José Salvador Faro















Entrevista com o professor José Salvador Faro

Realizada em 13 de maio de 2016

Pesquisa e roteiro: Alice Melo

Entrevistadores: Ana Paula Goulart e Cláudio Ornellas

Transcrição: Helio Cantimiro

Edição: Cláudio Ornellas



Onde você nasceu e quando?

Nasci em São Paulo, em 1947, no bairro do Brás, quando o bairro do Brás estava inteiro. Hoje, ele é uma ruína.


Quais os nomes e as atividades dos seus pais?

Meu pai era alfaiate, Paschoal Faro. Minha mãe, Maria Isabel, no início da vida adulta dela foi costureira. Depois, virou dona de casa.


Qual é a sua formação?


Eu sou formado em História pela Universidade de São Paulo, fiz mestrado em Comunicação na Metodista e, depois, fiz doutorado em Jornalismo na ECA, na USP. Fiz um curso de especialização na Cásper Líbero, mas foi um período muito rápido, uma coisa que não teve importância decisiva na minha formação. Importante foi a História e, depois, o mestrado na Universidade Metodista.


Qual foi o tema do seu mestrado?

O tema do meu mestrado foi a história da Intercom, os 15 primeiros anos de existência da Intercom. Eu fiz um estudo sobre o papel que a Intercom teve na rearticulação do movimento intelectual no final dos anos 1970. A Intercom surgiu em 1977, momento em que a sociedade civil começava a se organizar, de maneira um pouco mais consistente, na briga pela reconquista das liberdades democráticas. A Intercom, me parece, fez parte desse cenário. E era um assunto interessante. O tema me foi sugerido pelo professor José Marques de Melo, a propósito dos 15 anos da Intercom. Então, eu fiz a tese sobre esse momento que a Intercom viveu, os primeiros 15 anos, um estudo dos temas que ela desenvolveu nos seus eventos, nas publicações... Tentei fazer uma análise que mostrasse a natureza orgânica da Intercom de maneira mais articulada.


É possível ter acesso a essa tese?


Claro, ela está aí. Acho que foi o primeiro livro que falou sobre a história da Intercom. Ele foi lançado em 1992, no congresso na Metodista, quando a Margarida Kunsch era presidente. E fizeram uma badalação do livro que eu não imaginava que fosse possível. O livro era uma análise bastante despretensiosa. Nunca imaginei que a Intercom pudesse provocar tanta curiosidade. Foi bom, porque eu acho que isso ajudou um pouco a dar maturidade para a Intercom, para compreender melhor como é que o campo da Comunicação se comportou naquele período de consolidação da área e de desafios políticos em função da ditadura.


Quando se iniciou sua relação com a Intercom?

Eu sou um dos fundadores da Intercom. Eu estava lá entre os 12 aventureiros que se reuniram em uma salinha na Cásper Líbero, em 1977. Foi por iniciativa do Zé Marques que fundamos a Intercom. Então, eu acompanhei a vida da Intercom desde o início. Só depois que eu larguei a presidência da Intercom é que eu passei um período, que se estende até hoje, distante da entidade, não por qualquer idiossincrasia, mas porque as minhas atividades se diversificaram muito e eu não tenho tempo de atuar como eu gostaria. Mas eu fui um dos fundadores, e foi bom, porque eu acompanhei esse processo de expansão da Intercom, os primeiros congressos... Foi importante para eu compreender e me animar, também, a escrever sobre isso, porque era uma coisa com a qual eu tinha uma afinidade muito grande, não do ponto de vista apenas pessoal, mas do ponto de vista institucional. A Intercom era uma espécie de criação daqueles 12 abnegados. Foi legal.


A sua experiência pessoal...

Acabou contribuindo para escrever. O ano de 1977 foi bastante emblemático, porque foi o ano em que ocorreu em São Paulo um fato muito curioso: a SPBC [Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência] foi proibida de realizar o congresso dela, por pressão do regime militar. Porque o congresso da SBPC não era um evento científico, tinha extrapolado esse papel. Vai extrapolar este ano também, se vocês ficarem atentos, vai acontecer isso. Então, a PUC de São Paulo, onde eu sou professor, resolveu proteger a SBPC e autorizar que o congresso dela fosse realizado lá. Houve um movimento de garantir que o congresso da SBPC fosse realizado na PUC, à revelia, portanto, daquele autoritarismo que queria impedir de qualquer maneira, queria criar um pretexto para impedir a realização do evento da SBPC. E realizamos. Quando a Intercom foi fundada, a gente estava respirando muito esse ar de mobilização de professores em torno das suas atividades corporativas, atividades científicas... A Intercom foi um pouco nessa onda – com a sua característica específica, mas tinha um clima geral que favorecia o surgimento de entidades. Até, nesse livro que eu escrevi sobre a Intercom, eu digo que havia uma rearticulação da sociedade civil, de base democrática, mas havia também, junto com essa mobilização que estava em torno da imprensa, da imprensa alternativa, havia também um ressurgimento, uma rearticulação, de entidades, que permitia que esse movimento ganhasse um perfil mais maduro, porque tinha um evento para ser organizado, tinha uma organização que dava consistência para esse evento. Então, apesar de a Intercom estar nesse quadro – ela não é uma entidade de vanguarda, pioneira, exclusivamente, mas ela não deixou de fazer parte das entidades de vanguarda que surgiram nessa época. Muito bacana a história da Intercom, esse surgimento.


Veja PDF com a entrevista completa



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