ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00201</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA02</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Raízes da Fé</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;ADAILSON ROSA PEREIRA (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO); CLEA TORRES GUEDES (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO); Vanessa Cristina dos Santos Lima (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO); João Paulo Fernandes Rocha (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO); Matheus Moreira Pacheco (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO); Rafael Vasconcelos de Aguiar (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO); Gilson Moraes da costa (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Documentário, Plantas medicinais , Fé, Medicina Popular, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O documentário Raízes de Fé surgiu como resultado final da disciplina "Produção de Documentário, ministrada no curso de Comunicação Social- Habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso- Câmpus universitário do Araguaia no decorrer do semestre 2016/1 . O produto audiovisual revaloriza e preserva o conhecimento milenar da medicina popular, mostrando como alguns grupos sociais oferecem essa prática como alternativa de cura e tratamento para pessoas que buscam qualidade de vida.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O documentário Raízes de FÉ surgiu como resultado final da disciplina optativa "Produção de Documentário" ofertada na grade do curso de Comunicação Social- Habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Araguaia. Na ocasião a disciplina pertenceu ao semestre 2016/1. O documentário apresenta uma narrativa sobre a prática da medicina popular, o uso e a manipulação das plantas medicinais, mostrando a revalorização de um saber ancestral passado de geração para geração. O Cerrado é o principal bioma de Barra Garças, município localizado no estado de Mato Grosso. Sendo nessa vegetação que alguns moradores e indígenas encontram alternativa para a prática da medicina popular. Com esta abundante matéria prima, selecionam ervas e plantas, para a produção de chás e garrafadas, com o intuito de contribuir para a saúde e a qualidade de vida das pessoas que os procuram. Os personagens que dão vida a este documentário pertencem a um grupo de mestres populares que dominam os segredos de diversas plantas encontradas na vegetação local. São atores fundamentais que oferecem alternativas para a saúde de um conjunto significativo de pessoas de classes populares, que muitas vezes não tem acesso aos serviços oferecidos pelo poder público. Suas histórias apresentam uma riqueza de detalhes que garantem um recorte poético e informativo que ganham projeção ao longo da narrativa do documentário. Como estudantes de jornalismo buscamos, durante o desafio proposto, conciliar teoria e prática por acreditar que tal atitude nos torna profissionais mais completos, e nos fortalece uma compreensão mais abrangente dos processos inerentes ao fazer profissional de nosso referido campo de trabalho.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O objetivo da produção do documentário Raízes de FÉ, com duração de aproximadamente 16 minutos, foi mostrar que, se por um lado o conhecimento da medicina popular vem se perdendo com o passar dos anos, por outro ele ainda se materializa como uma importante prática no meio de alguns grupos sociais que buscam, através de diferentes estratégias, uma maneira de reinserir a prática como alternativa de tratamento e cura, principalmente entre pessoas de classes populares. Buscamos também apresentar aspectos da realidade dos povos indígenas desta região, que no meio dessas transformações tentam resistir à interferência da cultura externa no processo de suas práticas tradicionais de cura. Através de depoimentos, personagens anônimos, que são protagonistas da vida real, mostram que através das plantas medicinais ajudam desconhecidos a sanarem suas necessidades em relação à saúde física que muitas vezes não são atendidas pelo poder público. E é nesse processo que a fé assume centralidade tanto por parte de quem propõe a cura, quanto por parte de quem a recebe. Do ponto de vista pedagógico, o documentário teve por intuito, apresentar na prática todo o conhecimento teórico e laboratorial adquirido durante a disciplina de "Produção de Documentário" ofertada no semestre letivo 2016/1 no curso de Comunicação Social- Habilitação em Jornalismo UFMT- CUA. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Conceitualmente, o discurso sobre o real parece ser um dos principais pontos de aproximação entre jornalismo e o documentarismo. Como em outras formas narrativas que reivindicam a realidade como matéria prima ou ponto de partida, o documentário tradicionalmente busca construir seu relato tendo como referencia as experiências coletivas, ou seja, o mundo vivido. A este respeito, vale lembrar a relevante produção de Robert Flaherty que, em 1922, criava as bases constitutivas do gênero com o filme Nanook,o Esquimó. Quando estamos assistindo a um documentário ou reportagem, esperamos encontrar explicações lógicas e convincentes para determinado fato ou acontecimento. Em se tratando da reportagem televisiva, este fator é acentuado, tendo em vista que a credibilidade é um valor fortemente perseguido pelas produções noticiosas. As informações obtidas por meio do documentário ou da reportagem são na maioria das vezes, recebidas como fonte de acesso à verdade sobre determinado fato ou pessoa (vale lembrar que o documentário é uma narrativa que pode trabalhar com diferentes temáticas, dentre algumas, podemos citar: fatos historicamente relevantes, natureza, história, arte, cultura, política, tragédias sociais, minorias, etc.). Enquanto o jornalismo busca um efeito de objetividade ao transmitir as informações, percebe-se que nos documentários contemporâneos, a subjetividade e o ponto de vista do realizador muitas vezes servem inclusive como elemento estético da narrativa, evidenciando uma maneira singular do diretor desenvolver suas argumentações. No documentário Raízes da Fé, procuramos buscar o entrecruzamento entre estes dois campos de saberes, ou seja: buscar a proposição de uma narrativa poética e atrativa para o público, mas respeitando os preceitos de uma prática jornalística baseada na apresentação de informações de caráter ético e responsável. O conhecimento das plantas medicinais é milenar. Está presente na humanidade desde os primórdios, construído através do conhecimento popular, moldado pelo tempo e encorpando na cultura de cada lugar. Para Alvim (2006), o homem primitivo buscavana natureza a solução para seus males. Com o tempo, a tarefa coube aos feiticeiros considerados intermediários dos homens entre os deuses Entretanto, como aponta Darcy Ribeiro (1995) no Brasil não devemos descartar as matrizes africanas, indígenas e portuguesas para a formação da cultura do povo brasileiro. Matrizes raciais dispares, distintas que ao longo da história se enfrentam e se fundem para dá lugar ao um novo povo que surge, fortemente miscigenado e diferente. Até nos dias de hoje os indígenas mantém suas práticas medicinais. Devido à proximidade com os moradores de Barra do Garças é possível notar as interferências e as trocas culturais que ocorrem. Para Nichols (2005) o documentário é meio pelo qual o cineasta, consegue apresentar de forma tangível o mundo que ocupamos e compartilhamos, é através desse gênero que expressa uma verdade que de outro modo não enxergaríamos. E é através dele que o cineasta consegue imprimir sua visão de mundo. Olhar para a realidade onde está inserido é de extrema importância para a formação do jornalista. É aguçar o olhar e perceber como a sociedade se organiza, entender como vive aquela realidade local. Porque é do povo que emana as melhores histórias. E foi com essa preocupação que surgiu o documentário "Raízes de FÉ". O documentário mostra como o conhecimento da medicina popular tende a se perder. Pessoas simples, com idade avançada que guardam na memória para que serve cada planta e erva, como se faz o chá ou a garrafada, quantos copos tomar e o horário certo. Contam como ajudam pessoas que nunca viram, destinando à elas tempo, dedicação e espiritualidade. Filhos e netos não quiseram dar continuidade a essa prática, não há registro e nem caderno de receita. Senhores e Senhoras são os únicos que detém o conhecimento. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A partir dos estudos e das experimentações realizadas em sala de aula, foi proposto pelo professor, à criação de narrativas híbridas, ou seja, narrativas de caráter jornalístico, com o uso das estratégias tradicionalmente utilizadas no documentário: preocupações estéticas na construção dos enquadramentos, na elaboração da iluminação e na montagem; utilização de trilhas sonoras, captação de som-direto, separação das fases de pré-produção, produção e pós-produção; por outro lado, procurando manter uma relação de grande proximidade com a realidade, respeitando um determinado conjunto de convenções, tais como registro in loco, garantir a presença de personagens reais e não de atores, uso de cenários naturais e, quando necessário, imagens de arquivo. Um documentário é constituído ao longo de sua produção, mesmo existindo um pré-roteiro inicial (que na verdade tem a função de servir como um grande guia, apontando as principais estratégias a serem desenvolvidas durante a realização), o formato final só se define com as filmagens, a edição e a pós-produção. Diante do desafio apresentado pelo professor, partimos da consideração de que para a prática do jornalismo é necessário técnicas que se entrelacem com as estratégias de produção do documentário durante a pré-produção, a produção e a pós-produção. Sendo elas: a apuração, a pauta a entrevista e a construção do roteiro final. A apuração no Jornalismo consiste no levantamento de dados sobre determinado assunto. Nessa fase o repórter pesquisa o que já foi publicado. Dados, definições, artigos, pesquisas, ou seja, uma "garimpagem" antes de formar a pauta. A pauta é um documento de orientação para o repórter. Nela está previsto as fontes e os ângulos de abordagem. A função dela é guiar o repórter na produção da matéria e auxiliar na edição. Lembrando assim o roteiro. A entrevista é uma técnica de diálogo, que no jornalismo visa captar informações. Em entrevista o Dialogo Possível (1986), Cremilda Medina classifica a entrevista em dois grupos: entrevista cujo objetivo é espetacular o ser humano, e a entrevista cujo objetivo é compreendê-lo. Na segunda classificação está ancorado todo o documentário Raízes de FÉ. Partido do perfil humanizado que usa a técnica da entrevista para mergulhar no outro, para compreender seus conceitos, valores e seus comportamentos de vida (Medina, 1986). Portanto, o fazer jornalismo se entrelaça ao documentário, no momento que ambos usam as mesmas técnicas. Permitindo assim, que os estudantes de graduação tenham uma maior experiência que se estende para fora das salas de aulas. Para a construção do documentário que hora apresentamos cada aluno do grupo, ficou encarregado de realizar no mínimo uma função. Sendo elas: direção, produção, direção de fotografia, direção de arte, técnico de áudio e edição. Afim de que todos contribuíssem e participassem da elaboração do documentário. Para a realização do documentário cumprimos três etapas. A primeira fase é de a pré-produção, que consiste na concretização da ideia, pesquisa e levantamento de dados. A referência audiovisual foi o documentário "O saber Tradicional" realizado pela TV cultura em 2011. Em seguida procuramos por reportagem, artigos e pesquisa sobre o uso das plantas medicinais, afim de embasar a elaboração do argumento. Após as pesquisas, fomos a campo a procura de fontes que falassem sobre o assunto. Ao contrário do documentário de referência não optamos por fala de especialistas, a ideia era mostrar o ponto de vista de quem faz o uso ou manipula as plantas e ervas. A segunda etapa consiste na produção, ou seja, a prática e a realização do documentário. Nela foi posto em prática todo o conhecimento teórico sobre as técnicas aprendidos durante a disciplina. No início conseguimos somente duas fontes que uma após a outra indicava um conhecido (a) que entende sobre o assunto, finalizando com seis personagens. Após o levantamento das fontes, foi realizado um cronograma de gravação, levando em consideração o horário e a disponibilidade. Usamos uma câmera semi profissional com capacidade técnica para gravação de vídeo digital no formado Full-HD (1080p) com o apoio do tripé. As imagens em off foram captadas com a câmera na mão. Devido os personagens falarem baixo e pausadamente optamos pelo uso da lapela afim de captar o áudio focal. Também foi pensado em uma captação de áudio alternativa, onde utilizamos um gravador digital ZOOM H4N (esta prática foi fundamental para garantir que não ocorresse nenhum problema com a captação dos depoimentos, já que se configurou como uma importante cópia de segurança).A locação foi no lugar onde essas pessoas passam o dia- dia. A entrevista constituiu em perguntas abertas, que não eram previamente elaboradas. O intuito era realizar um diálogo com o entrevistado, afim de adentra na sua vida entender sua ideologia, buscando a essência de cada pessoa. Algumas entrevistas duraram mais de uma hora. Como referência para este processo, utilizamos as técnicas observadas nos documentários dirigidos pelo cineasta Eduardo Coutinho, mais precisamente os documentários "Edifício Master" (2002) e "Jogo de Cena" (2007). A terceira fase é a de pós- produção, ou seja, a montagem a edição e a finalização do documentário. Mesmo anteriormente tendo destinado essa função ao um aluno, todos os componentes do grupo participaram dando sugestões. Usamos as ilhas de edição disponível no Núcleo de Produção Digital da universidade. Para a edição de vídeo e som foi utilizado o programa Adobe Premier que anteriormente as técnicas de utilização foram ministradas em aula. Devido ao apego aos personagens e algumas entrevistas ficarem extensas, a montagem foi a parte que o grupo mais divergiu na tomada de decisão do que seria mais importante, qual tempo de fala, o que selecionava e o que cortava. A trilha sonora escolhida, remete a religiosidade como no início que tem o canto das rezadeiras. Entretanto, conseguimos êxito em entregar como quesito final da disciplina, Raízes de FÉ, um documentário em modo poético. Segundo Bill Nichols, esse modo possibilita mostrar de formas alternativas conhecimentos e transferir informações. "As características de um dado modo funcionam como dominantes, num dado filme: elas dão estruturas ao todo o filme, mas não ditam ou determinam todos os aspectos da sua organização. Restam uma considerável margem de liberdade." (NICHOLS,2005, p.135) Contudo, o autor ressalva que mesmo que o documentário tenha um modo predominante é possível que os outros estilos também se entrelacem. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O documentário Raízes de FÉ é guiado pela voz de seus personagens, contando como iniciaram a prática da medicina popular, como vivem, falam sobre preconceitos e receitam ervas e plantas para alguma determinada doença. Mostrando o prazer em ajudar o próximo muitas vezes sem receber em troca nenhum recurso financeiro. Cada depoimento é uma história de vida diferente. Seja a do Sebastião que desde criança aprenderá a prática com o pai, e hoje vende as ervas e as garrafadas em uma lojinha no movimentado centro de Barra do Garças. As pessoas param no local, perguntam e explicam o que sentem. Por experiência ele receita o remédio correto. Ou a história da Dona Nega, que destinou um pedaço de seu quintal para cultivar as plantas medicinais. Desde muito nova as pessoas costumam ir até ela para serem benzidas ou até mesmo para que ela receite um chá. E a história da Dona Dorina que realizou o parto de inúmeras mulheres. E mesmo em uma atividade tão importante em uma época de poucas farmácias e remédios caros, foram raras as vezes que recorreu às ervas medicinais. No vídeo, as imagens compõe acena, seja da matéria prima ou do produto final. Na abertura procuramos apresentar as etapas de produção, iniciando com imagens das plantas, em seguida as raízes e ervas dessecada e por ultimo a garrafada pronta, logo após, o canto  Eu sou Cristo do povo indígena Chiquitano. Durante as pesquisas, não foram localizados relatos da fé explicita ou juntamente com a prática da medicina popular. Foi durante a produção que os personagens foram se revelando religiosos, acreditando que o seu trabalho é um dom divino. Dessa semelhança originou o nome do documentário. Para que a entrevista ocorra de forma natural é necessário que a pessoa esteja familiarizada com o entrevistador. Para isso, o produtor e o diretor visitaram os personagens antes. Como no caso do Sebastião que conversa pouco e é tímido, afim de que ele se sentisse mais à vontade (principalmente frente à câmera) foi necessário passar duas tardes em sua companhia. Embora as locações fossem diferentes, procuramos ambientar o espaço onde os personagens vivem. Como a gravação da Dona Nega, que foi na sala de sua casa com o santuário da Nossa Senhora Aparecida e de Cosme e Damião ao fundo. A exceção foi o cenário da personagem Luzelena em que a gravação foi às margens do rio Araguaia, e do Sebastião que foi na loja onde ele comercializa os produtos. Os períodos matutino e vespertino foram escolhidos por fornecerem iluminação natural aos ambientes. Nas primeiras cenas do documentário os personagens começam contando como iniciou na profissão. A importância do pai ou da mãe ao transmitirem o conhecimento, a aceitação da família, principalmente as mulheres que também realizam trabalho domestico e tentam conciliar as atividades. Como a Indígena Terezinha (da tribo Chiquitano), que mesmo morando na cidade e frequentando a educação superior, usa as praticas da medicina popular para reafirmar a sua cultura e transmitir conhecimento aos seus filhos. Nas cenas seguintes os curandeiros contam sobre a interação com as pessoas que são atendidas e as trocas de experiências que ocorrem, os desafios e os preconceitos que sofrem. Em seguida, recomendam qual planta/erva contribui para prevenir ou curar a doença especifica. Nas cenas finais, os personagens revelam que mesmo cansados e com idade avançada, é na fé em Deus e nos Santos o motivo para continuarem. Durante a elaboração do roteiro não estava previsto essa ordem cronológica da narrativa. A ideia inicial era que os personagens contassem sobre as práticas de fabricação, modo de usar e sobre as espécies das plantas. Entretanto, eles se mostraram mais profundos, pessoas com vivência e experiência de vida, revelaram que a prática da medicina popular ultrapassa técnicas, métodos e mecanismos, mostrando semelhanças nas ideologias. Permitindo assim a construção de um diálogo no filme ainda que estejam distantes. Mesmo conhecendo previamente a história dos personagens, foi somente durante a edição que conseguimos definir os protagonistas (Dona Nega, Sebastião e Luzelena), e os personagens secundários (Terezinha e Osmar,). A escolha foi de acordo com as histórias de cada um, algumas foram mais intensas que as outras. A antagonista se revelou como a Dona Dorina, que realizou um trabalho importante, mas não viu a necessidade de recorrer às plantas medicinais mesmo sendo conhecedora das raízes. Ao contrario dos demais, ela recorria aos médicos da época e as farmácias, na procura por remédios industrializados. Os personagens da produção também foram se revelando. Como a Dona Nega que percorre o quintal explicando qual planta é indicada para combater ou prevenir alguma doença especifica. E o Sebastião, que durante a gravação atendeu um cliente que procurava alternativa para ajudar no processo de emagrecimento. Durante o diálogo ele indica a semente  Goji Berry , orientando a forma de uso. O documentário é finalizado com o testemunho de Luzelena no por do sol as margens do rio Araguaia. Ela conta como foi curada de um caroço na mama através do uso da planta conhecida como  Cipó do Índio . Sem assim, podemos afirmar que a experiência em realizar um trabalho com a comunidade externa é única, é enriquecedora e também necessária. Possibilitando um maior aprendizado. É perceptível a interação da disciplina de Produção de Documentário com as matérias específicas da área de Jornalismo, pois ambas tem o propósito de transmitirem a verdade. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Preservar o conhecimento popular se torna cada vez mais necessário, principalmente quando se trata de uma prática tão genuína e milenar. O uso dos remédios naturais tende a se perder com a crescente industrialização dos medicamentos. Olhar para realidade local e perceber as suas histórias e necessidades é essencial para a formação do jornalista, tornando necessário que a prática do curso proporcione tais experiências. Entretanto, fazer a junção de diferentes áreas aguça a curiosidade do estudante, fazendo com o mesmo perceba nuances que podem passar despercebidas. Diante disso, o documentário Raízes de Fé, faz com que percebemos a essência de cada pessoa, revelando que as melhores histórias está no povo, às vezes nas pessoas mais simples. E essa é a função do Jornalista. Contar Histórias! </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ALVIM, Neide Aparecida Titonelli et al. O uso de plantas medicinais como recurso terapêutico: das influências da formação profissional às implicações éticas e legais de sua aplicabilidade como extensão da prática de cuidar realizada pela enfermeira. Latino-americana de Enfermagem, Ribeirão Preto- Sp, v. 14, n. 3, p.1-9, maio 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n3/pt_v14n3a03.pdf>. Acesso em: 01 abr. 2017 <br><br> EDIFÍCIO Master. Direção de Eduardo Coutinho. Brasil: Vídeo Filmes, 2002. (110 min.), son., color. <br><br>JOGO de Cena. Direção de Eduardo Coutinho. Brasil: Matizar Filmes, 2007. (104 min.), son., color<br><br>MEDINA, Cremilda de Araújo. Entrevista O diálogo possível. São Paulo: Ática, 1986 <br><br>NANOOK, O ESQUIMÓ. Direção de Robert J. Flaherty. Estados Unidos: Desconhecida, 1922. (78 min.).<br><br>NICHOLAS, Bill. Introdução ao documentário. Campinas-SP: Ed. Papirus, 2005<br><br>RIBEIRO, Darcy&#8233;. O &#8233;Povo&#8233; Brasileiro A&#8233;formação &#8233;e&#8233; o &#8233;sentido &#8233;do &#8233;Brasil. 2. ed. São Paulo: Companhia das &#8233;letras&#8233;, 1995. <br><br>O SABER Tradicional. Direção de Bruno Carneiro. São Paulo: Tv Cultura, 2011. P&B<br><br> </td></tr></table></body></html>