ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Norte</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #01779f"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00369</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA04</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Um amor bandido</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;João Mateus Rêgo Sá (Faculdade Martha Falcão Wyden); Emilie Fabienne Santana Guimarães (Faculdade Martha Falcão Wyden); Susy Elaine da Costa Freitas (Faculdade Martha Falcão Wyden)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;videclipe, audiovisual, violência, crime, love on the brain</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O presente paper é referente aos processos de criação e produção do videoclipe  Love on the brain que visa evidenciar a questão da violência contra a mulher e violência doméstica. Foi desenvolvido no segundo semestre dos Cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Faculdade Martha Falcão | Wyden, na disciplina de Linguagem Audiovisual, ministrada pela Professora mestre Susy Freitas. O clipe narra à história de uma jovem que encontra um rapaz mais velho e que este se torna um agressor disfarçado de amor, então ela acaba se tornando vítima da violência doméstica. O objetivo do vídeo é alertar sobre esse tipo de crime e proporcionar aos alunos um contato direto com os preceitos da linguagem audiovisual. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Observa-se hoje um tipo de violência a que pouco se dava voz, mas que se mostra pauta cada vez mais presente: a violência contra a mulher. Esse tipo de agressão é foco do presente produto. Segundo a lei n° 10.778, de 24 de novembro de 2003, regulamentada no Decreto n° 5.009, de 2004:  Entende-se por violência contra a mulher qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, inclusive decorrente de descriminação ou desigualdade étnica, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico a mulher, tanto no âmbito público quanto privado (BRASIL, 2013). Outros artigos ainda explicam que essa violência pode ser física, sexual e/ou psicológica. Podendo ocorrer:  Dentro da família ou unidade doméstica ou em qualquer outra relação interpessoal, em que o agressor conviva ou haja convivido no mesmo domicílio que a mulher e que compreende, entre outros, estupro, violação, maus-tratos e abuso sexual (BRASIL, 2013). São vários os exemplos de mulheres vítimas desse tipo de violência, incluindo casos de famosas, como os vistos com: a dançarina Gretchen, que cancelou um de seus casamentos porque seu então noivo a teria agredido momentos antes da cerimônia; a atriz Luana Piovani, que relata ter sido constantemente agredida pelo ex-namorado, o ator Dado Dolabella. O assunto também é tratado com frequência no universo da ficção, como na novela  Mulheres Apaixonadas , nesta, a personagem Raquel (Helena Ranaldi), sofria violência doméstica nas mãos do companheiro Marcos (Dan Stulbach). A cantora Rihanna, artista cuja música foi selecionada para a produção do videoclipe, também foi uma vítima na vida real, ela sofreu violência doméstica do ex-namorado, o cantor Chris Brown. Para a produção de um videoclipe que tratasse da temática do abuso físico e psicológico sofridos em uma relação, a música  Love on the brain foi selecionada, dado a vida da cantora. Essa música pertence ao álbum Anti, que apresenta marcas transversais do relacionamento que ela sofreu. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O trabalho possui o objetivo de desenvolver habilidades em produção audiovisual através de uma primeira experiência em escrita de roteiro, direção, composição e uso dos demais elementos dessa linguagem por parte dos alunos. Desse modo, pudemos conhecer todos os passos da produção de um videoclipe. Outro objetivo era tratar, através da música escolhida, de um tema de relevância social dentro da comunicação tanto no universo do Jornalismo (quando pensamos em termos de matérias) quanto da Publicidade (em termos de campanhas educativas), que é a violência contra a mulher, comumente confundida na sociedade como algo  normal , um  amor bandido , e não um tipo de crime previsto em lei. Assim, objetivou-se também evidenciar a essa temática e gerar reflexão sobre a mesma. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Apesar de trabalhoso, o videoclipe possibilita mais liberdade de se trabalhar com tudo que aprendemos na disciplina de Linguagem Audiovisual. Esse trabalho exige que de fato os conteúdos vistos em sala fossem postos em prática, passando pelo roteiro, story board, gravação, edição, entre outros. Como afirma Ang,  os videoclipes são sempre curtos, há um estoque inesgotável de músicas a escolher [...]. E, ainda melhor, esse é um gênero que aceita tudo (ANG, 2007, p. 183). Por conta disso, esse tipo de produção foi a escolhida como trabalho final da disciplina. Também se justifica a escolha pela produção de um videoclipe porque eles acompanham, e em algumas vezes se tornam vanguarda, das questões técnicas do meio. Esse tipo de vídeo se mostra essencial para estudar a cultura de um determinado espaço-tempo, já que:  Nos seus mais variados aspectos, o videoclipe sintetiza o contemporâneo na sua aproximação da indústria cultural com a vanguarda, na diluição da radicalidade inovadora a partir de claras intenções comerciais, na sua fragmentação imagética, na sua despreocupação narrativa ou no apelo das narrativas mais básicas e simples, na sua inclinação parodística, na sua rapidez, no excesso neobarroco de alguns de seus estilos, nas suas conexões com as tecnologias de ponta, na sua recuperação displicente e desatenta do passado, nas suas superposições de espacialidades e temporalidades, no fascínio de uma superficialidade hiperreal. Vemos, assim, que suas principais características se aproximam enormemente das definições mais gerais associadas ao pós-modernismo. (SOARES, 2012, p.11). Propusermos um trabalho esteticamente mais comercial, embora sem quaisquer fins não comerciais, para aproximar o público em geral da temática do vídeo. Isso se justifica por ser um tema atual e cujas discussões podem ser potencializadas por essa linguagem de fácil consumo. Aproveitamos o que pontua Mello, ao dizer que  o vídeo [...], em sua lógica de escritura eletrônica, acrescentou à experiência da televisão o potencial crítico da linguagem, chamando a atenção para a dimensão temporal-performática da imagem e do som em movimento (MELLO, 2008, p. 26). Em pesquisa sobre a temática, identificamos em Waiselfisz (2015, p. 61) que Pará, Amazonas e Amapá lideram o ranking dos estados com os maiores índices de agressões contra mulheres. Isso fortalece a escolha pelo tema da violência contra a mulher e a necessidade dele ser posto em discussão. Justamente para ressaltar que esse tipo de violência pode ser feita pelo próprio parceiro, justificamos a escolha pela trama se passar entre um casal. Dessa forma, cumprimos não apenas o determinado como trabalho final da disciplina, mas buscamos apresentar um conteúdo que incite ao debate de um assunto importante para toda a sociedade. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Após aulas sobre elementos da estrutura fílmica e construção de roteiros, foi passado um trabalho final na disciplina de Linguagem audiovisual, após a definição de grupos e para darmos início ao processo metodológico, a equipe se reuniu para decidir o tipo de produção que seria apresentada, optou-se por um videoclipe, em seguida surgiu à ideia de usarmos a música  Love on the brain da cantora Rihanna. Em conjunto, escolhemos o tema que seria abordado e a música e seria usada pelo videoclipe. A escolha da música foi um tanto desafiador por se tratar de uma canção em língua estrangeira e por haver dúvidas de como repassaríamos o conteúdo ao espectador, mas pesquisas auxiliaram na proposição de se falar da violência homem contra a mulher em ambiente doméstico. Fez se necessário então entender melhor um pouco das leis relacionadas ao assunto, até mesmo para não se romantizar a temática. Apesar da canção romântica se fazer apenas como porta de entrada, deve-se ter em mente que esse tipo de abuso não é uma demonstração e amor, e sim, de poder sobre o outro. Em pesquisa bibliográfica e documental, encontramos um entendimento mais jurídico de que a violência doméstica não está apenas ligada a agressões físicas e verbais, mas se estende a agressões sexuais e psicológicas. Ou seja, muitas dessas mulheres que são agredidas fisicamente também sofrem de seus agressores uma espécie de tortura mental, condicionando a vítima a ter dificuldades para se afastar do agressor. Os motivos são por medo de muitas vezes, perder a casa ou ficar mal estabelecida financeiramente porque em muito dos casos, as mulheres dependem única e exclusivamente de seus parceiros, e isso muita das vezes as impedem de denunciar as agressões sofridas. O medo de ficar sem sua família e longe de quem elas chamam de  amor da sua vida são outros fatores que fazem com que esse tipo de agressão fique impune. Então ao olhar mais profundamente o assunto, analisando exemplos, vídeos e as leis, percebemos que falta um pouco de impulso, um ato de coragem, para essas mulheres agredidas, onde o medo é maior que a vontade de denunciar. O amor cego está completamente baseado nesse contexto, não querer enxergar que seu parceiro pode estar tirando vantagem do seu sentimento por ele dá certa liberdade falsa, para ele, achar que pode fazer o que quiser, com suas vítimas. No mini manual de jornalismo humanizado sobre violência contra a mulher, a ONG Think Olga (2016) dá orientações de como tratar o tema. Dentre as recomendações, estão: não romantizar os agressores e o crime, não igualar estupro a sexo, não apresentar a vítima de forma a desmerecê-la e não julgar a vítima por seu comportamento após o crime. Ainda que voltadas à produção jornalística, as dicas ajudaram a nortear a construção do roteiro e escolhas de montagem já na fase inicial do projeto. O desenvolvimento do videoclipe se baseou neste conceito debatido pelo grupo, que quis, por meio do videoclipe, dar uma voz e criar a coragem para essas mulheres denunciarem violências sofridas. Assim, definiu-se um roteiro no qual a jovem cega de amor é apresentada como uma garota frágil e incapaz de reagir, sempre mostrando que ela está completamente ligada ao agressor. Seguindo essa linha, foi decidido que a personagem seria alguém sonhadora, apaixonada e ciumenta, que acredita viver um amor intenso, e que se mostra muito ligada a uma relação que começou inocente, mas que tempos depois se mostrou violenta, o que para ela chega a parecer normal em alguns momentos, o que é comum nesse tipo de violência:  O masculino é investido significativamente com a posição social (naturalizada) de agente do poder da violência, havendo, historicamente, uma relação direta entre as concepções vigentes de masculinidade e o exercício do domínio de pessoas (MINAYO, 2005, p. 24). É o que vemos no jovem mais velho. Ele foi criado com um perfil de homem em principio atraente, forte e decidido. Porém, é do tipo que não aceita ser questionado, com tendências a ser violento, o que se confirma mais para frente. Uma vez que o videoclipe não necessariamente traz uma linha do tempo linear para contar a história planejada, definimos que roteiro seria desenvolvido no programa Celtx. Este permite ao roteirista especificar de modo direto no texto plano, diálogos, ações, personagens, entre outros, além de facilitar possíveis mudanças na ordem das cenas. Na fase de criação de roteiro, optamos por usar a personagem como se fosse a própria cantora. No decorrer das cenas, planejamos que ela teria flashes de memórias tanto de cenas que transmitiam paz e amor, quanto em cenas mais pesadas, de luta corporal e de intensidade sexual vivida pelos dois no decorrer da música. Decidiu-se também que os dois não teriam falas. Seguimos a orientação de Comparato (2013), segundo o qual o roteiro é um guia escrito para o audiovisual. O autor delimita ainda que, ao se contar uma história, tarefa que escolhemos para nosso videoclipe, deveríamos apresentar uma ideia, desenvolvê-la em um conflito a ser vivido por personagens e, através da ação, tempo e unidade dramática, contar essa narrativa. Como o videoclipe acaba trazendo essa narrativa mais ou menos linear, achamos importante seguir o processo descrito por Comparato (2013) para sua construção. Dessa maneira, a produção planejou seguir um argumento, que é  a story line desenvolvida sob a forma de texto. Uma vez que o conflito matriz se apresenta na story line, o segundo passo é conseguir personagens para viver uma história, que não é senão o conflito matriz desenvolvido (COMPARATO, 2013, p. 68). Aliamos a isso também a colocação de Soares, segundo o qual:  O vídeo romântico apoia-se na narrativa, em temas como a perda ou o reencontro, ao lado de projeções de relacionamentos  normais . Descende do modelo de construção de clichês da publicidade, através de uma estetização da vida cotidiana relacionada às esferas afetivas (SOARES, 2012, p. 73). Após o fechamento do roteiro, planejamos a produção do vídeo. Não tivemos dificuldades em relação a recursos financeiros porque buscamos nos organizar na pré-produção. Não tivemos problemas para locação de material porque vimos que câmeras, maquiagem e figurino eram coisas que os próprios integrantes do grupo tinham. Em relação aos atores, uma acadêmica da equipe, Sara Barbosa, foi convidada a participar e contracenar com um dos alunos de Direito da própria faculdade, Lourismar Araújo de Freitas Lima. As locações previstas para a filmagem foram: o Estúdio de fotografia da Faculdade Martha Falcão | Wyden, onde foram gravadas as cenas solo da personagem protagonista; espaços externos do Tropical Hotel para algumas cenas românticas das personagens; casa de um dos integrantes da equipe que reside no Condomínio Jardim Europa, localizado no Bairro da Ponta Negra, para as cenas do quarto e do carro; e um espaço cedido pela gerente de uma loja do fast-food Subway. Sendo todos esses trabalhos de campo em Manaus. A captação se imagens foi planejada para ser variada. Gravamos com uma câmera Canon EOS, nas cenas no estúdio. Para facilitar o processo de pós-produção, utilizamos a mesma câmera, para cenas externas, mas tivemos o auxílio da câmera de um celular Iphone 7, para termos outros ângulos das cenas gravadas. A utilização da câmera Canon EOS se deu porque ela já grava os arquivos já em formato digital Full HD, sendo mais fáceis e rápidos de serem editados posteriormente. Também foram utilizados nas gravações spots de luz vermelha, lanternas de LED e lanternas do próprio celular. O vídeo foi editado utilizando o programa Adobe Premiere CS6. O clipe foi montado inicialmente seguindo a ordem descrita no roteiro, colorizado para uma melhor unidade das imagens e finalizado em formato MP4. E posteriormente salvo na qualidade de 720p, em formato .Mov e no Programa IMovie. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O videoclipe se inicia com a primeira vez que os personagens principais se encontram, de forma indireta com uma troca de olhares. A partir disso, as cenas intercaladas começam e a primeira é da personagem mulher, a jovem apaixonada, interpretando a letra da música, enquanto imagens de nuvens são projetadas sobre ela, transmitindo ao espectador um sentimento de paz da personagem. Ela interpreta olhando fixamente para a câmera, quebrando a quarta parede das produções visuais, fazendo com que o espectador se sinta instigado pela personagem. A montagem, desde já, intercala a linearidade do início e fim do relacionamento, mas também traz imagens simbólicas dos estados de espírito da personagem, seguindo o que aponta Machado:  [No videoclipe] tudo muda na passagem de um plano a outro: a indumentária dos intérpretes, o lugar onde se ambienta a canção, a luz que banha a cena, o suporte material (filme ou vídeo de bitolas distintas) e assim por diante. Os planos de um videoclipe (...) são unidades mais ou menos independentes, nas quais as ideias tradicionais de sucessão e de linearidade já não são mais determinantes, substituídas que foram por conceitos mais flutuantes, como os de fragmento e dispersão. (MACHADO, 2001, p. 180). O videoclipe intercala às cenas da personagem interpretando a música Love on the brain em estúdio, com as cenas externas, mostrando uma história criada e emoções transmitidas da jovem. Então, mostram o casal trocando mensagens, saindo pela primeira vez, entre outras. No ponto máximo da música, o refrão, eles se beijam, e a personagem principal levanta uma de suas pernas, lembrando cenas de filmes antigos, em que esse tipo de detalhe era posto em cenas de beijos para que o espectador entendesse, que a personagem sempre de gênero feminino, havia se apaixonado ou se entregado aquele amor. Todos esses elementos foram utilizados de maneira a concorda com o que Soares aponta:  A música é tanto o constituinte videoclíptico que evoca uma espécie ou efeito de narrativa quanto responsável, de maneira geral, pelo ritmo da montagem do vídeo. Se a canção apresenta-se mais  rápida , por exemplo, através de melodias eletrônicas e batidas sincopadas, há uma tendência a que o videoclipe também se referencie com uma edição  rápida . O efeito contrário, de um videoclipe de uma música mais lenta, também implicará, de maneira geral, a que se tenha uma edição menos frenética. (SOARES, 2013, p. 40). Logo após o beijo, as cenas de estúdio voltam. Mas agora, ao invés de serem projetadas nuvens com o céu azul que traziam tranquilidade à cena, é projetada sobre a jovem um efeito de rosas vermelhas caindo ao fundo branco, dando quase um destaque 3D, para o espectador entender de fato que ela estava apaixonada, trazendo sentimentos de um amor com a cor. Isso foi estipulado seguindo Bernardet (1995), segundo o qual cores quentes podem ser usadas no audiovisual para simbolizar sentimentos passionais como o amor. Na transição dessas cenas, as externas já pulam para a protagonista abrindo as janelas de seu quarto, com o rapaz na cama, como se tudo estivesse em paz. Porém, na sequência é que exploramos mais a fundo a personalidade de cada personagem: as cenas a mostram saindo do quarto e o vendo no celular. Ela acha estranho e toma o aparelho das mãos dele, jogando o celular na cama com força e mostrando o seu lado ciumento. O rapaz, por sua vez, pede desculpas, indo atrás dela, e ela aceita no mesmo instante, trazendo sua personalidade ingênua. No estúdio, já se mostram imagens de chamas projetadas sobre a personagem principal, levando ao espectador o entendimento de que cenas mais quentes e fortes viriam logo. Nas cenas seguintes, o rapaz mostra sua personalidade violenta e agressiva. Ele aparece agredindo a moça em cenas de luta corporal e troca de carinhos posteriores, mostrando o ciclo comum às relações abusivas, na qual o agressor se mostra arrependido e a vítima tende a acreditar ter parte da culpa na agressão ou que a mesma é uma demonstração de amor. Sobre eles, nas cenas externas, foi colocada uma luz vermelha forte, explorando que o simbolismo da cor se dá não apenas para representar o amor, mas também a violência. Enfim, o clipe termina com a personagem principal interpretando a música sentada em cima de sua cama, toda machucada, com o rapaz dormindo no fundo. Para dar mais relevância ao assunto, é posto ao final, mensagens com informações atualizadas sobre os casos de violência, ao fim totalizando também 4 minutos de duração. Utilizamos assim dois elementos que Nogueira (2010, p. 153-154) define como alternância e analepse. A primeira é a montagem na qual "permite-nos ter uma percepção abrangente de duas ou mais ações ou objetos, sublinhando a sua contiguidade ou a sua contraposição narrativa" (NOGUEIRA, 2010, p. 153). Já a segunda consiste em "recuar no tempo dos acontecimentos para encontrar no passado as causas de certos acontecimentos ou os motivos de certas personagens, invertendo, portanto, a direção da narrativa" (NOGUEIRA, 2010, p. 154). Entendemos a montagem como Eisenstein (2002, p. 11) a descreve, ou seja,  a marca, mais ou menos perfeita, da marcha real de uma percepção de um acontecimento reconstituído através do prisma de uma consciência e de uma sensibilidade de artista . Por isso, aliamos os conhecimentos sobre a temática para passar uma mensagem de conscientização a partir do videoclipe, unindo conhecimento técnico sobre a linguagem audiovisual e a sensibilidade no tratamento do assunto da violência contra a mulher. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Fazer o videoclipe foi bastante desafiador, podíamos ter nos limitado a utilizar um formato mais simples, porém entendemos que para sermos profissionais nessa área, precisávamos nos desafiar e por em prática as técnicas aprendidas para assim criar coisas novas. Aliamos isso ao desafio de entender melhor o conteúdo escolhido e produzir uma abordagem humanizada do tema Violência contra a mulher, de maneira a gerar uma reflexão para nós acadêmicos de comunicação e para o público que necessita de abordagens de assuntos como este. Enquanto alunos no primeiro ano de faculdade, chegamos ao fim do trabalho adquirindo uma bagagem de novos conhecimentos. Além disso, a equipe desenvolveu um desejo em comum: de que as mulheres possam, ao ver esse videoclipe, sentir incentivo de se erguerem contra esta e as demais formas de violência que podem sofrer. Através da pesquisa e de como melhor ilustrar a situação, todos ao final compartilhavam da mesma ideia e do mesmo propósito de que a violência doméstica tem que ser trabalhada com mais empenho pelos órgãos governamentais responsáveis e que os veículos de comunicação persistam nas abordagens a temática, de maneira que respeite as vítimas e alerte a população sobre isso. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ANG, Tom. Vídeo Digital. São Paulo: SENAC, 2007. <br><br>BERNARDET, Jean-Claude. O que é cinema? São Paulo: Brasiliense, 1985. <br><br>BRASIL. Lei No 10.778, de 24 de nov. 2004. Brasília, DF, 2003. Disponível em: <http://www.sgas.saude.ms.gov.br/wp-content/uploads/sites/105/2016/05/. 778-DE-24-DE-NOVEMBRO-DE-2003. pdf>. Acesso em:02/04/2018. <br><br>COMPARATO, Doc. Da Criação ao Roteiro. São Paulo: Summus Editorial, 2013.<br><br>EISENSTEIN, Sergei. A forma do filme. Rio de Janeiro: Zahar, 2002. <br><br>MACHADO, Arlindo. A televisão levada a sério. São Paulo: SENAC, 2001. <br><br>MELLO, Christine. Extremidades do vídeo. São Paulo: SENAC, 2008. <br><br>MINAYO, Maria Cecília de Souza (2005). Laços perigosos entre machismo e violência. Revista Ciência & Saúde Coletiva, 10(1): 23-26. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v10n1/a03cv10n1>. Acesso em: 01/04/2018. <br><br>NOGUEIRA, Luís. Manuais de Cinema III: Planificação e Montagem. Livros Labcom, www.livroslabcom.ubi.pt, UBI, ISBN: 978-989-654-041-8, 2010. <br><br>OLGA, ONG Think. Mini manual de jornalismo humanizado - parte1: violência contra a mulher. 2016. Disponível em: <https://think-olga.s3.amazonaws.com/pdf/violencia_contra_mulher.pdf>. Acesso em: 28/03/18. <br><br>SOARES, Thiago. Videoclipe: o elogio da desarmonia. João Pessoa: Marca e fantasia, 2012. <br><br>WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2015: homicídio de mulheres no Brasil. Brasília: FRACSO, 2015. Disponível em: <http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2015/MapaViolencia_2015_mulheres.pdf>. Acesso em: 29/03/2018. <br><br> </td></tr></table></body></html>