ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #ed1b24"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00260</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #ed1b24"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #ed1b24"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO08</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #ed1b24"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Bois de estimação</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #ed1b24"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Thays Aguiar Soares (Universidade do Estado de Mato Grosso); Andressa Santiago Lima (Universidade do Estado de Mato Grosso); Gibran Luis Lachowski (Universidade do Estado de Mato Grosso)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #ed1b24"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Bois de estimação, Cultura local, Jornalismo cultural, Jornalismo literário, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este trabalho trata-se de uma reportagem sobre cultura local, a reportagem foi produzida no contexto da disciplina  Redação, Reportagem e Entrevista II e concluída no primeiro semestre de 2017. A disciplina propunha a produção de conteúdos após aulas sobre conceitos e aplicações de técnicas de apuração e narrativa jornalística.  Bois de estimação objetiva relatar a rotina de mais um membro da família, barreiras e hábitos dos criadores de bois de Alto Araguaia  MT e Santa Rita do Araguaia  GO. E a partir dela despertar análises a respeito dos costumes e condutas que segue a  Comitiva Domadores , bem como contribuir para a quebra de tabus e paradigmas. Um relato literário que dá voz a diversos personagens, mas ao mesmo tempo mantém a clareza e a precisão do jornalismo.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Poderia ser apenas uma criação de animais de estimação e encontros de um grupo de amigos que gostam de bois em duas pequenas cidades do interior de Mato Grosso e Goiás, mas a história contada nessa reportagem corresponde a uma cultura enraizada e relata uma identidade. Suas histórias vão além de rodeios, vaquejadas e afins, são tradições e características que fazem disto de fato uma expressão cultural. Para uma descrição detalhada, foi preciso adentrar no meio deles e conhecer como tudo começou até chegar à forma atual. O percurso da reportagem foi descrito a partir de intertítuos para faclitar e dinamizar a leitura. Por ser natural de São Paulo  SP, o estado de Mato Grosso sempre foi muito distante da minha realidade, e criar bois pra mim era algo estranho e diferente. Motivada pela vontade de quebrar alguns preconceitos, como por parte dos defensores de animais que  batiam na tecla de que os amigos maltratavam os animais, como as pessoas nas ruas os apontando como peões que não pensam, entre outros que envolvem a prática, resolvi relatar a peculiaridade que muda a vida de muita gente, incluindo adolescentes. As discussões sobre a narrativa e técnicas jornalísticas eram provocadas no contexto da disciplina  Redação, Reportagem e Entrevista II , com objetivo de possibilitar aos acadêmicos condições de efetuar um jornalismo interpretativo com responsabilidade social, ética e competência técnica. A conexão da apuração jornalística com o agir ético, a relação de mecanismos de construção textual literária com a fidelidade à verdade no relato dos fatos, o aperfeiçoamento de procedimentos de concepção e o aprofundamento quanto à função social do jornalista possibilitou o desenvolvimento de um trabalho voltado a contar a história do estilo de vida dos personagens, desde os encontros até os assuntos em suas rodas de conversas. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Partindo de um assunto não abordado/percebido pela grande mídia e não pautado no jornalismo cultural e no jornalismo literário, o objetivo do trabalho foi apresentar uma narrativa por meio de percepções e depoimentos, evidenciando como elementos da prática da criação de bois contribui para moldar a identidade cultural de um povo. Além disso, a ideia foi criar uma aproximação entre os leitores e os personagens em suas cidades e descrever de que forma suas ideias são aplicadas no cotidiano. Busquei apresentar um olhar mais acolhedor e não excludente para esses donos de bois, na maioria jovens. Atualmente, o Instituto de Defesa Agropecuária  Indea só autoriza o passeio a pessoas que possuam GTA, uma guia a ser paga por animal, e com aviso-prévio de quando se vai montar. Isso mostra um cuidado supervisionado desses bovinos. Com a intenção de conhecer as razões que os levam a cuidar de bois, também tentei evidenciar a prática, pois muitos moradores das cidades mencionadas sequer a conheciam. Através da reportagem buscou-se discernir comportamentos (roupas, bordões, músicas) para descobrir se havia algum tipo de tradição passada de geração em geração que pudesse ser identificada. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Uma das principais razões para a escolha do assunto se deu pela curiosidade acerca dos encontros quinzenais que os donos de bois faziam como forma de lazer e passeio com seus animais de estimação. O fato de estudar em Alto Araguaia  MT, divisa com a cidade de Santa Rita do Araguaia  GO, também trouxe pontos positivos para a reportagem. O primeiro: facilitou o acesso e a confiança por parte das fontes. O outro ponto correpondeu ao olhar aguçado para enxergar a pauta com tal relevância. Por fim, a reportagem pretendeu contribuir com o curioso, o novo. Perceber a criação de bois como um movimento cultural e também uma válvula de escape para jovens e adultos atrás de adrenalina, do rústico, de amizades, o que possibilita lazer, socialiabilidade e histórias para contar. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Como o principal objetivo da reportagem foi apresentar a criação de bois enquanto aspecto cultural das cidades mencionadas optou-se por utilizar a entrevista do tipo aprofundada, que encontra referência tanto nos estudos aplicados de jornalismo como nas produções de caráter mais científico. Uma boa base conceitual desse tipo de entrevista ligada ao dia a dia do jornalismo pode ser encontrada nos apontamento de Mühlhaus (2007), que traz conceitos e técnicas a partir de diálogos com entrevistadores profissionais, vez que: Não há jornalismo sem entrevista. E isso porque o jornalismo praticamente se confunde com a arte de fazer perguntas (...). Aquelas que nos levam a perceber e discutir a entrevista como arte, como método, como técnica, como uma ética. Outros que nos levam a perguntar sobre a soberania da edição para o resultado final de uma entrevista ou ainda os desdobramentos futuros de sua técnica em tempos de internet. Existem ainda aquelas trilhas que nos sugerem o aprofundamento da questão da entrevista como gênero da escrita, o que envolve questões psicológicas, exercicíos de empatia, de identificação, de afeto. Ou seja, a noção de entrevista como, antes de mais nada, a arte do encontro. (MÜHLHAUS, 2007, p. 11) Outra base conceitual em relação à entrevista aprofundada encontra ressonância no trabalho científico de Duarte (2017), que sublinha que Mais do que uma técnica de coleta de informações interativa baseada na consulta direta a informantes, a entrevista em profundidade pode ser um rico processo de aprendizagem, em que a experiência, visão de mundo e perspicácia do entrevistador afloram e colocam-se a disposição das reflexões, conhecimento e percepções do entrevistado. (DUARTE, 2017, p. 81) Durante cada passo do projeto surgia uma história diferente que precisava ser contada, assim cada personagem foi ganhando  espaço na reportagem. A falta de veículo próprio dificultava o acesso a alguns entrevistados, e por conta disso foi necessário marcar e remarcar as entrevistas. Ao chegar ao local combinado com a primeira fonte, ela já sabia que eu era estudante de Jornalismo e que tinha interesse em conhecer a criação de bois (sua relação com o animal, de onde surgiu esse fascínio, o porquê dos encontros). A entrevista durou uma tarde inteira (cerca de três horas), e foi quando recebi o convite para participar de um dos encontros dos amigos e seus animais de estimação. Essa fonte, o operador de tulha Régis Oliveira Paes, foi o personagem escolhido para conduzir toda a narrativa da reportagem. A opção tem a ver com uma das técnicas de redação do jornalismo literário, a entrevista em caráter dialogal, que permite uma conversa aprofundada sobre o assunto em questão, com o repórter deixando o entrevistado à vontade. Nesse sentido, a entrevista atua como uma expansão da consulta às fontes, objetivando, geralmente, a coleta de interpretações e reconstitução de fato, tal qual conceitua Lage (2017, p. 73). Régis também contribuiu para o acréscimo de outros personagens na reportagem. Foi o verdadeiro mestre de cerimônias do universo dos bois de estimação. Por se tratar de um trabalho jornalístico, também valeu-se, no que tange à apuração, de um caráter aproximado da etnografia, pois participei das atividades da comitiva, conhecendo os animais, participando do passeio, subindo no boi pela primeira vez, vivenciando e analisando ricos detalhes importantes para a produção da reportagem. Tchéckov (2007) recomenda, na apuração, deslocar-se constantemente, dosar planejamento e acaso, aceitar convites para diferente ocasiões. Durante o processo de redação utilizou-se técnicas da literatura para construir o texto, entre elas algumas das sugeridas por Wolfe (2005): a valorização do olhar do repórter; o texto mais reflexivo e menos burocrático; a escrita em primeira pessoa; uso de perceções e sentidos. Conectada à tradição do  novo jornalismo , base do jornalismo literário, trabalhou-se com uma  reportagem especial , expressão jornalística para uma matéria que escapa à categoria da notícia pura e simples. E, no entanto, no começo dos anos 60, uma curiosa ideia nova, quante o bastante para inflamar o ego, começou a insinuar nos estreitos limites da statusfera das reportagens especiais. Tinha um ar de descoberta, de ínicio modesta, na verdade, reverencial, poderiamos dizer, era que talvez fosse possível escrever jornalismo para ser... lido como um romance. (WOLF, 2005, p. 19) O jornalismo cultural esteve presente na reportagem não só a partir do âmbito do assunto escolhido, contudo pela opção de abordar uma temática pouco evidenciada pela mídia comercial. Como aponta Piza (2004), esse tipo de jornalismo deve provocar perspectivas no leitor, pois  fazer cultura é expandir horizontes, até mesmo enxergar melhor o seu entorno. O jornalismo cultural se alimenta disso, porque Seu papel como já dito, nunca foi apenas o de anunciar e comentar sobre obras lançadas nas sete artes, mas também refletir (sobre) o comportamento, os novos hábitos sociais, os contatos com a realidade político- econômica ds qual a cultura é parte ao mesmo tempo integrante e autônoma. (PIZA, 2004. p. 57) Na tentativa de fazer uma representação mais fiel da realidade na reportagem, durante todas as entrevistas foi utilizado o smartphone para gravar as falas e não perder nenhum detalhe, que depois foram transcritos. De todo o volume de informações, os trechos mais importantes foram reproduzidos em forma de citações e outra parcela serviu na construção de paráfrases e outras estruturas textuais. O papel e a caneta também estiveram sempre às mãos para anotar as formas de comportamentos dos entrevistados (gestos, linguajar, roupas). As imagens são fotografias de arquivos pessoais de alguns encontros com seus animais de estimação, por ter um carater obervativo e tentar mostrar ao máximo a representação da realidade sem que o uso de uma câmera pudesse intervir em alguma situação (todas as fotos contém seus respectivos créditos). Portanto, o jornalismo literário e o jornalismo cultural foram utilizados para viabilizar uma narrativa humanizada, uma explicação detalhada dos fatos e mexer com o imaginário dos leitores, trazendo-os para realidade representada. A diagramação do projeto foi realizada pela estudante de Jornalismo da Unemat, Andressa Santiago Lima, por meio do programa Publisher. Através dele trabalhou-se a edição da reportagem e o planejamento da informação revelando sua personalidade, de modo a garantir movimento na apresentação do material e facilitar sua leitura. De acordo com PEREIRA JUNIOR diagramar é tomar posição.  Todo design gráfico, cada planejamento visual da página impressa, emite informação sobre o material diagramado e a identidade de quem distribuiu os elementos no espaço daquela maneira, não de outra. A disposição dos elementos nunca é aleatória (JUNIOR, 2006, p. 98) </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A primeira parte da reportagem está descrita em uma lingaguem literária, por meio de uma forma desconstraida e em primeira pessoa. Nas primeiras linhas apresenta-se o assunto para os leitores, tentando cativar a atenção. A segunda é a maior da reportagem, dividida por intertítulos, sendo eles  Dos encontros ,  A relação com o animal ,  Visão dos familiares e  Preconceito . Essa parte conta toda a história dos personagens em relação à prática da criação de bois, desde o surgimento da cultura até os dias atuais. Já na terceira etapa do texto o destaque são os boxes (play list da comitiva e cuidados com os animais), que enriquecem a história. Durante toda a reportagem, as entrevistas revelam o sentimento das fontes em relação à importância dos animais em suas vidas e de como o costume molda suas vivências. O texto principal tem como centro o personagem Régis Oliveira Paes, que fala sobre como começou seu amor pelo animal, quando resolveu ter um boi de estimação e como iniciou os encontros com outros rapazes que também eram donos de bois. O material de abertura também traz entrevistas com Lucas Danilo de Souza Martins e Tulio Lourenço Rodrigues de Barros. De forma geral, Lucas diz porque o boi é o animal escolhido e Túlio relata como é ser o mais novo da turma já ingresso na cultura. As fotografias utilizadas mostram a comitiva participando de eventos fora da cidade e em encontros locais. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">O presentre trabalho teve como objetivo descrver como foi o exercício de apresentar a criação de bois de estimação como uma representação cultural nas cidades de Alto Araguaia  MT e Santa Rita do Araguaia  GO a partir de uma reportagem. A cultura dessas pequenas cidades deve ser contada e reconhecida, para que não se perca com o passar do tempo, e que possivelmente seja passada para as próximas gerações. Compreende-se que a opção de construir a reportagem a partir das técnicas do jornalismo literário e do jornalismo cultural foi bem-sucedida, uma vez que proporcionou ao leitor uma exposição humanizada do assunto e, também, alternativa ao conjunto costumeiro de conteúdos tidos por culturais. Da mesma forma, a entrevista em profundidade contribuiu para extrair do material apurado intensidade nas respostas a partir das experiências subjetivas das fontes. Acredita-se que, ao final do trabalho realizado, chegou-se ao objetivo planejado, ou seja, contar como foi desenvolvida a reportagem que apresentou os processos culturais referente a criação de bois e deu-lhes reconhecimento como cultura popular. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #ed1b24"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">DUARTE, Jorge; BARROS, Antônio. Métodos e Técnicas de pesquisa em comunicação  organizadores. 2ª ed. 9.reimpr. São Paulo: Atlas, 2009. <br><br>LAGE, Nilson. A Reportagem: teoria e técnica da entrevista e pesquisa jornalística. 12ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2017<br><br>MÜHLHAUS, Carla [entrevistados] Ana Arruda... et al. Por trás da entrevista. Rio de Janeiro: Record, 2007. <br><br>PIZA, Daniel. Jornalismo Cultural. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2004.<br><br>TCHEKHOV, Anton. Um Bom Par de Sapatos e um Caderno de Anotações  como fazer uma reportagem. São Paulo: Martins Fontes, 2007<br><br>WOLFE, Tom. Radical Chique e o Novo Jornalismo. Tradução José Rubens Siqueira; posfácio Joaquim Ferreira dos Santos. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. <br><br> </td></tr></table></body></html>