INSCRIÇÃO: 00121
 
CATEGORIA: JO
 
MODALIDADE: JO03
 
TÍTULO: Impressões da Vida: experimentando o jornalismo pelo Samambaia
 
AUTORES: Bruno Souza Destéfano (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS); Bárbara Luiza Gonçalves de Araújo (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS); Luciene de Oliveira Dias (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS); Victor Paulo Carvalho Lisita (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS)
 
PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo, Jornal Impresso, Jornal-Laboratório, Samambaia,
 
RESUMO
Este trabalho apresenta a análise das edições 77, 78, 79 e 80 do Samambaia, jornal laboratorial do curso de Jornalismo da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC), da Universidade Federal de Goiás (UFG). As edições aqui exploradas são fruto da produção de estudantes de duas disciplinas, sendo Jornal Impresso I e Jornal Impresso II, com atuação pontual e localizada de uma monitoria vinculada à professora coordenadora do laboratório. Partimos da compreensão de que o jornal é o espaço para a livre experimentação jornalística no ambiente acadêmico. Dessa forma, o Samambaia tem conseguido integrar as estudantes à realidade que as cerca, bem como aproximá-las ao objeto do jornalismo: a sociedade.
 
INTRODUÇÃO
As práticas comunicacionais só tendem a assumir a função libertadora e revolucionária se a teoria correspondente se mantém orientada para este fim (hooks, 2013). Ao contrário do discurso a-histórico proveniente do liberalismo, e vigente especialmente no século XVIII, indivíduo e sociedade dialogam em uma relação de processo único em que ambas as partes (re)criam a vida, tanto individual como coletiva (REZENDE, 2007). Por conseguinte, a comunicação se constitui em um contexto de pessoas com referenciais locais (DIAS, 2016) que se projetam em significados pela sociedade. Esquivar-se de padrões rígidos e fechados na prática jornalística é perceber qual o público da produção em questão, é reiterar os valores locais em que a relação privada e coletiva acontece, e é transgredir caminhos já conhecidos no percurso comunicacional. O Samambaia, jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás, reverbera estas questões em cada edição produzida. O motriz é que as* estudantes matriculadas nas disciplinas de Jornal Impresso I e Jornal Impresso II experimentem os conhecimentos adquiridos. Neste processo, é fundamental considerar as novas possibilidades de criação a cada semestre em que o jornal é desenvolvido, tornando o produto final, seja este o jornal digitalizado e/ou impresso, fruto da experiência conjunta de aprendizagem, numa busca pela formação de uma "comunidade de aprendizado", conforme nos ensina hooks (2013). As publicações aqui analisadas são referentes ao ano acadêmico de 2017. ਀ *Em desafio a sistemas normativos hegemônicos da escrita, e considerando que estes são impostos por e para pessoas privilegiadas socialmente pelas opressões históricas, o presente trabalho foi construído como uma experimentação de escrita com pronomes femininos, estando totalmente aberto para o diálogo também quanto a esta escolha.
 
OBJETIVO
O fazer jornalístico, como uma complexa gama de práticas que envolvem as histórias das pessoas em seus diversos contextos, é realizado de forma experimental dentro da produção que permeia o jornal Samambaia. As estudantes são orientadas a desenvolver a criatividade em sintonia com o interesse público para aprofundar temas sociais, sem necessariamente se prender a erros ou a questões pragmáticas. Esse exercício tem o intuito de aprimorar a percepção da realidade que circunda as integrantes do laboratório, bem como priorizar a reflexão sobre a prática do jornalismo em si. A proposta primordial do jornal Samambaia é experimentar pensando criticamente os padrões impostos pela rotina de produção do mercado de trabalho jornalístico. Com isso, pretendemos evitar o vício narrativo oriundo de práticas desumanizantes e ao mesmo tempo promover novas possibilidades nas construções textuais, nas apurações, nas entrevistas, nas fotografias, nas charges e, por fim e em longo prazo, no significado de "ser jornalista" perante as demandas que pertencem à determinada sociedade e que clamam por visibilidade. ਀ Assim sendo, o laboratório se torna um mecanismo de aprendizado para entender como funciona a dinâmica dos jornais convencionais de forma a transgredi-la por meio de novas estratégias narrativas. Ao longo dos anos, diversas estudantes que passaram e passam pelo jornal Samambaia se envolvem integralmente ao processo de produção como agentes modificadoras. Desde a concepção até o produto final, como repórteres ou editoras, há a consciência do trabalho, que é coletivo e fruto de uma prática pedagógica transcendente (hooks, 2013) e reflexiva. Até porque a mudança efetiva na estrutura de se pensar o Jornalismo, em médio e/ou longo prazos, emana de um ambiente pedagógico pautado nas pessoas de carne e osso que dão vida aos acontecimentos (LIMA, 2003).
 
JUSTIFICATIVA
Para além de erros e acertos, o Samambaia tem o objetivo de alavancar a reflexão na prática jornalística garantindo impressões da vida cotidiana e profissional. Para além da técnica, os 18 anos do laboratório tem como principal orientação a necessidade de reforçar a importância de participar, em conjunto, de todas as etapas que correspondem ao processo de produção de um jornal, sendo que hoje as edições podem ser encontradas no formato impresso e digital, disponível em . ਀ A atmosfera de cada edição busca alcançar as experiências coletivas de todas as estudantes envolvidas semestralmente no Samambaia, e observar a essência das produções do laboratório é perceber a(s) história(s) das estudantes que as construíram, tal como seus anseios e suas limitações (DIAS, 2010). Assim, o espaço para esta prática é fundamental pois representa o início de uma intensa reflexão sobre os modos de se fazer jornalismo que podem guiar e reforçar futuras escolhas profissionais das estudantes. ਀ Desde o primeiro ano de experimentações, em 2000, a angulação do jornal é vinculada com o seu próprio nome, sendo que atualmente ainda carrega as características que o originou. Samambaia é a designação que identifica o Campus II da UFG, onde é localizado o curso. O objetivo era construir um jornal que refletisse a realidade social e geográfica da população do campus e entorno, sem excluir temática alguma. ਀ Até hoje, nas últimas edições produzidas em 2017, a responsabilidade com a história local é um dos horizontes visualizados tanto na elaboração e cumprimento de pautas, quanto na edição das reportagens e finalização do jornal. E, com isso, as estudantes apreendem os problemas ao redor do espaço em que estudam, da sua comunidade, de seu país e da civilização contemporânea com o olhar mais profundo. Esse olhar, que assume diferentes papéis ao longo da experiência com o laboratório - indo de repórteres a editoras, de fotojornalistas a diagramadoras -, estabelece diálogos possíveis com pessoas de carne e osso, portadoras de histórias singulares e ao mesmo tempo universais. Por isso, a possibilidade de afirmarmos nossa busca pelo caráter humanizado proposto por Medina (2000).
 
MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS
O Samambaia é pensado por estudantes que fazem parte de determinadas disciplinas do curso de Jornalismo que se relacionam com a produção do jornal. No primeiro semestre de 2017, a dinâmica se deu como em edições anteriores, com as alunas de Jornal Impresso II, em suas funções de editoras, produzindo pautas das reportagens, sob a orientação da professora Luciene Dias. Após as pautas ficarem prontas, as discentes de Jornal Impresso I, atuando como repórteres sob a supervisão da professora Luana Borges, iniciaram a apuração sobre o tema escolhido, marcaram as entrevistas com as fontes e conversaram com a docente e a editora sobre possíveis angulações para o texto. Neste período em específico, alunas da disciplina de Fotojornalismo foram incumbidas de escolherem uma das pautas para que fossem feitos os registros fotográficos que ilustrariam as reportagens. ਀ A escolha por dividir as funções em turmas diferentes se dá para que o corpo discente consiga assimilar cada etapa do fazer jornalístico com o tempo necessário para que, assim, os conteúdos e as técnicas tornem-se fluídas e naturais. A reportagem final não é apenas um texto correto com um roteiro de apuração (LAGE, 2001). Desde o início, foi sugerido que as produções visassem uma abordagem mais pessoal para com as personagens, podendo a aluna fazer uso de métodos do jornalismo literário para mostrar além dos dados e das falas, o que proporciona uma visão além do exercício jornalístico que está em vigor. ਀ O órgão laboratorial é um instrumento de reprodução da prática jornalística vigente ou um veículo para a criação de alternativas em relação ao que existe na sociedade? As duas opções são fundamentais: reproduzir a realidade, criar inovações. É importante manter as duas formas, combinando-as, intercalando-as e integrando-as. Nos próprios exercícios didáticos que se realizam nos laboratórios é possível contrabalançar a reprodução dos padrões jornalísticos dominantes com a criação de novos modelos que possam constituir alternativas viáveis (LOPES, 1989, p. 34). ਀ Isto trouxe diálogos entre os textos e as produções fotográficas, feitas, em sua maioria, em conjunto com a repórter no momento de ir ao campo realizar uma entrevista. ਀ Como qualquer projeto de pesquisa, envolve imaginação, insight: a partir dos dados e indicações contidos na pauta, a busca do ângulo (às vezes apenas sugerido ou nem isso) que permita revelar uma realidade, a descoberta de aspectos das coisas que poderiam passar despercebidas (LAGE, 2001, p. 35). ਀ A intenção do jornal é trabalhar com reportagens de temáticas diversas e fatos cotidianos que envolvem a comunidade ao redor do Campus Samambaia. Após textos e imagens ficarem prontos, cabe às editoras revisar e decidir como será a disposição dos materiais na nova edição do Samambaia. Os produtos jornalísticos são encaminhados para o ao docente responsável pelo Laboratório Orientado de Diagramação, e para a monitoria. Os dois, em conjunto com a docente de Jornal Impresso II, desenvolvem o layout, bem como o espaço gráfico e os elementos de expressão. ਀ No segundo semestre de 2017, a organização das disciplinas para a produção do Samambaia sofreu mudanças. As alunas de Jornal Impresso I e Jornal Impresso II formaram uma única turma, com a intenção de tornar orgânica e próxima a movimentação de ideias para as pautas e angulação dos textos. As responsabilidades de cada discente em sua própria disciplina continuaram as mesmas. Contudo, já não havia mais distanciamento entre a sugestão das pautas e escolha das repórteres para produzi-las. A orientação ficou a cargo da coordenação do Samambaia, em ação conjunta com a necessidade de estágio docente. A estagiária Raphaela Ferro trouxe sua experiência em redação de jornal impresso para a disciplina para que, ainda mais, fosse possível subverter os moldes vigentes de maneira que as alunas continuassem um "processo social de produção de sentidos" (BORGES, 2012, p. 306). ਀ Ao noticiarem o imediato e não serem capazes de promover um movimento de síntese que abarque a totalidade histórica, ou ao menos que dela se aproxime, os veículos jornalísticos contribuem para o fortalecimento de um pensamento disperso sobre a vida e suas conjunturas. (BORGES, 2012, p. 305). ਀ As produções fotográficas ficaram sob a responsabilidade das próprias repórteres. Além disso, a equipe de edição foi auxiliada pela monitoria de diagramação na montagem do layout. Todo o conjunto de produção do jornal Samambaia propõe mais do que conhecimento técnico, promove também a reflexão do papel que elas estão exercendo dentro da produção jornalística, assim como da função e importância da produção para a sociedade. No intervalo de um ano, foram lançadas quatro edições, a de número 77 foi produzida no segundo semestre de 2016 e lançada em maio de 2017. No mesmo ano, as edições 78, 79 e 80 foram elaboradas, com datas de julho, agosto e dezembro, respectivamente.
 
DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO
5.1. Edição 77 (maio de 2017) – Tomar ou não tomar: Especialista tira dúvidas sobre eficácia e riscos da pílula anticoncepcional਀ O propósito socioeducativo do jornal Samambaia veio à tona nesta edição, que buscou apresentar questões pertinentes à realidade política do Brasil, às desigualdades de gênero e à inserção de jovens universitárias no mercado de trabalho, provocando reflexões a partir da realidade local. Buscando tematizar acerca de tópicos de interesse de mulheres e perpassando o machismo, o jornal contêm matérias referentes à conjuntura política misógina do Brasil, em meio ao impeachment da primeira presidenta eleita do país. A primeira página é uma apresentação de feminismos por meio do editorial, ilustrações e uma resenha sobre o livro de Chimamanda Ngozi Adchie, “Para Educar Crianças Feministas: Um Manifesto” (Companhia das Letras, 2017).਀ Em concordância com a necessidade de colocar em evidência as vivências plurais das mulheres brasileiras, a sessão “Olhares” encerra traz fotos que representam a resiliência de estudantes e servidoras da FIC. Além desse tema, a pluralidade que o Samambaia pretende abordar é alcançada nessa edição com reportagens sobre cultura (a utilidade pública dos brechós, na página 14, e o poder educativo da música, na página 15), política (tensão em assembleias universitárias, na página 10, e movimentos de esquerda, na página 11) e dificuldades em carreiras profissionais (páginas 3, 4 e 5).਀ 5.2. Edição 78 (julho de 2017) - Mãos à Horta: iniciativa aproxima comunidade ao promover plantio de vegetais e legumes em praças e escolas਀ A prática do jornalismo literário aliada às narrativas desta edição foi uma característica marcante desde os estudos obtidos em Jornal Impresso I pelas estudantes-repórteres, do primeiro semestre de 2017. Alegorias, descrições e multidimensões de narradoras ganharam espaço na maioria das reportagens.਀ A matéria que foi o destaque da capa, trabalhada nas páginas 8 e 9, e tema do editorial, se refere a um grupo responsável pela implementação de hortas comunitárias em locais ociosos e de vulnerabilidade alimentar. Ao longo do texto, as descrições cooperaram para demonstrar que o trabalho do "EcomAmor" só é possível quando a comunidade do próprio bairro, estudantes, crianças e todas as pessoas envolvidas direta e indiretamente no processo participam em conjunto para a construção de determinada horta. A literalidade referente ao primeiro parágrafo gera identificação instantânea para incentivar a imersão da leitura e da importância em se aprofundar o assunto que será discorrido dali para frente.਀ "Ansiedade sem freio na hora da prova", nas páginas 4 e 5, e "A frágil estrutura da magrela", na página 10, são dois grandes exemplos de reportagens que também mesclam a forma de se narrar com a própria história. Na primeira, o uso de travessão marca um diálogo entre instrutora e aluna durante aulas práticas para a obtenção da CNH, e essa conversa de tempo em tempo aparece entre os parágrafos da matéria para demonstrar como a ansiedade influencia o pleno aprendizado. Dessa forma, a descrição de um contexto real traz à tona problemas no processo de avaliação para se retirar a carteira de motorista, bem como dá suporte para entender os motivos pelos quais a taxa de reprovação é grande na capital goianiense. Na segunda matéria, o repórter descreve, em prós e contras, a sua antiga experiência de ter uma bicicleta como meio de locomoção para frequentar o Campus Samambaia da UFG. Ele a revive para a reportagem e, nesse meio tempo, expõe todas as complicações de quem atualmente compartilha da mesma realidade.਀ Esta edição também possui um especial com quatro colunas de cinema, música e representatividade. O Olhares, sempre localizado ao fim da edição, corrobora com reportagem destaque da capa por meio de fotos em que agricultoras familiares, na cidade de Itapuranga/GO, desenvolvem atividades para driblar a falta de programa de incentivos.਀ 5.3. Edição 79 (agosto de 2017) – O silêncio que grita: mulheres universitárias relatam sua convivência com a ansiedade਀ A produção do Samambaia reflete o perfil da turma autora. Nessa edição, esse fato se sobressaiu. O semestre em que foi produzida contou com uma equipe sensível e detalhista, resultando em um jornal recheado de questões sociais, sendo este movimento perceptível inclusive no seu editorial, repleto de emoções ao mesmo tempo. A sensibilidade se destacou em textos literários em que houve imersão tanto das fontes quanto das próprias repórteres-estudantes nas histórias retratadas.਀ A capa ilustra essa característica com a reportagem “Vômito para acabar com o silêncio” (páginas 8 e 9), na qual a autora se coloca inteiramente no texto e tece seu próprio relato. A história da repórter inicia o texto e nos conduz a perceber que, apesar de as vivências representadas serem diferentes, carregam algo em comum: suas protagonistas são todas mulheres universitárias. Simultaneamente, o modelo da matéria propõe aumentar o grau de aproximação entre espectadora e o texto, buscando levá-la a se identificar e ter empatia com o assunto e as personagens.਀ Esse estilo de escrita perpassa toda a edição, variando em grau dependendo da matéria, pela sua proposta - como é ressaltado no editorial - ser tratar sobre saúde mental. A escolha do tema foi realizada pela proximidade das repórteres-estudantes com ele, além do fato de anteceder o Setembro Amarelo, mês de campanha de prevenção do suicídio.਀ Em síntese, a edição 79 objetivou apresentar e reforçar uma prática jornalística humanizada na qual a jornalista não se priva de suas próprias noções de mundo e emotividade. O Olhares contou com ilustrações das alunas da disciplina de Jornalismo Ilustrado orientadas pelo professor Sálvio Juliano, inspiradas em textos da escritora Clarice Lispector para exposição em um sarau em homenagem às obras da mesma. ਀ 5.4. Edição 80 (dezembro de 2017) – Feminicídio: Resultado de cadeia de opressões਀ A diversidade de temas compôs uma edição repleta de informações e representativa da pluralidade que envolve a (r)existência humana. Reportagens voltadas à localização em que o jornal é produzido (a própria UFG, Goiânia e Goiás) propuseram que o público questionasse e se inteirasse a respeito das instituições públicas, cultura e serviços que o cercam. Devido à pungência dos feminicídios em Goiás, em atenção ao de Mayara Amaral, estudante de Música da UFG, este tema se destacou na capa com tristeza e instigando a luta contra a violência às mulheres.਀ Ademais, o jornal ressalta positividade em relação ao mercado de trabalho local, a fim de proporcionar esperança e estimular a busca das leitoras por emprego, na página 4. A seguir, a problematização envolve o liberalismo conservador em ascensão em meios universitários, em concordância com a evidência insurgente da direita no país (página 5). A utilidade pública é satisfeita em larga escala pelas reportagens das duas páginas subsequentes (6 e 7), que tratam dos perigos da privatização de órgãos governamentais e o atraso nas obras do Bus Rapid Transit (BRT, Trajeto Rápido para Ônibus, em tradução livre) de Goiânia. Essa satisfação volta a ser realizada na página 10, referente à espera de idosos por atendimento médico especializado na Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O clima de urgência e necessidade irremediável de discussão é posto em prática nestas duas matérias para estabelecer sentimentos de prontidão da leitora para a mensagem seguinte, nas páginas 8 e 9, sobre os índices alarmantes de feminicídios em Goiás. ਀ Logo após, por acreditar que a informação é uma forma legítima de combate a preconceitos, o jornal apresenta experiências de pessoas assexuais e define, por meio destas, a assexualidade (página 11). Essa reportagem exemplifica o princípio editorial do labor jornalístico ser orientado por vivências e não crendices ou conceitos coercitivamente estabelecidos.
 
CONSIDERAÇÕES
Em mais um ano de existência, o Samambaia continua sua trajetória de contar histórias em níveis pessoais e profundos, através de fotos e textos pautados com temáticas que descentralizam discursos hegemônicos, homogêneos e opressores. O jornal consegue ir além da aprendizagem das alunas de romper barreiras do mercado e reverencia com nova visão o que está sendo ignorado. Mais do que nunca, o papel da jornalista na luta cotidiana pela conquista da cidadania, envolvendo os direitos civis, políticos e sociais, se faz presente para ajudar na promoção e construção de um horizonte de possibilidades melhores. Os resultados permitem que toda pessoa envolvida no laboratório਀ (...) se exercite na capacitação e análise dos problemas dos problemas de sua comunidade, de seu país e da civilização contemporânea. (...) Esse processo dá margem ao desenvolvimento de experiências para a renovação dos processos jornalísticos, tanto na redação quanto na parte gráfica, que serão submetidos à apreciação dos orientadores dos veículos de imprensa locais para uma possível adoção em seus meios de informação (LOPES apud BELTRÃO, 1989, p. 49).਀ Nesse sentido, as alunas integrantes das disciplinas tomam conhecimento do que está além dos fatos reportados pela grande mídia. É criada uma percepção de que os textos podem ir além do lide e adentrar em estilos que valorizam as características das personagens, o cenário onde vivem, as pessoas com quem conversam e o passado que ajudou a moldar quem são atualmente. Ao mesmo tempo, cria-se a consciência de que não existe história mais importante que outra. Existem histórias, sendo cada uma significativa a sua maneira.਀ Experiência, encorajamento, construção e emancipação atuam simultaneamente na idealização de uma produção nova, que afeta, do início ao fim, cada envolvida no desenvolvimento. Se a sociedade é fluida e repleta de diferentes tipos de olhares, por que o jornalismo também não deveria ser assim?਀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀☀渀戀猀瀀㬀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀㰀猀瀀愀渀 猀琀礀氀攀㴀∀挀漀氀漀爀㨀 ⌀攀搀㄀戀㈀㐀∀㸀㰀戀㸀刀䔀䘀䔀刀쨀一䌀䤀䄀匀 䈀䤀䈀䰀䤀伀䜀刀섀䤀䌀䄀匀㰀⼀戀㸀㰀⼀猀瀀愀渀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀 眀椀搀琀栀㴀∀㤀 ─∀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀䈀伀刀䜀䔀匀Ⰰ 刀⸀ 䴀⸀ 刀⸀㬀 䐀䔀唀匀Ⰰ 䨀⸀ 䈀⸀ 䨀漀爀渀愀氀椀猀洀漀 攀 䜀攀漀最爀愀昀椀愀 渀漀 攀猀瀀愀漀 攀 渀漀猀 琀攀洀瀀漀猀 瘀椀瘀椀搀漀猀㨀 攀渀挀漀渀琀爀漀猀Ⰰ 搀椀氀漀最漀猀 攀 瀀漀猀猀椀戀椀氀椀搀愀搀攀猀 渀漀猀 洀甀渀搀漀猀 攀 渀漀猀 洀漀搀漀猀⸀ 䤀渀㨀 䴀䄀䤀䄀Ⰰ 䨀甀愀爀攀稀 䘀攀爀爀愀稀 搀攀⸀ 䄀琀甀愀氀椀搀愀搀攀㨀 攀猀琀甀搀漀猀 挀漀渀琀攀洀瀀漀爀渀攀漀猀 攀洀 樀漀爀渀愀氀椀猀洀漀⸀ 䜀漀椀渀椀愀㨀 䔀搀⸀ 搀愀 倀唀䌀ⴀ䜀漀椀猀Ⰰ ㈀ ㄀㈀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䐀䤀䄀匀Ⰰ 䰀甀挀椀攀渀攀 伀⸀ 匀愀洀愀洀戀愀椀愀㨀 䨀漀爀渀愀氀ⴀ氀愀戀漀爀愀琀爀椀漀 挀漀洀漀 挀漀渀猀琀爀甀漀 挀漀氀攀琀椀瘀愀⸀ 䤀渀㨀 䴀䄀䤀䄀Ⰰ 䨀甀愀爀攀稀 䘀攀爀爀愀稀 搀攀 ⠀漀爀最⸀⤀⸀ 䨀漀爀渀愀氀椀猀洀漀 唀䘀䜀⸀ 䜀漀椀渀椀愀㨀 䘀唀一䄀倀䔀⼀䘀愀挀漀洀戀Ⰰ ㈀ ㄀ ⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䐀䤀䄀匀Ⰰ 䰀甀挀椀攀渀攀 伀⸀ 嘀椀瘀攀爀 愀昀攀琀愀搀漀㨀 愀 椀洀攀爀猀漀 攀渀焀甀愀渀琀漀 瀀爀漀瀀漀猀琀愀 瀀愀爀愀 攀猀琀甀搀愀爀 挀漀洀甀渀椀挀愀漀⸀ 䤀渀㨀 䴀伀刀䄀䔀匀Ⰰ 숀渀最攀氀愀 吀攀椀砀攀椀爀愀 搀攀㬀 䴀䄀䤀䄀Ⰰ 䨀甀愀爀攀稀 搀攀㬀 䘀䄀刀䤀䄀匀Ⰰ 匀愀氀瘀椀漀 䨀甀氀椀愀渀漀 倀攀椀砀漀琀漀 ⠀漀爀最猀⸀⤀⸀ 䔀猀琀甀搀漀猀 䌀漀渀琀攀洀瀀漀爀渀攀漀猀 攀洀 䨀漀爀渀愀氀椀猀洀漀 ⠀䌀漀氀攀琀渀攀愀 㐀⤀⸀ 䜀漀椀渀椀愀㨀 唀䘀䜀⼀䘀䤀䌀Ⰰ 䜀爀昀椀挀愀 唀䘀䜀Ⰰ ㈀ ㄀㘀⸀ 㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䠀伀伀䬀匀Ⰰ 戀攀氀氀⸀ 䔀渀猀椀渀愀渀搀漀 愀 琀爀愀渀猀最爀攀搀椀爀㨀 䄀 攀搀甀挀愀漀 挀漀洀漀 瀀爀琀椀挀愀 搀愀 氀椀戀攀爀搀愀搀攀⸀ 匀漀 倀愀甀氀漀㨀 圀䴀䘀 䴀愀爀琀椀渀猀 䘀漀渀琀攀猀Ⰰ ㈀ ㄀㌀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䰀䄀䜀䔀Ⰰ 一椀氀猀漀渀⸀ 䄀 爀攀瀀漀爀琀愀最攀洀㨀 琀攀漀爀椀愀 攀 琀挀渀椀挀愀 搀攀 攀渀琀爀攀瘀椀猀琀愀 攀 瀀攀猀焀甀椀猀愀 樀漀爀渀愀氀猀琀椀挀愀⸀ 㜀⸀ 䔀搀⸀ 刀椀漀 搀攀 䨀愀渀攀椀爀漀㨀 刀攀挀漀爀搀Ⰰ ㈀  㠀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䰀䤀䴀䄀Ⰰ 䔀搀瘀愀氀搀漀 倀攀爀攀椀爀愀⸀ 倀最椀渀愀猀 愀洀瀀氀椀愀搀愀猀 ጀ†伀 氀椀瘀爀漀ⴀ爀攀瀀漀爀琀愀最攀洀 挀漀洀漀 攀砀琀攀渀猀漀 搀漀 樀漀爀渀愀氀椀猀洀漀 攀 搀愀 氀椀琀攀爀愀琀甀爀愀⸀ ㌀⸀ 攀搀⸀ 䈀愀爀甀攀爀椀㨀 䴀愀渀漀氀攀Ⰰ ㈀  㐀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䰀伀倀䔀匀Ⰰ 䐀椀爀挀攀甀 䘀攀爀渀愀渀搀攀猀 愀瀀甀搀 䈀䔀䰀吀刀쌀伀Ⰰ 䰀甀椀稀 ⠀䴀琀漀搀漀猀 攀洀 氀愀 䔀渀猀攀愀渀稀愀 搀攀 氀愀 吀挀渀椀挀愀 搀攀氀 倀攀爀椀漀搀椀猀洀漀Ⰰ 儀甀椀琀漀Ⰰ 䌀䤀䔀匀倀䄀䰀Ⰰ ㄀㤀㘀㌀⤀⸀ 䨀漀爀渀愀氀ⴀ氀愀戀漀爀愀琀爀椀漀㨀 搀漀 攀砀攀爀挀挀椀漀 攀猀挀漀氀愀爀 愀漀 挀漀洀瀀爀漀洀椀猀猀漀 挀漀洀 漀 瀀切戀氀椀挀漀 氀攀椀琀漀爀⸀ 匀漀 倀愀甀氀漀㨀 匀椀洀洀甀猀Ⰰ ㄀㤀㠀㤀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䰀伀倀䔀匀Ⰰ 䐀椀爀挀攀甀 䘀攀爀渀愀渀搀攀猀⸀ 䨀漀爀渀愀氀ⴀ氀愀戀漀爀愀琀爀椀漀㨀 搀漀 攀砀攀爀挀挀椀漀 攀猀挀漀氀愀爀 愀漀 挀漀洀瀀爀漀洀椀猀猀漀 挀漀洀 漀 瀀切戀氀椀挀漀 氀攀椀琀漀爀⸀ 匀漀 倀愀甀氀漀㨀 匀椀洀洀甀猀Ⰰ ㄀㤀㠀㤀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䴀䔀䐀䤀一䄀Ⰰ 䌀爀攀洀椀氀搀愀⸀ 䔀渀琀爀攀瘀椀猀琀愀㨀 伀 搀椀氀漀最漀 瀀漀猀猀瘀攀氀⸀ 匀漀 倀愀甀氀漀㨀 섀琀椀挀愀Ⰰ ㈀   ⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀刀䔀匀䔀一䐀䔀Ⰰ 䄀渀椀琀愀 䌀爀椀猀琀椀渀愀 搀攀 䄀稀攀瘀攀搀漀⸀ 䐀愀 刀攀氀愀漀 䤀渀搀椀瘀搀甀漀 攀 匀漀挀椀攀搀愀搀攀⸀ 䔀搀甀挀愀琀椀瘀愀Ⰰ 䜀漀椀渀椀愀Ⰰ 瘀⸀ ㄀ Ⰰ 渀⸀ ㄀Ⰰ 瀀⸀ ㈀㤀ⴀ㐀㔀Ⰰ 渀漀瘀⸀ ㈀  㜀⸀ 䤀匀匀一 ㄀㤀㠀㌀ⴀ㜀㜀㜀㄀⸀ 䐀椀猀瀀漀渀瘀攀氀 攀洀㨀 㰀栀琀琀瀀㨀⼀⼀猀攀攀爀⸀瀀甀挀最漀椀愀猀⸀攀搀甀⸀戀爀⼀椀渀搀攀砀⸀瀀栀瀀⼀攀搀甀挀愀琀椀瘀愀⼀愀爀琀椀挀氀攀⼀瘀椀攀眀⼀㄀㜀㌀㸀⸀ 䄀挀攀猀猀漀 攀洀㨀  㠀 愀戀爀⸀ ㈀ ㄀㠀⸀ 搀漀椀㨀栀琀琀瀀㨀⼀⼀搀砀⸀搀漀椀⸀漀爀最⼀㄀ ⸀㄀㠀㈀㈀㐀⼀攀搀甀挀⸀瘀㄀ 椀㄀⸀㄀㜀㌀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀ऀ㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀