ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Norte</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #01779f"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00380</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PP</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PP04</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;O futuro da publicidade Paraense?</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Jaqueline Vasconcelos Fernandes (Feapa); Marilia da silva Machado (Feapa); Gedalias Ramos de Sousa (Feapa); Danilo Miranda Caetano (Feapa)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Publicidade paraense, Faculdades de Publicidade e Propaganda, Futuro da Publicidade paraense, Criatividade na Publicidade, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este relatório é parte integrante de uma pesquisa mais ampla, realizada por conta de um trabalho de conclusão de curso (TCC) na Faculdade de estudos Avançados do Pará. O objetivo era intuir, a partir da ótica dos próprios graduandos, sobre o futuro da publicidade local, problematizando questões relacionadas ao ensino superior de publicidade e propaganda no estado do Pará. A pesquisa foi desenvolvida em várias etapas e carrega como opção conceitual um olhar que mescla análise antropológica e reflexão filosófica, mas que não negligencia os métodos clássicos da pesquisa de mercado como aponta sua fase descritiva, realizada com os alunos do sétimo semestre de 5 (cinco) das 7 (sete) faculdades que ofertam o curso na capital paraense.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Como um estudo nascido de um TCC muito mais amplo, algumas premissas precisam ser explicitadas: primeiramente, que pela óbvia questão relacionada ao formato e ao tamanho deste paper, a pesquisa ora apresentada é apenas um pequeno recorte do trabalho original. Em segundo lugar, que antes mesmo de seu início efetivo, quando apenas uma discussão entre uma aula e outra sobre a atual publicidade feita na região, vários questionamentos pulavam. Nos perguntávamos, por exemplo, como surgiam as grandes ideias, aquelas consideradas por todos as mais criativas e que ganhavam prêmios importantes. Pensávamos: "Um dia seremos capazes de fazer algoassim, digno de uma premiação?"; "Será que estamos sendo bem preparados para um mercado de trabalho cheio de incertezas?". Dúvidas que provavelmente ainda pairam sobre a cabeça de vários "aprendizes de publicitário" paraenses. Isso porque o senso comum diz que o mercado local, em relação aos grandes centros nacionais, não é lá uma referência criativa tão importante assim. E sobre criatividade, ouvíamos falar frequentemente da tal "bagagem cultural" e de que nossas experiências eram fundamentais (diziam nossos professores) para a construção do acervo pessoal a ser utilizado durante o processo criativo. Ideia que todos concordávamos. Mas a questão era: será que realmente levamos essas experiências em consideração quando somos instados a criar soluções em comunicação publicitária, seja no âmbito acadêmico ou profissional? E principalmente: o que isso sugere do momento atual e do futuro do mercado publicitário local? Questões que, juntas, como uma só, moveram este trabalho. E foi partindo delas (ou dela) que tenteou-se construir um projeto de pesquisa capaz de aliar métodos e técnicas distintas, que vão desde a clássica pesquisa exploratória, até o método "netnográfico". Assim, o que se tem aqui, neste relatório, é exatamente a apresentação dos caminhos metodológicos escolhidos e dos resultados e impressões obtidos.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Entendíamos (e continuamos entendendo) como imprescindível discutir a publicidade local também através daqueles que efetivamente agora a constroem. E mais, fazendo isso não apenas a partir de uma inquirição descritiva, na acepção clássica do método científico, assentada na tradição para as ciências exatas, mas a partir de um método capaz não de medir qualquer coisa, mas sim de permitir sentir o espírito que surge daquilo que dizem e fazem esses alunos no contexto (GEERTZ, 2013) atual de Belém: o Espírito de Época (BENJAMIN, 2006) da publicidade paraense. Dessa maneira este trabalho tem como objetivo intuir sobre a publicidade que surge dos relatos e produções dos alunos concluintes dos cursos de publicidade e propaganda das principais instituições de ensino superior paraenses, mostrando de que forma as experiências pessoais desses jovens, somadas ao imaginário local e ao que vivem e viveram durante o curso, influenciam ou não seus processos criativos, e o que isso sugere do futuro do mercado publicitário local.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">"A Criatividade é a inteligência se divertindo"; "A desobediência é uma virtude necessária à criatividade". Essas duas frases, atribuídas, no senso comum da "internet", a Albert Einstein e Raul Seixas, talvez justifiquem bem o que se intentou neste trabalho. Quer dizer, propor uma discussão acerca da criatividade (aqui como sinônimo de Publicidade) por meio de um caminho desobediente em seu método, porém sempre fitado nos objetivos. É fato que na contemporaneidade muitas certezas caíram e com elas parte do modus operandi tradicional publicitário. O sujeito (pós-) moderno ao carregar como condição própria a busca por aquilo que lhe traz efeitos imediatos,muitas vezes em detrimento daquilo que filósofos como Walter Benjamin (2006) chamavam de experiência profunda, aquela que todos sabiam exatamente o seu significado e que "sempre fora comunicada aos jovens. De forma concisa, com a autoridade da velhice, em provérbios; de forma prolixa, com a sua loquacidade, em histórias [...]" (BENJAMIN, 1994, p. 114), agora exige de empresas, marcas e de seus gestores, algum nível de compensação por tudo aquilo que perdeu (ou parece ter perdido).Uma operação não tão simples,exigida agora também da publicidade paraense.Justamente para ela, tão acostumada aos "bibelôs sobre a prateleira" (BENJAMIN, 1994, p. 117), aos "BVs" da vida. Por outro lado, em nosso dia a dia, isso é algo que parece já estar em curso. A substituição de tais experiências por simulações acordadas com todos (JAMESON, 1985) parece ser a nova missão de uma atividade mergulhada em um contexto que busca dividir com o consumidor a responsabilidade pelo sucesso da relação, dispensando a ele um tratamento que nada mais tem a ver com enxergá-lo como uma massa amorfa. Todas essas coisas, essas mudanças pelas quais passou e ainda passa a publicidade, fazem parte de um processo cultural mais amplo, que engloba âmbitos variados da experiência humana. Um processo cultural, que tem em sua gênese a característica da mutabilidade e que para ser compreendido em algum nível, necessita de uma abordagem que o perceba exatamente como o ente múltiplo que é. Algo que a antropologia interpretativa geertziana realiza tão bem e que por isso é aqui utilizada como inspiração. Clifford Geertz (2013) via a análise do comportamento humano não como uma ciência em busca de leis, de experimentos capazes de comprovar qualquer coisa, algum tipo de verdade, mas como uma ciência interpretativa em busca de significados. Um empreendimento só possível se pensado sem qualquer pretensão determinista sobre, por exemplo, no caso deste trabalho, o que de fato é ou viria ser a publicidade local. Pesquisa importante, finalmente, porque capaz de balizar ações factuais em duas vias distintas e complementares no âmbito da profissão na região: o ensino e o mercado publicitários.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Foi por considerar essa premissa que nesta pesquisa optou-se por um caminho metodológico capaz de possibilitar a análise dos artefatos estudados a partir dos conceitos de sua emergência (GERTZ, 2013). Procurando interpretá-los como médiuns para se intuir de maneira densa como se comportam, em seus mais variados âmbitos, em cruzamento com o tema escolhido. Portanto a escolha dessa maneira de olhar para o tema se impôs pelo próprio corpus de análise quando optou-se por discutir a publicidade local não através de uma análise de peças ou campanhas publicitárias ancorada em estudos semióticos estruturalistas, discursivos (persuasivos) ou mercadológicos através de seus resultados práticos, do ponto de vista do ganho em vendas de produtos e/ou posicionamento de marca, mas, ao contrário, através daqueles que estão chegando, oriundos do campo formativo. Assim impôs-se um tipo de abordagem que deveria ser capaz não só de afirmar qualquer coisa, mas de sugerir explicações diferentes para os problemas de sempre. Neste sentido, o método interpretativo de Geertz (2013) aliado à Filosofia de Benjamin (1994)  autores aproximados, como método, na tese de Relivaldo Pinho (2014) -, ajudaram com um empreendimento que pretendia provocar deliberações entre aqueles que efetivamente farão a publicidade local daqui a um tempo. Deliberação não apenas no âmbito acadêmico, mas também mercadológico, nas IES. Apenas os métodos utilizados para isso não foram, digamos, muito usuais. Por isso a pesquisa foi dividida em três etapas. Na primeira, exploratória, tratou-se de levantar dados secundários sobre cultura contemporânea e o mercado publicitário de maneira geral, acompanhando diariamente matérias e notícias em veículos de comunicação, sites, blogs e mídias sociais sobre comportamento, tecnologia, comunicação, marketing e assuntos relacionados. Etapa importante pelo fato de as Pesquisas Exploratórias serem desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis (GIL, 2008, p. 27). Em paralela a esta fase foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa (MALHOTRA, 2006) com alguns profissionais ligados à academia e ao mercado publicitário de Belém. Essas entrevistas foram utilizadas como forma de captar elementos sobre a atividade publicitária regional, capazes de dialogar com as impressões sobre os alunos. Na fase exploratória também foi realizada uma observação adjacente, não estruturada (MALHOTRA, 2006), naquele momento ainda superficial sobre os alunos dos cursos de publicidade e propaganda da região. Observação fruto da experiência pessoal de cada um dos componentes da equipe deste trabalho, mas fundamental para o levantamento de hipóteses sobre o problema e para a definição do "objeto". Foi a partir dessa percepção inicial sobre os colegas de sala e também de outras faculdades que surgiu a ideia de discutir a publicidade local sob a ótica dos alunos que em maio de 2017 cursavam o sétimo semestre dos cursos de publicidade e propaganda em Belém e que a depender da Instituição de Ensino Superior (IES) onde estavam matriculados significava estar no último ou o penúltimo semestre de seus cursos. Já na segunda etapa, na fase descritiva estatística, um levantamento do tipo direto (MALHOTRA, 2006) foi realizado durante todo o mês de junho de 2017. Ali foi aplicado um formulário semi-estruturado, com vinte perguntas, em sua maioria fechadas ("dicotômicas", "por escala", "em ordem de preferência") (SAMARA; BARROS, 1997), de forma presencial, diretamente nas instituições em que estudavam os alunos. O intuito era o de conhecer de maneira mais assertiva a opinião desses jovens sobre temas relacionados ao universo social e cultural deles e, claro, também sobre o curso e profissão que escolheram. Essas perguntas versavam, por exemplo, sobre referências musicais, escolha do curso, inspiração, criatividade, comportamento, atividades pessoais e acadêmicas, perfil socioeconômico e sobre o meio publicitário de maneira geral. Contou-se com a participação de cinco das sete instituições de ensino superior, sendo elas FAPAN, FAPEN, FEAPA, UFPA e UNAMA, que receberam os integrantes desta pesquisa mediante apresentação de oficio, tendo ESTÁCIO e CESUPA indeferido a aplicação do questionário em seus alunos sem dar maiores detalhes sobre os. Com isso foram entrevistados 40 alunos de um total de 65 matriculados, totalizando 61,5% do universo, como ilustrado no Quadro 1. Os dados quantitativos foram processados no programa Excel e apresentados como tabelas e gráficos. Este foi um momento triplamente importante porque além de ter possibilitado um conhecimento mais objetivo daquilo que pensavam (ou diziam pensar) esses alunos,as perguntas possibilitaram não apenas quantificar a opinião deles, mas também realizar algum tipo de interpretação capaz de acrescentar outros elementos às nossas análises. Finalmente porque os resultados obtidos possibilitaram a definição dos critérios utilizados na seleção da amostra da etapa seguinte: a "netnográfica". Nesta última fase, estritamente hermenêutica, ocorrida entre os dias 27 de julho e 27 de outubro de 2017, quinze alunos, sendo três de cada instituição participante, foram selecionados e observados em seus movimentos na mídia social Facebook. Uma amostra não probabilística (SAMARA; BARROS, 1997) retirada do universo entrevistado na fase anterior  aqueles se mostraram mais receptivos à pesquisa, que disseram poder disponibilizar um de seus trabalhos acadêmicos para nossas análises, trabalho considerado por eles mesmos como o mais criativo desenvolvido durante o curso (importante aqui como artefato complementar à "netnografia") e que apresentaram claramente suas predileções sobre o motivo de escolha do curso e a visão que tinham dele atualmente, foram ordenados e dessa lista escolhidos como amostra final. Com essa amostra procurou-se preservar alguns aspectos do universo como a identificação ligada ao sexo, idade etc. (SAMARA; BARROS, 1997). Importante esclarecer que o uso deste termo/conceito (netnografia) surge obviamente de uma adaptação do método etnográfico, oriundo da antropologia, para o peculiar ambiente digital e interativo (MONTARDO, 2015). Conceito "cunhado na década de oitenta por Robert V. Kozinets, como uma abordagem etnográfica para pesquisas de marketing visando os estudos de comportamentos de consumidores no ambiente virtual" (PINTO; NETO; COSTA; BEZERRA; SOBRINHO; CYSNE, 2007, p.01). Aplicações iniciais fundamentais para o aprimoramento do conceito como método de pesquisa, evidenciando que através da ""netnografia"", enquanto nova abordagem da etnografia no ciberespaço, é possível conhecer os hábitos de grupos de usuários desta lista uma vez que nela eles podem navegar com maior liberdade e atribuir sentidos aos produtos e serviços a eles ofertados. (PINTO; NETO; COSTA; BEZERRA; SOBRINHO; CYSNE, 2007, p.01). Tudo isso porque a cibercultura exige dos pesquisadores algum nível de atualização em seus métodos. Talvez porque como idéia busque denotar uma realidade bem mais ampla do que aquela abrangida pela comunicação. Por isso, observa-se que é pela área de pesquisa da comunicação, e também da sociologia, da filosofia e da antropologia que se evoca o conjunto de fatos reais e imaginários que se alinham sob este conceito, com o que a comunicação se torna um veículo para a discussão dessa matriz de sentido (MONTARDO, 2015, p. 04). As impressões etnográficas foram analisadas qualitativamente e constam deste relatório como relatos mercadológicos, antropológicos, hermenêuticos.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Os integrantes da equipe dividiram-se para interagir com os alunos e aplicar os questionários. A opção pela coleta dos dados quantitativos por meio do método de contato pessoal (SAMARA; BARROS, 1997) se deu porque buscávamos um  maior número de informações possível dos entrevistados (SAMARA; BARROS, 1997, p. 48). Todas os questionários foram aplicados em sala de aula, nas IES onde os alunos estudavam. Alguns no intervalo e outros durante as aulas, com a óbvia anuência dos respectivos professores. Antes das entrevistas era realizado uma rápida apresentação sobre aquilo que se pretendia, sem aprofundar-se em questões objetivas para se evitar  sujar a amostra com algum tipo de indução. Na fase  netnográfica , de forma semelhante, cada membro da equipe ficou responsável por um grupo de 5 alunos. Normalmente ao final do dia entravamos nos perfis selecionados para observar e catalogar o conteúdo postado. Evitou-se, também ali, induzir os pesquisados. Atuávamos apenas como voyeurs; não havia interação direta entre pesquisadores e pesquisados. Semanalmente a equipe se reunia e trocava impressões sobre a pesquisa. Essas discussões eram gravadas e transcritas em seus pontos principais para um arquivo que posteriormente foi acessado para a formulação das análises finais deste relatório. Especificamente sobre os resultados da fase exploratória, principalmente no que tange ao que já acontece por aí em publicidade (no Brasil e no mundo), foi possível perceber um foco cada vez maior na ideia de entretenimento, na busca por novas formas de lidar com um público ávido por experiências. Talvez por isso o crescimento de estratégias, dentro do campo promocional-publicitário, como as de Live Marketing, Branded Content, Story Telling, Design Thank. Todas prometendo algum tipo de experiência, mesmo que simuladas (JAMESON, 1985). Santanna (2009, p. 72) reforça essa percepção dizendo que  o entretenimento ganha enorme importância nesse momento histórico e impulsiona não apenas a sua própria indústria, [...], mas também toda a publicidade que transforma tudo em um grande espetáculo [...] tudo atrai e diverte . As estratégias de Live Marketing, por exemplo, surgem também da percepção de que as pessoas querem uma compensação pelo que perderam, mesmo que de maneira mágica. Os cassinos de Las Vegas, nos Estados Unidos, são um bom exemplo dessas coisas. Ali, para dentro de prédios luxuosos, levou-se Monte Carlo, Veneza, Paris, a Esfinge, a Estátua da Liberdade, entre tantas outras experiências simuladas para o cômodo desfrute (possibilitado pela técnica) de quem por elas puder pagar. Aqui no Brasil, cidades como Salvador, com seus carnavais de rua organizados em blocos pagos e identificados por camisas coloridas, também são um bom exemplo de como é possível proceder certa atualização do patrimônio cultural (BENJAMIN, 1994) através dessas simulações programadas. A publicidade, o design, o turismo, a moda, e mesmo o jornalismo cada vez mais operam dentro dessa lógica. Em Belém, contudo, parece prevalecer ainda uma ideia estereotipada sobre a publicidade  algo interruptivo e atrelado aos aparatos massivos de comunicação. Amplificada por um tipo de apego à cultura regional, que sabemos ser fortíssima, sem, no entanto, verdadeiramente aproveitá-la em seu potencial mercadológico. Um cacoete (pseudo) regionalista, esquizofrênico, que promove não o desenvolvimento da atividade publicitária na região, mas sua paralisação em um tempo que se quer eterno (JAMESON, 1985). Talvez seja neste sentido que profissionais e professores mais atentos, como Robson Macedo (2018), em entrevista para este estudo, digam que A publicidade e o consumidor paraense odeiam o regionalismo. Em qualquer lugar do mundo o local é visto como um diferencial mercadológico. Em Belém (e a região norte como um todo) o potencial da Amazônia é ignorado como argumento mercadológico pelos locais, os estrangeiros conseguem perceber muito mais o potencial mercadológico que as tradições e a cultura amazônida têm que os locais. (...) O problema maior é entender que nós temos muito potencial para falar usando a nossa tradição como apelo mercadológico, do que importar discurso de algo de fora e adapta-lo aos nossos hábitos. É uma questão de entendimento dos consumidores e principalmente dos publicitários entenderem isso. A publicidade pós-moderna ou a  pós-publicidade é produzida não apenas para vender seus produtos ou serviços, mas também para trazer essas experiências tradicionais perdidas sob uma nova forma. Hibridizada pela vivência fragmentada contemporânea e capaz de aproximar-se verdadeiramente das pessoas. Neste sentido, os resultados da pesquisa com os alunos apontam para uma relação contraditória, típica da  pós-modernidade . Foi interessante observar nos três meses em que durou a  netnografia , que eles não levavam para dentro de suas criações aquilo experienciavam em seu dia-a-dia. São jovens conectados, ligados em tecnologia, música, entretenimento, cultura pop, moda e turismo, mas que pelas produções publicitárias fornecidas em sua maioria peças gráficas e audiovisuais tradicionais (cartazes, folders, spots etc.)  nada disso é aproveitado. O contrário também foi percebido: que em seus ambientes digitais não há discussão, quase nenhuma referência à profissão. Essa contradição entre o que se vive/experiencia e o que se produz em publicidade, também foi percebida na fase descritiva. Quando perguntados, em uma das poucas questões abertas do questionário, sobre qual a fonte principal de inspiração quando desenvolvem trabalhos e soluções em publicidade, cerca de 41% disse ser a  internet e apenas 11% as suas experiências de vida. Fato que sugere duas interpretações: uma, de que não parecem compreender como a mesma coisa a vida dentro e fora da  internet . E (ou) outra, que essas duas coisas já estão tão inseparáveis na atualidade que embotam qualquer outra percepção sobre experiência. Outro resultado importante, se pensarmos nos objetivos da pesquisa, aparece quando perguntamos a eles sobre onde pretendiam atuar após a formatura. 45% disseram pretender abrir seu próprio negócio; 33% seguir carreira acadêmica; outros 4% trabalhar em agência; e os 2% restantes fazendo concursos públicos. O que denota que as agências de publicidade já não fazem mais parte dos objetivos profissionais desses formandos. Um sinal amarelo para a atividade. Por fim, detectou-se três padrões de comportamento distintos: o dos alunos da Universidade pública (UFPA), o dos alunos da Universidade particular (UNAMA) e o dos alunos das Faculdades privadas (FAPAN, FAPEN e FEAPA). Notamos que a amostra da UFPA possuía um perfil mais homogêneo e menos contraditório no que tange à relação entre as respostas ao questionário, comportamento no Facebook e trabalhos apresentados. Esses alunos foram os mais participativos e interessados no momento da coleta dos dados. Isso provavelmente reflete algo relacionado ao ensino ou ao perfil sociocultural deles. Já os alunos da UNAMA pareceram mais focados em suas vidas pessoais. E embora fizessem parte de grupos e fanpages relacionados à Publicidade, não tinham interação alguma com elas e quase nunca publicavam sobre a profissão. Sua colaboração foi mais intricada. Pareciam preocupados em não se  abrir . Quanto aos estudantes das faculdades privadas a semelhança entre eles está no fato de não haver um padrão definidos entre eles. Dentre todos os entrevistados pareciam ser eles os mais desinteressados pelo curso que escolheram. Representam a maioria dos alunos na amostra, somando 24 de um total de 40. Os dados sugerem, finalmente, algum problema na formação desses jovens. Contudo não é possível determinar o seu nascedouro. Até porque não era esse o intuito da pesquisa. O que se pode dizer é que há, sem dúvidas, um distanciamento entre as experiências desses jovens e a profissão que escolheram. Distanciamento que aponta para um futuro incerto e preocupante para a publicidade local.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Aqui, como já revelado, através de um método que une filosofia e antropologia (PINHO, 2015) se quis apenas intuir sobre o futuro da publicidade local. Optou-se, dentro da dificuldade que é extrair um excerto de um trabalho bem maior, de um TCC, por uma análise mais densa sobre o que cada um desses alunos dizia ser e fazer em seu dia-a-dia, o que professavam como representação de si mesmos e da profissão que escolheram. Portanto, reiteramos que as experiências e vivências dos alunos pesquisados foram interpretadas a partir dos fragmentos percebidos nas representações estético-verbais produzidas por eles eem contextos específicos (trabalhos acadêmicos, textos e imagens compartilhados em suas mídias sociais e respostas dadas ao questionário aplicado). Não é demais lembrar, assim, queeste tipo de análise implicasaber que não se deve imaginar que respostas e significados estejam explícitos para a compreensão de todos, mas que apenas conformam indícios de algum tipo de realidade  talvez aquela que apareça em um futuro qualquer no horizonte da publicidade paraense.Atividade que no presente, observando aqueles que serão o seu futuro, parece estar desconectada do mundo e da experiencia atual. Entendemos, no entanto, que ela jamais deveria se desprender do seu tempo, pois dele ela faz parte e ajuda a construir. O futuro da profissão, assim,será também o nosso e o dos alunos aqui pesquisados. O que se espera é que a partir da incorporação das experiencias atuais à atividade publicitária da região, em um futuro próximo, consigamos continuar tratando como sinônimosas palavras  publicidade e  criatividade .</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BENJAMIN, Walter.Passagens. Belo Horizonte: UFMG; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006.<br><br>______. Experiência e Pobreza. In: ______. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 7.ed. São Paulo: Brasilense, 1994a. (Obras escolhidas I). p.115-119.<br><br>______. O Narrador. In: ______. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 7.ed. São Paulo: Brasilense, 1994b. (Obras escolhidas I). p.197-221<br><br>GEERTZ, Clifford, 1926 A interpretação das culturas / Clifford Geertz. - l.ed., IS.reimpr. - Rio de Janeiro : LTC, 2008.<br><br>______. O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa. 13.ed. Petrópolis. Rio de Janeiro: Vozes, 2013.<br><br>JAMESON, Fredric. Pós-modernidade e sociedade de consumo. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n. 12, p. 16-26, jun., 1985.<br><br>MALHOTRA, Naresh. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. 4.ed. Porto Alegre. Rio Grande do Sul: Bookman, 2006.<br><br>PINHO, Relivaldo. Experiência e estética em Dias. in: Antropologia e Filosofia: Experiência e estética na literatura e no cinema da Amazônia. Belém, 2011. Tese (Doutorado em Ciências Sociais). Programa de Pós-Graduação, Universidade Federal do Pará.<br><br>______. Antropologia e Filosofia: experiência e estética na literatura e no cinema da Amazônia. Belém: UFPA, 2015.<br><br>SAMARA, Beatriz Santos. Pesquisa de marketing: conceitos e metodologia. 4 ed. São Paulo: Pearson, 2007: | Vol. único - 5 ex. | 658.83 | S187p<br><br>SANT'ANA, Armando. Propaganda: teoria, técnica, pratica. 8.ed. rev. atual. ed. São Paulo: Cegange Learning, 2009: | Vol. único - 19 ex. | 659.1 | S231p<br><br>NETO, Casemiro Silva et al.  NETNOGRAFIA : UMA ABORDAGEM PARA ESTUDOS DE USUÁRIOS NO CIBERESPAÇO. 2017. 10 f. , Universidade Federal do Ceará, Ceará, 2017.1. Disponível em: <http://repositorio.ufc.br/ri/bitstream/riufc/11579/1/2007_eve_fmpbezerra.pdf>. Acesso em: 08 out. 2017.<br><br>ROCHA, Paula Jung; MONTARDO, Sandra Portella. Netnografia: incursões metodológicas na cibercultura: m. 2015. 22 f. - Feevale, Rio Grande do Sul, 2015.1. Disponível em: <http://www.e-compos.org.br/e-compos/article/view/55>. Acesso em: 05 out. 2017.<br><br> </td></tr></table></body></html>