ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #ed1b24"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00208</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #ed1b24"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #ed1b24"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO08</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #ed1b24"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;O Aborto é legal, mas burocracia e moral atrapalham</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #ed1b24"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Patrícia Nadir Rodrigues (Universidade Católica de Brasília); Renata Giraldi Dias (Universidade Católica de Brasília)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #ed1b24"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;aborto, jornal-laboratório, mulher, reportagem, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A reportagem foco deste paper aborda os desafios que as mulheres brasileiras enfrentam na hora de recorrer ao aborto nos casos em que lei permite o procedimento. A matéria "O aborto é legal, mas burocracia e moral atrapalham" foi produzida entre agosto e setembro do ano de 2017 na disciplina Produção e Edição em Impressos, na Universidade Católica de Brasília. Será apresentado aqui as etapas de pré-produção, produção e edição da referida reportagem.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A reportagem "O aborto é legal, mas burocracia e moral atrapalham" foi produzida entre agosto e setembro de 2017 na disciplina de Produção e Edição de Impressos na Universidade Católica de Brasília. Ao todo, a matéria ocupou duas páginas da edição em que foi capa do jornal-laboratório Artefato. Além do texto, foi usada uma ilustração, feita por um aluno de Publicidade da instituição, que desenhava a escultura Justiça. Na segunda página da matéria foram feitos dois box com os pontos de vistas dos favoráveis e contrários a legalização do aborto. No Brasil, o aborto ainda é uma temática polêmica, principalmente por ser cercada de diferentes pontos de vista. Neste paper será abordado especificamente casos em que, apesar da interrupção da gestação ser permitida por lei, mulheres enfrentam burocracia ao recorrerem a alternativa. Hoje, o aborto é permitido no nosso país em três casos: quando a mulher corre risco de morte, se a gravidez é fruto de estupro e se o feto é diagnosticado com anencefalia (sem cérebro). O produto apresentado traz como personagem uma jovem que foi estuprada pelo patrão da casa de família em que trabalhava. Durante a agressão ela engravidou. Embora tenha tentando apoio em um posto de saúde público do Distrito Federal, a brasiliense não conseguiu informações sobre interrupção da gravidez para casos assim. Ela foi informada apenas a ir a uma delegacia de polícia. Desamparada e com medo da reação do abusador, a mulher recorreu a um aborto clandestino. A reportagem foi desenvolvida tendo como pano de fundo os preceitos e técnicas do jornalismo investigativo, uma vez que a repórter utilizou recursos para checagem da desatenção do Estado com as mulheres que necessitam deste apoio. Foi uma pauta com fontes, personagens e dados.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O intuito deste trabalho é apresentar a reportagem-capa da primeira edição do jornal-laboratório do segundo semestre de 2017 do curso de Comunicação Social - habilitação Jornalismo da Universidade Católica de Brasília, chamado Artefato. A reportagem foi toda feita com base nas técnicas de produção jornalística aprendidas pela autora no decorrer dos semestres do curso. Além disso, a apuração foi feita com base nas orientações da pauta oferecida pela professora que ministrou a disciplina. O produto mostra as dificuldades que mulheres que têm direito ao aborto no Brasil enfrentam. A repórter foi atrás de desvendar o que acontece quando, em tese, basta a decisão da mulher brasileira para que se tenha acesso a essa alternativa. Durante a apuração, foi se percebendo que a realidade enfrentada por elas é bem complicada. Há deficiência em divulgação de orientações e os atendimentos são bem dificultosos. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A reportagem "O aborto é legal, mas burocracia e moral atrapalham" se propõe a entregar algo sincero e que chame a atenção para uma questão que se apresenta como um problema de saúde pública. O que se pretendeu foi apontar um holofote para mulheres que enfrentam inúmeros empecilhos na hora de recorrer ao aborto em casos que a lei permite. A premissa de trabalho foi mostrar que brasileiras que precisam desse tipo de assistência não conseguem ajuda tão fácil. O produto não levou em consideração apenas técnicas e práticas jornalísticas. A autora optou também por humanizar a reportagem como um todo. Neste sentido, o ponto forte do trabalho foi o relato da personagem. A história de vida da brasiliense que na matéria preferiu usar um nome fictício comove o leitor ao mostrar uma realidade bruta e violenta que inúmeras mulheres brasileiras enfrentam. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para a elaboração da reportagem foram usados técnicas de produção jornalística. O ponto pé inicial foi a elaboração de uma pauta contendo a descrição, o modo de elaboração do processo de apuração e os objetivos do produto final. Em seguida, começou a construção da matéria por meio de uma pesquisa concisa sobre o assunto. Nesta etapa, foi feito um contato telefônico com o Ligue 180, serviço de denúncia de violência contra a mulher, criado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres em 2005, a fim de conseguir informações sobre o procedimento abortivo para casos em que a lei permite. O resultado dessa ligação foi o primeiro sinal da desatenção que cerca o tema: a autora foi instruída a procurar uma unidade de saúde porque o atendimento "não possuía essa informação". O ponto mais crítico que a repórter enfrentou na apuração foi quando deu com a cara na porta de três hospitais públicos do Distrito Federal ao tentar se informar sobre as alternativas de aborto em caso de estupro, risco de vida e feto anencéfalo. Ao tentar descobrir como o atendimento funciona, a repórter sentiu na pele como quem precisa interromper a gravidez no Brasil deve se sentir. Desamparada e sem informações suficientes. A arte apresentada junto a reportagem foi feita pelo estudante de Publicidade e Propaganda Benny Silva da Universidade Católica de Brasília, por meio do software Adobe Illustrator. Trata-se de uma representação da Justiça, escultura localizada em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal, em Brasília. A obra é do artista plástico Alfredo Ceschiatti, feita em 1961 em um bloco monolítico de granito de Petrópolis, medindo 3,3 metros de altura e 1,48 metros de largura. (Informações obtidas na Wikipédia. Acesso em 22 de abril de 2018). Essa ilustração, na reportagem, foi usada para representar o impasse da interrupção da gravidez no país: apesar da Justiça autorizar para casos específicos, mulheres que precisam deste apoio enfrenta inúmeros problemas. A reportagem foi feita à sombra dos preceitos de jornalismo de dados. Em um texto publicado pelo Observatório da Imprensa, o jornalista Ricardo Missão acentua as características desta área em casos em que o auxílio do computador se prova essencial durante a apuração. "Uma das ferramentas importantes e aliadas do jornalista investigativo é o uso do jornalismo de dados ou a Rac (Reportagem com Auxílio do Computador). Isso permite que o profissional tenha subsídios para a pauta. É possível ampliar a pesquisa com cruzamentos de dados e informações que, muitas vezes, estão ocultas ou não são disponibilizadas de maneira transparente pelos órgãos públicos ou empresas privadas. Com a Rac fica viável pautar diversos assuntos por meio de análises comparativas e dados históricos coletados (MISSÃO, 2017)." </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O produto apresentado neste paper foi produzido na disciplina obrigatória Produção e Edição de Impressos do curso de Jornalismo da Universidade Católica de Brasília, ministrada no segundo semestre de 2017. O objetivo da disciplina laboratorial é incentivar os alunos a colocarem a mão na massa e produzirem reportagens para o meio impresso. Todo o trabalho da disciplina é desenvolvido pelo estudantes, desde a sugestão de pautas que se encaixem no projeto editorial do jornal, passando pela definição gráfica até a distribuição do produto. Logo no início do semestre os alunos tiveram de apresentar uma sugestão de pauta para ser produzida para o jornal-laboratório. O tema para esta reportagem surgiu a partir do sensação de injustiça sentida pela autora perante a realidade das mulheres que precisam abortar no Brasil, têm o direito, mas não conseguem realizar o procedimento por questões burocráticas e moralistas. O assunto é de grande relevância, sobretudo se for levado em consideração que por falta de atenção do Estado se tornou uma questão de saúde pública. Um ponto a favor no processo de produção da reportagem foi a orientação da professora Renata Giraldi, docente que ministra a disciplina. Ela foi apontando caminhos possíveis para uma boa realização do trabalho. Após alguns ajustes, arregacei as mangas e comecei a apuração e produção da pauta. Uma primeira preocupação que tive foi de conferir outras reportagens sobre a mesmo temática para evitar cair em recortes recorrente e desgastados. Em seguida, procurei pesquisas e levantamento do cenário. Nesta parte, foi de grande ajuda um estudo feiro pelo Instituto de Bioética Anis da Universidade de Brasília (UnB) que aponta que uma em cada cinco mulheres brasileiras até 40 anos já fez um aborto ao longo da vida. Esse dado foi importante para ilustrar que interrupção de gestação é sim uma realidade no cotidiano brasileiro. Fui atrás de especialistas que pudessem contribuir com interpretações acerca do tema. Entrei em contato via Whatsapp com Tâmara Gonçalves, advogada, doutora em Direitos Humanos pela USP e integrante do Comitê Latino-Americano para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM). Como ela estava no Canadá participando de eventos acadêmicos, ficou combinado de mantermos contato pela plataforma de conversa mesmo. Enviei, então, sugestões de perguntas sobre a questão da legalização do aborto para ela. Logo, Tâmara me respondeu por áudio apontando vários esclarecimentos do assunto. Além dela, na segunda semana de apuração fiz contato por e-mail com Tânia Siqueira Montoro, professora doutora da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB). A docente, que também é pesquisadora da temática, apontou que vários equívocos que marcam o impasse em torno da descriminalização do aborto. Segundo ela, são falhas de informação, questões de responsabilidade pessoal e também de ausência de isenção sobre o tema. Após essas duas semanas, eis que surgiu o maior problema da reportagem: encontrar uma personagem para humanizar o produto jornalístico. Foram buscas e mais buscas por alguma mulher que já tivesse interrupção a gravidez em caso de estupro, risco de morte para mãe ou feto anencéfalo. Não consegui encontrar nenhuma que já tivesse realizado o procedimento pelo Programa de Interrupção Gestacional Previsto em Lei, que segue diretrizes do Ministério da Saúde. Três semanas após ter iniciado o processo de apuração, uma colega de uma roda de debate sobre igualdade de gênero que participo me sugeriu de entrar em contato com entidades feministas que visam ajudar mulheres que sofrem algum tipo de violência. A partir de então fiz contato por telefone com várias ONGs que trabalham nesse sentindo. Até que um coletivo feminista me colocou em contato com Antonieta Silva, de 26 anos (nome fictício, pois personagem preferiu não se identificar). Durante a entrevista com a brasiliense que relatou um abuso sexual que ela sofreu pelo patrão da casa de família em que trabalhava, pude entender um pouco o quão desamparadas essas mulheres são no nosso país. A entrevista aconteceu presencialmente, mas foi bastante breve porque a jovem, claramente, ficava desestabilizada em dividir o relato. Três meses depois do estupro, ela descobriu que estava grávida. Na época, ela chegou a ir a um posto de saúde perto de onde morava para se informar sobre o procedimento de aborto nesses casos, mas a mulher foi informada que precisava  ir numa delegacia . Com medo da retaliação caso o ex-patrão descobrisse sobre a denúncia, ela recorreu ao mundo de aborto clandestino. Para democratizar a reportagem, optei por fazer dois box com os pontos de vistas dos favoráveis e contrários a legalização do aborto. Na parte do contrários a discriminação, coloquei dados de um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística que mostra que 79% dos brasileiros ainda são contrários a ideia, além de duas falas de pessoas que são contra por acreditarem que a medida vai contra o  direito à vida , além de antagonizar com  princípios religiosos . No lado dos defensores da legalização, além da fala de duas pessoas que acreditam que a decisão de interromper a gravidez só cabe às próprias mulheres que passam por isso, tem um apontamento de Tâmara Gonçalves esclarecendo que o argumento dos favoráveis a medida é a interrupção de gestação em qualquer situação até a 12ª semanas  período em que as conexões nervosas no cérebro do feto ainda não estão formadas, nem há qualquer possibilidade de vida fora do útero. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A reportagem  O aborto é legal, mas burocracia e moral atrapalham foi resultado de uma parceria entre estudante e professora, pautadas pelas técnicas e princípios éticos jornalísticos. O trabalho foi concebido em um espaço semelhante a um laboratório de produção onde o que vale é a vontade de fazer e aprender na prática. O produto vai deixar ensinamentos profundos na autora do trabalho, pois ele a ensinou um pouco sobre a relevância do jornalismo em discussões coletivas importantes. Bom como aponta Jorge Pedro Souza (2008), a profissão jornalismo é um exercício importante para a sociedade. Em Uma Breve História do Jornalismo no Ocidente (2008), o autor faz uma breve contextualização histórica da função social da atividade:  Na sua essência, o jornalismo é uma representação discursiva de factos e ideias da vida do homem, construída para se contar ou mostrar a outrem. (& ) Assim, pode dizer-se que o jornalismo vai buscar a sua origem mais remota aos tempos imemoriais em que os seres humanos começaram a transmitir informações e novidades e a contar histórias, quer por uma questão de necessidade (nenhuma sociedade, mesmo as mais primitivas, conseguiu sobreviver sem informação), quer por entretenimento, quer ainda para preservação da sua memória para gerações futuras (o que, simbolicamente, 14 assegura a imortalidade) (SOUZA, 2008, p. 5). A rotina de produção de redações jornalísticas nunca é fácil. Por isso, é tão importante a realização desse trabalho na disciplina do jornal-laboratória, uma vez que ela possibilita o estudante a vivenciar um pouco da realidade. É um exercício válido para alunos do 6º semestre de jornalismo. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">MISSÃO, Ricardo. Em tempos de rapidez, como fazer jornalismo investigativo? Disponível em: <http://observatoriodaimprensa.com.br/jornalismo-investigativo/em-tempos-de-rapidez-como-fazer-jornalismo-investigativo/ >. Acesso em: 22 de abril de 2018. <br><br>SOUZA, Jorge Pedro. Uma história breve do jornalismo no Ocidente. Biblioteca Online de Ciências da Comunicação, 2008. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-uma-historiabreve-do-jornalismo-no-ocidente.pdf>. Acesso em: 22 de abril de 2018. <br><br> </td></tr></table></body></html>