ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00174</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO13</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Mais que uma lenda: Louca e Fora dos Padrões Tereza Bicuda, símbolo histórico de uma pequena cidade do Goiás, representa uma legião de mulheres do Brasil Colônia</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Lorena Braga de Siqueira (Universidade Católica de Brasília); Marianne Paim Pereira (Universidade Católica de Brasília); Rafiza Varão (Universidade Católica de Brasília)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;jornalismo literário, lenda, reportagem, revista laboratório, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A reportagem objeto deste paper é uma lenda que se tornou Patrimônio Imaterial da cidade de Jaraguá (GO): a história de Tereza Bicuda. O leitor irá encontrar todos os desafios para a construção do produto final e todas as descobertas ao logo do processo de trabalho. O objetivo deste trabalho é mostrar o processo de construção de uma reportagem que foi produzida em uma disciplina da universidade e foi destaque na revista laboratório da instituição.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A reportagem "Mais que uma lenda: louca e fora dos padrões, Tereza Bicuda, símbolo histórico de uma pequena cidade do Goiás, representa uma legião de mulheres do Brasil Colônia" foi produzida entre agosto e novembro de 2016 na Disciplina de Produção e Edição de Revistas na Universidade Católica de Brasília. O texto foi destaque na produção final, uma revista, sendo a reportagem das páginas centrais da quarta edição da Revista Jenipapo. Tereza Bicuda era uma moça que morava em Jaraguá-GO, na região de Larguinho de Santana. Segundo a lenda ela era uma pessoa que tratava a mãe de forma absolutamente cruel. No meio religioso e de extrema moralidade da antiga Vila de Jaraguá, Tereza Bicuda era uma aberração social. Descrente, nunca visitava a igreja. Um dia, Tereza Bicuda morreu e era costume no Brasil colônia enterrar os defuntos no corpo das igrejas. A capelinha do Rosário, era a igreja que recebia os corpos pobres, que não podiam ter o luxo de serem enterrados dentro da matriz. Por três noites, a população ouvia os gritos de Tereza pedindo que retirassem o seu corpo da capelinha. À meia-noite em ponto, Tereza percorria as ruas quietas da vila, gritando. Segundo a lenda e os moradores antigos: o povo quis pôr um fim ao fantasma. Os homens mais corajosos da vila exumaram Tereza Bicuda e levaram seu corpo, para a serra de Jaraguá. No local nunca surgiu uma planta e ela não mais aterrorizou com seus gritos a população jaraguaense. Para a reportagem foi necessário o máximo de apuração, ao ponto de ir até a cidade de Jaraguá. Lá foi possível recolher alguns depoimentos., dentre elas a da aposentada Floríza Lopes Gonçalves, mais conhecida como Dona Santa. Desde criança ela escutava essa lenda contada pelo seu pai. A reportagem foi construída com base nas técnicas do jornalismo literário, visando não recontar a lenda, mas entender a origem e a relação da personagem com o contexto cultural que envolve o comportamento feminino.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este trabalho busca apresentar a reportagem que ocupou as páginas do meio, da quarta edição da revista-laboratório do curso de Comunicação Social-Jornalismo e Comunicação Social-Publicidade e Propaganda da Universidade Católica de Brasília, chamada Jenipapo. A reportagem apresenta a real história por trás de toda essa lenda. Fazendo uma reflexão sobre a posição das mulheres na sociedade, sobre o que é tratada a loucura feminina e sobre a cultura popular levando em conta a importância de uma lenda urbana. Tudo isso utilizando os padrões jornalístico, a abordagem de fontes oficiais e personagens para a validação e veracidade do assunto abordado. O processo de elaboração do produto final foi baseado nos estudos e conhecimentos em técnicas de produção jornalística ao longo da formação acadêmica das autoras deste trabalho, que possuem um grande interesse em jornalismo literário, gênero foco das pautas exigidas para a disciplina de Produção e Edição de Revistas. A partir da pauta apresentada, e analisada, foi pensado em ter como ideia principal a grande referência que Tereza Bicuda poderia ser para descrever casos de mulheres que não seguiam e não seguem padrões impostos e são fortemente criticadas. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A reportagem "Mais que uma lenda: louca e fora dos padrões, Tereza Bicuda, símbolo histórico de uma pequena cidade do Goiás, representa uma legião de mulheres do Brasil Colônia" apresenta uma lenda urbana, um desafios para as autoras, pois não é fácil escrever sobre uma lenda de forma ela não seja meramente recontada e sim interpretada. A intenção desta reportagem além de uma apreciação crítica, foi resgatar uma história antiga e pouco conhecida fora da região de Jaraguá. Para isso, foi necessário três meses de apuração, com entrevistas, documentos oficiais, visita aos lugares citados, dados e fotos. O trabalho se justifica pela abrangência das técnicas jornalísticas e pela historicidade que o tema possui. Além de fazer parte da infância de uma das autoras desse material, que escutava dos pais e das professoras a lenda, a outra autora que teve o desafio conjunto de escrever sobre um fato pouco conhecido na sua realidade e que se transformou em um desafio cheio de descobertas, significados e representações que fazem parte da realidade. Se justifica, também, como prática laboratorial do jornalismo e da reportagem, bem como explora as possibilidades de linguagem desta última. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para a elaboração do produto foram necessários os métodos e as técnicas jornalísticas estudadas pelas autoras deste trabalho, durante a graduação e de dicas da professora da disciplina e orientadora deste produto. Inicialmente foi realizada uma pauta que apresentasse: sugestão de título, sutiã, tema, objetivo da matéria (contar a história, fontes), um contexto histórico, fontes e personagens (de forma detalhada como nomes, funções e contatos), requisitos para a cobertura (ex.: câmera fotográfica, gravador, bloco de anotações, celular e outro) e por fim descrição de possíveis imagens para ilustrar a matéria. Segundo a autora Ana Estela de Sousa Pinto, no livro Jornalismo Diário: reflexões, recomendações, dicas e exercícios, a pauta é: Uma proposta de reportagem, um projeto de cobertura. É o exercício mais importante - e talvez o mais difícil - que todo aspirante a jornalista deve fazer. Para sugerir pautas, é preciso exercitar várias capacidades básicas dos jornais: descobri o que é notícia, hierarquizar informações, prever etapas de apuração e antecipar a edição do material (imaginar como será a reportagem, que título ela terá, se há boas imagens para acompanha-las etc.) (PINTO, 2014, p. 59). Por mais extensa que possa parecer, a pauta ajuda a abrir novos caminhos e possibilidades, além de saber se o tema que se pretende abordar pode ou não se sustentar. Depois da aprovação da pauta, por parte da professora, o passo seguinte foi o da apuração. No início, recolhemos todas as fontes e personagens que pudessem nos ajudar a construir essa reportagem. Vídeos e textos disponíveis na internet foram dando as direções necessárias, mas não foram suficientes, tanto que foi preciso uma visita a cidade de Jaraguá. Pelas pesquisas na internet encontramos algo que chamou muita atenção. Foi uma música das cantoras-irmãs Christina e Fernanda Guedes que interpretam a música, escrita por Christina, chamada "Tereza Bicuda". As duas foram criadas na cidade e desde criança lhes contavam a história dessa mulher. Percorrendo a cidade, encontramos a aposentada Dona Santa, o lavrador Limiro Prado e o fotógrafo Welton Rodrigues. Dona Santa era uma grande curiosa sobre a lenda de Tereza. Ela escreveu a mão em um caderno todas as versões da história que escutava desde criança, seu sonho era publicar um livro com todas as versões. Atenciosa, ela contou a história de forma animada e lúcida. O lavrador Limiro Prado, nos despertou a curiosidade pela versão contada por ele em relação a morte de Tereza Bicuda. E por fim, o fotógrafo Welton Rodrigues conta sobre uma cruz colocada na época da morte de Tereza que nunca foi encontrada ou que deve ter sido queimada por causa da seca da região. Para as abordagens específicas e especialistas deste trabalho tivemos como fontes o professor Luiz Carlos Iasbeck que falou sobre a força da lenda na cultura popular, o oficial de justiça e admirador da história de Tereza, Fabiano Pampa Castro, que enriqueceu o produto com documentos oficiais. Para tratar da loucura feminina foi estudado o texto Loucura feminina: doença ou transgressão social? da doutora em história Regina Caleiro e da psicóloga Jacqueline Machado. Neles, elas afirmam: "Esta era a imagem da mulher que prevalecia, inclusive no imaginário feminino: submissa, disposta a aceitar os valores impostos; desobedecer ou manifestar seus desejos e necessidades, ser sujeito de sua própria existência significava 'estar louca'" (CALEIRO e MACHADO, 2008, p. 04). Após o recolhimento de todos os fatos e depoimentos devidamente apurados, que já foi um desafio, chega a vez de um desafio ainda maior: colocar tudo isso no papel sem recontar a história e sim interpretá-la. Como a indicação pela professora responsável, a doutora em Comunicação Rafiza Varão, o texto deveria seguir pela linguagem do jornalismo literário, foi necessário fazer uma linha do tempo e priorizar os assuntos principais a serem abordados. Para a diagramação da reportagem para a revista optamos por imagens fotográficas e ilustrações. As fotos foram tiradas de um celular da marca iPhone 6. E as ilustrações foram encomendadas pela professora ao ilustrador Pedro Corrêa que se baseou-se no livro Tereza Bicuda da autora Ciça Fittipaldi. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O produto apresentado neste paper foi produzido na disciplina optativa de Produção e Edição de Revistas, ministrado para os cursos de Comunicação Social Jornalismo e Publicidade e Propaganda no segundo semestre de 2016. A disciplina consiste em passar a experiência do funcionamento de uma redação de revista, isso desde reunião de pauta, revisões, elaboração dos projetos editorial e gráfico até a distribuição do produto. O tema foi definido a partir de uma referência histórica vivida na pro uma das autoras deste trabalho que desde a infância ouvia a lenda urbana e da curiosidade da outra autora pelo desafio de reportar sobre uma lenda tão antiga. Uma história que antes despertava o medo quando era pequena, na adolescência chamou atenção por sua importância cultural da cidade e também para o estado de Goiás. A dificuldade sobre como escrever essa reportagem foi desafiador, pois recontar a história não era interessante. Então, na reunião de pauta com a professora Rafiza, ela nos alertou sobre a importância da lenda e o que ela tinha para passar, nos fazendo refletir sobre uma interpretação minuciosa sobre Tereza Bicuda. A partir de então começamos uma pesquisa sobre a loucura feminina e a importância na cultura popular de uma lenda como essa. Lemos texto como: Mulheres que correm com os lobos. História da loucura de Michael Foucault, Sinuosidades e deslocamentos imaginários de Tereza Bicuda: de assombração colonial a garota rocker e Tereza Bicuda: a senhora, a diaba e a louca, de Rosilandes Cândida Martins. O passo seguinte foi escrever a segunda versão da reportagem. Com isso, percebemos que faltava mais informações e para isso a autora Marianne Paim partiu para a cidade de Jaraguá, conversar com moradores locais, visitar os lugares que a lenda se passa e recolher documentos oficiais. Nesta visita, Marianne conheceu a aposentada Floríza Lopes Gonçalves, mais conhecida como Dona Santa. Ela era uma das poucas pessoas da região viva que cresceu escutando a lenda de Tereza. Tão fascinada pela história que seu pai lhe contava começou a escrever a mão toda a história e as versões existentes. Animada, ela contou, a atenta ouvinte, a história que assombrava as crianças, os jovens e os adultos. Seu sonho era poder publicar um livro com seus escritos. Duas semanas após a edição da revista estar pronta, Dona Santa faleceu. Um outro personagem que nos ajudou bastante foi o Oficial de Justiça e admirador da história de Tereza, Fabiano Pampa Castro. Ele durante anos recolheu evidências sobre a existência de Bicuda. Dentre os documentos mais importantes está a certidão de batismo, casamento e assentamento fúnebre de uma possível Tereza Bicuda, negra, filha de escravos. Depois desta breve visita à cidade, começamos a escrever nossa reportagem. Entre mais uma pesquisa e outra, encontramos o depoimento da historiadora da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), Dulce Madalena Rios Pedroso, que afirma que Tereza era negra, filha de escravos. Filha de Lourenço Bicudo, que era escravo da Família Bicudo de Andrade. A historiadora explicou que durante o século XVIII e XIX era comum os sobrenomes das mulheres serem flexionados de acordo com o gênero. Para falar sobre a importância da lenda no contexto de uma cultura popular, entrevistamos o especialista em comunicação e semiótica, o professor Luiz Carlos Iasbeck. Foram quatro versões escritas e editadas pela professora e editora-chefe da revista Jenipapo, Rafiza Varão. E assim conseguimos produzir a melhor reportagem que podíamos e que nos motivou a conhecer tantas outras coisas sobre mulheres do Brasil colônia, sobre cultura popular sobre tantas outras Terezas da atualidade. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Esse trabalho foi o resultado de um grande trabalho de investigação e apuração que nos desafiou como estudantes e futuras jornalistas. A experiência vivida por nós ao participar de uma revista-laboratório, aprender as técnicas do jornalismo literário, tão pouco visto e ter a oportunidade de saber como funciona uma revista foi enriquecedor. Consideramos a apuração a parte mais agradável dessa reportagem, pois conhecemos pessoas marcantes, lugares históricos e pudemos repassar tudo isso através do texto. A reportagem Mais que uma lenda: louca e fora dos padrões, Tereza Bicuda, símbolo histórico de uma pequena cidade do Goiás, representa uma legião de mulheres do Brasil Colônia nasceu de um grande desafio e teve como objetivo mostrar as diversas interpretações que as lendas que escutamos pode nos revelar. Que o leitor da revista Jenipapo possa fazer, ao ler nossa reportagem, uma reflexão sobre a importância da cultura e das histórias antigas, pois por mais antigas que possam parecer elas representam sempre a atualidade e querem de alguma forma nos revelar alguma coisa. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">CALEIRO, Regina; MACHADO, Jaqueline. Loucura feminina: doença ou transgressão social? Revista Desenvolvimento Social. Disponível em:< http://www.rds.unimontes.br/index.php/desenv_social/article/view/87>. Acesso em 01 de abril de 2017. <br><br>FITTIPALDI, Ciça. Tereza Bicuda. 1ª edição, São Paulo: editora Scipione, 1988.<br><br>FOUCAULT, Michel. História da loucura. 5ª edição, São Paulo: editora Perspectiva, 1989.<br><br>MARTINS, Rosilandes Mertins. Sinuosidades e deslocamentos imaginários de Tereza Bicuda: de assombração colonial a garota rocker e Tereza Bicuda: a senhora, a diaba e a louca. Disponível em: <https://seminarioculturavisual.fav.ufg.br/up/778/o/2009.GT3a_Rosilandes_Candida.pdf>. Acesso em 01 de abril de 2017. <br><br>PINTO, Ana Estela de Souza. Jornalismo Diário: reflexões, recomendações, dicas e exercícios. 2ªedição, São Paulo: Publifolha, 2014. <br><br> </td></tr></table></body></html>