INSCRIÇÃO: 01418
 
CATEGORIA: JO
 
MODALIDADE: JO16
 
TÍTULO: Geração Fé
 
AUTORES: Ana Carolina Vaz Franco Thomé (Universidade Federal de Santa Catarina); Gabriel Neves da Silva (Universidade Federal de Santa Catarina); Cárlida Emerim (Universidade Federal de Santa Catarina)
 
PALAVRAS-CHAVE: Culto Jovem, Igrejas evangélicas, Jovens, Mercado da fé, Telejornalismo
 
RESUMO
Geração Fé retrata um novo perfil de igreja evangélica que surge no Brasil. No país majoritariamente católico, o atual cenário religioso indica aumento considerável do número de brasileiros que se declaram ateus, e igrejas como a Bola de Neve Church, fundada em São Paulo, e a Igreja Onda Dura, corrente dentro da Comunidade Cristã Siloé, nascida em Joinville, vêm reunindo cada vez mais adeptos nos últimos anos atraindo especialmente crianças, jovens e adolescentes. O trabalho apresenta narrativas de diferentes histórias que se entrecruzam e mostram como se caracterizam estas instituições, seus líderes, frequentadores, seguidores, ex-frequentadores, críticos da área e o mercado por trás da religiosidade.
 
INTRODUÇÃO
Pesquisa feita pelo instituto Datafolha apontou que 98% dos brasileiros entrevistados acredita em Deus. Desses, 52%, praticamente a metade se diz católica e 32% evangélica. O país ainda segue com a maioria católica mas o número de evangélicos não para de crescer. Segundo estimativa de pesquisadores do Instituto de Estudos da Religião - ISER, deve alcançar 50% da população até 2045.਀ Já outra pesquisa divulgada durante a 54ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) mostra aumento considerável do número de brasileiros que se declaram ateus - subiu de 7,9%, em 2010 para 8,9% em 2014.਀ Outro número que também chama atenção é o de igrejas que surgem a cada dia. De janeiro de 2010 a fevereiro de 2017, cerca de 70 mil entidades se registraram na Receita Federal como "organizações religiosas ou filosóficas", uma média de 25 igrejas sendo registradas por dia no Brasil.਀ É diante desse contexto que se apresenta o presente trabalho. Por meio de dois grandes exemplos, Geração Fé busca trazer a público um tema relevante, porém ausente do ponto de vista do Jornalismo, uma vez que religião dificilmente é pautada na mídia tradicional. Assim, o trabalho tenta, com muita sensibilidade, não só mostrar ao telespectador que existe um novo perfil de igreja surgindo com força no Brasil e que já reúne uma legião de seguidores cada vez maior, mas também induzi-lo a uma reflexão sobre o papel que estas novas instituições ocupam na vida das pessoas, especialmente na vida dos jovens e adolescentes brasileiros.
 
OBJETIVO
Produzir uma grande reportagem em vídeo de cunho jovem e experimental, abordando de forma oportuna o debate político-religioso e apresentando uma perspectiva, talvez, já conhecida, porém, pouco explorada, e, criticamente não visibilizada, respeitando, ainda, os preceitos éticos e a pluralidade jornalística da profissão. Diante disso, é também objetivo do trabalho não apenas informar, mas ainda questionar e instigar o telespectador a uma reflexão acerca do tema apresentado, uma vez que o produto se constitui por diferentes pontos de vista que agregam ao debate proposto.਀ O objetivo também foi o de buscar contribuir para a experimentação de novas narrativas para o jornalismo contemporâneo, uma vez que a produção de reportagem fortalece os laços da teoria e da prática, contribuindo para a formação de uma experiência sensível e mais humanizada dos estudantes.
 
JUSTIFICATIVA
O trabalho se justifica, primeiramente, pela grande relevância do tema escolhido. A religião, assim como a própria mídia, possui forte influência na vida das pessoas e pesquisas também evidenciam isso. Uma feita pelo Pew Research Center em 2015 e divulgada pelo jornal britânico The Independent, revelou o quanto o caráter religioso influencia em nível mundial. A pergunta específica diz respeito ao quão importante seria a sua religião na formação de parte de quem você é. A mesma questão foi levantada em diferentes países, considerando as inúmeras religiões que existem no planeta. Em primeiro lugar na pesquisa, aparece a Etiópia, com 98% das pessoas alegando que a Igreja Ortodoxa do país teve parte muito importante em suas formações. O país é seguido por Senegal e Indonésia. A mesma pesquisa mostra o Brasil em 15º no ranking, com empate técnico com a Palestina, atrás da Índia e à frente da África do Sul. Em território brasileiro, três em cada quatro pessoas alegam que a religião teve bastante impacto e é bastante importante nas suas vidas por fatores que vão desde a alterações no humor à cura de doenças graves. No cenário brasileiro, pode-se observar uma grande camada da população que busca a religiosidade como meio paliativo ao sofrimento, ou ainda a busca de compreensão por aquilo que entendem não ser explicado pela ciência e até mesmo a procura de respostas no que se refere ao próprio sentido da vida.਀ Outro argumento importante é que o tema raramente é retratado na mídia brasileira, exceto por coberturas factuais e superficiais, como em casos específicos de datas comemorativas religiosas – celebrações de Páscoa, Corpus Christi e Natal, por exemplo. Cabe relembrar a cobertura oferecida pela mídia na visita do Papa ao Brasil em julho de 2013, quando os telejornais se apresentaram basicamente como extensões da assessoria de imprensa do Vaticano. Programas de variedade e entretenimento resumiram-se ao papel de retratar hábitos e curiosidades da passagem do primeiro papa latino-americano pelo Brasil, resultando em uma série de informações desprovidas de senso crítico que abandonam o jornalismo e o interesse público e revelam uma relação íntima entre mídia e religião no país.਀ [...] quando o assunto é mídia e religião, ainda estamos distantes de respeitar a laicidade do Estado e promover a diversidade de credos no Brasil. Proselitismo religioso na televisão é algo marcante não apenas esta semana (de visita do Papa), mas uma tendência histórica da mídia brasileira, que tem como consequências a construção de privilégios para alguns segmentos religiosos e a publicização de discursos tradicionalistas, em defesa de uma moral cristã. Em risco está a liberdade de expressão do conjunto da população brasileira e a convivência democrática entre os que se identificam ou não com determinadas crenças e ainda com os que não professam qualquer religião (In: Carta Capital, 2013)਀ Além dos argumentos já citados, o trabalho também se justifica por seu caráter de pesquisa que pode futuramente subsidiar estudos na área. O crescente interesse nesse campo específico da religião em nível internacional parece estar construindo um contexto que promove a pesquisa também aqui no Brasil, o que se torna evidente pelo crescente número de temas de trabalhos de investigação disponíveis no âmbito acadêmico sobre o assunto.਀ Outra justificativa pode ser encaminhada na perspectiva pessoal: a curiosidade dos autores em compreender o porquê de tantos colegas próximos mudarem radicalmente suas vidas a partir do momento em que passaram a frequentar estas instituições religiosas. A curiosidade somada à vontade de produzir um produto jornalístico de cunho jovem e experimental são argumentos que justificam não somente a escolha do tema, mas também a escolha em trabalhar o assunto por meio de vídeo.
 
MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS
Diante do desafio de se produzir um grande Trabalho de Conclusão de Curso, Geração Fé envolveu uma organização prévia com base em um cronograma de atividades. Definida a pauta, os autores passaram a consumir todo o tipo de informação a respeito do assunto que, por si só, já era desafiador. Como já se disse, há pouquíssimo material jornalístico disponível que debata religião e igreja fora de um contexto pautado no agendamento. E essa era a proposta. Assim, cabe dizer que a metodologia do trabalho se deu, inicialmente, por meio de pesquisa bibliográfica com base na leitura de artigos, reportagens (poucas) e pesquisas acadêmicas para que se construísse um estudo prévio sobre o tema. Na sequência, os autores fizeram contato com os entrevistados e foram a campo – no caso da Onda Dura, a imersão na igreja durante uma semana corresponde ao grau de sensibilidade e aprofundamento nos detalhes da(s) história(s) retratada(s). Puccini (2009) afirma que tal maneira é uma forma de conhecer o ambiente e também fazer um levantamento nos locais e sets de gravações. Assim, nesse momento, o documentarista percebe na pesquisa de campo a possibilidade de ângulos durante a gravação, o posicionamento do personagem, os locais a serem filmados como imagem de cobertura, as condições da luz e o som ambiente.਀ Trabalhando em média quase 16 horas por dia, de segunda à sábado, os alunos chegaram ao fim indo muito além das expectativas: 21 entrevistas. Para todos, empregou-se o modelo de entrevista semiaberto, sem um questionário fechado a ser seguido. Com base no modelo, foi elaborado um questionário de perguntas prévias, mas que possibilitou o surgimento de novas perguntas ao longo das entrevistas.਀ No processo, foram empregados os seguintes equipamentos: 01 Gravador Zoom H4n Pro 4 Canais; 01 Câmera Nikon D7000; 01 Câmera Canon T5i; 01 Microfone Rode Video Micro Pro; 01 Microfone Lapela Sony; 04 Tripés; 01 Sungun Sony e 01 Painel 400 leds – todos itens pessoais dos alunos adquiridos para realização do TCC, com exceção de um tripé e um sungun de iluminação, emprestados do Laboratório de Telejornalismo (LabTele) do Departamento de Jornalismo (JOR) da UFSC. Todas as imagens foram captadas em Full HD e as gravações com DSLR mantiveram a configuração de 24 frames por segundo.
 
DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO
Após a escolha de fato da pauta a dificuldade recaiu sobre qual formato utilizar, pois a única certeza era a de que seria um produto em vídeo por conta da trajetória da dupla no Curso – os dois alunos sempre estiveram envolvidos com projetos de experimentação de produção audiovisual e telejornalismo. Surge o impasse: produzir um videodocumentário e aproveitar a liberdade que ele nos permite em termos de criação e narrativa ou fazer uma grande reportagem em vídeo? A solução foi a de buscar produzir um trabalho experimental: uma grande reportagem em vídeo empregando conceitos comuns à produção de qualquer material jornalístico (tais como os explicados por BISTANE e BACELLAR (2005), BITTENCOURT (1993) e CRUZ NETO (2008): pauta (ideia), apuração, produção, angulação e execução), mas buscando empregar toda a riqueza de imagens, narrativas, sons, efeitos visuais e linguagens estéticas características marcantes na produção de um videodocumentário.਀ Assim, com proposta de linguagem experimental, o produto foi construído a partir de narrativas de diferentes histórias que se entrecruzam, com transições por meio de offs, elementos de transição, vinhetas de transição entre outras estratégias que dizem ao telespectador que ele está sendo deslocado no espaço/tempo e novos personagens serão introduzidos.਀ A história se inicia com o questionamento central: por que atrai tantos jovens? Na sequência, traz cenas inusitadas que levam o telespectador a se perguntar se realmente trata-se de uma igreja. A partir disso, o trabalho se divide em duas partes: a primeira que apresenta igreja do ponto de vista estrutural - estrutura física, estrutura hierárquica, esquema de trabalho; e a segunda que chama para um debate sobre os limites da religiosidade através das histórias entrelaçadas dos personagens e outras fontes que integram a narrativa para dar vida e sentido às experiências relatadas.਀ O processo de edição e finalização foi executado pelos autores no Adobe Premiere Pro 2015, software utilizado para a edição de conteúdo e vídeo. Já com um roteiro pré definido para a execução dessa etapa, obedeceu-se aos seguintes momentos: decupagem e backup do material em dois HDs; organização das imagens em pastas por dia de gravação; separação das imagens em takes de cobertura de off, entrevistas e imagens de apoio; migração das pastas para o software de edição; e pré montagem na timeline com base no roteiro pré definido.਀ A não utilização de trilhas externas foi uma estratégia. Optou-se por explorar ao máximo o som ambiente de cada imagem com o intuito de seduzir e envolver cada vez mais o telespectador com as cenas. A ideia era fazer com que ele se sentisse de fato lá.਀ Cabe também, aqui, justificar que a utilização de uma única sonora com a entrevistada de costas para a câmera deve-se ao fato da menina ser menor de idade e, portanto, a uma escolha dos alunos em respeito aos princípios éticos do Jornalismo.
 
CONSIDERAÇÕES
As considerações finais podem e devem ser alinhadas ao grande desafio que foi produzir esse material. Primeiro, uma pauta por si só desafiadora. Religião é um assunto delicado que, inevitavelmente, vai envolver um grau enorme de sentimento e emoção (seja você de alguma religião ou não). Diante disso, tem-se ainda o desafio de se valer da presença de um repórter na condução, ainda que nem em todas as partes.਀ Outra preocupação recaiu também sobre o quão complicado seria gravar dentro de uma igreja e colher depoimentos tão pessoais e impactantes. E não era para menos. A negativa da gerência central da segunda instituição, a Bola de Neve, realmente preocupou mas não desanimou, mesmo sendo pegos de surpresa já que haviam autorizado e depois declinado. Mas isso é Jornalismo e isso é saber lidar com o Jornalismo.਀ Os alunos são constantemente desafiados ao longo da graduação a produzir produtos jornalísticos diferenciados daqueles já veiculados pela mídia tradicional, buscando sempre como meta um resultado inovador. O presente trabalho pode até não ser algo inovador, mas é experimental. É uma tentativa positiva dos acadêmicos de se pensar fora da casinha e, ainda que indiretamente, contribuir para o jornalismo e telejornalismo contemporâneo. Com intenção de se produzir um TCC de cunho jovem e, como já citado, experimental, os autores se desafiaram diante de um tema polêmico, cujo comprometimento dos alunos também era inevitável. Seja por um texto de off em alguma parte necessário, uma passagem gravada para justificar a negativa de uma gravação, ou ainda a escolha proposital de um jogo de falas que colocam em cheque a credibilidade de uma instituição que hoje já carrega mais de milhões de fiéis Brasil afora. Mas, mais uma vez, isso é Jornalismo e se comprometer também faz parte.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS
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