ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #ed1b24"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00254</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #ed1b24"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #ed1b24"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO04</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #ed1b24"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Becos da Experimentação: jornalismo de revista e prática laboratorial</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #ed1b24"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Luiz Phillipe de Araújo Barbosa (Universidade Federal de Goiás); Luciene de Oliveira Dias (Universidade Federal de Goiás)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #ed1b24"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Jornalismo, Revista, Laboratório, , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A revista faz parte das possibilidades de exercícios práticos que o curso oferece durante a graduação. Nossa principal premissa condutora é a compreensão de que a revista consegue ligar pontos importantes de nossa existência a partir de sua linguagem acessível e profunda. Um jornalismo praticado com qualidade e capaz de ressignificar olhares e reconstruir vidas. Nesse sentindo, no presente trabalho analisamos a edição 4 da Becos Comunicantes, revista laboratorial do curso de Jornalismo da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Este veículo foi produzido por estudantes do curso a partir da disciplina de Jornalismo Impresso.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Ao passo que o jornalismo impresso carrega em si a possibilidade de aglutinar todas as rotinas produtivas do Jornalismo, a boa escrita, essencial nesse seguimento é a base de habilitação para praticamente todas as demais mídias e pode ser amplamente realizada no processo de produção de uma revista. Essa prática, enquanto atividade laboratorial, "nos possibilita a construção narrativa e, se transitarmos com tranquilidade os caminhos da escrita, já temos um forte aliado neste processo de construção" (DIAS, 2010, p. 78). A partir desta perspectiva, os laboratórios de jornalismo impresso da UFG possuem grande importância ao proporcionarem aos estudantes experiências no processo prático da construção de diferentes seguimentos do jornalismo impresso. Mais que isso, a prática integrada entre estes laboratórios possibilita a experimentação que buscamos no curso de Jornalismo da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás. É durante essas atividades que os discentes têm os seus primeiros contatos com a rotina de uma redação de jornalismo. A disciplina de Jornalismo Impresso se dedica à produção de diferentes produtos, dependendo de definição prévia durante o planejamento acadêmico semestral. Esta dedicação não pode abrir mão da construção de um laboratório que experimenta, mas que não abre mão dos princípios éticos e responsabilidade social que marca a boa prática jornalística. Em 2017, após reunião do conselho do curso, ficou estabelecido que uma das turmas do segundo semestre construiria a quarta edição da revista Becos Comunicantes. A revista é um dos produtos elaborados pelos estudantes das disciplinas laboratoriais envolvendo as áreas de jornalismo e transmídia da Faculdade de Informação e Comunicação desde 2014. Esta experiência já possibilitou práticas multimídias e participação discente em absolutamente todas as etapas do processo de produção jornalística.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Ao transgredir o imediatismo do jornalismo mercadológico é possível alcançar, a partir do laboratório, um horizonte amplo de possibilidades, exercitando a prática jornalística ao mesmo tempo em que é respeitado o lugar de aprendizagem. Para além da prática propriamente dita, o momento de se fazer a revista [...] permite que o aprendiz de Jornalismo se exercite na capacitação e análise dos problemas da sua comunidade, de seu país e da civilização contemporânea, ao mesmo tempo em que desperta interesse pela especialização, fazendo-o descobrir quais dos aspectos e atividades da profissão o seduzem mais. (LOPES, 1989, p. 49) Por ser a Becos Comunicantes fruto de produção laboratorial do curso de Jornalismo torna-se fundamental na construção dos futuros profissionais da área, que recebem no processo o papel de jornalistas em pleno exercício. A busca pela prática jornalística cotidiana encontra-se com a possibilidade de exploração de novas fórmulas, além de "exercitar a criatividade e, fundamentalmente, a liberdade na produção jornalística" (DIAS, 2010, p. 73).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A revista Becos Comunicantes é um dos vários produtos pensados e executados durante os 52 anos do curso de Jornalismo da UFG. O grande destaque nesta produção é a flexibilidade de tempo para a produção de cada edição, considerando-se a necessidade de aprofundamento deste produto jornalístico e também o processo gradual de aprendizagem do jornalismo de revista. Todo o processo leva em média quatro meses, o que possibilita a dedicação às temáticas aprofundadas. Resulta também em matérias atemporais, em que critérios de noticiabilidade destacados por Traquina (2004), como a atualidade e o inesperado, não se fazem tão essenciais. O que nos clama mais atenção são outros fatores destacados pelo mesmo teórico, a exemplo da relevância social, notoriedade e proximidade. A partir da defesa de um fazer jornalístico que busque repensar as práticas da área, a Becos Comunicantes experimenta para inovar. A espinha dorsal da proposta é a busca pela construção de métodos para alcançar as narrativas complexas existentes na sociedade, ecoando vozes e histórias subalternizadas historicamente pela mídia hegemônica. Como produto de um laboratório, a revista Becos Comunicantes se destaca como espaço de prática dos alunos de Jornalismo. Sua relevância pedagógica está diretamente associada ao fato de que há a possibilidade de exercitar em sua plenitude a experimentação sem nos preocupar com erros e acertos, mas somando pontos de aprendizagem e trocas; dar vazão à criatividade que nos é tolhida pelas rotinas produtivas absorventes e que nos distancia da reflexão sobre o fazer; participar efetivamente das propostas e não encarar como uma mera disciplina para a qual devemos superar etapas rumo a uma avaliação mediana. (DIAS, 2010, p. 74) Como disciplina laboratorial, a revista cumpre o seu papel pedagógico, mas, para além disso, lança-se no exercício de transgredir a superficialidade e despertar a criatividade nos processos de planejamento e execução do jornalismo de revista. Esta possibilita aos discentes posicionarem-se como agentes diretos do processo jornalístico a partir da reportagem. Amparando-nos nos ensinamentos de Medina (1982), defendemos que a revista e o laboratório constituem-se enquanto o lugar de informações aprofundadas sobre os fatos ou assuntos não recentes. Idealizador da proposta da revista, o professor da FIC-UFG, Nilton Rocha, afirma que a Becos Comunicantes "se inspira na obra Becos de Goiás, da escritora Cora Coralina". Esta obra empresta o nome à revista, mas esta não herda apenas o nome. Quando a escritora Cora Coralina diz que "conto a estória dos becos, dos becos da minha terra, suspeitos..." trás para os produtores da revista a inspiração de ecoar vozes: as dos becos, as dos oprimidos. Ecoar também as temáticas pouco discutidas, ou, discutidas de forma insuficiente.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A revista Becos Comunicante é um produto criado e mantido por um dos projetos de extensão mais antigos da FIC, a Magnífica Mundi, com colaboração de disciplinas do eixo obrigatório do curso. Com 18 anos, a Magnífica Mundi é um corpo de resistência e aprendizado dentro da FIC/UFG. De acordo com o professor Nilton José dos Reis Rocha, atual coordenador do projeto, trata-se de um coletivo que propõe estabelecer uma interconexão da produção laboratorial. A Magnífica Mundi defende um jornalismo popular que rompa fronteiras, sejam elas geográficas ou simbólicas. Para que se ultrapassem essas fronteiras, a principal ferramenta é o webjornalismo, definido como o meio de circular informações em escala planetária. Na quarta edição, sob a coordenação da professora Luciene Dias, os estudantes se empenharam na produção de pautas, edição de textos, edição de imagem, revisão da composição gráfica e textual, além da publicação. Ou seja, o laboratório possibilitou a prática de todo o processo de produção jornalística em revista partindo do planejamento e chegando a distribuição da revista. Com periodicidade anual, a revista tem garantido o seu público também pelo armazenamento digital. As publicações são armazenadas e distribuídas a partir da plataforma digital < https://issuu.com/magnificamundi/docs/becos_comunicantes__04>. É a partir da internet que o conteúdo alcança números amplos e diversos, rompendo as barreiras da universidade em que é produzida. Desde o primeiro passo para a produção da revista todas as decisões são tomadas coletivamente. Começamos pela temática e, posteriormente, há a discussão aprofundada do tema para que antes mesmo da reunião de pauta os horizontes sobre a questão possam ser ampliados. É a partir dos debates que nascem as pautas. O processo de construção dos produtos segue o que Sodré (1986) considera como fundamental para uma boa construção da notícia. Os repórteres vão a campo, fazendo a apuração, coletando dados e participam até mesmo do processo de finalização da revista, construindo eles mesmos a diagramação de seus materiais. Analisar os materiais coletivamente também é uma característica que faz parte do laboratório experimental. É a partir do diálogo periódico que os estudantes aperfeiçoam as técnicas jornalísticas, consequentemente aplicando-as na produção da revista. Com os textos, fotos e ilustrações finalizadas se inicia a diagramação do material, feita com a ajuda de monitoria específica para o laboratório. A monitoria consegue garantir o suporte necessário para que o produto final siga uma linha estética que acompanhe a proposta gráfica da revista, previamente estabelecida desde sua primeira edição.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Composta por 177 páginas, sendo 20 reportagens e uma crônica, a quarta edição da revista Becos Comunicantes possui todas as páginas coloridas, sem divisão de colunas e normalmente com o recuo das caixas de texto três centímetros à direita ou à esquerda. As fotos e ilustrações são produzidas pelos estudantes envolvidos no laboratório de Jornalismo Impresso. A orientação é que a parte gráfica das matérias explore a liberdade de expressão, obtendo até aqui diversidade nos produtos finais. Nesta edição em especial é possível observar diversas técnicas de diagramação, utilizando-se, por exemplo, técnicas de corte e colagem, e matérias em que se explora a quantidade de fotografias. Com todos os processos de produção individuais concluídos, a turma se une em grupos e desenvolve funções específicas da prática do jornalismo de revista para que a Becos Comunicantes seja finalizada. Há um grupo que define e finaliza a capa, utilizando-se de alguma das matérias para estampar a primeira página. O principal critério nessa escolha é a qualidade das fotos e a necessária percepção sobre a abrangência da temática geral da edição. Os nomes das editorias são definidos por outro grupo, nesse processo utilizam-se palavras-chaves que remetam ao tema central, de maneira a despertar curiosidade em quem acessa a leitura. A edição 4 da Becos Comunicantes se dedicou a captar as várias formas de violência urbana que permeiam a sociedade, mais especificamente, a violência urbana em Goiânia e na região metropolitana. O empenho durante a produção resultou em 21 matérias que atingem desde a violência simbólica até formas mais declaradas de violência, como a policial. Os textos trazem para a discussão a omissão do poder público, os preconceitos sociais, o abandono e as crises da sociedade moderna. Tudo o que for relevante para a sociedade é objetivo de interesse jornalístico e de pautas: política, economia, cultura, ciência, religião, comportamento, meio ambiente, esporte, problemas da cidade etc. O que deve ser avaliado é a importância dos assuntos (BARBEIRO; LIMA, 2003, p. 65) A quarta edição da revista possui sete sessões que podem ser consideradas editorias, as quais recebem seus nomes de acordo com a seguinte ordem: Laços, Choque, Sintomas, Trauma, Ferida, Cicatriz e Histeria. Há nos editoriais um posicionamento crítico dos assuntos desenvolvidos, refletindo sobre o tema, o processo de produção e a função da revista tanto para quem a produz como para que irá acessar a leitura. Todos os editoriais são assinados, isso porque o corpo editorial da revista Becos Comunicantes é modificado a cada edição. A editoria Laços se dedicou a tratar sobre violências simbólicas. Uma das reportagens trouxe à tona o crescente número de desemprego causado pelo movimento de automatização das portarias de condomínios em Goiânia e região metropolitana. Choque é o nome dado à segunda editoria, que trata das violências de maior visibilidade na rotina goianiense. Não é por acaso que a editoria ganhou duas matérias sobre violência nos estádios de Goiânia. A violência militar também foi abordada na editoria, que tratou das abordagens policiais. Sintomas, a terceira sessão, trouxe para a revista a discussão sobre as várias violências institucionais. Os descasos que permeiam a relação política e população. Uma das reportagens tratou sobre corrupção e como ela atinge os cidadãos de forma direta. O destaque da sessão Ferida são as temáticas feministas, em que foi discutido violência contra as mulheres. Uma das reportagens relatou os assédios sofridos nos ônibus coletivos de Goiânia. Buscando um olhar analítico, a editoria Cicatriz reportou histórias de grupos sociais em situação de vulnerabilidade e que se utilizam da resistência para enfrentar preconceitos e invisibilidade. Nesta editoria é possível encontrar, por exemplo, uma matéria que discute as violências sofridas por transexuais. A revista finaliza com a sessão Histeria. Há nela apenas um texto. Uma crônica que trata sobre os traumas psicológicos resultantes da violência urbana. A autora usou em sua crônica a narrativa de uma brasileira radicada em Londres, que teme por ataques terroristas. A crônica cumpre o papel de trazer para a discussão o medo que os cidadãos carregam em meio às várias formas de violência urbana.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Considerando como fundamentais as técnicas utilizadas no processo de produção, a preparação da revista Becos Comunicantes contribuiu de forma direta para a formação e experiência dos estudantes de Jornalismo. Com suas técnicas de apuração, nos foi possível alcançar o que Muniz Sodré (1986) muito bem caracteriza como "a humanização do relato". ... a humanização se acentuará na medida em que o relato for feito por alguém que não só testemunha a ação, mas também participa dos fatos. O repórter é aquele "que está presente", servindo de ponte (e, portando, diminuindo a distância) entre o leitor e o acontecimento. (SODRÉ, 1986, p. 15) Caminhar pelos becos errantes de Cora Coralina é caminhar para a democratização da mídia. Acreditamos que este movimento laboratorial para a prática do jornalismo de revista nos possibilita trilhar o caminho da busca por uma identidade capaz de focar nossa atenção nos anseios sociais. Nesta edição, a revista laboratorial Becos Comunicantes consegue construir uma base sólida para a ressignificação do próprio fazer Jornalístico.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BARBEIRO, H., LIMA, P. R. Manual de Radiojornalismo: Produção, Ética e Internet. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.<br><br>DIAS, L. O. Samambaia: Jornal-laboratório como construção coletiva. In: MAIA, Juarez Ferraz de (org.). Jornalismo UFG. Goiânia: FUNAPE/Facomb, 2010. <br><br>LOPES, D. F. Jornal Laboratório: do exercício escolar ao compromisso com o publico-leitor. São Paulo: Summus, 1989<br><br>MEDINA, Cremilda. Profissão jornalista: responsabilidade social. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1982.<br><br>TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo. Florianópolis. Insular. 2004.<br><br> </td></tr></table></body></html>