ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00072</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA04</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Cadê a Morena?</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Klinger Pinheiro Silva (Universidade Federal do Amazonas); Elberth Lima Nascimento (Universidade Federal do Amazonas); Rebeca Simões de Almeida (Universidade Federal do Amazonas); Maria Cecília Costa Braga da Silva (Universidade Federal do Amazonas); Carlos William Campos Soares (Universidade Federal do Amazonas); Francine Marie Ribeiro (Universidade Federal do Amazonas); Maysa Fernanda da Silva Saraiva Leão (Universidade Federal do Amazonas); Gabriel Corrêa Oda (Universidade Federal do Amazonas); Allan Soljenítsin Barreto Rodrigues (Universidade Federal do Amazonas)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Audiovisual, Manaus, Musica, Videoclipe, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">"Cadê a Morena?" é um videoclipe baseado na música de mesmo nome pertencente do artista paraense Marcelo Nakamura em parceria com a banda Tribo Zaggaia, trabalho realizado para a matéria de Oficina Básica de Audiovisual o qual utiliza a experimentação com diferentes ferramentas audiovisuais, sendo a mais presente destas, a dramaturgia. Este artigo descreve os seus aspectos técnicos e suas respectivas finalidades, considerando o contexto no qual foi produzido, com a intenção de abordar diferentes cenários e a expressão cultural da capital amazonense.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Em seu princípio o videoclipe era uma ferramenta de divulgação para a indústria fonográfica, com o aperfeiçoamento de técnicas e conceitos outras significações lhe foram atribuídas: "O videoclipe é uma linguagem híbrida que demanda uma forma de análise na qual se leia o modo como os signos se unem e formam linguagens fronteiriças" (ANDRADE, 2009). A partir disso, as produções em videoclipe se tornaram mais diversificadas, porém seu objetivo principal foi mantido: realizar uma transição entre a percepção sonora de uma canção e sua interpretação visual, uma espécie de transição entre mídias. Existem determinadas narrativas utilizadas de forma mais decorrente na concepção de um clipe musical. Durá-Grimalt (1988) divide este formato em três principais categorias podendo ser uma representação musical e visual do artista que a interpreta, uma passagem estética sem cronologia, mas que siga o ritmo ou intenção da música, ou até mesmo, uma interpretação com base na dramaturgia. "Há videoclipes extremamente  plásticos , nos quais os cuidados com a estética são muito importantes, até mais do que a narrativa. Alguns, inclusive, não narram nenhuma história, sustentando-se apenas pelo visual e sensorial. Entretanto, há também os videoclipes que contam narrativas bem feitas, mesmo que sejam ainda bem diferentes das formas tradicionais de narrativa." (PORTO, 2013) Este último pode ser protagonizado pelo próprio artista que interpreta a música ou por atores, contando uma história de forma que seus acontecimentos estejam interligados com a letra da canção. Este aspecto narrativo foi utilizado no videoclipe "Cadê a morena?", no qual os acontecimentos ocorrem de forma cronológica e contam a história de um casal protagonista pela cidade. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">"Cadê a morena?" tem como objetivo criar uma narrativa simples e de fácil entendimento, valorizando a letra da música a fim de criar sensações tal quais as representadas na montagem e finalização, além de utilizar valores estéticos que destaquem os cenários e seus respectivos contextos. Para Kelly Porto, o videoclipe deve estar estritamente ligado aos significados expressos na música: "Ainda que procurem seguir os padrões tradicionais, as narrativas têm de estar estreitamente ligadas principalmente à música. Há os videoclipes que possuem mais independência na relação imagem-som, porém, a mesma tem de ser feita sempre de maneira coerente e regrada [...] Mas o necessário sempre é imagem e som relacionados, mesmo havendo uma ruptura proposital de algum som ou trecho de música." (PORTO, 2013). A escolha por uma canção que possua em sua letra aspectos linguísticos e físicos próprios da região Norte tem como intuito fomentar a representatividade para a música regional, e assim, desmistificar a preferência por artistas e canções de âmbito nacional e internacional. A decisão de utilizar Manaus como cenário reforça a ideia de regionalismo, além de valorizar a paisagem urbana da cidade e criar sensações comuns aos seus habitantes. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A falta de valorização e identificação da cultura amazônica é um aspecto que nos instiga quanto futuros comunicadores e influenciadores de opinião. Acreditamos que, com o suporte das inovações tecnológicas comunicacionais não há mais como aceitar discursos que definem a Amazônia como a periferia cultural do país. Os meios de comunicação de massa são elementos que, bem como nos aproximam e nos integram a manifestações culturais de todas as partes do mundo, nos afasta cada vez mais da nossa própria cultura. O conteúdo produzido pela indústria cultural faz uso dos veículos de comunicação de massa para engolir a produção artística autoral e independente da região. Ora, a uma região violentamente colonizada, atingida por um dos maiores processos de etnocídio da humanidade, marginalizada culturalmente, com estrutura social desorganizada resta somente aceitar  os códigos já devidamente mastigados e expelidos pela metrópole, numa constante coprofagia cultural. (SOUZA, 2003, p.30) Com a justificativa de produzir um conteúdo audiovisual que incentive o processo de desconstrução desses discursos ultrapassados sobre a Amazônia e estimular a sociedade amazonense a conhecer os artistas  da terra , ao pensarmos na produção experimental de um videoclipe a primeira decisão tomada, e com unanimidade, foi optarmos por uma música autoral de artista da região. Com um cenário musical expressivamente significativo as opções foram muitas. Sugestões de roteiro foram dadas em cima das músicas das bandas Os Tucumanus, Jander Manauara e Alaídenegão, banda intérprete da música  Cadê a morena? .  Quem come jaraqui não sai mais daqui é uma expressão típica no Amazonas e chama atenção na letra da música que tem como personagem principal a Morena. A boa receptividade de um expressivo público feminino quando a canção é executada em diversos eventos nos inspirou a exaltar a beleza, força e a liberdade da mulher do Norte. Além de exaltar e reverberar a produção musical da região amazônica, buscando fomentar a inserção do norte no cenário da música nacional, outra justificativa de produzir o videoclipe desta música é causar uma reflexão sobre o fato de a mulher da região Norte ser alvo constante de julgamentos machistas e misóginos que a apontam como "fácil" quando, na verdade, esta mulher é absolutamente independente, bem resolvida, empoderada e dona do próprio corpo, responsável por suas escolhas pessoais, profissionais e sexuais. A derrubada de preconceitos, referente à cultura da Amazônia, especificamente no Amazonas, quanto à postura da mulher do Norte, a busca pelo incentivo ao empoderamento feminino também é nossas pautas em uma região subvalorizada política e culturalmente por parte do restante do país e também, infelizmente, pelos próprios amazonenses. A produção deste produto audiovisual é justificada pela busca da exaltação e reverberação do conteúdo artístico e cultural produzido na região. No cenário do videoclipe se encontra Manaus do século XXI, porém as imagens realizadas no centro histórico rememoram diferentes épocas da cidade, isto devido às características arquitetônicas que se encontram neste local e que entram em contato com o comércio, poluição visual e grande tráfego de pessoas. "Maciel e Filippini (2010) afirmam que ainda que tenha ocorrido o abafamento da cultura indígena no decorrer da história da cidade de Manaus, a cultura originária ainda se apresenta de forma bastante enraizada. No entanto alertam que a cultura de um lugar só pode se manter viva se a população local a tomar como referência, buscar a afirmação e o sentimento de pertencimento a esses aspectos culturais." (FERREIRA e MAXIMO, 2016). Além do centro histórico, imagens de outros bairros da cidade também foram utilizadas na formação da cultura regional, em ambos os casos foram feitas imagens sem preparo do cenário, de forma que ao mostrar os locais, as imagens retratassem a narrativa em uma cena cotidiana e comum aos moradores da capital. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O videoclipe é um produto que possui elementos contemporâneos, conseguindo explorar a expressão artística através do desempenho de um cantor ou um grupo musical, com o intuito de repassar uma mensagem por meio da linguagem e estética visual. O desenvolvimento do produto começou com a escolha da música,  Cadê A Morena? que é de autoria do cantor e compositor Marcelo Nakamura e Agenor Vasconcelos, vocalista e baixista da banda Alaídenegão. Atualmente, a canção possui duas versões em registros fonográficos: uma delas compõe o álbum  Senoide Sensual (Gravadora Deckdisc, Rio de Janeiro, 2015) da banda amazonense Alaídenegão e a outra compõe o  Psycho Bagaceira de Marcelo Nakamura e Tribo Zaggaia (Estúdio Cauxi, Manaus, 2016). O ritmo da versão escolhida traduz sonoramente o cenário da música alternativa e independente de Manaus, quente, convidativo e dançante onde o ritmo é composto por referências tradicionais como carimbó, lundu, a guitarrada e o contemporâneo techno brega que fazem parte da cultura do Pará que é um dos estados de maior representatividade cultural da região Norte e facilmente notado na música e no videoclipe. Segundo John Muddy, os videoclipes:  frequentemente refletem a estrutura da canção e se apropriam de certos artefatos musicais no domínio da melodia, ritmo e timbre. A imagem pode até parecer imitar as batidas e fruições do som, indeterminando, com isso, as fronteiras entre som e imagem. (MUNDY, 1999, p. 21) No âmbito dos meios de comunicação, o videoclipe também perpetuou sua influência, até então a música não possuía grande apelo visual, se tornando uma atração presente majoritariamente em rádios, porém com o aumento de adesão pública por este formato foi preciso inclui-lo na programação televisiva, aumentando o seu alcance. Segundo Sueli Andrade, o interesse no novo formato não era exclusivamente dos espectadores: "Ainda que o videoclipe tenha um compromisso com a indústria musical e seja veiculado especialmente na televisão, do ponto de vista prático, a sua produção necessita de orçamentos relativamente baratos e existe liberdade para experimentações. Por isso muitos diretores de cinema lançaram-se nessa empreitada." (ANDRADE, 2009, p.19) A partir do momento em que o videoclipe se populariza na sociedade, novas técnicas que começam a explorar o experimentalismo. Segundo Machado (2000), esta liberdade criativa rememora diversas escolas estéticas do cinema: "Numa época de entreguismo e de recessão criativa, o videoclipe aparece como um dos raros espaços decididamente abertos a mentalidades inventivas, capaz ainda de dar continuidade ou novas consequências a atitudes experimentais inauguradas com o cinema de vanguarda dos anos 20, o cinema experimental dos anos 50-60 e a videoarte dos anos 60-70." (MACHADO, 2000, p. 173) A construção do videoclipe passou por várias etapas de produção, abordando o centro histórico da cidade como também cenários de bairros periféricos em Manaus. Musberger afirma:  O processo de produção consiste na operação de equipamentos físicos e digitais combinados para converter o roteiro escrito em um programa completo e pronto para ser distribuído. O processo é dividido em três estágios: pré-produção, produção e pós-produção. (MUSBERGER, 2008, p. 31) O conceito da obra baseou-se na regionalização e na identificação da herança cultural urbana e musical presente na capital Manauense. O uso de pontos turísticos no centro da cidade e de locais mais distantes serviram para produzir as cenas externas, o que permite uma conexão entre as diferentes estruturas urbanísticas que se estendem pela cidade contribuindo com a performance visual do produto. Para JederJanotti Jr:  Mesmo que de maneira virtual, a performance está ligada a um processo comunicacional que pressupõe uma audiência e um determinado ambiente musical. Assim, a performance define um processo de produção de sentido e consequentemente, de comunicação, que pressupõe regras formais e ritualizações partilhados por produtores, músicos e audiência, direcionando certas experiências frente aos diversos gêneros musicais da cultura contemporânea". (JANOTTI JR, 2005: 9) O processo de filmagem foi divido em etapas, começando pela criação do argumento e o desenvolvimento do roteiro. A produção se deu pela escolha dos locais para as gravações das cenas, preocupando-se em mostrar a essência manauara de cada local gravado. O equipamento utilizado foi composto por uma câmera Nikon D3100 que possuiu um ótimo foco continuo, uma lente Nikon 18-55mm e um tripé. A intenção de usar essa lente foi pelo simples fato dela possibilitar tirar fotos e filmar grandes ambientes como por exemplo uma praça ou uma rua. A principal inspiração para o videoclipe veio da web série   Sampleados  produzida pelo Canal Platô e disponibilizada no Youtube. O objetivo da obra segundo Leonardo Augusto, diretor da web série é passar uma reflexão sobre a riqueza da música paraense, usando um mashup de músicas que englobam diversos gêneros musicais da região como o techno brega, a fim de valorizar a identidade cultural da região norte. Outro projeto também usado como inspiração é o clipe   Eres Mi Religion  da Banda Maná, onde narra a história do surgimento de um amor nas ruas de Barcelona, na qual o homem fica à procura de uma mulher a quem ele desenhou. O videoclipe conta também com o uso de técnicas como o time-lapse utilizado também em Cadê A Morena?. Esses produtos tem também como características as cores, são cenários com cores fortes e que envolvem o espaço urbano seja de uma Praça em Barcelona como no clipe do Maná ou o Mercado Ver-o-Peso onde se passa um episódio dos Sampleados. É importante lembrar que atualmente tem-se uma liberdade maior de trabalhar o experimentalismo de ideias e história na concepção de uma obra audiovisual, como o videoclipe,  [...] é o abandono ou a rejeição total das regras do  bem fazer herdadas da publicidade e do cinema comercial. O que vale agora é a energia que se imprime ao fluxo audiovisual, a fúria desconstrutiva e libidinosa [...] (MACHADO, 2001, p.177).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O historiador e antropólogo Omar Ribeiro Thomaz conceitua cultura como um fenômeno unicamente humano que se refere à capacidade dos seres de dar significado às suas ações e ao mundo que os rodeia. É um conjunto de códigos simbólicos compartilhado pelos membros de um grupo social que possui dinâmica e coerência interna. Mediante procedimentos antropológicos esse código pode ser decifrado e traduzido a outros grupos sociais. Além de uma riquíssima herança cultural indígena, são destaque dentro do conjunto de códigos simbólicos da região amazônica as manifestações artísticas culturais. No Amazonas, um exemplo percebível é o festival folclórico de Parintins, apesar de, há muito tempo ter sido transformado em um produto da indústria cultural, ainda é considerado uma importante manifestação cultural no Norte do país. Segundo Soares (2007) "as perspectivas de cenários se articulam às geografias reais e imaginárias dos artistas da música popular massiva", assim o artista Marcelo Nakamura, nascido no Estado do Pará e residente no Amazonas utiliza em seu trabalho influências e aspectos da região Norte, criando relação com seu público, o qual se identifica com suas letras por utilizar dialetos e expressões próprias da região. Além disto, a indústria fonográfica ainda exerce grande influência sobre as opções e distribuição de produtos, tornando determinados conteúdos mais acessíveis. É comum que artistas independentes no cenário amazonense não possuam o destaque desejado, tanto devido à falta de reconhecimento em outras localidades, quanto ao detrimento de incentivos financeiros à produção local. Com a limitada atribuição de orçamento, realizar um clipe musical para um artista independente contribui com seu portfólio e torna-se uma forma de divulgar seu trabalho, rememorando o objetivo inicial dos videoclipes com atribuições atuais, tal qual a forma de divulgação, fazendo uso internet como ferramenta de difusão cultural. O videoclipe conta a história de um homem a procura de sua morena pelas ruas e vielas da cidade manauara e ao retratar o papel masculino, o videoclipe abandona o paradigma de que o sentimentalismo é uma característica propriamente feminina, onde o personagem logo que se depara com a falta da mulher, percorre toda cidade e pedindo informações sobre ela até que ocorra o encontro. A personagem Morena é uma mulher independente que está à procura de diversão, as cenas em que aparece é fácil perceber como ela lida com a insistência do personagem que insiste em sua procura pela cidade. Uma das inspirações usadas para molda-la foi a personagem Rita Baiana da obra literária  O Cortiço , que é descrita como uma mulher de cabelos crespos e cintura bem delineada, forte e determinada, possuindo um feitiço feminino que hipnotizava e fazia com que os homens ficassem loucos com sua beleza e seu requebrado. É uma mulher à frente do seu tempo assim como a personagem do videoclipe  Cadê a Morena? que não se submete aos caprichos do homem. Aluísio de Azevedo descrevia Rita Baiana de forma detalhada:  No seu farto cabelo, crespo e reluzente, puxado sobre a nuca, havia um molho de manjericão e um pedaço de baunilha espetado por um gancho. E toda ela respirava o asseio das brasileiras e um odor sensual de trevos e plantas aromáticas. Irrequieta, saracoteando o atrevido e rijo quadril baiano, respondia para a direita e para a esquerda, pondo sua fisionomia com um realce fascinador. (AZEVEDO, 1984, p.45) Nota-se características parecidas entre as personagens, como a personalidade forte e marcante. A Morena transborda sensualidade e alegria assim como Rita Baiana, nas últimas cenas do videoclipe é possível ver todo o seu gingado e requebrado capazes de conquistar tanto o olhar de seu admirador como do expectador que está assistindo a obra. O videoclipe também busca valorizar a cidade de Manaus, visto que as grandes produções de videoclipe ou em formato audiovisual nacionais exibidas em canais privados e públicos são voltadas à valorização de cidades mais famosas ou populosas do país. Podendo mostrar a cultura para o resto do país e também aguçar a percepção regional quanto a cenários e lugares já visitados, que possam adquirir outras significações. "O mobiliário urbano já não deve mais se preocupar apenas com seu peso funcional e formal, mas também com características culturais que o ambiente carrega, gerando apelo emocional aos seus usuários. Logo, o mobiliário urbano torna-se responsável pela interação entre o homem e a cidade, pois gera impressões, positivas ou não, do ambiente para com o habitante integrando-os em um único sistema" (FERREIRA e MAXIMO, 2016). É perceptível em grande parte da Amazônia, mais especificamente no estado do Amazonas, onde estamos inseridos, uma falta de interesse e de identificação, por parte dos próprios amazonenses, com os elementos culturais da região. Segundo Souza (2003) a falta de pensamento crítico sobre a formação social, política e cultural da região é consequência de uma história subvalorizada, diminuída e mal contada.  Uma história escrita com a letra minúscula do preconceito e da distorção mentirosa. Daí o amazonense não receber o mínimo necessário para se situar no tempo, nem procurar entender as contradições do presente. [...] Como um amazonense pode ser brasileiro sem conhecer criticamente o seu passado, sem compreender as contradições do processo em que está vivendo? O Amazonas tem sido incapaz de captar uma visão essencial do seu processo, atado ao desconhecimento do caráter social do pensamento e da cultura. (SOUZA, 2003, p.19-20). Além disso, segundo Bueno, (2008) a imagem da região amazônica vem sendo construída desde a chegada do colonizador europeu ao novo mundo e, apesar das transformações na formação sociocultural da região, o paradoxo  infernismo x  edenismo ainda é frequente e estimula a visão da região como  pulmão do mundo ,  paraíso terrestre ,  inferno verde . Ugarte (2003, p.3) afirma que a Amazônia, durante o processo colonial, tornou-se uma das margens do  Novo Mundo e ao discursarem sobre esta região os europeus a marginalizavam também cultural, econômica e politicamente. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Um videoclipe deve assim ser um aprimoramento sensorial, que exige atenção sonora e visual, dois tipos de comunicação que para que se passe a mensagem correta, ou seja, bem sucedido deve ser realizado com conhecimento técnico e conceitual, que consiga suprir as suas intenções e dos artistas envolvidos. A comunicação não se encontra restrita aos meios de comunicação, podendo ocorrer de maneiras cotidianas, o videoclipe apesar de necessitar dos meios é facilmente inserido no cotidiano, um canal alternativo para se passar uma mensagem. Ele traz um dos princípios básicos da comunicação, o entendimento. Indiferente da narrativa utilizada no clipe, o importante é que com o conjunto entre imagens e sons possa se transmitir a mensagem desejada. "A partir do cruzamento entre as culturas erudita, popular e massiva, percebemos que o videoclipe é uma mídia transtemporal. Isto significa que ele representa o deslocamento, a convivência e a mistura de tradições, e principalmente, a renovação de regras simbólicas, que encontram formas novas na sociedade contemporânea." (PORTO, 2013) Entender este conceito e aplica-lo a profissão de jornalista é imprescindível para tal formação, a disciplina Oficina Básica de Audiovisual ao apresentar um gênero audiovisual com diferentes conceitos e objetivos, contemplou uma análise de diferentes conteúdos, teóricos e visuais, pois é no estudo sobre estes vídeos que se torna possível uma análise crítica e aprofundada sobre seu papel social e para a comunicação. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ANDRADE, Sueli. Chris Cunningham: autoria em videoclipe. São Paulo, 2009. Disponível em: <https://sapientia.pucsp.br/bitstream/handle/5263/1/SUELI%20CHAVES%20ANDRADE.pdf>. Acessado em 23 de março de 2017.<br><br>AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. São Paulo: Ática, 1984.<br><br>DURÁ-GRIMALT, Raúl. Los videoclips  Precedentes, orígenes y características. Valencia:Universidad Politécnica de Valencia, 1988.<br><br>FERREIRA, Yago. MAXIMO, Fabio. Resgate da identidade cultural da cidade de Manaus: Estudo da importância de aspectos culturais para projetos de mobiliários urbanos. Manaus, 2016. Disponível em: <http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws.com/designproceedings/ped2016/0264.pdf> Acessado em 23 de março de 2017<br><br>JANOTTI JR, J. 2005. Dos Gêneros textuais, dos Discursos e das Canções: uma proposta de análise da música popular massiva a partir da noção de gênero mediático. In: XIV Compós, Rio de Janeiro - UFF. Anais da XIV Compós. CD-Rom.<br><br>MACIEL, R. M.; FILIPPINI, E. MANAUS: uma reflexão acerca de seu passado. Revista Eletrônica Aboré - Publicação da Escola Superior de Artes e Turismo Manaus, Manaus, 2010. 37-47.<br><br>MACHADO, Arlindo. A televisão levada a sério. São Paulo: SENAC, 2000.<br><br>MUNDY, John (1999). Popular music on screen: from Hollywood musical to music video. Manchester: Manchester University Press. SÁ, Simone Pereira de (2004). <br><br>MUSBURGER, R. B. Roteiro para mídia eletrônica. Tradução Natalie Gerhardt. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.<br><br>PORTO, Kelly. O videoclipe: aspectos e contextualização histórica. São Paulo, 2013. Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/o-videoclipe-aspectos-e-contextualizacao-historica/115613/>. Acessado em 23 de março de 2017.<br><br>SOARES, Thiago. Construindo imagens de som e fúria: Considerações sobre o conceito de performace na análise de videoclipes. Disponível em: Acessado em 23 de março de 2017.<br><br>SOUZA, Márcio. A expressão amazonense. Manaus: Valer, 2003.<br><br>UGARTE, Auxiliomar Silva. Margens míticas: A Amazônia no imaginário europeu do século XVI. In: PRIORE, Mary Del e GOMES, Flávio dos Santos (orgs.). Os senhores dos rios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.<br><br> </td></tr></table></body></html>