ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Norte</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #01779f"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00339</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA05</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;A mulher do moto táxi.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;THIAGO SOARES FAVACHO (Estacio FAP); Andreza Tayná Alves Cardoso (Estacio FAP); Enderson Geraldo Oliveira Sousa (Estacio FAP)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;A mulher do mototáxi, Curta-metragem, Roteiro audiovisual, Paródia, Lenda Urbana</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Josephina Conte morreu em 1931 e teve sua história popularizada quando "começou a ser vista" anualmente saindo do Cemitério de Santa Izabel, em Belém do Pará, onde foi enterrada. As "saídas" não eram (ou são) aleatórias: ela em geral apanha táxi para transitar pela cidade, o que a tornou conhecida como a "Moça do Táxi". Ao final do trajeto, a jovem informa ao motorista que não possui dinheiro para pagá-lo, mas entrega o endereço da residência de seus pais para que o rapaz faça a cobrança. No dia seguinte, o taxista comparece ao endereço informado e surpreende-se ao saber que ela já estava morta. Na versão aqui apresentada, uma paródia de tal história, Josephina encontra-se obrigada a mudar sua rota e seu horário de "passeio", transformando-se, então, em uma versão mais regional e bem-humorada da lenda urbana: a "Mulher do Moto Táxi".</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Essa releitura da lenda urbana "A Mulher do Táxi", no caso, a descrição do roteiro presente é "A mulher do mototáxi" possui um viés de crítica social, visto que, a insegurança e a desigualdade social presentes em Belém do Pará e na sociedade contemporâneo. Com o objetivo de trazer a história a um contexto mais atual, utilizamos uma trilha sonora que remeta mais aos sucessos dos dias de hoje. Além disso, fugimos dos cenários considerados clichês como por exemplo, o Ver-o-Peso, maior feira de mercado livre da América Latina. Neste sentido, a seguir, apresentamos uma paródia da lenda urbana sobre Josephina. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O grande objetivo da peça é apresentar uma nova versão, uma paródia, da famosa história do folclore urbano paraense: a  Mulher do Táxi . Através da história é possível pensar ainda em temas considerados transversais, como, por exemplo, mostrar que Belém está vivendo em um momento tão delicado no quesito segurança que até uma  assombração está com medo de andar pela cidade. Há ainda o objetivo de, utilizando uma lenda urbana, apresentar alguns pontos turísticos diferentes dos usuais que servem de  cartão postal na cidade, como o Ver-o-Peso, Mangal das Garças e Estação das Docas, mas sim destacando outros locais considerados mais  urbanos na capital paraense. Por fim, outro grande objetivo do roteiro é retomar e renovar a história, agora a um novo público ou mesmo um público que já a reconhece, desta vez, apresentada de modo mais urbano e com novas reconfigurações evidentes na Grande Belém.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Talvez haja a pouco a ser criado de forma  pura , seja em qualquer tipo de produção estética. No entanto, certamente o período contemporâneo possibilita grande número de referências que podem e muitas vezes são retomadas para, aí sim, dar origem a novos produtos, como o roteiro aqui apresentado. Como já dissemos, ele parte de uma lenda urbana bastante conhecida em Belém, observando a cidade e seus problemas atuais, apresentar uma  nova roupagem , bem mais possível de ser visualizada e mesmo vivenciada. Sobre isto, Kristeva, afirma, ao falar de intertextualidade, que  todo texto se constrói como mosaico de citações, todo texto é absorção e transformação de um outro texto. Em lugar da noção de intersubjetividade, instala-se a de intertextualidade (1974, p.64). Indo além, ganha destaque a importância da paródia, que frequentemente unida a vozes narrativas manipuladoras, abertamente dirigidas a um receptor inscrito, ou manobrando disfarçadamente o leitor para uma posição desejada, a partir da qual o sentido pretendido (reconhecimento e, depois, interpretação da paródia, por exemplo) podem aparecer, como que em forma anamórfica (HUTCHEON, 1989, p.109). Assim, a autora afirma que o leitor tem papel fundamental neste sentido, já que é ele  que tem de decodificar como paródia para que a intenção seja plenamente realizada , pois  os códigos paródicos têm, afinal, de ser compartilhados para que a paródia seja compreendida como paródia (HUTCHEON, 1989, p.118). Portanto, a história aqui apresentada precisa da observação e compreensão por parte do público. É justamente o público que irá entrar em contato com a história apresentada, fazer as conexões com a anterior e, a partir daí, renovar seu significado, mostrando as possibilidades de criação no período contemporâneo, inclusive na Amazônia. A história torna-se importante, então, por mostrar duas e versões: a  original e a paródia aqui apresentada, incentivando a aproximação da literatura regional e de suas novas versões. Para isto, é necessário que o enredo e o roteiro apresentados sejam claros, dinâmicos e perceptíveis, para que haja a sistematização completa da cadeia de comunicação (emissor, meio, mensagem, recepção e compreensão), como veremos a partir de agora.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A lenda urbana original narra o passeio de Josephina Conte, aniversariante que pega um táxi em frente à necrópole do cemitério de Santa Izabel, em Belém. Apesar de ser localizada em uma área central da capital paraense, a sepultura da jovem encontra-se em uma área considerada de risco na capital paraense. Além do desenvolvimento do roteiro, iniciamos as gravações de tal obra. Para isto, encaminhamos um ofício à Polícia Militar do Pará, com o objetivo de assegurar que as gravações fossem realizadas com segurança desde do Cemitério até outras áreas da cidade. A ideia de substituir o taxista pelo mototaxista surgiu como uma ironia, partindo de uma composição livre e sarcástica. Através dela, adequamos o roteiro da história  original para uma ideia e crítica social presente no período contemporâneo de Belém. Indo além, levando em conta reconfigurações na mobilidade urbana da capital paraense e hábitos mais populares, decidimos pela locomoção com mototaxistas, serviço que, após ser considerado irregular e provocar grande apelo popular, passou a ser regularizado pela Prefeitura Municipal em fevereiro de 2017. Levando em conta estes panoramas é que optamos pela paródia, cujo prazer  deriva do tom irônico da paródia não provém do humor em particular, mas do grau de comprometimento do leitor no `vaivém´ intertextual (...) entre cumplicidade e distanciação (HUTCHEON, 1989, p. 48). Mais que isto: fantasia misturada à realidade, com aspectos místicos e um  pé no sobrenatural, as lendas fazem parte do imaginário popular de um povo, estando presentes entre os mais antigos e passando entre gerações. O conceito de lenda refere-se a um As lendas são episódio heróico ou sentimental com elemento maravilhoso ou sobre-humano, transmitido e conservado na tradição oral e popular, localizável no espaço e no tempo. De origem letrada, lenda,legenda, legere possui características de fixação geográfica e pequena deformação e conserva-se as quatros características do conto popular: antigüidade, persistência, anonimato e oralidade. É muito confundido com o mito, dele se distancia pela função e confronto.O mito pode ser um 4 sistema de lendas, gravitando ao redor de um tema central com área geográfica mais ampla e sem exigências de fixação no tempo e no espaço... (CASCUDO, 1976, p.348) Assim, as lendas são consideradas histórias que muitas das vezes foram (re)criadas pelo povo, visando limitar determinadas barreiras para certas situações, como no ditado popular  quem conta um conto, aumenta um ponto . Sabe-se que os antigos usavam as lendas para tentar explicar os fenômenos da natureza que até então não possuíam uma explicação lógica e científica, encontrando nas lendas uma razão para tais acontecimentos, sem precisar certificá-las de algum modo. No Pará, um dos principais Estados da Amazônia, o misticismo é considerado muito forte e essas lendas são mais presentes no dia-a-dia da população, tanto que até hoje persistem algumas  definições e negociações acerca da(s) identidade(s) das pessoas, que vivem entre o  mato e o mito (MENDES, 1974, p. 29),  metáfora citada por Armando Mendes em A invenção da Amazônia (1974), que indica a condição natural com a qual os sujeitos da região constantemente interpretam, expressam e interpretam seus hábitos e sua realidade, de modo mítico ou não. A expressão mostra então grande simbiose que há entre ambos:  a relação entre homem e meio, por vezes é tão próxima que ambos se confundem , explica o autor (1974, p. 29). É neste cenário, ainda que urbano, que Belém hoje sintetiza o grande panorama de violência do Estado do Pará, que, segundo pesquisa divulgada em outubro de 2017 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública encontra-se na quarta posição do ranking de Estados mais violentos do país, com cerca de 50,9 mortes violentas registradas a cada 100 mil habitantes. O Pará perde apenas para o Sergipe (64,0); Rio Grande do Norte (56,9) e Alagoas (55,9). Neste quadro, há ainda níveis alarmantes de violência física, disseminada principalmente entre jovens das áreas periféricas da capital e policiais militares, mostrando a total ineficácia do Governo em conter a onda de criminalidade com políticas públicas voltadas à segurança e educação e gerando grande preocupação em todos os habitantes, inclusive, em nossa história, a Josephina. Justamente levando em conta todo este complexo panorama que a história proposta aqui foi adaptada, se adequando então a uma perspectiva mais preocupante e complexa da contemporaneidade, fazendo tais críticas de modo irônico, bem-humorado, como veremos a seguir.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">No roteiro proposto,  A mulher do moto táxi , a estrutura e o cenário da história são adaptados. Na paródia, o  relato de Josephina ganha um tom de crítica a segurança pública à Belém contemporâneo, partindo da mudança de rota e seu horário de "passeio" por parte da protagonista. Josephina utiliza moto táxi, sendo este um meio de transporte muito comum na capital Paraense e mais comum em bairros populoso da capital, pois facilitam a locomoção das pessoas. A moto recria a forma de condução da narrativa, ao invés do evidente e esperado Táxi. A personagem percorre, a capital Paraense, na garupa de um moto táxi, causando humor para quem assiste, provocando a reflexão sobre outra perspectiva, a monetária, pois andar de moto táxi acaba sendo mais  barato que o próprio táxi. O curta começa com frames rápidos, de 1 a 2 segundos cada, com a utilização do plano médio, dando à sensação de movimento e continuidade a cena. Nas imagens, observamos Josephina, a heroína que agora se vê em uma Belém mais caótica e insegura. A seguir, vemos takes de Josephina próxima a seu túmulo, em plano contra-plongée, isto é, com imagens realizadas de baixo para cima, onde a câmera destaca ainda em plano detalhe os pés da moça. Depois, já através de movimento plongée vemos nossa heroína  diminuída , que filma a personagem de cima para baixo, dando a amplitude do local em que está e contextualizando o cenário ao espectador. A atriz está de branco, pálida, com aparência confusa. Não há trilha sonora. O silêncio é justamente o principal  som a dar certa nostalgia ou mesmo  vazio a quem assiste a trama. Na sequência seguinte, Josephina percorre até a saída do cemitério, sendo tal partida mostrada com planos detalhe, que destacam a expressão da jovem, seu olhar tanto quanto  perdido e a contagem que faz de moedas. O plano detalhe confere maior proximidade e sensações ao espectador. Ela sai do cemitério. Vemos então a chegada do moto taxista, que a priori está de costas, em plano americano. O som é ambiente. Josephina, da porta do cemitério, faz sinal para o condutor, que para. De longe, em plano conjunto, ambos parecem conversar brevemente. Ela sobe na moto e o trajeto começa, ao som da canção  Velocidade do Eletro , da banda Gang do Eletro, que interrompe o silêncio e a aparente nostalgia. A atriz sai do descanso eterno e chega à Belém caótica, contemporânea. No decorrer das cenas seguintes no deslocamento até a estação foi utilizado o Travelling e o plano aberto mostrando a cidade e o tráfego das personagens. Ao chegarem à Estação das Docas, a câmera acompanha Josephina, que ao descer dialoga com o moto taxista. Voltando pelo caminho inverso, a protagonista caminha pelos bairros da Cidade Velha, Cremação e Guamá. Para a surpresa de Josephina, ela se espanta e acorda em sua cama, com o aspecto de susto quando o cobrador de mercadorias buzina em sua casa. A câmera está em plano americano. Em sua casa, Josephina acorda porque um cobrador de mercadorias à prazo (prestação) buzina em sua casa, cobrando pelas parcelas em atraso. Josephina finaliza o curta dizendo: "Nossa! É tanto assalto em Belém que o pobre não pode nem sossegar a mente", e logo em seguida, entra o som de Galera da Laje da Gang do Eletro.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A personagem Josephina Conte foi preservada, tendo a mesma descrição da história original. O mototáxi, surge como elemento da paródia, assim, trazendo a discussão de um problema cada vez mais evidente em Belém: a falta de segurança pública, além das desigualdade sociais que afetam diretamente as questões econômicas, desse modo, a protagonista não tem mais dinheiro para o táxi, pois está muito caro, por isso, a opção que ela tem é o mototáxi. O roteiro do vídeo descrito possui formato de curta-metragem, devido a curta duração, e também, pela narrativa ser estruturada a partir de uma lenda urbana, baseada no livro Visagens e Assombrações de Belém (1986). Na versão presente neste paper, a história sofre diversas adaptações para a execução da releitura. A reviravolta da história acontece no início do roteiro, portanto, inicialmente, o expectador passa a conhecer a lenda de Josephina, que saia ao encontro de um taxista, no entanto, ela se depara com uma maior circulação de mototáxi, a falta de dinheiro e segurança (forçando-a a andar durante o dia e não a noite, como as assombrações costumavam fazer). Este instrumento de audiovisual, por fim, tende a aproximar as histórias da população local, para o cibermundo. O trabalho busca evidenciar as lendas que circulam no entorno de Belém, assim como, outros grandes enredos que fazem parte do cenário folclórico paraense. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. 9 ed. Brasília: J. Olympio, INL, 1976. <br><br>HUTCHEON, Linda. Uma teoria da paródia. Lisboa: Edições 70, 1989.<br><br>KRISTEVA, Julia. Introdução à semanálise. São Paulo: Perspectiva, 1974.<br><br>MONTEIRO, Walcyr. Visagens e Assombrações de Belém. 5º edição. Local de publicação. Smith Editora, 2007.<br><br> </td></tr></table></body></html>