ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00622</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PT03</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Um novo olhar sob transtornos psicológicos</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;João Vitor de Souza Marques (Faculdades Integradas São Pedro); Bernardo Leal Sampaio (Faculdades Integradas São Pedro); Maria Zanete Dadalto (Faculdades Integradas São Pedro); Amanda Pacheco Bernardina Silva (Faculdades Integradas São Pedro); Michelle Alves Gomes (Faculdades Integradas São Pedro); Victor Reis Mazzei (Faculdades Integradas São Pedro); Felipe Massiel Tessarolo (Faculdades Integradas São Pedro)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Distúrbios Psicológicos, Ensaio Fotográfico, Pós-Modernidade, , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O presente trabalho consiste na apresentação e análise do ensaio fotográfico  Precisamos falar sobre Transtornos Mentais , dos temas e da metodologia que o envolveram. Para o desenvolvimento do produto, foi importante compreender a relação do caráter efêmero da pós-modernidade, que permeia a sociedade contemporânea, e da desintegração das identidades dos indivíduos com a manifestação de distúrbios psicológicos. A principal finalidade do ensaio consiste em suscitar o debate sobre os temas apresentados e evidenciar um diferente olhar aos transtornos mentais e comportamentais e a seus portadores.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A Pós-Modernidade, momento histórico e social em que vivemos hoje, é caracterizada, dentre outros aspectos, pelo seu caráter efêmero. Essa instabilidade ecoa, inclusive, na própria definição do termo, que, segundo Featherstone (1995, p. 17), é  irritantemente difícil de definir . Nessa conjuntura, as identidades modernas entram em colapso e são metamorfoseadas estruturalmente, fragmentando as instituições e noções que, antes, ancoravam o indivíduo social. No entanto, essa metamorfose também atinge as identidades pessoais, desestabilizando a percepção de nós próprios - nos deslocando. O deslocamento do sujeito, tanto do mundo social quanto de si próprio, acaba por constituir uma  crise de identidade no indivíduo (HALL, 2005, p. 9). Para sobreviver a essa desintegração da identidade, instaura-se uma cultura do narcisismo, na qual, segundo Lasch (1990), as relações passam a ser pautadas na superficialidade e na exagerada exaltação do próprio eu. A projeção da identidade dos indivíduos se torna afetada pelo princípio da obsolescência que, devido a sua característica desestruturante, acarreta ao indivíduo um sentimento de insegurança (BAUMAN, 2001). Desse modo, diante do caráter competitivo da sociedade em que vivemos, os indivíduos que, por algum motivo, não alcançam a glorificação de si mesmos, se tornam vulneráveis e passíveis da manifestação de diferentes tipos de transtornos psicológicos, como anorexia, depressão, esquizofrenia, Síndrome de Borderline e TOC. Para a realização deste presente trabalho, foi efetuada a análise de transtornos psicológicos selecionados com base em dados secundários e na capacidade de reconhecimento do interlocutor. Tomando como base esta análise, este trabalho objetiva um convite à reflexão sobre distúrbios mentais e comportamentais mediante a produção do ensaio fotográfico  Precisamos falar sobre Transtornos Mentais realizado para a disciplina de Fotografia Publicitária II do Centro Universitário Faesa no 1º semestre de 2016.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este artigo visa apresentar a produção de um ensaio fotográfico que tem como objetivo instigar uma discussão e uma reflexão acerca dos distúrbios mentais e comportamentais e das reais condições dos portadores destas mazelas. Tal repercussão é possibilitada por meio do poder de influência da mídia, que pode agir enquanto plataforma de disseminação de conceitos e de quebra de paradigmas e barreiras sócio-culturais. A conscientização a partir do poder midiático encontra força no entendimento de que  as mensagens que a mídia produz e faz circular remetem a comportamentos partilhados e reconhecidos socialmente de forma a propor dada outra ordem social ou valorizar aquela já existente (LYSARDO-DIAS, 2007, p. 29). A intenção é atingir tanto indivíduos portadores de distúrbios mentais e comportamentais ainda não diagnosticados, quanto indivíduos que não sofrem de tais mazelas, mas não tem acesso suficiente a informações sobre como essas doenças se manifestam. O primeiro, por ser necessário tomar conhecimento do transtorno para procurar ajuda especializada; o segundo, por oferecer a oportunidade de se tornarem mais compreensivos e empáticos com os que sofrem de tais enfermidades. Os meios de comunicação possuem papel imprescindível na influência e na propagação de ideias e conceitos, uma vez que é considerada uma instituição cultural de grande valor no amparo a construção de identidades. Diante disso, o ensaio foi elaborado com o intuito de ser veiculado em uma revista de alta circulação nacional para atingir uma camada extensa da população a respeito dessa problemática de saúde pública ainda pouco discutida nas camadas sociais - possibilitando ao leitor o entendimento de uma outra perspectiva do transtorno, a do portador.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A conscientização dos transtornos mentais enquanto problema de saúde pública é relativamente recente. No Brasil, por exemplo, a Comissão de Saúde Mental da Associação Brasileira de Psiquiatria sabia que era necessária a mudança de postura em relação à saúde mental desde a década de 70. Apesar disso, apenas no final da década de 80 e no início da década de 90, iniciativas concretas passaram a ser tomadas em relação aos direitos dos pacientes psiquiátricos (JORGE; FRANÇA, 2001). De acordo com pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (WHO, 2016), cerca de 10% da população mundial sofre de algum distúrbio mental, o que representa aproximadamente 700 milhões de pessoas. Porém, mesmo com essa conjuntura extremamente preocupante, apenas 1% da força de trabalho mundial de saúde atua na área de saúde mental. Ainda segundo a OMS, quase 50% da população global vive em países onde há menos de um psiquiatra para 100 mil pessoas. Desse modo, é possível visualizar o acesso desigual ao serviço de saúde mental em uma perspectiva global, o que permite que grandes populações sofram com transtornos mentais sem obter o tratamento devido, ou de qualquer outro tipo. Esses dados são ainda mais expressivos em relação às mulheres. Pesquisa realizada pela Universidade Oxford, na Grã-Bretanha concluiu que as mulheres têm uma chance 40% maior do que os homens de sofrer algum transtorno mental. Isso se dá, segundo o psicólogo e especialista Daniel Freeman em entrevista ao The Guardian e noticiada pela Veja, devido a fatores fisiológicos, biológicos e sociais. As mulheres têm a tendência a se enxergar de modo mais negativo do que os homens, o que as torna mais suscetível para a manifestação de problemas de saúde mental (Veja, 2013). Diante desse cenário, torna-se evidente a pertinência da realização desse ensaio fotográfico para que a discussão acerca dos distúrbios psíquicos receba mais foco e conhecimento dentro das camadas da população, e o preconceito e a desinformação sobre tais transtornos sejam cada vez mais diluídos. Para isso, ele deve cumprir o propósito da fotografia publicitária de transmitir uma mensagem direta e enfática que dirija ao público a produção do sentido construído através da imagem (JOLY, 2001). A decisão pela veiculação em uma revista se dá pelas suas características gráficas e pelas características psicográficas do leitor. Este meio possui autoridade enquanto veículo sobre o assunto nele tematizado e, por conta da quantidade de texto nele envolvido, o interlocutor está mais atento às informações, aos detalhes e às reportagens. Além disso, a revista possui alta qualidade gráfica e, em relação ao outro meio com as qualidades psicográficas exigidas por nós, o jornal, maior segmentação por hábitos culturais e um maior tempo de duração - possibilitando o maior alcance de uma única edição (CRESCITELLI; SHIMP, 2013). Estes fatores formam um ambiente propício para uma maior compreensão sobre como é a vivência do portador do distúrbio e para instigar empatia para com ele por parte dos leitores. É importante ressaltar a importância da mídia, enquanto poderosa instituição cultural, na mobilização e influência de massas, possuindo papel fundamental na perpetuação de conceitos e valores. As imagens, sons e opiniões disseminadas na mídia têm impacto direto na vida do ser humano, modelando opiniões políticas e comportamentos sociais (KELLNER, 2001).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A partir do trabalho passado em sala pela professora Zanete Dadalto, da disciplina de Fotografia Publicitária II do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda do Centro Universitário Faesa, foi criada a demanda para a produção de um ensaio fotográfico com linguagem publicitária, este devendo ser artístico e conceitual, e veiculado em uma revista. O ponto de partida foi a definição do tema que seria abordado no ensaio fotográfico. Para isso, o grupo de três pessoas realizou um brainstorm,  reunião de interessados aos quais um problema foi exposto e que, numa sessão de livre associação, começam a sugerir soluções (DUALIBI; SIMONSEN, 2000, p. 43) e foi decidido que seria um trabalho de utilidade pública a respeito da conscientização dos transtornos mentais. Com o tema decidido, foi elaborado um briefing simplificado, para assegurar a essência do ensaio a ser realizado e explicitar o conceito do editorial, e um roteiro a ser seguido na produção das fotos. Nessa etapa foram definidos: a finalidade do ensaio, trazer à tona a necessidade de se discutir abertamente sobre transtornos mentais; e a locação e os dias em que o ensaio seria realizado, Estúdio de Fotografia do Centro Universitário Faesa, nos dias 30/05/2016 e 02/06/2016. Depois disso, foi efetuado o traçamento dos layouts das fotos, nos quais definiram-se os diferentes elementos, como cores, ambiente, figurinos, objetos, iluminação, maquiagem e símbolos, que trariam os significados desejados para a tradução das sensações e do cotidiano vividos pelos portadores dos distúrbios. Os modelos que participaram do trabalho, Alice Trnobransky, Bernardo Leal Sampaio, Dominique Soler, Gabriela Brown e Yanne Freitas, foram escolhidos pela disponibilidade nas datas, na locação e nos horários específicos, e pela conveniência, por serem modelos conhecidos dos autores e que se encaixavam na proposta. Apesar da escolha por um ensaio, notou-se que apenas as imagens não trariam toda a reflexão pretendida, visto que  [...] toda imagem é polissêmica, e pressupõe, [...], uma  cadeia flutuante de significados, podendo o leitor escolher alguns e ignorar outros. A polissemia leva a uma interrogação sobre o sentido[...] (BARTHES, 1990, p. 32). Por meio de um novo brainstorm, estabeleceu-se que junto às imagens, seria usado algo semelhante a uma assinatura de campanha, estrutura proposta como a conclusão necessária às proposições lançadas ao longo do texto publicitário (FIGUEIREDO, 2007), para ancorar os sentidos da imagem ao tema discutido e evitar interpretações indesejadas. Este texto curto, similar à assinatura de campanha, teria o papel de conectar o título do ensaio, o transtorno representado na imagem e a discussão proposta. A assinatura  Precisamos falar sobre: , seguida do distúrbio registrado naquela fotografia, surgiu inspirada no sucesso e na abrangência conquistadas pela campanha realizada pela Revista TPM no final de 2014  Precisamos falar sobre aborto (TPM, 2014), que ganhou visibilidade além do veículo ao ser estampada por figuras públicas e famosos, como Gregório Duvivier e Leandra Leal, e viralizar nas redes sociais, Para definir os distúrbios mentais e comportamentais que seriam retratados no ensaio, foram analisados, primeiramente, os tipos mais recorrentes para que uma parcela extensa da população pudesse se identificar com os temas retratados. Segundo Carlos Guilherme Figueiredo, membro da Sociedade Brasileira de Psiquiatria (SBP) (UAI, 2017), durante a adolescência e início da vida adulta, a manifestação de diagnósticos como depressão, transtorno bipolar e ansiedade são mais frequentes; e, durante a infância, transtornos do neurodesenvolvimento, como demência infantil, transtornos do espectro autista (TEA) e transtornos de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) são mais recorrentes. Segundo a World Health Organization (WHO, 2016), a esquizofrenia é uma doença mental que afeta mais de 21 milhões de pessoas no mundo atualmente. As mulheres representam 90% da população afetada por transtornos alimentares como anorexia, por exemplo, e em países industrializados, onde a valorização da magreza tende a ser mais veemente, o problema é ainda mais sobressaído (RODRIGUES et al., 2005). Além da pesquisa em registros específicos de saúde, buscou-se analisar transtornos tratados pelo entretenimento e pela mídia recorrentemente, por meio da análise de filmes ligados ao tema e de personagens famosos por serem portadores de distúrbios. Nessa segunda análise, além da ocorrência dos distúrbios já citados, pudemos constatar que estresse pós-traumático, fobia social, insônia e transtorno obsessivo compulsivo (TOC), por serem recorrentes no cinema, nas séries, nas novelas e na TV em geral, também deveriam ser abordados pela constante presença no imaginário popular. A partir dessas duas análises, foi definido que os transtornos representados seriam anorexia, ansiedade, autismo, bipolaridade, depressão, esquizofrenia, estresse pós-traumático, fobia social, insônia e TOC. Neste momento também foi decidido sobre a interpretação dos transtornos, em sua maioria, por modelos do sexo feminino. Isso, por ter sido constatado que os dados em relação a esses distúrbios tendem a ser mais expressivos entre mulheres. Com a definição dos transtornos mentais e comportamentais que seriam representados, foi realizada uma pesquisa por ensaios fotográficos que abordassem temas similares, por movimentos e elementos que pudessem servir de referência. Além disso, foram feitas entrevistas informais com dois psicólogos, especializados para ter uma maior noção do dia a dia dos portadores de distúrbios, costumes e gestos comuns a eles e possíveis sensações a serem transmitidas pelas fotos. Durante o ensaio, foram usados uma câmera DSLR (Nikon D90), três tripés (um para a câmera, quando necessário, e dois para a iluminação), um flashmeter Sekonic L-358, um gerador, três tochas (luz de flash), bloqueadores, rebatedores, difusores e fundo infinito. Vale ressaltar que tanto os equipamentos quanto o estúdio de fotografia utilizados no ensaio foram disponibilizados e cedidos pelo Centro Universitário Faesa. Além disso, também tivemos auxílio técnico da técnica em fotografia, profissional da Faesa, Michelle de Jesus. Com o encerramento do segundo dia do ensaio fotográfico, foi realizada uma análise das imagens registradas a fim de selecionar as mais expressivas e simbólicas e que melhor se enquadravam no objetivo desejado e que tornariam mais difíceis alguns possíveis ruídos de comunicação. Desse modo, foram selecionadas 11 capturas, cada uma representando um distúrbio - com exceção do transtorno bipolar, que duas fotos a fim de, quando editadas, comporem apenas uma imagem. Após a seleção dos cliques, deu-se início à edição e ao tratamento das fotografias por meio do programa Adobe Photoshop CC 2016. Foi realizado um tratamento básico nas imagens para aperfeiçoar as execuções de brilho, de contraste, de nitidez e de cor, visando administrar melhor o resultado da conversão dos tons das fotos, originalmente capturadas no sistema cor luz (RGB), em preto e branco. A escolha dessa forma de representação se dá pela produção sem cores constituir a composição formal como o elemento mais importante, já que a cor não mais estará presente para  entreter, cativar e desviar o olhar (DAVIS, 2011, p. 30).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O ensaio fotográfico foi composto pela produção de dez imagens representando dez tipos de transtornos mentais: anorexia, ansiedade, autismo, bipolaridade, depressão, esquizofrenia, estresse pós-traumático, fobia social, insônia e transtorno obsessivo compulsivo. Os transtornos foram representados por cinco modelos - quatro mulheres e um homem - em um estúdio de fotografia minimalista com poucos elementos de cena, sendo os indivíduos e suas expressões e movimentos os únicos pontos de destaque de cada fotografia. Para a análise a ser realizada através do artigo em questão, foram selecionadas as cinco imagens que, na visão dos autores, tiveram o maior poder de impacto de acordo com a proposta desejada, sendo elas as representações dos distúrbios de anorexia, ansiedade, bipolaridade, depressão e esquizofrenia. Na fotografia que representa o transtorno da anorexia, foi utilizada como iluminação principal uma tocha na função Flash, acoplada a um gerador, no sentido Lateral Superior com qualidade difusa (utilização de difusor). A anorexia é caracterizada pela perda de peso excessiva por meio de dietas rígidas auto-impostas com o objetivo de alcançar um corpo esguio alinhado a padrões de beleza ainda mantidos pela mídia, apesar de, atualmente, combatidos por ela. Porém, devido à distorção da imagem corporal causada por esse transtorno, o indivíduo nunca sente que alcançou o corpo desejado, passando a adotar comportamentos alimentares anormais e inadequados na busca contínua pela perda de peso. Por se tratar de um tipo de transtorno alimentar que afeta principalmente adolescentes e jovens adultos do sexo feminino (DOYLE e BRYANT-WAUGH, 2000), foi escolhida uma modelo com estatura que aparenta ser de uma mulher jovem utilizando roupas íntimas que simbolizam o caráter reservado da doença - uma vez que, na maioria dos casos, os sintomas são de difícil percepção por parte dos indivíduos ao redor. As roupas íntimas, destacadas pelo contraste de sua cor com o tom de pele da mulher, também chamam atenção para o olhar romântico e sexualizado que tende a ser imprimido ao corpo feminino, principalmente por meio da valorização da magreza. Na fotografia, o cabelo da mulher cobrindo o seu rosto representa o constrangimento e insatisfação da jovem em relação ao seu próprio corpo - simbologia que é evidenciada também pela fita métrica apertada em volta da sua cintura. Na imagem que retrata o distúrbio da ansiedade, também foi utilizado como iluminação principal uma tocha na função Flash acoplada a um gerador no sentido Lateral Superior com qualidade dura com luz de preenchimento rebatida no lado oposto. A ansiedade é caracterizada por estados de tensão e angústia derivados de antecipação de perigo desproporcionais ao estímulo apresentado. Entre os sintomas mais frequentes estão: taquicardia, distúrbios de sono e distúrbios gastrintestinais (HOLLANDER, SIMEON e GORMAN, 1994). Tendo em vista o quadro apresentado, a posição e a expressão da modelo indicam sentimentos de angústia e nervosismo. Os braços e pernas cruzadas representam sua necessidade de se defender diante de algum tipo de perigo não-explícito e sua expressão facial demonstra irritabilidade - sentimento que se complementa com o relógio em sua mão, que simboliza sua impaciência e incerteza em relação ao futuro. A posição da modelo se assemelha a posição fetal, simbolizando a busca pelo conforto até em um lugar vazio, representado pela ausência de elementos em cena. Na foto que tem como tema a bipolaridade, foi utilizado como iluminação principal uma tocha na função Flash acoplada a um gerador no sentido Frontal Superior com qualidade dura. O transtorno bipolar é considerado um dos tipos mais graves de transtorno mental e é caracterizado pela ocorrência de episódios de humor alternados, podendo variar em sua intensidade, frequência e duração (GOODWIN e JAMISON, 2010). Para representar a intensa oscilação de humor sofrida pelos indivíduos portadores do distúrbio, foram capturadas duas fotografias da mesma modelo - cada uma representando um extremo dessa variação temperamental - e editadas em um mesmo enquadramento para destacar a característica da doença. A postura da modelo em cada uma das representações enfatiza sua instabilidade emocional, uma vez que aparenta estar ereta no estado de extrema felicidade e curvada no estado de extrema infelicidade. Na fotografia que representa o transtorno da depressão, foi utilizado como iluminação principal uma tocha na função Flash acoplada a um gerador no sentido Frontal Superior com qualidade dura. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que mais de 300 milhões de pessoas no mundo sejam afetadas pela depressão, configurando-se como o tipo de transtorno mental mais comum. Suas principais características são tristeza, perda de interesse ou prazer, sentimentos de culpa ou baixa autoestima, cansaço e falta de concentração. Ainda segundo a OMS, o número de mulheres afetadas pelo transtorno depressivo é maior do que o número de homens. A partir desse quadro, os sintomas da doença foram representados através da postura e da expressão da modelo. A cabeça e ombro encurvados e o olhar cabisbaixo representam sua tristeza intensa - sentimento que é complementado pela maquiagem borrada em seu rosto. A mão na cabeça da mulher sugere um sentimento de culpa e angústia diante de determinada situação e sua expressão corporal denota uma necessidade de isolamento e de busca por conforto. Além disso, a falta de elementos em cena simboliza o sentimento de vazio existencial da portadora. Por fim, na imagem que retrata o transtorno da esquizofrenia foi utilizado como iluminação principal uma tocha artificial fluorescente, para registrar o borrado do movimento da modelo capturado utilizando velocidade lenta de obturação, no sentido Frontal Superior com qualidade difusa (utilização de difusor). Considerada uma das doenças mentais mais estigmatizadas, segundo a OMS, estima-se que mais de 21 milhões de pessoas sejam afetadas pela esquizofrenia no mundo. O distúrbio da esquizofrenia é caracterizado principalmente por distorções nos pensamentos, percepções, emoções, linguagem e comportamento do portador, com experiências que contemplam ilusões visuais e/ou auditivas. Para representar os sintomas da doença, foi aumentado o tempo de exposição da câmera para que fosse registrado o movimento da cabeça da modelo - indicando os seus sentimentos de perturbação e inquietação diante de suas alucinações. Esses sentimentos são ampliados pela expressão facial da modelo no registro.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Entende-se que o ensaio fotográfico, muito mais do que um registro artístico, consagra-se como uma plataforma para a disseminação do debate acerca da saúde mental. A importância das imagens na cultura da mídia se dá tanto pelo modo como são construídas e tratadas quanto pelos significados e valores que transmitem (KELLNER, 2001). Indivíduos portadores de distúrbios mentais tendem a ser vistos como perigosos, imprevisíveis, preguiçosos ou vítimas dignas de pena (BYRNE, 2000). Essas imagens negativas são muitas vezes perpetuadas pelos meios de comunicação social e, consequentemente, registradas no imaginário coletivo. Representações equivocadas a respeito das doenças psicológicas podem gerar consequências que vão desde falsas crenças até atrasos e impedimentos na busca ao tratamento por parte dos indivíduos portadores dos transtornos. Diante desse quadro, este trabalho surge como uma tentativa de rompimento com estigmas historicamente vinculados à percepção da sociedade em geral a respeito dos distúrbios psicológicos, que podem ser considerados os principais obstáculos na provisão de cuidados de saúde mental. Propomos que esse tipo de produção seja cada vez mais valorizado para que a informação chegue ao alcance de uma camada extensa da população - a fim de desconstruir paradigmas referentes ao tema e de garantir a afirmação dos direitos dos indivíduos portadores de transtornos mentais. Além disso, é importante que mais estudos busquem analisar a percepção da população em geral sobre os enfermos mentais e comportamentais, e identificar as influências midiáticas no comportamento dos que sofrem de distúrbios psicológicos.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BARTHES, Roland. O Óbvio e o Obtuso: ensaios críticos III. Tradução de Léa Novaes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.<br><br>BAUMAN, Z. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar. 2001.<br><br>CRESCITELLI, Edson; SHIMP, Terence A. Comunicação de Marketing: Integrando propaganda, promoção e outras formas de divulgação. São Paulo: Cengage, 2013.<br><br>DAVIS, H. Criatividade em Preto & Branco. Rio de Janeiro: Editora Alta Books, 2011.<br><br>DOYLE, J.; BRYANT-WAUGH, R.  Epidemiology.In: Lask, B.; Bryant-Waugh R. (eds.). Anorexia Nervosa and Related Eating Disorders in Childhood and Adolescence. 2nd ed. Psychology Press, East Sussex, UK, p.41-61, 2000.<br><br>DUAAILIBI, Roberto; SIMONSEN JÚNIOR, Harry. Criatividade & Marketing. São Paulo: Makron Books, 2000.<br><br>FEATHERSTONE, Mike. Cultura de Consumo e Pós-Modernismo. São Paulo: Studio Nobel, 1995.<br><br>FIGUEIREDO, Celso. A última impressão é a que fica. São Paulo: Thomson, 2007.<br><br>GOODWIN F. K.; JAMISON, K. R. Doença maníaco depressiva: transtorno bipolar e depressão recorrente. Tradução de Irineu S. Ortiz, Régis Pizzato, Ronaldo Cataldo Costa. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.<br><br>HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.<br><br>HOLLANDER, E.; SIMEON, D.; GORMAN, J.M. Anxiety Disorders In: American Psychiatric Press, 2. ed., Washington, 1994, 495-563.<br><br>JOLY, Martine. Introdução a Análise da Imagem: Lisboa, PT Edições 70, 2001.<br><br>JORGE, Miguel R.; FRANÇA, Josimar M. F. A Associação Brasileira de Psiquiatria e a Reforma da Assistência Psiquiátrica no Brasil. [Editorial]. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 23, n.1, São Paulo, mar., 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462001000100002#notas>. Acesso em 26 de abril de 2017.<br><br>KELLNER, Douglas. A Cultura da mídia - estudos culturais: identidade e política entre o moderno e o pós-moderno / Douglas Kellner; tradução de Ivone Castilho Benedetti - Bauru, SP; EDUSC, 2001.<br><br>LASCH, C. O mínimo eu: sobrevivência psíquica em tempos difíceis. (5a ed.). São Paulo: Brasiliense, 1990.<br><br>LYSARDO-DIAS, Dylia. "A construção e a desconstrução dos estereótipos na sociedade brasileira". Stockholm review of latin american estudies. n°2 09/2007 p.25-35<br><br>RODRIGUES, A. M.; FISBERG, M.; CINTRA, I. P. Avaliação do estado nutricional, prevalência de sintomas de anorexia nervosa e bulimia nervosa e percepção corporal de modelos adolescentes brasileiras. Nutrição Brasil, São Paulo, v. 4, n. 4, p 182 -187, jul./ago. 2005.<br><br>TPM, #PRECISAMOS FALAR SOBRE ABORTO. Disponível em: <http://revistatrip.uol.com.br/tpm/precisamos-falar-sobre-aborto>. Acesso em 24 de abril, 2017.<br><br>UAI, Veja quais são os transtornos mentais mais comuns em determinadas fases da vida. Disponível em: <http://www.uai.com.br/app/noticia/saude/2016/05/31/noticias-saude,190119/veja-quais-sao-os-transtornos-mentais-mais-comuns-em-determinadas-fase.shtml>. Acesso em 24 de abril, 2017.<br><br>VEJA, Mulheres têm risco 40% maior de sofrer algum transtorno mental, diz estudo. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/saude/mulheres-tem-risco-40-maior-de-sofrer-algum-transtorno-mental-diz-estudo/>. Acesso em 26 de abril de 2017.<br><br>WHO, Schizophrenia. Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs397/en/>. Acesso em 24 de abril de 2017.<br><br>WHO, Depression. Disponível em: <http://www.who.int/topics/depression/en/>. Acesso em 24 de abril de 2017.<br><br> </td></tr></table></body></html>