INSCRIÇÃO: 00279
 
CATEGORIA: CA
 
MODALIDADE: CA01
 
TÍTULO: A Origem da Noiva Cadáver
 
AUTORES:  Mônyky Kélly da Silva Barcelos (Universidade Federal de Goiás); Bruna Toledo de Melo (Universidade Federal de Goiás); Thaynara Cardoso de Souza (Universidade Federal de Goiás); Wadna da Silva Coelho (Universidade Federal de Goiás); Matheus Fonseca Bolentine (Universidade Federal de Goiás); Lara Lima Satler (Universidade Federal de Goiás)
 
PALAVRAS-CHAVE: Tim Burton, expressionismo alemão, sequência, narrativa complexa, curta-metragem
 
RESUMO
A Origem da Noiva Cadáver é um projeto experimental desenvolvido durante a disciplina de Teoria da Imagem II. Trata-se de um curta-metragem cuja narrativa conta a origem da noiva cadáver, personagem de uma obra originalmente do diretor Tim Burton, que foi nossa referência principal para criação deste projeto. Conta ainda com referências como o Expressionismo Alemão, o Sistema de Cores utilizado por Burton durante o filme e de obras do Autor Edgar Allan Poe, como O Corvo e O Gato. E ainda com inspiração na Narrativa Complexa, principalmente a presente nas obras do diretor Alejandro González Iñárritu para como desenvolver a narrativa.
 
INTRODUÇÃO
Tendo como inspiração e referência dois grandes diretores do cinema, Tim Burton e Alejandro González Iñárritu, buscamos reproduzir os efeitos de suas obras e inspirações dentro de uma narrativa audiovisual. Para a criação do curta, nos apropriamos das referências estéticas do Expressionismo Alemão que Tim Burton utiliza na sua obra e as narrativas de terror de Edgar Allan Poe e também sua sistematização de cores dentro da obra. A narrativa não-linear, recheada de pistas e suspense foi inspirada nas obras de Iñárritu, mais especificamente Biufiful (2010) , em que a primeira cena ou conjunto de sequências abrangem o final do filme. Este projeto experimental trata-se de um curta metragem, com uma narrativa não-linear, fazendo o uso do nível da sequência na montagem das cenas na pós-produção.
 
OBJETIVO
Após os estudos realizados na matéria de Teoria da Imagem 2, tivemos como objetivos principais: -Criar um curta-metragem que trabalhasse a narrativa complexa; -Fazer uso do nível da sequência e que trabalhasse referências adquiridas ao longo da disciplina de Teoria da Imagem II; -Referenciar o curta na estética de Alejandro González Iñárritu, premiado cineasta, argumentista e produtor de cinema mexicano e Timothy "Tim" Willian Burton, cineasta norte-americano, usando de características e aspectos utilizados por eles em suas obras.
 
JUSTIFICATIVA
O grupo desde o começo da disciplina se identificou com a narrativa complexa, principalmente nas obras de Iñárritu, nas quais ele trabalha principalmente o nível da sequência e as múltiplas narrativas. Esse foi nosso ponto de partida, aliamos a esse desejo inicial de desenvolver uma narrativa complexa que trabalhasse o nível da sequência com outras referências do cinema como Tim Burton, e o seu sistema de cores. Um dos textos trabalhados em sala, faz uma análise semiótica da obra “A Noiva Cadáver” (Tim Burton, 2005), o trecho mais instigante da análise diz: As cores surgem, portanto, como um dos principais cúmplices narrativos de Burton. Carregadas de forte expressividade, os efeitos que promovem nos indivíduos são diretos e espontâneos, além de essencialmente visuais, o que potencializa o processo de identificação do espectador com os personagens e elimina a necessidade de explicar certas coisas por meio das palavras – que nem sempre conseguem alcançar o âmago das sensações. (ABREU; ANDRADE, 2016, p.7) Após discussões e análises, o grupo decidiu utilizar como principal referência e base para a construção de nossa narrativa a mesma obra analisada em sala. Outra inspiração extremamente importante é o expressionismo alemão do qual tentamos resgatar o jogo de sombras e expressões, este já sendo uma das referências do trabalho do diretor citado anteriormente. Além do cinema procuramos inspirações na literatura, em específico nas obras do autor Edgar Allan Poe e em especial nos seus contos: O Gato Preto (1843) e O Corvo (1845). Reunindo todos esses elementos buscamos uni-los a nossa própria narrativa, de forma a criar algo compreensível e relevante para o meio audiovisual.
 
MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS
Utilizamos como referência o método de uma produção audiovisual industrial (RODRIGUES, 2007): primeiro fizemos o roteiro, decupamos o roteiro em roteiro técnico, decidimos sobre a arte, a fotografia e o som. Na pré-produção parte da equipe elaborou o roteiro, durante o processo de gravação fizemos pequenas alterações, que consideramos pertinentes. Após isso, um storyboard foi montado, contendo a planificação e movimentos de câmera, essa etapa foi extremamente necessária, pois o rosto do nosso antagonista não poderia aparecer em hipótese alguma e foi o que nos guiou no processo de gravação, embora esses planos também tenham sofrido pequenas alterações em função da locação. Planos detalhes, tomada sobre ombros e a ocultação do rosto do antagonista, foram elementos utilizados para criação de suspense durante a narrativa. Na obra original de Burton, a história de amor frustrada da noiva cadáver é contada através de um jogo de luz na parede, na cena do assassinato da nossa personagem. Nesta versão, nos referenciamos neste estilo, que faz link com o expressionismo alemão, utilizando jogos de luz e sombra na parede, captando o ápice do ato de crueldade do antagonista. Tal recurso artístico trouxe maior realidade para a cena, juntamente com a ilusão de ótica, pois pelas sombras a faca ultrapassa o corpo da personagem, embora o efeito seja ocasionado apenas pelo posicionamento distintos dos elementos faca-corpo. Optamos por fazer um filme mudo pelo prazo curto que tínhamos, nossos personagens não tinham tempo para decorar as falas, nosso tempo de gravação estava reduzido e uso de microfone poderia nos atrasar, além de termos em consenso que os elementos narrativos e os planos contariam por si só a história, tornando as falas elementos dispensáveis. Na produção, todas as cenas foram gravadas por uma câmera fotográfica semiprofissional Nikon D3200 com duas lentes, uma 18-55mm e outra fixa 50mm. Para a gravação a câmera foi utilizada na mão durante quase todo o processo fazendo o uso de tripé em cenas de planos mais abertos e também para simular uma grua, na cena onde a noiva aparece deitada na floresta, contando com os três níveis de movimento de câmera e com enquadramentos variados. Todos os personagens do elenco faziam parte do grupo do trabalho, pela disponibilidade de horário e por se encaixarem no perfil dos personagens que pensamos. A gravação foi feita em apenas uma tarde, tendo como parte da locação: a sala de equipamentos fotográficos e o estúdio de audiovisual do Comunica Estúdio Escola, a lanchonete Reúne e o Bosque, todos os espaços dentro da UFG, principalmente por se tratar de uma produção de baixo orçamento. Na pós-produção o software utilizado para edição foi o Adobe Premiere Pro. Foi utilizado o efeito “Noite Americana” nas cenas gravadas na floresta, sendo que a maioria das mesmas foram captadas propositalmente com pouca entrada de luz para intensificar o efeito e assim ele pudesse ser produzido mais facilmente no momento da edição. Também foi utilizado o corretor de luz ProCamp para reduzir a saturação, diminuir o brilho e o contraste das imagens; e o RGB Curves para aumentar o tom azul e diminuir todos os outros. Foram utilizados também cortes rápidos e efeitos de som para produção de sustos e Easter Eggs durante a narrativa. Todas as cenas foram sonorizadas na pós-produção, mantendo apenas um áudio original, que é o grito da noiva que aparece no final, enquanto ela corre na floresta, tirando essa exceção, os passos na floresta, o barulho da TV, os ruídos da porta e noiva sendo arrastada no chão, todos eles foram colocados na pós-produção. Além disso, mesclamos barulhos de corvos, correntes, uma mulher chorando e um agressor como elemento de reforço na geração de suspense e apreensão do espectador.
 
DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO
Foi necessária toda uma pré-produção para a execução do projeto: a presença de uma figurinista foi essencial, pois precisamos conseguir montar da melhor forma possível um traje de noiva; de igual modo uma maquiadora/ cabeleireira foi indispensável, pois uma de nossas intenções era que a maquiagem remetesse as características do Expressionismo Alemão e consequentemente a obra de Tim Burton, além das cenas dela como noiva e no seu dia a dia também que precisaram de maquiagem. Foi preciso ainda a produção de sangue falso para ser usado nas cenas após o assassinato, este foi produzido com mel, achocolatado em pó, ketchup e anilina vermelha. Além desses elementos, foram utilizados objetos de cena como: joias, fotografias, sapato e trocas de roupas para os atores. Foi solicitado o estúdio do Comunica Estúdio Escola para a gravação simulando um salão de preparação de noivas e onde o assassinato foi gravado, pois era necessário de equipamentos de luzes posicionados para realizar a cena inspirada no Expressionismo Alemão, onde a noiva é assassinada. Foram utilizados ainda um LED para simular uma TV, e todas as demais gravações foram feitas externas, com uma cena gravada em uma lanchonete do campus (Reúne) e uma área aberta. As cenas restantes foram gravadas na floresta perto a FAV (Faculdade de Artes Visuais), e todo o curta foi gravado durante o dia no período entre 12:30h e 17:30h. O software utilizado para edição foi o Adobe Premiere Pro. Foi feita a seleção das tomadas na ilha de edição e a partir daí começou o processo de montar as cenas e, por fim, a sequência. O próximo passo foi a produção do efeito “Noite Americana” nas cenas gravadas na floresta. A maioria das cenas foram gravadas propositalmente com pouca entrada de luz para intensificar o efeito. Na edição foi utilizado o ProCamp, reduzindo a saturação, diminuindo o brilho e o contraste das imagens e o RGB Curves, aumentando o tom azul e diminuindo todos os outros. Na sonorização foi utilizada a trilha do próprio filme A Noiva Cadáver, dirigido por Tim Burton, em que o personagem Victor e a falecida fazem um dueto no piano. Nas cenas da floresta foi adicionado por cima dessa mesma música um solo de piano de suspense, mesclando as canções instrumentais com barulhos de passos nas folhas e trilhas desconfortáveis como o choro de uma vítima e a voz de seu agressor. Utilizou-se de cortes rápidos e efeitos de som para produção de sustos e Easter Eggs (são referências “escondidas” durante uma obra, com o intuito de escandalizar, gerar humor ou introduzir alguma assinatura do diretor ou da franquia) durante a narrativa. Sendo um dos Easter Eggs o poema O Corvo, de Edgar Allan Poe, recitado durante a cena que o casal assiste a TV. O curta é completamente sem falas e a cena do assassinato é mostrado através de uma sombra, como no Expressionismo Alemão, uma das referências de Burton, além de Edgar Allan Poe. Na paleta de cores recorremos ao cinza, para trazer a ideia do sombrio, do luto e da melancolia e o azul escuro, cores também utilizadas pelo diretor.
 
CONSIDERAÇÕES
A execução do projeto nos mostrou que é possível sim tirar do papel suas ideias e produzi-las, mesmo com um orçamento reduzido. E que ao longo da disciplina podemos desenvolver projetos interessantes e relevantes para o nosso aprendizado e carreira. E ainda o quanto o repertório influencia no trabalho de um criador de conteúdo audiovisual, agregando novas possibilidades e diferentes visões, antes não imaginadas. Finalizar esse trabalho, portanto, nos abre novas possibilidades do que fazer adiante e com certeza contribuiu para o aumento do nosso apreço por audiovisual.
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS

ABREU, T. C.; ANDRADE A. L. M. O Uso da Cor no Cinema de Animação de Tim Burton. Revista Anagrama: Revista Científica Interdisciplinar da Graduação, Ano 1, 2016. Disponível em : < https://www.revistas.usp.br/anagrama/article/view/108967/107440 > Acesso em: 20/11/2017.

A NOIVA CADÁVER. Direção: Tim Burton, Mike Johnson. Produção: Tim Burton, Allison Abbate. DVD 1 (77 min.). 2005.

BIUTIFUL. Direção: Alejandro González Iñárritu. Produção: Alejandro González Iñárritu, Jon Kilik, Fernando Bovaira. 1 filme (147min), 35mm. Distribuidor: Focus Features International. 2010.

GIUNTINI, Mauro. Alejandro González Iñárritu e a renovação do cinema. In: Revista Z Cultural, ano XI, 2016. Disponível em:< http://revistazcultural.pacc.ufrj.br/alejandro-gonzalez-inarritu-e-arenovacao-do-cinema/ > Acesso em: 20/11/2017.

CRUZ, Gustavo. IT: A Coisa - Como Fazer Um Filme de Terror. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=mDVPSf65X2A&feature=youtu.be > Acesso em: 20/11/2017.

O Corvo - POE, Edgar Allan. Disponível em: Acesso em: 27/04/2018.

POE, E. A.; O gato preto. Disponível em: < http://www.gargantadaserpente.com/coral/contos/apoe_gatop.shtml > Acesso em: 20/11/2017. Revista Prosa Verso e Arte. O corvo – Edgar Allan Poe (tradução Fernando Pessoa). Disponível em: < http://www.revistaprosaversoearte.com/o-corvo-edgar-allan-poe-traducao-fernando-pessoa/ > Acesso em: 20/11/2017.

O Uso da Cor no Cinema de Animação de Tim Burton - ABREU, Tami de Castro; ANDRADE, Ana Lúcia M.– Revista Anagrama (2016) Disponível em:< https://www.revistas.usp.br/anagrama/article/view/108967 > Acesso em: 20/11/2017.

RODRIGUES, Chris. O cinema e a produção. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.