INSCRIÇÃO: 00018
 
CATEGORIA: RT
 
MODALIDADE: RT01
 
TÍTULO: Série Radiofônica: O Direito de Ser Diferente
 
AUTORES: Thiago Junior Nascimento Melo (Universidade de Brasília); Carlos Eduardo Esch (Universidade de Brasília)
 
PALAVRAS-CHAVE: , , , ,
 
RESUMO
Cada ser humano possui alguma característica física ou comportamental que o diferencia dos demais. Mesmo diante dessa diversidade humana, a sociedade criou normas e estabeleceu o que pode ser considerado normal ou não. Segundo o IBGE, cerca de 45 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência. O preconceito contra pessoas com deficiência está presente nas escolas, nas empresas e nas ruas, e por essa razão, é importante chamar a atenção da sociedade em relação à indiferença que esse grupo da população tem de enfrentar todos os dias. Com o objetivo de promover uma reflexão acerca das dificuldades impostas pelo autismo, pelo nanismo e pela deficiência visual, este trabalho busca sensibilizar os ouvintes através dos relatos de pessoas que vivem diariamente no meio social, mas que ganham “olhares tortos” por serem diferentes fisicamente ou por possuírem particularidades no comportamento. No convívio diário, autistas, anões e cegos têm suas capacidades intelectual e social questionadas simplesmente porque não “se enquadram” nos padrões de normalidade estabelecidos culturalmente. Nesse contexto, é de grande importância para a construção da cidadania e do respeito às diferenças, que os meios de comunicação sejam atuantes no que diz respeito a promoção da informação correta acerca do nanismo, da deficiência visual e do autismo, para que a falta de conhecimento não gere preconceito. Para complementar os espaços de fala dos personagens, além do preconceito, do julgamento e da indiferença sofridos, na série são propostas outras reflexões, como por exemplo, a grande dificuldade que pessoas com deficiência têm ao andar nas ruas ou usar serviços públicos por falta de acessibilidade ou como é complicado conseguir espaço no mercado de trabalho. A série não tem como objetivo principal explicar biológica ou cientificamente o que é o nanismo, a deficiência visual ou o autismo, mas sim, expor as percepções de vida que algumas pessoas com essas condições têm. Em relação aos tipos de deficiência física e de comportamento escolhidos para a série, no caso do nanismo, a ausência discrepante de informações sobre essas pessoas por si só já mostra a grande necessidade de promover a informação sobre este grupo da população. Em relação aos cegos, apesar de haver mais debates sobre a deficiência visual, é preocupante como a falta de acessibilidade e de atenção por parte dos governos atinge a dignidade destas pessoas. Já a decisão de falar sobre autismo partiu do fato de que pouco se sabe como o autismo funciona na fase adulta, a maioria das reportagens e estudos sobre autismo que encontrei são sobre crianças e os adultos passam despercebidos pela sociedade, como se o autismo desaparecesse na passagem da fase infantil para a fase adulta, mas ele continua lá, na vida dessas pessoas, mas invisível aos nossos olhos. A reportagem tem um aspecto interessante que é a abertura interpretativa dada ao repórter, quando este ganha autonomia para traduzir e confrontar perspectivas e fatos que possam guiar o ouvinte-leitor (LAGE, 2001). Os depoimentos colhidos para a série não têm outro objetivo senão o de situar o ouvinte em relação ao fato de existir milhões de brasileiros que têm limitações, dificuldades de relacionamento social e percepções diferentes de como viver a vida. Entre os objetivos deste trabalho, destaca-se a pretensão de produzir uma série de reportagens que sensibilize irá sensibilizar a sociedade em relação ao preconceito e as dificuldades que anões, cegos e autistas enfrentam no dia a dia. E ainda, exercitar o papel de repórter por meio da captação e apuração de depoimentos de pessoas com diferentes histórias; mediar, por meio de áudios, experiências do cotidiano de pessoas com nanismo, deficiência visual e autismo e complementar estas histórias com informações sobre as temáticas.
 
INTRODUÇÃO
A série radiofônica “O Direito de Ser Diferente” tem o rádio como plataforma de divulgação. A base teórica para o uso deste meio são os trabalhos dos autores Luciano Klockner, que discute a linguagem radiofônica na obra “E o rádio? Novos horizontes midiáticos”, e Gisela Ortriwano, que debate a importância do rádio para o jornalismo na obra “A informação no rádio”. Em relação ao tema geral, a deficiência é tratada como construção social. É um processo de opressão social que acaba por desfalecer a essência da construção da cidadania. Essa visão é explicada por Débora Diniz, na obra “Deficiência, saúde pública e justiça social”. Dados da OMS, do IBGE e da LBI também fizeram parte do material teórico colhido. O último censo do IBGE (2010) mostrou que cerca de 45 milhões de brasileiros possui algum tipo de deficiência. Diante desse quadro, é de suma importância que o Estado dê mais atenção a essa parcela da população brasileira. O capítulo III da LBI, que trata do direito à igualdade e da não discriminação, garante as mesmas oportunidades para todos os cidadãos. Philomena Gebran, na obra “Desigualdades” expõe as várias formas de preconceito em relação às minorias e foi com base nos trabalhos desta autora que o tema foi discutido na série. Não é difícil perceber que apesar do número expressivo de pessoas com deficiência no país, elas não estão nas ruas, não as vemos em lugares públicos e nem nas empresas. De acordo com dados de 2016 do Ministério do Trabalho, de cerca de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no país, pouco mais de 418 mil estavam empregadas, menos de 1% do número total. Se a questão é o valor do salário, o IBGE aponta que pessoas com deficiência recebem em média 11% a menos que uma pessoa que não possui deficiência. Em relação a acessibilidade, segundo a LBI, é um “Direito que garante à pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida viver de forma independente e exercer seus direitos de cidadania e de participação social”. A acessibilidade não é só um direito exercido em espaços físicos, mas também direitos diretamente relacionadas ao exercício da cidadania e da sociabilidade. As questões sobre mercado de trabalho e acessibilidade tem como base a Lei 8.213/91, conhecida como Lei de Cotas. O IBGE não possui estatísticas oficiais sobre o número de adultos que possuem nanismo no Brasil, mas estima-se que pelo menos 20 mil brasileiros tenham essa deficiência física. O preconceito envolvendo pessoas com nanismo é forte e enraizado em estereótipos e constrangimentos que passam por cima do respeito e da empatia. A obra “Longe da árvore” de Andrew Solomon é a base teórica para tratar do preconceito em relação aos anãos. Dados do Ministério da Saúde e da organização Somos Todos Gigantes complementam a história dos personagens da série. Sobre a deficiência visual, de acordo com o último Censo, ela atinge cerca de 7,2 milhões de brasileiros, isso equivale a 3,5% do total da população. Adultos cegos sofrem com o preconceito e com a falta de sensibilidade por parte da população e do governo. Para descrever com maior riqueza como deficientes visuais enfrentam o preconceito e a falta de oportunidades, a série cita dados do Decreto-lei nº 5.296/04, conhecido como Lei de Acessibilidade, além de dados da Fundação Dorina Nowill. Em relação ao autismo, esta condição afeta vários aspectos da comunicação, podendo influenciar também o comportamento, o processo de interação e o desenvolvimento da linguagem. A estimativa é que no Brasil pelo menos 2 milhões de pessoas sejam autistas, levando em conta que muitos adultos possuem o transtorno sem saber do diagnóstico, este número pode ser ainda maior. Dados da Lei 12.764, chamada de Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e do Ministério da Saúde, além de análises feita por Andrew Solomon na obra “Longe da Árvore” reforçam a discussão sobre o autismo.
 
OBJETIVO
Esta série foi produzida em três etapas: a pauta e pré-produção, a produção e a pós-produção. Comecei pesquisando por referências bibliográficas, reportagens de rádio e reportagens online que tivessem relação com a temática. Essa pesquisa bibliográfica foi muito importante para a estruturar os episódios da série. Minha sugestão inicial ao meu orientador era produzir uma série radiofônica onde o foco seria a discussão sobre dois papéis que a sociedade costuma limitar às pessoas com deficiência: o de “super-herói” - que supera as dificuldades e é visto como uma grande exemplo - e o de “coitadinho”, que sempre está recluso e não é capaz de viver socialmente. Definimos que a série não seria dividida por tipo de condição, mas por temas que pudessem incluir personagens variados de acordo com a condição que possuíam. Para a pré-produção, o contato inicial com as fontes se deu através de pesquisas na internet, em sites e redes sociais de instituições que tivessem alguma relação com os temas. O próximo passo foi a escolha dos personagens, que, por uma questão editorial, deveriam ser todos adultos. Os episódios incluiriam ainda médicos, psicólogos, sociólogos e especialistas em temas ligados à questão da deficiência física ou de comportamento. No episódio 1 “respeite minhas diferenças”, com 15min58, optei por não explicar em termos científicos as três condições escolhidas. O tema é a visão que a sociedade tem sobre o que é ser normal. Os depoimentos descrevem como os personagens enfrentam o fato de serem vistos por alguns como pessoas incapazes de conviver socialmente ou de serem vistos por outros como super-heróis que enfrentaram todas as dificuldades da vida. “Nem tudo é genética, nem tudo é doença”, tema do episódio 2, com 16min32, tem por objetivo esclarecer ao ouvinte o que, de fato, são o autismo, o nanismo e a deficiência visual. Se essas condições humanas podem ser consideradas doenças e quais as causas e efeitos para quem as possui. No episódio 3, o tema é: Sempre vigiado, com duração de 15min28. Este episódio tem como foco a discussão da forma como a sociedade enxerga o diferente e como essa visão acaba por criar ambientes excludentes e que fortalecem ainda mais a figura do “super-herói” ou do “incapaz”. O objetivo é evidenciar o quanto é sofrido para autistas, anões e deficientes visuais enfrentar o julgamento diário das pessoas nas ruas, nas praças, no transporte público, no trabalho, nas escolas e nas universidades. “Família” é o tema do episódio 4, que dura 14min. Quando pais ou responsáveis descobrem que algum membro familiar possui autismo, nanismo ou deficiência visual, o que eles sentem, como lidam com a situação? O objetivo não é definir o que deve ser feito, já que cada família possui uma forma diferente de enfrentar, mas sim, compartilhar a história dos personagens para que talvez outras famílias se identifiquem. Episódio 5 “Preconceito e aceitação”, com duração de 12min33. A construção da narrativa foi pensada de forma a evidenciar as mais variadas situações de preconceito que as personagens já sofreram, mas sem deixar de contar sobre como enfrentaram tal preconceito e como isso não foi capaz de impedir o crescimento pessoal e profissional delas. A abordagem também vai tratar da questão da aceitação da própria condição sendo autista, anã ou cega. Último episódio da série. Com o tema “Vida profissional e acessibilidade”, e duração de 17min30, este episódio possui uma narrativa que baseia-se na entrada de autistas, anões e deficientes visuais no mercado de trabalho e na falta de acessibilidade nos espaços públicos e coletivos. Para caracterizar essas duas temáticas, são discutidas estatísticas que mostram a necessidade de providenciar um mercado de trabalho mais inclusivo e urgência em criar-se políticas públicas eficientes. Também são brevemente relatadas algumas das principais leis que protegem os direitos das pessoas com deficiência.
 
JUSTIFICATIVA
 
MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS
 
DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO
 
CONSIDERAÇÕES
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS