ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #ed1b24"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00238</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #ed1b24"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #ed1b24"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO11</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #ed1b24"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Entre quatro paredes: Um registro da história de mulheres vítimas de violência doméstica</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #ed1b24"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Talita Sabrina Pereira Santos (Universidade Federal De Mato Grosso); Patrícia Kolling (Universidade Federal De Mato Grosso)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #ed1b24"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Jornalismo literário, Livro reportagem, Violência contra a mulher, Violência doméstica, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este trabalho consiste em um livro reportagem, apresentado na disciplina Trabalho Final de Graduação do Curso de Comunicação Social  Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso  Campus Araguaia, que conta histórias de mulheres marcadas pela violência sexual, psicológica e física, entre quatro paredes ou seja dentro de suas próprias casas. O Brasil é o quinto país mais violento para. O livro reportagem  Entre quatro paredes: um registro da história de mulheres vítimas de violência doméstica utiliza-se do jornalismo literário, e é um projeto jornalístico que aborda a violência doméstica com profundidade, contextualizando os aspectos históricos, sociais e culturais em que essas vítimas estão inseridas. As fontes são das cidades circunvizinhas Barra do Garças e Pontal do Araguaia.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Historicamente as formas de violência contra o sexo feminino são um problema social, cultural e de saúde. As mulheres sempre viveram inseridas em um ciclo continuo de abusos, provocados por apropriação diferenciada de poder. A violência contra a mulher que acontece no espaço privado, entre quatro paredes, dentro de casa é caracterizada como violência doméstica. Em 2009, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE) identificou que 48% das mulheres agredidas (incluindo todos os tipos de conflitos) haviam sido vitimadas em suas próprias residências. Uma pesquisa divulgada pelo Mapa da Violência no Brasil, no ano de 2015, apontou que dos casos de feminicídio no país, 50,3% foram realizados por familiares das mulheres em situação de violência e 33,2% das mulheres foram mortas pelos seus parceiros ou ex- parceiros. A mídia, como formadora de opinião, contribui de forma indireta com esses índices. Ao abordar à violência doméstica, os meios de comunicação contribuem para a reprodução de um discurso vago e estereotipado, que reafirma e contribui para uma sociedade machista, pautada na relação de poder entre homens e mulheres. Para Blay (2003) muitas vezes nos casos de violência contra a mulher a vítima é noticiada como culpada pela agressão sofrida. Diante disso, é necessário buscar formatos que sustentem um jornalismo com mais profundidade. Diante disso, esse Trabalho Final de Graduação , antes de mais nada, vem de ideias, questões e anseios, proporcionados e vivenciados, tanto pelos aprendizados no curso de Jornalismo, quanto pelo fato de ser mulher em uma sociedade marcada pela violência contra o sexo feminino. Com o intuito de realizar um projeto jornalístico e registrar histórias com profundidade, o produto desenvolvido é um livro reportagem que conta 3 histórias de mulheres vítimas de violência doméstica, utilizando a linguagem do jornalismo literário. A primeira tevê sua vida marcada pelo abuso sexual, a segunda passou por momentos de violência sexual, física e psicológica, a terceira conta a história da irmã vítima de feminicídio. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O objetivo deste trabalho foi produzir um livro-reportagem que registrasse com profundidade a história de vida de mulheres que tiveram suas vidas marcadas pela violência doméstica contra a mulher, utilizando o jornalismo literário, permitindo que essas mulheres contextualizassem suas histórias. Como objetivos específicos destaca-se a possibilidade de trazer narrativas de forma mais dinâmica, permitir que o acontecimento contado pela fonte seja melhor compreendido, respeitando seu espaço social, cultural e histórico respeitar o lugar da fonte. Além disso, visou-se provocar reflexão e debates sobre o tema. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A proposta desse trabalho como um livro reportagem que aborde a violência doméstica contra a mulher com profundidade justifica-se pela necessidade de respeitar as vítimas no contexto as quais estão inseridas. Entretanto, em notícias envolvendo crimes de violência contra à mulher, notamos que o contexto social em que a vítima estava inserida raramente é levado em consideração pela mídia. Segundo Grein et al. (2016): o discurso da mídia diante dessa violência deixa à mostra incongruências quando desinstala a fonte de sua competência como tal e, unicamente a submete ao jargão, ao clichê, ao estereótipo. Ouve-se um discurso oficial enquanto o das vítimas, muitas vezes, é sonegado. Seria nada menos que a seleção dos aspectos salientes de um acontecimento, ação ou personagem, que se obtém anulando os aspectos previstos e tudo o que não pareça ser suficientemente importante, novo e dramático (p.88). Diante disso, tendo em vista o caráter experimental deste livro, para o campo do jornalismo e da comunicação como um todo, fica ressaltada a relevância social de abordar a temática da violência doméstica contra a mulher com profundidade. Logo, fazer o registro da história de mulheres vítimas de violência contra a mulher, em um formato jornalístico que provoque reflexão na vida cotidiana da sociedade. Nesse sentindo, a concepção teórica do livro reportagem  Entre quatro paredes: Um registro da história de vítimas de violência doméstica contra a mulher foi pensado de maneira que o tema escolhido fosse abordado com cautela e humanização. Uma das características mais marcantes do livro reportagem como veículo jornalístico é o mergulho profundo nos fatos, personagens, situações. O livro reportagem pede um nível de detalhamento, profundidade e contextualização que outros veículos não conseguem oferecer (BELO, 2006, p.42). Edivaldo Pereira Lima conceitua o livro-reportagem como um produto cultural contemporâneo, bastante peculiar, pois, amplia o trabalho da imprensa cotidiana, como que concedendo uma espécie de sobrevida a temas tratados pelos jornais, pelas revistas, emissoras de rádio e televisão.  O livro-reportagem penetra em campos desprezados ou superficialmente tratados pelos veículos jornalísticos periódicos . (LIMA, 1995, p.7) O jornalista fica livre para trazer os fatos com mais detalhes, sem se limitar ao tempo corrido e aos caracteres, fugindo da superficialidade e oportunizando contextualizar de acordo com os fatores que os engloba. Neste trabalho produzimos, um livro reportagem depoimento, que segundo Lima (2004), reconstitui um acontecimento relevante na visão de um participante ou testemunha. O uso do jornalismo literário nesse trabalho justiça-se pela necessidade apresentar os fatos através da realidade, contando histórias. De acordo com Sodré (2009) o jornalista literário, opta por utilizar uma linguagem pessoal, onde a fonte torna-se personagem da própria história e dá cores de aventura romanesca a seu relato. Logo, mulheres vítimas de violência doméstica contra a mulher, como fontes de informação, podem ser tratadas de maneira mais humanizadas. Com isso, as fontes para a produção deste material são abordadas no contexto em que estão inseridas, e isso é possível por que o jornalista teve mais tempo, contato e interesse para ouvir as fontes, isso contribui para obter informações durante a entrevista. Nesse sentindo, as características do tratamento às fontes presentes no livro reportagem, escrito com uma linguagem do jornalismo literário, abre espaço para a abordagem de assuntos delicados, como a violência doméstica contra à mulher. Com isso, nesse trabalho optou-se por fazer as entrevistas em formato de diálogo, onde perguntas pré-programadas foram levando a outras, que surgiram na medida em que novas informações foram sendo reveladas. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este projeto experimental foi dividido em duas partes de produção. A primeira foi concentrada em uma pesquisa bibliográfica, a fim de entender melhor o tema abordado, o meio utilizado, a linguagem escolhida e as etapas de desenvolvimento do produto. De acordo com Lima e Mioto (2007) a pesquisa bibliográfica é formada pela leitura rápida que tem como principal objetivo a escolha de material que apresente informações sobre o tema. Esses materiais foram buscados na biblioteca da Universidade Federal de Mato Grosso- Campus Araguaia, e em banco de dados digitais e posteriormente lidos e estudados em profundidade. Em seguida, foi executada a segunda parte, voltada para a parte prática. Essa foi composta pela pesquisa e apuração de dados, elaboração de pauta, agendamento prévio com as fontes, entrevistas, transcrição do material coletado, organização das informações, construção das narrativas, envio para ilustração, escolha dos capítulos e subtítulos, diagramação e impressão do livro reportagem, Com o objetivo de identificar fontes testemunhais para o desenvolvimento deste livro reportagem, foi realizada uma pesquisa em busca de informações sobre o tema no contexto regional. Eduardo Belo (2006) enfatiza que não existe reportagem sem pesquisa, para ele é nela que o jornalista tira os fatos básicos e as ideias que vão nortear o seu trabalho, desde as entrevistas até a redação. A pesquisa teve como principais espaços a Delegacia Especializada da Mulher (DEAM) e na Rede de Enfrentamento a Violência Doméstica contra à Mulher (Rede de Frente), ambas na localizadas na cidade de Barra do Garças- MT. Essa etapa iniciou com uma conversa prévia com os responsáveis por essas instituições. A principal fonte de informação nesse processo foi a investigadora da DEAM e presidente da Rede de Frente, Andreia Guirra. Ela nos forneceu informações, dados e contatos de suma importância para a sequência do trabalho. Ainda na DEAM, buscou-se informações sobre as fontes secundárias. Segundo Jorge (2012) essas são fontes importantes para a consulta do repórter, pois, podem analisar documentos, fitas, arquivos e relatórios. Nesse trabalho, essas fontes foram profissionais que atuam em áreas do tema abordado. Nessa etapa foi possível identificar as fontes testemunhais, e apurar dados seguros relacionadas a violência contra à mulher no contexto local. O processo envolvendo pesquisa e apuração inicial levou cerca de 1 mês para ser concluído. Após o processo de pesquisa e apuração inicial, já tínhamos em mãos nomes e contatos de possíveis fontes, endereço, relatórios do contexto local, e número de processos judiciais que poderiam contribuir para o trabalho. Com esse material em mãos iniciamos o próximo passo, a elaboração da pauta, que é um projeto para a produção da reportagem, servindo de orientação ao repórter A pauta é utilizada como base para apresentação das fontes, agendamentos das entrevistas, possíveis perguntas para as fontes, contextualização do tema e os aspectos que seriam abordados. Vale ressaltar que a pauta serviu apenas como orientação, ou seja, foi dinâmica, sofrendo constantes mudanças. Após a elaboração da pauta, as entrevistas foram agendadas com as fontes, o passo seguinte foi estabelecer o contato prévio de aproximação com as fontes. Em seguida começaram as entrevistas. Nesse produto, as entrevistas aconteceram de uma forma mais solta, pois, houve um respeito a fala, o tempo e o espaço das fontes, tornando a entrevista humanizada. O tema abordado por esse projeto exigiu maior acesso à intimidade da fonte, por isso, foi necessário que o repórter criasse um laço de confiança com a fonte. Entretanto, vale ressaltar que a entrevista feita com Maria Divina de Souza, irmã de Nazaré de Souza Silva vítima de feminicídio, não houve um contado prévio. Pois, o primeiro encontro que tinha como objetivo uma aproximação com ela, acabou levando a entrevista em si. Quando começamos a conversar, ela começou a relembrar memórias da irmã, então senti que se a entrevista não fosse feita, talvez não conseguisse fazer depois, ao menos não com tanta profundidade. As técnicas de entrevistas utilizadas para o desenvolvimento desse projeto foram da autora Cremilda Medina (2008)  Entrevista: diálogo possível . Segundo Medina (2008),  a entrevista, nas suas diferentes amplificações, é uma técnica de interação social, de interpenetração informativa, quebrando assim isolamentos grupais, individuais, sociais (p. 8). As entrevistas duraram cerca de 4 meses , cada entrevista durou em média 6 horas. Todas as entrevistas foram gravadas, facilitando o trabalho de transcrição precisa dos materiais obtidos, além de garantir fidelidade as informações repassadas. Outro fator importante, é que durante a coleta de informações, tive o máximo de atenção e cuidado possível com os detalhes do ambiente em que a fonte estava inserida, com observação das diversidades pessoais e culturais. Foram realizadas também as entrevistas com as fontes especialistas. Em seguida, foi realizada a decupagem dos áudios e anotações. Nessa etapa apareceu a quarta dificuldade. Como o formato e a linguagem escolhida exigiam uma entrevista com profundidade, a transcrição dos áudios foi realizada com cautela, para que nenhuma informação passasse despercebida. Nesse sentido, demandou muito tempo, em média 1 semana para transcrever cada entrevista. Após a decupagem, definiu-se como as informações seriam organizadas, quantos capítulos o livro teria e como cada história seria estruturada dentro dos capítulos, e por fim, a escrita do livro. As narrativas foram construídas de forma humanizada utilizando as técnicas do jornalismo literário já apresentadas nesse trabalho. Após a conclusão dessa etapa, optou-se por trabalhar três histórias, cada uma representando os aspectos dos tipos de violência doméstica mais frequentes. As histórias foram organizadas para mostrar como o ciclo da violência doméstica é presente ao longo da vida de uma mulher. Ou seja, infância, adolescência, vida adulta, chegando a levar ao fim de uma vida. No processo de redação busquei ir além do obvio, com cuidado e criatividade, na hora de transcrever e organizar as informações obtidas durante todo o processo de entrevista. Na perspectiva de Cremilda (2008, p.69),  a organização dos dados tem por força-motriz o conteúdo obtido na entrevista e não deve ser nunca uma sobre determinação formal, a aplicação de uma formula . Nesse mesmo sentido, a autora acrescenta que é na que a redação que o jornalista se realiza como autor. Após a conclusão da redação, os capítulos ganharam título e subtítulos. A ideia do subtítulo surgiu depois que todas as histórias foram organizadas. Percebemos que era necessário acrescentar mais falas das fontes especialistas ouvidas. Analisamos como a fala dessas fontes poderia somar para a compreensão das histórias, de forma que as narrativas não perdessem o sentindo. Foi então que optamos por inserir subtítulos, pois, eles seriam complementares as histórias, esclarecendo aspectos importantes para a compressão delas, sem quebrar a fluência da narrativa. Após a conclusão da primeira versão das narrativas o texto foi enviado para a ilustradora, Jacqueline Rodrigues, que ficou responsável por todos os desenhos desse livro reportagem. A capa, as divisões de capítulos e o passo a passo de como denunciar violência doméstica foram sugeridos por mim, já os demais desenhos ficaram a critério do elo entre as narrativas e a imaginação da ilustradora. O último processo de desenvolvimento desse produto foi a diagramação. A diagramação conciliou o formato do livro reportagem, a linguagem do jornalismo literário e a delicadeza do tema abordado. Nesse sentido, optou-se por utilizar ilustrações desenhadas a mão. Por fim, a diagramação foi realizada no programa Indesign, os elementos visuais foram pensados de modo que o livro reportagem, a linguagem do jornalismo literário e que as ilustrações da página se interligassem. Por fim, o livro reportagem foi imprenso na gráficaTelarte, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O produto final é um livro reportagem chamado  Entre quatro paredes: Um registro da história de mulheres vítimas de violência doméstica , que traz com profundidade relatos e memórias de mulheres inseridas nessa realidade. Foi desenvolvimento como Trabalho de Conclusão de Curso. O objetivo foi abordar com humanização o contexto nos quais essas vítimas estão inseridas, ao contrário da forma como a mídia trata esse assunto no dia-a-dia. O nome do livro reportagem foi escolhido para ressaltar a violência que acontece no espaço privado, ou seja, dentro de casa, entre quatro paredes. Isto porque, todas as fontes deste livro, vítimas de violência, vivenciaram ou vivenciam os episódios nas casas em que moravam. O livro reportagem possui 53 páginas, impressas em folha A5 (14.8 X 21). Em relação a tipografia, a fonte utilizada foi Arial, no tamanho 14, e peso regular. Os títulos dos capítulos estão em Georgia, no tamanho 18, com peso Bold, já os subtítulos só alteram o peso para Bold. O espaçamento entre as palavras foi de 1,5, e de 1,25 de espaço para início de parágrafos, e justificado a direita. Vale ressaltar, que os elementos tipográficos foram pensados de modo que o leitor pudesse ter uma leitura agradável. Esse livro reportagem é dividido em 3 capítulos, cada um com um subtítulo.  Infância roubada é o primeiro capítulo, que conta a história de Sabrina Maria e das duas irmãs mais novas dela. Elas tiveram a infância roubada pelo abuso sexual cometido entre quatro paredes. Criadas de maneira separada, hoje estão unidas pedindo por justiça. Em outubro de 2017 o silêncio foi rompido e a denúncia feita, desde então a mãe nunca mais quis saber como elas estão, e continua casada com abusador. O subtítulo do primeiro capítulo explica, através de entrevistas com profissionais que atuam no âmbito policial e jurídico, os trâmites após uma vítima de abuso sexual fazer a denúncia.  A história de Cristina é o segundo capítulo. Nele Cristina Cavalcante (nome fictício) conta as agressões físicas e psicológicas vivenciadas ao longo de sua vida. Depois de uma surra que há levou ao hospital inconsciente e de ter filho ainda bebê afastado dela, jurou que nunca mais iria apanhar. Hoje novamente vive as dores das agressões. Ela ajuda a entender porque muitas vezes as mulheres não denunciam. No subtítulo desse capítulo, psicólogo e sociólogo explicam como o psicológico e a sociedade afetam as mulheres vítimas de violência doméstica e quais os reflexos disso. O terceiro e último capítulo foi intitulado como  A gota final e conta a história de Nazaré Souza Silva, assassinada com 27 facadas na frente da filha de 7 anos. O homem que a matou é pai de seus 4 filhos, eles viveram juntos por 15 anos. O crime aconteceu depois que ela pediu a separação. Quem dá voz a essa memória é Maria Divina Souza, irmã da vítima. O que acontece com a família de uma mulher vítima de feminicídio é o que traz o subtítulo desse capítulo. Para entender isso, entrevistamos representantes da Rede de Enfretamento à Violência Doméstica contra a Mulher, um psicólogo e um sociólogo. Em relação ao público alvo, vale ressaltar que o grande diferencial entre as reportagens feitas no dia a dia, e esse livro reportagem é a profundidade. Logo, os textos são mais longos. De acordo com o autor Edivaldo Pereira Lima o livro-reportagem, como um produto cultural contemporâneo, é bastante peculiar. Pois, amplia o trabalho da imprensa cotidiana. Penetra em campos desprezados ou superficialmente tratados pelos veículos jornalísticos periódicos, recuperando para o leitor a gratificante viagem pelo conhecimento da contemporaneidade. (LIMA, 1995, p.7). Nesse sentindo, acaba sendo um produto jornalístico restrito a pessoas que gostam de leituras longas. Entretanto, ao utilizarmos o jornalismo literário o leitor acaba se envolvendo mais com a história, o que possibilita uma maior aceitação por parte do público, O livro-reportagem  Entre quatro paredes: um registro da história de mulheres vítimas de violência doméstica foi planejado com o intuito de ser um produto experimental. Nesse sentido, não será comercializado com fins financeiros. Também não teve apoio financeiro, ou seja, foi produzido com recursos próprios. A princípio não será publicado, ou seja, a tiragem é de apenas de 4 unidades. Entre elas uma cópia que será doada para a Delegacia Especializada da Mulher. A capa foi desenhada à mão, buscando um elo entre o tema abordado e as histórias. As cinco primeiras páginas são compostas por dedicatória, ficha técnica, agradecimento, epígrafe, glossário e sumário. A epígrafe é um poema escrito por uma das mulheres entrevistadas. A última página é uma ilustração do passo a passo de como fazer uma denúncia de violência doméstica. As ilustrações foram produzidas pela acadêmica de Jornalismo, Jaqueline Rodrigues. Acompanhei todas as etapas de elaboração dos desenhos. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">O desenvolvimento de todo o projeto foi muito gratificante, tanto profissionalmente como pessoalmente, porém mexeu bastante com o meu psicológico. A temática me envolveu principalmente por eu ser mulher em um país culturalmente machista, onde o ciclo de violência contra o sexo feminino é naturalizado. Esse livro-reportagem como um meio jornalístico, abordou a violência doméstica de maneira diferenciada do que se vê, de forma geral, no jornalismo diário, respeitando todos os aspectos do contexto em que as vítimas estavam inseridas. Além de dar voz as fontes vítimas de violência, também permitiu compreender melhor esse cenário com informações repassadas por fontes especializadas, como pesquisadores, psicólogos e delegados. Após a finalização do material, pude concluir que esse projeto não é somente um livro reportagem sobre violência doméstica. Ele se trata de um dispositivo de voz, e vez para mulheres silenciadas pela violência doméstica. Durante o processo de produção percebi que essas vítimas precisam dessa voz, entretanto ela precisa ser contextualizada nas histórias e cenários de cada mulher, e não ser uma voz que as coloquem como culpadas pela violência sofrida. Pude perceber que abordar a violência doméstica é algo que exigi muita cautela, e que abordagens superficiais como as feitas pelo jornalismo diário acabam utilizando estereótipos que reforçam a naturalização dessa violência. Acredito que o jornalismo como formador de opinião tem o dever de dar voz e vez para assuntos de relevância social, como a violência doméstica contra a mulher. Sua responsabilidade é com o público. Logo, o jornalismo deve ter mais responsabilidade social ao apresentar essa temática ao seu leitor. O Brasil é o quinto país mais violento do mundo para mulheres. Nesse sentindo, o jornalismo como pautador de debates, quando realizados com qualidade, respeito e comprometimento com fontes e público, pode ser um aliado ao combate e a diminuição desse índice. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">Blay, Eva Alterman. Violência contra a mulher e políticas públicas. Estudos Avançados, São Paulo , vol. 17 n. 49, p.87-98. Set/Dez. 2003. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142003000300006 . Acesso: 19 jun. 2017>.<br><br>BELO, Eduardo. Livro Reportagem. São Paulo: Contexto, 2006. CASTRO, de Gustavo. Jornalismo literário: uma introdução. Brasília: Casa das Musas, 2010. <br><br>GREIN ,Taiana ; NASCIMENTO , Vagner; BORGES, Angélica (et.al). Violência doméstica contra mulheres: produção de sentidos pela mídia televisiva no sudoeste de Mato Grosso, Brasil. In: Revista de Pesquisa e Saúde, Vitória-ES, v.2 n. 18, p. 87-95, abr-jun, 2016. <br><br>JORGE, Thais. Manual do foca: guia de sobrevivência para jornalistas. São Paulo: Contexto, 2012. <br><br>LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de Janeiro: Record, 2001 <br><br>LIMA, Edvaldo Pereira. . Páginas Ampliadas: O livro-reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. Barueri, SP: Manole, 2008.<br><br> LIMA, Telma. MIOTO, Regina. Procedimentos metodológicos na construção do conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica. Florianópolis, 2007. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/rk/v10nspe/a0410spe. Acesso em: 22/08/2017>. <br><br>Mapa da violência 2015. Homicídios de Mulheres no Brasil. Brasília, 2015. Disponivel em <http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2012/mapa2012_mulher.pdf%3E>. Acesso: 18 jul. 2017.<br><br>MEDINA, Cremilda. Entrevista: o diálogo possível. 5ª ed. São Paulo: Ática, 2008.<br><br> </td></tr></table></body></html>