ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXI CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO CENTRO-OESTE</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #335b82"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00270</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #335b82"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #335b82"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA05</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #335b82"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Úrsula</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #335b82"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Fernanda Cristina Ferreira Fidelis (Universidade Federal de Mato Grosso); Jenisson Edy Viana Bartniski (Universidade Federal de Mato Grosso); Rahuan Angelo Arantes (Universidade Federal de Mato Grosso); Vivian Ferreira de Amorim (Universidade Federal de Mato Grosso); Letícia Xavier de Lemos Capanema (Universidade Federal de Mato Grosso)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #335b82"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;, , , , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> Úrsula é um trabalho integrado desenvolvido para as disciplinas de  Redação, Comentário, Narração em Audiovisual II ,  Fotografia e Iluminação II e  Organização de Produção , do 5º (quinto) semestre do curso de Radialismo da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA), da Universidade Federal de Mato Groso (UFMT). O trabalho teve por objetivo exercitar a prática de elaboração de roteiro de curta-metragem de ficção, bem como sua produção audiovisual e fotografia. No âmbito da disciplina  Redação, Comentário, Narração em Audiovisual II , o exercício propôs a concepção de um roteiro sob a influência de um movimento cinematográfico e em uma locação existente na UFMT, itens pré-estabelecidos por meio de sorteio. No caso do roteiro  Úrsula , o grupo recebeu o movimento vanguardista denominado Expressionismo Alemão e a locação conhecida como  bosque , uma área arborizada do campus Cuiabá da UFMT. A principal condição para o roteiro foi a proibição de uso de diálogos e a máxima redução de informação verbal. Essa condição está relacionada a um dos objetivos do exercício que é priorizar a construção narrativa por meio da composição visual e de usos de elementos sonoros como a sonoplastia e a música. Por efeito do período ao qual pertence o movimento Expressionista no cinema alemão, o pós-Primeira Guerra e pré-Segunda Guerra, o povo alemão passava por uma crise econômica, política, social e cultural que deixou a nação em ruínas e afetou sua subjetividade e a maneira de ver o mundo. Sobre isso, a pesquisadora Laura Cánepa, no capítulo  Expressionismo Alemão do livro  História do cinema mundial (Papirus Editora, 2012), destaca que  o impulso criativo da arte expressionista origina-se de um compromisso com o primado da verdade individual, pois encara a subjetividade como comprovação daquilo que é real (2012, p. 57). Nesse contexto, os filmes de nacionalidade alemã passam a tratar de temas carregados por emoções catastróficas. Um dos mais importantes filmes expressionistas é  O Gabinete do Dr. Caligari (1920), de Robert Wiene, que conta a história de um sonâmbulo (Cesare) manipulado por um médico (Dr. Caligari), que aproveita de seu sonambulismo para levá-lo a cometer assassinatos. Segundo Cánepa,  o filme trazia uma história de loucura e morte vivida por personagens desligados da realidade e cujos sentimentos apareciam traduzidos em um drama plástico repleto de simbologias macabras (2012, p. 66). Assim, para elaboração de um roteiro de ficção inspirado pelo Expressionismo Alemão e com sua história ambientada no  bosque do Campus Cuiabá (UFMT), optou-se pela temática dos medos femininos e da cultura do estupro. A escolha dos temas vem do paralelo encontrado entre o ambiente sombrio e amedrontador, pelo qual passava a Alemanha expressionista do entre guerras, e o sentimento de perigo eminente e ameaça constante que ocorre com mulheres ao andarem sozinhas. Sabemos que a cada 11 minutos uma mulher é estuprada no Brasil, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgados em 2015. Dessa forma, consideramos que as propostas estéticas, narrativas e temáticas postas pelo Expressionismo Alemão dos anos 1920 encontram sintonia com expressão da subjetividade da mulher contemporânea e sua maneira de perceber o mundo permeado pela cultura do estupro e alicerçado em uma estrutura predominantemente patriarcal e machista. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para além do sorteio que definiu a locação e o movimento cinematográfico, incluindo as especificidades que envolviam a proibição de diálogo a fim de uma maior exploração visual e sonora, realizou-se um profundo trabalho de pesquisa com o intuito de compreender a história e as características estéticas, temáticas e narrativas do Expressionismo Alemão. Além disso, também foram pesquisados os temas dos medos femininos e da cultura do estupro. O Expressionismo Alemão destaca-se por ser um movimento artístico vanguardista que surge no fim do século XIX. Embora seja um movimento plural, que abrange uma diversidade de formas expressivas (pintura, teatro, literatura etc), o Expressionismo encontra no pós Primeira Guerra seu momento mais profícuo em suas relações com o cinema. O expressionismo cinematográfico dos anos 1920 pode ser considerado uma fusão entre o pessimismo e o cenário desolador encontrado na Alemanha pós-guerra com a tradição da literatura fantástica alemã. A fim de entender mais a fundo a história desse movimento, buscamos apoio nos estudos de Laura Cánepa (2012), no já citado capítulo  Expressionismo alemão , e de Lotte Eisner, em seu livro  A tela demoníaca (Editora Brasiliense, 1985), pesquisadoras que tratam do Expressionismo e da sua importância para o cinema. O cinema alemão incorporou de maneira única a estética expressionista. Eisner ressalta aspectos considerados privativos da  alma alemã . Segundo a autora,  para a alma torturada da Alemanha de então, tais filmes, repletos de evocações fúnebres, de horrores, de uma atmosfera de pesadelo, pareciam o reflexo de sua imagem desfigurada e agiam como uma espécie de exutório (EISNER, 1985, p. 25). Para o entendimento das características expressionistas, foram usadas como referências fílmicas:  O Gabinete do Dr. Caligari (1920), de Robert Wiene e  Nosferatu, uma sinfonia de horrores (1922), de Friedrich Wilhelm Murnau, que evidenciam as aspectos expressionistas, tais como a distorção emotiva das formas, o forte contraste entre claro e escuro e a presença de temas como o medo, paranóia e a insanidade. De acordo com Cánepa, trata-se de obras que realizavam a  proposta expressionista de traduzir visualmente conflitos emocionais (2012, p. 67). Vale destacar também temas sombrios de suspense policial e mistério em um ambiente urbano, personagens bizarros e assustadores. No que se refere à investigação sobre os medos femininos e a cultura do estupro, foram levantados dados e pesquisas relevantes sobre o tema. Segundo a pesquisadora Peggy Sanday (1997), no livro  A woman scorned (University of California Press,1997 ), o termo cultura do estupro tem suas origens nos anos 1970, associado a segunda onda do movimento feminista. O termo é usado para referir-se a comportamentos sutis ou mesmo explícitos que naturalizam ou relativizam a violência sexual contra a mulher. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em 2016 foram registrados 49.497 casos de estupro e 6.548 tentativas de estupro no Brasil. A violência afeta mulheres de todas as classes sociais, etnias e regiões brasileiras. Hoje, a violência contra a mulher não deve ser entendida como um problema individual e isolado, mas como um problema estrutural, oriundo de uma sociedade patriarcal e machista. Apesar dos números relacionados à violência contra as mulheres no Brasil serem assustadores, ocorreram significativos avanços legislativos. A Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), implementada em 2006, é considerada pela ONU uma das três leis mais avançadas de enfrentamento à violência contra as mulheres do mundo. Outra conquista importante foi a criação da Lei do Feminicídio (Lei 13.104/2015), termo usado para denominar assassinatos de mulheres cometidos em razão do gênero. No Brasil, a lei estabelece que, quando o homicídio é tipificado como feminicídio, a pena é maior. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O roteiro foi redigido de acordo com o modelo Master Scene, formato profissional para elaboração de roteiros de ficção, que trabalha com os elementos: cabeçalho de cena, ação, diálogos e transições. No caso de  Úrsula , o roteiro não possui diálogos, já que a eliminação das falas fez parte do método proposto. Tal método baseou-se na constatação de que há uma tendência em encontrar soluções narrativas exclusivamente através de diálogos, ou ainda, no uso de falas explicativas em excesso, vícios que frequentemente surgem na escritura do roteiro. Nesse sentido, justifica-se a exclusão de diálogos com o propósito de exercitar a transmissão de informações narrativas por outras vias expressivas, como ações, enquadramentos, angulações e movimentações de câmera, usos da sonoplastia, do silêncio e da música. Com isso, o trabalho prioriza a articulação da linguagem visual e sonora em detrimento da linguagem verbal, fazendo com que o roteiro sustente sua dramaticidade e sua progressão narrativa por meio da potencialidade expressiva de imagens e sons. Além disso, o roteiro foi inspirado no estilo cinematográfico expressionista, que se caracteriza pela subjetividade e percepção deformadas por emoções sombrias, através de maquiagem expressiva, cenários distorcidos e fotografia contrastada. O Expressionismo Cinematográfico surgiu num período em que a Alemanha sofria as consequências da Primeira Guerra. A população padecia com as incertezas em relação ao futuro. Os sentimentos mais comuns eram de frustração, medo e insegurança, ambiente emocional que se refletiu no filmes do movimento. A partir dos estudos sobre o movimento em questão, buscou-se estabelecer relações entre os sentimentos expressionistas e os medos contemporâneos. Nesse sentido, empreendeu-se pesquisas que resultaram na escolha do tema dos medos femininos. A investigação sobre situações de medo que assombram a sociedade brasileira nos dias atuais, mais especificamente os medos sofridos pelo gênero feminino, apontam para os temas da cultura do estupro e da violência contra a mulher, questões muito relevantes, sendo que dois a cada três brasileiros viram uma mulher ser agredida em 2016, segundo pesquisas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). A violência contra a mulher apresenta dados alarmantes que revelam que a população feminina se sente vulnerável em sofrer algum tipo de agressão a todo instante, seja ela física ou psicológica. No roteiro  Úrsula , a protagonista se encontra na situação de atravessar sozinha um caminho escuro durante a noite. Nessa breve caminhada, ela enfrenta os medos que atingem a maioria das mulheres, como o medo de assalto, e também medos mais específicos, como aqueles relacionados ao encontro com figuras masculinas em lugares vazios, que remetem à agressão e ao estupro. Os desenhos retratados pelos lambes e grafites, que parecem observá-la nas primeiras cenas, têm a função premonitória de mostrar que o percurso da personagem será tenso, sombrio e perigoso. Quando a personagem desliga a música em seu celular e tira os fones de ouvido para ouvir os barulhos emitidos pelo bosque, ela dirige seu foco auditivo para qualquer indício de perigo. O caminho sem iluminação adequada e com árvores e personagens que fazem sombras marcadas, tortuosas e duras, os passos incertos e as expressões faciais, retratados pelo medo, pelo pânico, pela malícia, e finalmente pelo alívio, são elementos essenciais usados no roteiro que não possui diálogos. Tudo é expressado através de imagens e sons diegéticos e extradiegéticos. Os sons dos animais e das pegadas nas folhas secas são componentes das cenas que se complementam às imagens, criando uma ambientação de suspense e apreensão. Ao se deparar com três figuras diferentes durante o caminho, o medo da protagonista ganha formas distorcidas, até que o alívio tácito se revela na troca de olhares entre duas mulheres que se cruzam no bosque escuro e na frase que conclui a trama:  respeita as mina . </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2"> </td></tr></table></body></html>