ressaltar uma cultura do Espírito Santo, estado esse que por vezes não tem a merecida atenção nacionalmente e como modo de difundir nos dias atuais o elo existente entre o trabalho artesanal e forma de sustento. O trabalho busca também demonstrar as particularidades de cada etapa da produção das panelas de barro e de que forma a união familiar contribui para a permanência de uma tradição secular, na qualidade final do produto e na convivência do local de trabalho. Desse modo, é importante também provar que o fotojornalismo serve como estrutura para que novos pensamentos possam surgir e na comprovação de fatos que só lemos ou ouvimos, ou seja, a sustentação que as mesmas podem demonstrar.  Fotos fornecem um testemunho. Algo de que ouvimos falar, mas de que duvidamos parece comprovado quando nos mostram uma foto (SONTAG, 1986, p. 9). É viável por fim, através deste trabalho, mostrar a realidade e legitimidade dos acontecimentos, ações e dos movimentos diversos feitos pelos protagonistas fotografados, já que segundo Susan Sontag, o ato de fotografar é também o de  não intervir . Assim, realçar uma cultura através do acompanhamento pessoal de toda a rotina que faz parte dela, se fez necessária e objetivada durante o desenvolvimento de cada composição pensada para a elaboração deste produto referente ao mundo do fotojornalismo. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A valorização da cultura de onde se vive é o maior grau de demonstração de pertencimento a aquele lugar. Com isso, é provado o quão os grupos sociais podem evoluir a partir dos preceitos básicos de convivência e serve de auxílio para o desenvolvimento cotidiano do ser humano. Assim, este trabalho sobre as paneleiras se torna latente por trazer à tona personagens simples que ao mesmo tempo são enriquecedores de olhares sobre uma atividade artesanal conhecida no Estado do Espírito Santo, mas que a cada dia transpõe os limites regionais e se torna reconhecida nacionalmente.  Já recebemos, mas ainda falta mais reconhecimento. Somos valorizadas quando saímos para outros Estados para vender panela, mas os governantes daqui deviam valorizar essa cultura regional , explicou in loco, Berenice Correa, 60, que vive da tradição há 43 anos. Paneleiras que merecem atenção também por estarem lidando com um quesito que hoje quase caiu em desuso, a permanência da tradição, ou seja, o fato de continuar com processos feitos pelos seus antepassados e passados de geração à geração. O  Vale do Mulembá e Ilha do Lameirão: preservação e tradição no ofício das paneleiras de Goiabeiras , também busca permear por um certo tipo de linha tênue, mostrando a configuração dos processos para a confecção das panelas, já que poucos sabem do trabalho árduo por trás do produto, mas principalmente de outro quesito que é pouco mostrado: a preservação ambiental do Vale do Mulembá e Ilha do Lameirão que fornecem as matérias primas necessárias para preservação cultural do ofício. Mostrando todo o processo, este trabalho procura assim sensibilizar o espectador a fim de que se reconheça como agente transformador da sociedade e como divulgador de práticas tradicionais no que tange a cultura, notando que a diversidade existente entre os seres humanos é responsável pelo próprio desenvolvimento dos mesmos. Por isso, ao ver cada registro fotográfico, deve-se pensar:  de onde vem essa tradição? ;  o que é feito para resguardar essa cultura? ;  qual estrutura e suporte que recebem? . Ao oferecer esses questionamentos através do registro de uma lente, nota-se também que pode haver em conjunto de mudanças e reeducações de pensamentos sobre o trabalho das paneleiras. Isso porque este trabalho fotográfico foge das abordagens jornalísticas tradicionais sobre o assunto, já que os mesmos sempre reportam mais o processo do que é necessário para que esse último ocorra, ou seja, recorrem por vezes apenas à Associação, esquecendo-se que o Vale Mulembá e a Ilha do Lameirão são imprescindíveis para a permanência cultural do ofício das panelas de barro. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">No laboratório de fotografia na faculdade é onde, com auxílio da professora responsável pela disciplina, borbulha conhecimentos técnicos para que atenda as qualificações de composição, luz, movimento, profundidade de campo, foco seletivo, dentre outras especificidades da linguagem fotográfica. Mas também, é o lugar em que se pensa estrategicamente em ideias para colocar em prática, toda essa parte técnica. Para esse trabalho, a ideia partiu do pressuposto da identidade da cultura capixaba, com a pretensão de valorizar. Por isso, os critérios de noticiabilidade principais utilizados na sua elaboração foram proximidade e interesse, o primeiro para que atinja primeiramente a população regional e depois transponha os limites geográficos capixabas, já o segundo, para despertar o sentimento do espectador em querer saber mais do assunto e difundindo assim entre os outros. Além disso, outro critério empregado condiz com o ineditismo, no que tange ter focado em ambientes que extrapolassem a Associação. Uma pesquisa antecipada fez parte do planejamento antes da que aconteceu in loco. Essa pesquisa baseada em informações referentes aos lugares onde ocorrem cada processo da produção da panela de barro, serviu como base para a elaboração da pauta fotográfica, artifício jornalístico que fornece um norte para que seus objetivos com o assunto sejam cumpridos e efetivados no momento da realização. A apuração jornalística também foi primordial. Com fontes escolhidas na própria associação e outras contatadas anteriormente, mostraram histórias e o mundo da panela de barro de maneira clara e eficiente. Após fazer esse planejamento como pauta fotográfica e a apuração, foi colocado em prática, alguns conceitos técnicos  qualidade/tamanho do arquivo, sensibilidade luz, enquadrar, fotometrar e focalizar - estéticos e jornalísticos. No que tange os quesitos técnicos, Lauriano Benazzi (2010, p. 4), afirma que  o domínio da técnica é que levará ao passo seguinte que é a construção da imagem fotográfica, com os valores artísticos e jornalísticos . Logo, é o primeiro passo, capaz de fazer fluir os outros necessários para um bom registro fotográfico e jornalístico. Segundo Benazzi (2010, p.9), para que se tenha valor artístico nas imagens, é preciso atentar para a plasticidade, estética, harmonia dos planos e beleza, que são quatro elementos que juntos representam a intencionalidade que o fotojornalista quer passar ao espectador. Um dos princípios estéticos é a composição, ou seja, aquilo que o olhar fotográfico atribuirá no registro para fornecer mais informações, sentimentos ao espectador. David Prâkel (2012, p.5), diz que a composição é  o processo de identificação dos elementos formais e sua organização para produzir a imagem final , assim confirma a ideia de que a observação tem que ser parte integrante do fotojornalista a fim de que consiga colocar todos elementos significativos possíveis do assunto em um registro. No âmbito jornalístico, a ética com o público deve reger os objetivos do fotógrafo.  Os valores éticos, que podem ser considerados um quarto valor e que por si só, já rendem uma nova discussão, e a preocupação com público devem estar acima de tudo, para além da imagem perfeita (BENAZZI, 2010, p. 9). Conceitos que foram essenciais lembrados para transparecer aquilo que almejava através da fotografia e fazer bons registros dos processos para a confecção da panela de barro, bem como da extração das matérias primas. Os personagens retratados sejam na associação das Paneleiras, Vale do Mulembá ou Ilha do Lameirão, não tiveram restrições ou incômodos ao serem fotografados no seu oficio, ao passo que foram avisados antecipadamente da proposta do trabalho acadêmico e se dispuserem a contribuir com o que fosse pedido no que se referem a dúvidas, questionamentos e perguntas sobre a arte artesanal. As fotografias dentro da associação tiveram como foco fazer justaposição entre as panelas sendo feitas pelas paneleiras/ artesões com as já prontas e expostas para venda e foco seletivo por exemplo para os objetos usados no açoite do tanino. Na Ilha do Lameirão, os retratos ambientais, que segundo classificação de Jorge Pedro Souza (2002, p.124),  jogam com o ambiente em que o sujeito (ou o grupo) é retratado e com os objectos que o rodeiam para salientar um determinado aspecto da sua personalidade , demonstravam o extrato das cascas da árvore do mangue vermelho para produção posterior do tanino e no Vale do Mulembá, a retirada do barro. Ambos demonstrando a relação do ofício com os extratores e ambiente em que estavam inseridos. O método mais utilizado, durante todos os processos, para fotografar foi captar o exato momento de cada ação, já que como os personagens estavam no oficio de suas funções não podiam parar para entrevistas, logo tudo era feito ao mesmo tempo: observação, fotografias e entrevistas. A instantaneidade dos acontecimentos que se consolidou como viés primordial para garantir êxito no resultado do trabalho acadêmico. Ao todo, foram mais de 1500 imagens brutas registradas, em dois dias de registros. O primeiro dia, cerca de 500 foram tiradas na Associação das Paneleiras e em seu entorno. Já, o segundo dia que aconteceu, após uma semana do primeiro contato com os personagens cerca de 1000 registros foram realizados. Todos registros tiveram execução com focagem manual, observando a fotometragem na melhor qualidade. Este trabalho foi dividido em dois dias, por questões estratégicas e de acordo com o tempo livre dos entrevistados que auxiliariam na chegada ao Vale do Mulembá e no trajeto de barco, na Ilha do Lameirão. As imagens selecionadas foram tratadas no Adobe Photoshop, com pequenos ajustes de contraste, cor, nitidez e enquadramento em algumas fotos para destacar melhor uma informação e dar sentido a narrativa, além disso, no programa houve a inserção de fotolegendas e bordas. No Adobe Bridge, seguindo o padrão de normas internacionais, os arquivos foram renomeados e metadados colocados nos mesmos. O equipamento utilizado para a realização das fotografias foi uma câmera DLSR Nikon D7200, uma lente 18- 140 mm f. 3.5  5.6 e um cartão de memória de 16 GB, cedidos pela faculdade. Esse processo de pós-produção se faz muito importante para concretizar o trabalho do fotojornalista. Ao voltar de campo com as imagens em mãos, tem-se o desafio, de selecionar criteriosamente as melhores que traduzam a narrativa visual e informativa por trás de cada registro. Por isso, nas doze selecionadas para concorrerem ao XXV Prêmio Expocom 2018, na Categoria Jornalismo, modalidade Fotojornalismo (avulso conjunto ou série), foi levado em consideração o percurso na ordem cronológica do oficio das paneleiras, de forma que o espectador entendesse e sensibilizasse com a história envolta pela sequência fotográfica disposta e reorganizada. O texto serve como um complemento inerente no fotojornalismo. De acordo com Sousa (2002, p.76), " não existe fotojornalismo sem texto , logo uma legenda da forma lide pode ser uma boa forma para complementar, significar ou chamar atenção para algo presente na imagem. E esse recurso foi utilizado na composição das doze imagens escolhidas, para trazer ao espectador respostas de alguns questionamentos que pode vir à tona ao observar os registros. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este trabalho fotográfico foi produzido como conclusão da disciplina de Fotojornalismo I do curso de Jornalismo do Centro Universitário Faesa, Vitória/ES, cujo objetivo era escolher um tema de interesse social e jornalístico, não podendo ser factual e a partir dele produzir 30 a 50 fotografias no mínimo e fazer um relatório de apuração com entrevistas coletadas no local. A escolha pela arte das paneleiras se deu como forma de valorização de uma cultura regional, bem como por essa arte ser totalmente dependente da preservação contínua das matérias primas das panelas e do apoio governamental no que tange a divulgação e auxilio dado às muitas famílias que tem em sua maioria o artesanato de barro como única forma de sustento. A fabricação das panelas de barro no Espírito Santo é feita em sua maioria por mulheres, mas alguns (poucos) homens também participam de todos os processos, principalmente aquelas funções relacionadas a retirada e transporte das matérias primas. Situados no bairro de Goiabeiras, no município de Vitória, capital do Estado, e numa rua intitulada popularmente com sua função  Paneleiras - que existe desde a época dos índios são reunidas em uma associação formada há 30 anos segundo informações coletadas in loco. A Associação das Paneleiras foi criada para ajudar, pincipalmente, na comercialização, já que antes cada uma trabalhava em suas casas, dificultando muitas vezes turistas localizarem o artesanato. Sem o Vale do Mulembá e Ilha do Lameirão (Manguezal de Vitória), o ofício das paneleiras não duraria muito tempo. Isso porque desses lugares saem as matérias primas primordiais: o barro e tanino, respectivamente. As suas singularidades do barro se encontram em características que se completam: o barro esquenta rápido e demora esfriar. Características que fornecem uma maior resistência e dureza às panelas na hora de fazer pratos típicos, como a moqueca e torta capixaba. Já o tanino, também é diferente por impermeabilizar as panelas, além de conservar e tirar acidez dos alimentos. Tanto o Lameirão quanto o Mulembá, são unidades de preservação e conservação municipais. Inclusive no primeiro, abriga basicamente três espécies de mangue: Rhyzophora mangle (mangue vermelho), Languncularia racemosa (mangue branco) e Avicenia schaueriana (mangue preto ou siriuba), todos protegidos por lei, sendo que o mangue vermelho é o tradicional utilizado para a extração das cascas para a produção do tanino. Por isso, foi fundamental registrar todos os lugares que fazem parte do universo das paneleiras, para conseguir uma amplitude de cada particularidade do processo de produção. Ao todo, foram mais de 1000 fotografias registradas e entregues 100 para a professora, sendo selecionadas doze fotos que deviam seguindo as orientações da docente, terem valor informativo e expressivo, qualidade técnica e estética, além de que contassem uma história, valorizando a narrativa visual, o potencial comunicativo das imagens, a relação imagem e texto, a sintaxe visual e o valor simbólico desta relação. Com autorização prévia das paneleiras e artesões, os registros abordam a simplicidade, o oficio árduo e manual, transparecendo ao expectador sensibilidade condizentes com a narrativa informativa defendida. Desde a retirada do barro e tanino, da modelagem, secagem, raspagem, polimento até a queima a céu aberto das panelas, são colocadas em foco nas fotografias. O trabalho fotojornalístico, buscou trazer nuances fundamentadas em três aspectos da vida social que se interligam: cultura, pertencimento e tradição. O ato de levar a cultura capixaba mais além dos limites geográficos de um povo que mantem uma tradição secular e familiar. Em que olhando a particularidade de cada artesão, nota-se o sentimento de pertencimento de algo que atravessa a condição de barro apenas como forma de sustento, e atinge a condição de barro como forma de vivências envoltas por sentimentos de gratidão no que faz. Assim, claro que quem é paneleira ou artesão precisa do dinheiro para sobrevivência, mas eles vão além disso: levam consigo amor pelo artesanato de barro. O trabalho fotojornalístico é uma forma de dar visibilidade a todos os personagens que mantêm essa tradição. E é função social da profissão nortear e desbravar caminhos para que, através de questionamentos do assunto colocado em pauta, a cultura regional perpasse quaisquer limites existentes, evidenciando o poder que tem o elo fotografia e texto para novas construções de pensamentos sociais. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Acompanhar tudo de perto todo o processo deste especial e importante artesanato do Espirito Santo é ver que o amor corre no sangue, a fé na alma e a esperança na mente desses artesãos. É notar que eles já são vistos, mas precisam ser um pouco mais reconhecidos. É observar o quão são alegres mesmo com as dificuldades e o ofício árduo, levando sempre um sorriso no rosto. Como um depoimento de Eronildes Correa, 52, uma das paneleiras,  a gente vem do ventre fazendo panela , vemos que é do ventre para a eternidade. É uma cultura imortal, ao notar pressupostos de como lidam diariamente com a atividade que escolheram para seguir para a vida como uma herança cultural. Ao colocar o fotojornalismo nessa vivência, abrem-se olhares para registros que traduzem em cada composição, ação ou gesto, um bem capixaba, que deve transpor os limites geográficos e atingir diferentes povos, culturas e pessoas. Este trabalho se configurou como forma de ver os artesãos de uma maneira amplificada e além da tradicional, jornalisticamente falando. Além de exigir sensibilidade para adentrar uma cultura com riquezas de detalhes, essa pauta fotográfica foi realizada com objetividade, apurada observação e centrada sempre na questão cultural de ir além do barro e do mesmo, ou seja, buscou o ineditismo, o que poucos abordaram, para assim trazer à tona os maiores sentimentos de valorização e pertencimento para os espectadores. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BENAZZI, Lauriano Atílio. Informação, técnica e estética: os valores da imagem fotojornalística. Texto apresentado no núcleo de fotografia no XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Caxias do Sul - RS, 2 a 6 de setembro de 2010.<br><br>Estação Ilha do Lameirão abrange belo manguezal urbano. Prefeitura de Vitória. Disponível em: http://www.vitoria.es.gov.br/cidade/estacao-ilha-do-lameirao-abrange-belo-manguezal-urbano. Acesso em: 19 abr.2018.<br><br>IPHAN. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Ofício das Paneleiras de Goiabeiras. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/51. Acesso em: 18 abr. 2018.<br><br>PRÄKEL, David. Fundamentos da Fotografia Criativa. Barcelona: Gustavo Gilli, 2012.<br><br>SONTAG, Susan. Sobre fotografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. <br><br>SOUSA, Jorge Pedro. Fotojornalismo: introdução à história, às técnicas e à linguagem da fotografia na imprensa. Porto, 2002. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-fotojornalismo.pdf. Acesso em: 18 abr. 2018. <br><br> </td></tr></table></body></html>