ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00842</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PP</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PP08</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;É estupro</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Luiz Gustavo Amadori Cavet (Universidade Positivo); André Tezza Consentino (Universidade Positivo)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Institucional, Erotismo, Fotografia, Playboy, Reposicionamento</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O trabalho aqui apresentado apresenta o desenvolvimento e a criação fotográfica para uma campanha institucional sobre estupro para o cliente Playboy. A revista fez um reposicionamento de marca em 2016, a reconsiderando a abordagem da mulher ao ser veiculada. O trabalho foi proposto na matéria de criação do curso de publicidade no segundo ano da Universidade Positivo, em que era necessário o desenvolvimento de uma campanha institucional para um cliente de livre escolha.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O trabalho desenvolvido no primeiro bimestre do segundo ano de publicidade e propaganda consistia em desenvolver uma campanha institucional com três peças para um cliente de livre escolha. Com isso em vista, foi escolhido desenvolver uma campanha fotográfica para a marca Playboy, que havia recentemente mudado seu posicionamento editorial. A partir de 2016, com Luana Piovani estrelando a capa, a revista pretende dar mais voz às mulheres e não mais pagar as modelos para posarem. Portanto, Luana, assim como as modelos seguintes, posaram voluntariamente. Por conta deste novo posicionamento foi consentido que a equipe deveria desenvolver uma campanha institucional para marca Playboy que abordasse um tema que consterna a sociedade como um todo, o estupro, mas emprestando a voz em específico às mulheres, que ganharam uma nova representação pela marca. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A campanha institucional é a que visa o reforço da marca ou seus valores não necessariamente promovendo seu produto, porém muitas vezes almejando um melhor posicionamento na mente do consumidor. A Playboy modificou seu posicionamento, modificando a forma em que a mulher é representada. A nova postura da Playboy de 2016 aborda a mulher como sujeito e não objeto. Para desenvolver uma campanha institucional reforçando esse novo valor foi proposto entre os integrantes desenvolver uma campanha de conscientização para o leitor, em especial masculino, sobre um problema que aflige as mulheres brasileiras: o estupro. Visto que uma mensagem deste cunho dentro da revista advertiria o homem de que não é pelo fato da mulher estar exposta que ela se torna menos autônoma de seu próprio corpo e a mulher de que a revista está procurando representá-las.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Não é de hoje que se é observada a transformação dos mercados de massa, a segmentação de nichos motivados pela internet e o perfil de consumo do seu usuário. Em seu livro Cauda Longa, Chris Anderson (2006) pontua:  On-line, contudo, o consumidor tem muito mais ajuda. Dispõe-se de quantidade quase infinita de técnicas para explorar as informações latentes no mercado e para facilitar o processo de seleção. Pode-se selecionar por preço, avaliações, data e gênero. (ANDERSON, 2006, p.171) Com essa constatação, Anderson introduz a teoria da Cauda Longa que mostra como a internet foi capaz de oferecer diversas opções ao usuário ao invés de alguns poucos produtos destinados a toda massa, aumentando assim, em volume, o consumo por opções antes obscuras. (ANDERSON, 2006, p.215) A revista Playboy, como outros diversos players que oferecem produtos midiáticos destinados à massa, sofreu um grande queda de vendas com a Cauda Longa. Sobre o segmento erótico, Chris Anderson ainda comenta:  Enquanto isso, a Internet permitiu que a mais longa das caudas, a da pornografia, atendesse a todas as preferências e excentricidades imagináveis. (ANDERSON, 2006, p.48) Com a grande acessibilidade e variedade do conteúdo pornográfico disposto na web a editoria da revista concluiu que seria necessário um novo posicionamento da marca. O jornal Meio & Mensagem divulgou o seguinte trecho da carta à imprensa feita por sua editora, a PBB entertainment:  a mulher não será objeto de nudez, terá voz na revista e suas histórias de vida serão valorizadas. Os ensaios não serão mais pagos com cachê porque o corpo da mulher não tem preço. Na nova Playboy, não haverá leilão sobre qual estrela foi mais bem paga, porque nenhuma mulher vale mais que outra. (MEIO E MENSAGEM, 2016) O movimento da revista dá uma resposta a uma reflexão de Edgar Morin sobre a representação da mulher na imprensa feminina e masculina:  Se o rosto da mulher e não do homem impera na revista feminina é porque o essencial é o modelo identificador da mulher sedutora , e não o objeto de seduzir. [...] É o reino não só da mulher sujeito-objeto, mas dos valores femininos no seio da cultura (MORIN, 2011, pg.139) Consequentemente a revista erótica masculina que tratava da objetificação da mulher passou a adotar uma postura em que a mulher deixa de ser apenas objeto e passa a ser uma mulher sujeito-objeto. Não apenas um corpo, mas também uma voz. Passa a não ser apenas um objeto de admiração como também um recurso de reprodução de seus próprios valores. Porém isso também pode apontar para um reflexo introduzido por Giddens (1992):  O controle sexual dos homens sobre as mulheres é muito mais que uma característica incidental da vida social moderna. À medida que esse controle começa a falhar observamos mais claramente revelado o caráter compulsivo da sexualidade masculina  e este controle em declínio gera também um fluxo frequente da violência masculina sobre as mulheres. No momento abriu se um abismo emocional entre os sexos. E não se pode dizer com qualquer certeza quanto tempo ele levará a ser transposto. (GIDDENS, 1992, pg.11) Portanto, ao passo que se segue para empoderá-la também é necessário outro passo para defendê-la. Principalmente se considerado que o Brasil é o quinto país no mundo com maior taxa de feminicídio. (NAÇÕES UNIDAS, 2016)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para o desenvolvimento da foto com essa temática para ser veiculada na revista Playboy foi determinado que o tema fosse abordado de forma explícita, sem ser visualmente grotesco. A foto deveria ser vinculada ao cotidiano, visto que é tema do mesmo, e que deveria ser subversiva, ao sentido que para Barthes  ...a fotografia é subversiva, não quando aterroriza, perturba ou mesmo estigmatiza, mas quando é pensativa (1980, pg.36). Portanto, para obter este efeito reflexivo sobre a fotografia, a campanha optou por utilizar o mínimo de elementos visuais possíveis. Fornecendo assim mais espaço para a reflexão do receptor da imagem. Para determinar, então, como seria possível representar o tema do estupro,  a força da forma proposta, os integrantes da equipe incubaram a ideia de vincular o cenário cotidiano com a observação do dia-a-dia. Por meio dessa incubação um dos integrantes reparou sobre o ato de comer uma tangerina. A força aplicada nela para descascá-la e a similaridade da parte interna dos gomos com o sexo feminino. Para então relacionar esses elementos com a força eventualmente aplicada a uma mulher para despi-la, em um caso de estupro, e na forma como a mão masculina se tornaria maior e facilmente envolveria os gomos. Definido o que seria fotografado deu-se então início ao processo de questionar como essa foto seria executada. Como um dos critérios escolhidos para o desenvolvimento da foto foi o de clareza, foi decidido fotografar a ação de descascar e forçar os gomos de forma isolada, sem interferência ou ruído de outras mensagens. Portanto, esta foi representada com um fundo infinito branco sem a aparição de outro elemento fora as mãos e a tangerina. Em contrapartida do isolamento da ação para ser retratada de forma clara, evidente e exposto, houve uma outra consideração a ser levada em conta: seria necessário uma âncora para fixar e remeter a realidade. Para isso foi determinado ser utilizada uma tele 200mm, a abertura do diafragma em f/14 e um softbox lateral. Obtendo assim a textura da pele, casca e gomos e nitidez das mesmas. Com todos esses conceitos determinados foi dado o início da captação da imagem. Um integrante fotografou com o auxílio de uma câmera Nikon D610 equipada com uma lente 50-200mm, um softbox lateral, Nikon SB-800, e um flash inferior, Nikon SB-910. A foto foi executada enquanto um integrante amassava o cerne dos gomos com um dedão enquanto expunha a carne da tangerina ao segurar sua casca, previamente rasgada, com seu indicador e uma parede branca de fundo. A foto foi executada na própria casa do integrante e foi possível não ter interferência da escassa iluminação ambiente devida à necessidade de luz abundante pelo uso do diafragma f/14 que foi fornecida pelo auxílio dos flashs. Após a captura da imagem, que transmitisse esse o conceito abordado, a imagem foi tratada com Adobe Photoshop CC2015 para: em primeiro lugar os acertos estéticos correspondentes aos guidelines das propagandas da Playboy; Em seguida, o espelhamento da imagem para melhor leitura; E inserção da logo da Playboy, de uma texto com a mensagem de  Se é à força, é estupro , para reforço e delimitação da interpretação do receptor e do disque denúncia contra a violência a mulher.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Aproveitando essa nova guinada da revista, a Playboy foi escolhida para desenvolver uma campanha institucional na matéria de criação pela equipe a qual empoderasse esses novos valores da marca. Foi desenvolvida uma série de três fotos: Um pirulito em que o caramelo se assemelha a glande do pênis, para abordar o estupro infantil; Uma taça manchada de batom, para abordar o estupro de pessoas em estado fora de consciência; E uma tangerina sendo descascada, que foi o tema deste relatório. Para determinar a temática dessa campanha foram escolhidos os dois fatores que a distinguem do concorrente mais agressivo do segmento de erotismo impresso - a pornografia virtual. Primeiro fator que a distingue da internet é de ser um produto que conversa com a massa e não com segmentos, então a temática deveria abordar algo que afete as mulheres como um todo. Assim agregando valor para o público contemplado por sua mudança: Mulheres. E em segundo lugar que fosse contra a um tipo de conteúdo que muitas vezes é compartilhado na própria internet como por exemplo vídeos de estupro, pornografia infantil e revenge porn. Com esses critérios, influenciados pelo alto número de feminicídio no Brasil, a campanha abordou o tema do estupro e gerou uma campanha que traz elementos do cotidiano com indícios de violência, conscientizando homens e mulheres sobre o que é o estupro e aconselhando a denúncia, por meio de um texto. O texto  se é a força, é estupro também tem a função de delimitar a interpretação do leitor. Como Umberto Eco pontua:  a atividade de extracodificação [...] não só induz a escolher abdutivamente o código mais apropriado ou identificar o subcódigo que encaminhará as conotações mais justas (ECO, 2002, p.127)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">O grupo, após um estudo que permeou a semiótica, fotografia, dados sobre violência contra a mulher, publicidade e comunicação, desenvolveu uma campanha institucional, em que se posiciona contra a violência da mulher. É visível que a mulher assumiu um novo papel dentro da revista, assim reforçando o reposicionamento tomado em 2016. O grupo conclui não só a necessidade de se abordar mais o tema de estupro em diversos meios no Brasil, como também a necessidade de esses meios que comercializam erotismo em participar desses debates, visto que os meios são também responsáveis na objetificação da mulher na sociedade. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ANDERSON, Chris. A cauda longa: do mercado de massa para o mercado de nicho. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, c2006. 240 p. ISBN 9788535221831. <br><br>GIDDENS, Anthony. A transformação da intimidade: sexualidade, amor & erotismo nas sociedades modernas. São Paulo: Ed. da UNESP, 1993. 228 p. ISBN 8571390371 (broch.). <br><br>ECO, Umberto. Tratado geral de semiótica. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 2002. xii, 282 p. (Estudos; 73). ISBN 8527301202 (broch.). <br><br>BARTHES, Roland. A câmara clara. Ed. especial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015<br><br>Para a Playboy, nudez não tem preço. Meio e Mensagem. Disponível em: < http://www.meioemensagem.com.br/home/midia/2016/02/04/para-a-playboy-nudez-nao-tem-preco.html > Acesso em 10 de abril, 2017.<br><br>Taxa de feminicídios no Brasil é quinta maior do mundo; diretrizes nacionais buscam solução. Nações Unidas. Disponível em: < https://nacoesunidas.org/onu-feminicidio-brasil-quinto-maior-mundo-diretrizes-nacionais-buscam-solucao > Acesso em 10 de abril, 2017. <br><br>MORIN, Edgar. Cultura de massas no século XX ; o espírito do tempo (Vol. 1: Neurose). Ed. 10. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011.<br><br> </td></tr></table></body></html>