ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>Anais :: Intercom :: Congresso Intercom</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00953</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO10</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Gentrificação no Vidigal: o processo das remoções diretas e indiretas</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Gabriela Cristina Maia Oliveira (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO); Maria de Fátima Costa de Oliveira (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO); Larissa Bozi Lima (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO); Gustavo Pereira de Carvalho (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO); Rodrigo Miranda Cabelli (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO); Letycia Gomes Nascimento (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO); Luis Henrick Teixeira (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO); Jaqueline Suarez Bastos (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Gentrificação, Remoções, Telejornalismo, Vidigal, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A reportagem exibida no programa PreOcupe-se, produzido por alunos do 5° período do curso de jornalismo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro durante a disciplina de Telejornalismo, propõe apresentar e fomentar reflexões sobre a gentrificação na favela do Vidigal, no Rio de Janeiro. Aborda as consequências que esse processo desencadeia na vida dos moradores e como eles lidam com a chegada de turistas e estrangeiros, que os expulsam de suas casas por meios diretos ou indiretos.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O interesse pelo estilo de vida e cultura das favelas no Rio de Janeiro vem crescendo cada vez mais. Esse interesse parte principalmente de investidores e turistas do mundo todo. O resultado é o aumento de um longo processo de migração entre os moradores, cuja renda familiar não passa mais a condizer com os altos preços de imóveis e serviços dentro das comunidades. O Morro do Vidigal, localizado na cidade do Rio de Janeiro, possui diversas formas de apresentação, como: "Morro dos Artistas" e "Favela Cult". Essas denominações surgiram por causa de sua localização entre bairros nobres como Leblon e São Conrado e, por essa razão, o fluxo de artistas e de pessoas de classe média-alta tornou-se frequente na favela. O processo da chegada de turistas e estrangeiros em favelas é conhecido como gentrificação. Esse fenômeno consiste em "uma série de melhorias físicas ou materiais e mudanças imateriais  econômicas, sociais e culturais  que ocorrem em alguns centros urbanos antigos, os quais experimentam uma apreciável elevação de seu status." (BATALLER, p. 2). A vista panorâmica do Vidigal para a cidade do Rio de Janeiro é um atrativo que gera lucro para quem investe no local. No topo do morro, mais conhecido como "Arvrão", já é grande a concentração de hostels, hotéis, bares e restaurantes. O processo de gentrificação no Vidigal trouxe transtornos para a população local. O valor dos imóveis subiu consideravelmente, a prestação de serviços tornou-se cara, e muitos moradores encontram dificuldades em continuar vivendo no local. Esse fenômeno desencadeia, então, um longo processo de remoções diretas e indiretas na comunidade, fazendo com que seus moradores migrem para lugares cada vez mais longe de seu local de origem.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Geral: Contribuir para o debate social, por meio da linguagem jornalística televisiva, abordando a questão das remoções diretas e indiretas em uma das favelas mais famosas do Rio de Janeiro. Chamar a atenção dos telespectadores para os vários problemas enfrentados pelos moradores do Vidigal, por meio dos relatos de quem nasceu e foi criado na favela, a respeito do fluxo de turistas no local. Específicos: - Abordar os vários aspectos da gentrificação, como vive a população do Vidigal e como esses moradores são percebidos pela sociedade. - Tratar o tema em linguagem clara e direta, como convém ao telejornalismo, contribuindo para a visibilidade e voz daquela comunidade.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O Morro do Vidigal tem recebido crescente atenção das agências de turismo e dos investidores pela sua localização e vista privilegiadas. O clima hospitaleiro, preços mais acessíveis, movimentos artísticos e culturais e uma boa localização, fazem as favelas cariocas do Rio de Janeiro, onde vivem 23% da população, ganharem maior visibilidade. (LABORATÓRIO UFJF, 2014) O problema surge quando o interesse nas peculiaridades e estilo de vida das favelas começa a gerar graves consequências para os moradores, como o aumento do preço de aluguéis, entre outros serviços. Os moradores que não possuem condições financeiras para se adequarem às novas exigências mercadológicas passam pelo processo de gentrificação, ou o a "remoção branca". Desde os anos 60, quando começaram as primeiras remoções, as favelas cariocas, principalmente o Vidigal, começaram a sentir diariamente a pressão das remoções por parte da prefeitura da cidade, de empresários e turistas. "a política de segregação espacial no Rio de Janeiro tomou proporções inéditas, removendo os favelados das áreas centrais da cidade, particularmente na valorizada Zona Sul, com a transferência destes para terrenos vazios na periferia." (BRUM, 2013, p.180). Licia Valladares (2000) fala sobre a denominação do termo favela. O significado está atrelado ao mito de Canudos cunhado pelo autor Euclides da Cunha, em sua célebre obra: "Os Sertões". "Uma história está ligada à outra, pois foram ex-combatentes da Guerra de Canudos que se instalaram no morro da Providência, a partir daí denominado morro da Favella. A explicação está baseada numa similitude tout court e denominação morro da Favella vem revestida de um forte conteúdo simbólico que remete à resistência, à luta dos oprimidos contra um oponente forte e dominador." (VALLADARES, 2000, p. 9) O processo das remoções continuou na medida em que grandes eventos foram executados na cidade do Rio de Janeiro nos últimos anos, como os Jogos Pan-Americanos, a Copa do Mundo e as Olimpíadas. "O Brasil passou a fazer parte do circuito internacional de grandes eventos, alguns dos quais usados como justificativa para grandes obras no Rio de Janeiro, que implicam na extinção de comunidades pobres. A cidade sediou os Jogos Pan-Americanos de 2007, os Jogos Militares em 2011, a Conferência da ONU (Rio+20) em 2012, além da Copa das Confederações e da Jornada Mundial da Juventude (com a presença do Papa) em 2013. Neste ano de 2014 realizam-se a Copa do Mundo de Futebol e, em 2016, os Jogos Olímpicos. Com o apoio da grande mídia, são difundidos na população sentimentos de "patriotismo" e "orgulho" pela cidade ter sido escolhida para sediar os jogos. Justificase, assim, a implementação de grandes projetos de transformação urbana e mudanças nas leis de caráter urbanístico." (GALIZA, SILVA e VAZ; p 10). O apoio da mídia foi crucial para a "boa visão" que os grandes eventos representaram para a cidade. Os principais veículos brasileiros mostravam, em sua maior parte, os benefícios que tais acontecimentos trouxeram para o país. Em contrapartida, a mídia alternativa ou veículos não-hegemônicos mostravam uma outra realidade para os moradores do Rio de Janeiro, principalmente aqueles que vivem em regiões periféricas ou em áreas consideradas economicamente benéficas para os grandes empresários. "Basicamente a gente usa a comunicação independente como ferramenta de busca e reafirmação de direitos para dentro da favela". A gente tenta gerar uma comunicação que fortaleça o diálogo e a discussão, e que encoraja as pessoas dentro da comunidade a construir coisas que alimentem esse processo, a usar ferramentas para expor o que está acontecendo, para comunicar o que está acontecendo, ajudar a criar a mudança futura. [...] A grande mídia brasileira, "não entravam na favela, paravam na entrada e cobriam dali, enquanto dentro da favela 45 diferentes coisas (estavam acontecendo)." (WATCH, 2016).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A partir do proposto pela disciplina de Telejornalismo, foram trabalhados os conceitos de linguagem telejornalística, apuração, produção e edição de um telejornal em suas características tradicionais ou de um programa jornalístiico temático, durante as aulas da professora Maria de Fátima Costa de Oliveira [Fafate Costa]. O programa telejornalístico "Preocupe-se" foi produzido por dez alunos do 5° período de Jornalismo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. É deste programa que se destaca a reportagem de Gabriela Maia, sobre gentrificação no Vidigal, com imagens de Larissa Bozi e Gustavo Carvalho e a produção de Olívia Kershbaumer. A iniciativa de fazer a reportagem sobre este tema partiu de uma nova forma de criar conteúdos audiovisuais independentes, pautada num projeto humano-social que revela, pelos olhos do entrevistado, o lado B da história não representado na grande mídia. A reportagem abrange os aspectos que levam turistas, estrangeiros, artistas e empresários para o Morro do Vidigal. No início da matéria, os pontos turísticos vistos do topo da favela, no "Arvrão", são apresentados como um dos motivos pelos quais a "remoção branca" ganhou força nas últimas décadas. As falas dos entrevistados são a representação do que é o fenômeno da gentrificação no Vidigal, que vai desde a especulação imobiliária à perda de identidade do morador; do aumento dos preços dos produtos e prestação de serviços, às festas e eventos fechados para a comunidade e a invasão dos turistas em alguns pontos do morro. A narrativa busca apresentar, sem interferências, a realidade vivida por eles. Os equipamentos utilizados foram uma câmera Canon T5i lente 18-55mm e um gravador de áudio modelo Sony PX 312. Após a pauta com sua etapa de pesquisa, a produção da reportagem seguiu seu roteiro de entrevistas, passagens, captação de imagens, decupagem, gravação de off e edição. "O telejornalismo, a seu modo, criou também uma estética da transparência baseada na montagem, com o repórter atuando como uma espécie de narrador do fato, narração empiricamente validada pela sequência de imagens apresentadas depois das passagens ou da narração em off. Por um tempo, como a decupagem clássica, a 'decupagem jornalística' conseguiu criar sua própria visão da realidade. (MARTINS, 2017, p.37)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A matéria de 8'14", traz entrevistas com moradores do Vidigal e alguns dos principais cenários responsáveis pela gentrificação, como o topo e a chegada ao morro e também a entrada para a trilha do Morro Dois Irmãos, um dos cartões postais da cidade do Rio de Janeiro. Reportagem de Gabriela Maia, com imagens de Larissa Bozi e Gustavo Carvalho, produção de Olivia Kershbaumer e edição de Jaqueline Suarez. A reportagem sobre a gentrificação no Vidigal integra o programa PreOcupe-se, realizado para a disciplina de Telejornalismo da UFRRJ, ministrada pela professora Maria de Fátima Costa de Oliveira [Fafate Costa] no primeiro semestre de 2016. O objetivo da equipe foi retratar os movimentos sociais, a luta por direitos e temas relativos à cultura brasileira, sobretudo a Fluminense, de uma perspectiva experimental e, em certa medida, mais aprofundada do que usualmente estes assuntos são retratados no telejornalismo hard-news da grande mídia. A partir de relatos humanizados, o programa pretende levar o telespectador a uma reflexão sobre seu papel como cidadão. A ideia surge diante do atual cenário político-social do país, que passa por grandes reformas de administração e de organização social. O que leva diversos movimentos a lutarem por seus direitos e a resistirem, na busca por sua sobrevivência cultural e por melhorias para o país.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Com os grandes eventos realizados na cidade do Rio de Janeiro nos últimos anos, a imprensa teve papel fundamental na visão que o Brasil e o mundo tiveram em relação aos efeitos "benéficos" para a cidade e população. No entanto, há visões opostas a esta que retratam a realidade vivida pelos moradores  muito distante das narrativas positivas apresentadas pela grande mídia. Uma das proposições é se investir em mídias alternativas e no uso consciente da internet como veículos com maior liberdade em produzir conteúdos que cheguem a todos, podendo assim, ampliar os debates. Neste sentido, o pensar jornalístico em um ambiente universitário nos levou a retratar o processo de gentrificação do Vidigal com o intuito de preservar a identidade e cultura dos moradores do morro. "Mídias comunitárias têm formatos parecidos com as mídias tradicionais (jornal, revista, rádio e televisão). Elas funcionam como canais que noticiam informações de interesse e utilidade para a população dos locais onde atuam. Elas também servem de espaço para moradores de favelas atuarem na militância a partir do jornalismo e da comunicação. [...] Nesse processo, vozes e debates de grupos e populações marginalizadas se expandem e influenciam a narrativa das grandes empresas de jornalismo. Assim, os temas debatidos chegam a mais pessoas dentro e fora da favela. Além disso, jornalistas, fotógrafos e ativistas/militantes também viram referência de cidadania para outros moradores de favelas". (CUSTÓDIO, 2009, p. 24-25). A reportagem teve o intuito de explicar, com uma linguagem acessível, o fenômeno da gentrificação e porquê ele acontece em determinados espaços urbanos. Trouxe, ainda, a visão dos moradores a respeito do seu espaço sendo ocupado de forma direta e indireta por empresários e estrangeiros. Com a divulgação desta reportagem e do programa Preocupe-se no canal do Youtube, espera-se fomentar novas discussões acerca do tema.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BATALLER, Maria. O estudo da gentrificação. Disponível em >http://r1.ufrrj.br/revistaconti/pdfs/1/ART1.pdf< Acesso em 22 abr, 2017.<br><br>BRUM, Mario Brum. Favelas e remocionismo ontem e hoje: da Ditadura de 1964 aos Grandes Eventos. O Social em Questão - Ano XVI - nº 29  2013. Disponível em > http://osocialemquestao.ser.puc-rio.br/media/8artigo29.pdf < Acesso em 22 abr. 2017.<br><br>CUSTÓDIO, Leonardo. Midiativismo de Favela. Reflexões sobre o processo de pesquisa. University of Tampere, Finland School of Communication, Media and Theatre. 2009-2016.<br><br>MARTINS, Maura. Novos efeitos de real no jornalismo televisivo: Reconfigurações estéticas e narrativas a partir da ubiquidade das máquinas de visibilidade. ed LabCom, Covilhã. 2017<br><br>SANTOS, Helena; SILVA, Maria e VAZ, Lilian. Grandes eventos, obras e remoções na cidade do Rio de Janeiro, do século XIX ao XXI. Disponível em >http://megaeventos.ettern.ippur.ufrj.br/sites/default/files/artigos-cientificos/galiza_h_vaz_l._silva_m._grandes_eventos_obras_e_remocoes_na_cidade_do_rio_de_janeiro_do_seculo_xix_ao_xxi.pdf< Acesso em 20 abr. 2017.<br><br>UFJF. Laboratórios de Demografia e Estudos Populacionais. Disponível em >http://www.ufjf.br/ladem/2014/07/02/custo-de-vida-elevado-gera-migracao-de-morador/< Acesso em 21 abr. 2017.<br><br>VALLADARES, Licia. (2000) A gênese da favela carioca: a produção anterior às ciências sociais. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo: vol. 15, n. 44, p. 5-34. >Disponível em http:// www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v15n44/4145.pdf < Acesso em 22 abr. 2017.<br><br>WATCH, on Rio.  Favelas na Mídia: Como a Vinda da Imprensa Global na Era dos Megaeventos Transformou a Imagem das Favelas Relatório Lançado na Casa Pública. Disponível em <http://rioonwatch.org.br/?p=24355> Acesso em 20 abr. 2017.<br><br> </td></tr></table></body></html>