INSCRIÇÃO: | 00829 |
CATEGORIA: | JO |
MODALIDADE: | JO11 |
TÍTULO: | O Grafite e a Comunicação na cidade: o livro-reportagem "ruas e cores: grafite como arte viva na cidade". |
AUTORES: | Fernanda de Façanha e Campos (Universidade de Fortaleza); Ravelle Frota Aguiar (Universidade de Fortaleza); Alessandra Oliveira Araújo (Universidade de Fortaleza); Eduardo Nunes Freire (Universidade de Fortaleza) |
PALAVRAS-CHAVE: | Cidade, Comunicação, Grafite em Fortaleza, Livro-reportagem, |
RESUMO | |
O presente trabalho explica a produção e elaboração do livro-reportagem "Ruas e cores: O grafite como arte viva na cidade" que tem o objetivo de mostrar formas diferentes do uso do grafite em Fortaleza. A investigação utilizou-se da metodologia de pesquisa bibliográfica que teve como principais fontes os autores Belo (2006), Lima (2009), Kotscho (1995) e Campos (2007). A partir da necessidade de discutir as formas de apropriação da cidade criadas por grupos, muitas vezes, excluídos dos meios de comunicação tradicionais, o livro faz uso de entrevistas, fotografias e reportagens que abordam o conteúdo a partir da discussão principalmente das seguintes temáticas: grafiteiros, eventos e patrimônio histórico. A conclusão destaca que o grafite em Fortaleza está em ascensão, mas ainda é visto como "arte marginal" por parte da sociedade, tornando a sua prática um ato de resistência. | |
INTRODUÇÃO | |
A temática escolhida para o livro "Ruas e Cores: O grafite como arte viva na cidade" foi o grafite em Fortaleza, em busca de mostrar os diferentes usos do grafite em Fortaleza. cenário. O livro traz algumas discussões e opiniões de como o grafite já trouxe críticas e possibilitou reflexões sobre a cidade, quem faz e pensa o grafite em Fortaleza, desde quando houve os primeiros movimentos dessa arte na cidade, os eventos que já aconteceram, os que continuam presentes e como os transeuntes e estudantes do assunto entendem este fenômeno na nossa cidade. No livro há o aprofundamento do assunto, pautando também os critérios de noticiabilidade jornalística, como a veracidade e atualidade, discutindo ao texto questões históricas e sociais que envolvem o grafite. Este produto também possui introdução e conclusão a fim de contar inicialmente a relação entre o grafite e os estudos realizados no grupo de pesquisa Jornadas Urbanas e Comunicacionais, Jucom, e os resultados obtidos com a conclusão do trabalho. Por meio de fotografias (da autora, de arquivos de grafiteiros e das instituições públicas), pesquisa bibliográfica em livros e jornais, entrevistas com grafiteiros e representantes de instituições públicas a nível municipal e federal, o livro-reportagem foi desenvolvido. Inicialmente foram pensados temas pertinentes para compor três capítulos do livro, sendo esses os grafiteiros, os eventos e festivais que acontecem na cidade e o patrimônio público e sua relação com o grafite. | |
OBJETIVO | |
Com o objetivo de apresentar diferentes usos do grafite na cidade, as entrevistas foram iniciadas em fevereiro e finalizadas em abril de 2017. O primeiro capítulo, intitulado de "O grafite e os grafiteiros", narra o contexto, história e memória do grafite a partir de cinco grafiteiros que atuam na cidade, cada um vindo de contextos diferentes, com perfis diversos e idades distintas. Para a realização do livro foi feito o acompanhamento da realização de dois grafites e foram feitas fotografias dessas intervenções, assim propondo ao capítulo uma linguagem objetiva, com um tom poético e identitário a cada entrevistado. O segundo capítulo, "Encontros entre arte e cidade", versou sobre os festivais e eventos que já aconteceram em Fortaleza, descrevendo os atuais e como os mais antigos podem ter possibilitado outros eventos virem a acontecer. Assim, a linguagem escolhida para a reportagem foi de uma cronologia, a fim de mostrar o factual e também os eventos pioneiros. Por fim, o terceiro capítulo, "De quem é o patrimônio?" a partir de uma entrevista ping pong com arquitetos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), faz uma discussão sobre a definição do patrimônio, motivos de por que grafitar, situações que já aconteceram em Fortaleza. No seu desenvolvimento, há a busca de discutir a polêmica que aconteceu em 2013 envolvendo o Farol do Mucuripe, prédio tombado em 1983 pela Divisão de Patrimônio Histórico da Secretaria de Cultura do Estado. Esta polêmica ocorreu a partir de postagens de internautas em redes sociais que tomaram posições contrárias e favoráveis ao grafite realizado no Farol do Mucuripe, na primeira edição do Festival Concreto, naquele mesmo ano. Matérias de jornais registraram as indignações e argumentos utilizados por arquitetos e estudiosos no assunto que se posicionaram contra e outros a favor da intervenção. | |
JUSTIFICATIVA | |
A temática sobre o grafite, quem os faz e os impactos dessa intervenção está em pauta no Brasil. O grafite é uma outra voz no espaço urbano, em que contempla necessidades da cidade e possui a característica de ser plural, mostrando sua essência polifônica. As cores, formas e escritos nos muros comunicam falas, expressões e mostram vozes que não são o foco das mídias tradicionais. Assim alguns grupos colocados à margem criam estratégias de comunicação e visibilidade a partir do grafite. De acordo com Ricardo Campos (2007) na obra "Porque pintamos a cidade?", ele reflete principalmente sobre o grafite no espaço urbano e percebe esta linguagem como forma de comunicação que pode expor problemas sociais gerando incômodo às lideranças políticas e sociais. Apesar disso, o grafite, e também outras formas de expressão na cidade que podem vir a serem colocados em muros, possuem a intenção de comunicar algo a alguém, já que para alguns esta intervenção é vista como problema social e para outros é uma comunicação que expressa a um grande público algo que não é dito na mídia. Sendo assim, possivelmente do público de quem comunica ao público de quem vê exposto na cidade (seja um transeunte, pessoas de diferentes idades e classes sociais) pode ser impactado de formas distintas ao que está sendo comunicado nos muros. Para Campos (2007), se o muro é considerado lugar de ordem e harmonia, também pode ser, ou tornar-se, um lugar de confronto e desobediência, sendo um alvo de disputas, uma arena de confrontos entre diferentes pessoas e grupos com objetivos e poderes diferentes. "Este aglomerado de signos pictóricos, de grafias impenetráveis, de traços aparentemente caóticos, espelha diferentes vontades enunciativas, modos distintos de utilizar a arquitectura e o mobiliário urbano. Estas mensagens têm uma autoria e um destinatário"(CAMPOS, 2007, p. 77). Campos (2007) afirma que o grafite busca a visibilidade. O lugar de escolha para ser feito a arte urbana não é feito aleatoriamente, há intenção em grafitar, pixar ou modificar aquele lugar de alguma forma. No contexto sobre o olhar urbano do indivíduo, Massimo Canevacci (1997), em "A cidade polifônica: ensaio sobre a antropologia da comunicação", esclarece sobre como o olhar para e sobre a cidade começaram a ser desenvolvidos. Canevacci (1997) acredita que o olhar urbano passará a se refinar, modificar, a partir do desenvolvimento dos conhecimentos metropolitanos e históricos daquele lugar, por meio de conversas com habitantes, estudos e também observação do cotidiano. O autor desenvolve o conceito de polifonia que são duas ou mais melodias combinadas em uma só composição e que também há a possibilidade dessa melodia ser composta de vozes, sendo assim o livro buscou essa pluralidade de vozes e sons que completam a cidade. Com o total de 30 entrevistados, o livro é o resultado da intensa busca de trazer essa polifonia e opiniões diversas, o que também contribuiu para a nossa prática jornalística. Galvão (2015) considera os artistas urbanos contemporâneos, como transgressores, já que possuem a capacidade de inquietar e questionar o público. Ela relaciona o termo 'transgressão' com desobediência, rebeldia e descumprimento de normas. "Entendo a transgressão como a expressão de modos de pensar, de produzir, de criar, que não visam ao consenso, mas, ao contrário, que muitas vezes propõem questionar, inquietar, mobilizar, ainda que isso provoque incômodos" (FARIAS, 2015, p. 62). Assim como a autora descreve essa transgressão, Campos (2007) também explica sobre essa transgressão que muitas vezes não é dita ou observada. No "Ruas e cores: O grafite como arte viva na cidade", o terceiro capítulo demonstra essa transgressão, um ato de desobediência das normas, quando o grafiteiro Rafael Limaverde grafitou o Farol do Mucuripe, colocando ali uma crítica social ao que o local passava no momento, um lugar em que os usuários de droga utilizavam para consumir os entorpecentes. | |
MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS | |
O livro-reportagem é um formato jornalístico que permite o aprofundamento das informações, possuindo características próprias que, não necessariamente, sigam o jornalismo convencional, do dia a dia, que possui periodicidade e rapidez com a informação. Conforme Edvaldo Pereira Lima (2009), os recursos técnicos utilizados para a idealização e realização de um livro-reportagem é um formato de produção jornalística, pois trabalha com a apuração de informações e o seu detalhamento provém de uma prática que possui atividades específicas da comunicação, como entrevista, escrita da reportagem e detalhamento de informações . Lima (2009) entende a reportagem como uma forma de abordar determinado tema com detalhes e analisar a temática com o desenvolvimento da matéria. Assim, para ele, o desenvolvimento do livro-reportagem possui o que ele intitula de "grau de amplitude superior" da notícia, já que mesmo que parta de algo factual, o livro-reportagem detalha os acontecimentos sobre aquele fato, não necessariamente contemplando apenas situações atuais, mas também históricos e até com amplitude mundial. Ao citar horizontalização do relato, o autor esclarece que essa extensa explicação em detalhes possibilita o desenvolvimento do tema por completo, ou pelo menos a tentativa dessa completude. Isso por que, muitas vezes, pode não ser possível a total extensão e esclarecimento do fato, devido a questões temporais e de espaço. Assim, o produto pretende ser um panorama de um determinado acontecimento, esclarecendo, por olhares de diversos entrevistados, vivências e experiências diferentes sobre esta temática. Além disso, há a necessidade de um aprofundamento sobre o tema a partir de pesquisas, leitura de livros, notícias e outros documentos disponíveis. De acordo com Paula Rocha e Cintia Xavier (2013), o livro-reportagem é uma obra que trata de acontecimentos ou fenômenos reais a partir de procedimentos metodológicos do jornalismo e tem a liberdade de possuir características literárias. As autoras consideram que são identificados de quatro a cinco elementos constitutivos do jornalismo e deles escolhemos alguns para apontar neste trabalho, como interesse público, novidade, atualidade e veracidade. Entretanto, o tema pode ser histórico, possuir uma pertinência atual ou também ter sido pouco trabalhado, a partir do ponto de vista que o livro-reportagem propõe, podendo assim ser uma novidade. Edvaldo Pereira Lima (2009) também considera que a lógica de um livro-reportagem se difere das publicações periódicas. Para ele, com os extensos detalhes, o produto abordará as características de uma temática de forma mais aprofundada, fazendo com que o leitor adquira mais informações. Este material é mais denso, possuindo detalhes, curiosidades, fatos históricos e sociais que envolvem o assunto principal do livro. O autor também considera que o livro-reportagem é um formato de comunicação jornalística não periódico, mas que também é eficiente. "Mas se alçamos a vista para encarar o fenômeno completo, dinâmico, como um processo da comunicação social moderna, então podemos entendê-lo como um subsistema híbrido, com ligações secundárias com o sistema editorial" (LIMA, 2009, p. 38). Conforme Lima (2009), a partir do contato com o campo a reportagem vai se transformando. Como em "Os Sertões", de Euclides da Cunha, o autor elucida que o repórter deve deixar o canal livre "para aflorar o seu potencial de repórter, de pioneiro" (LIMA, 2009, p. 216). Assim, a descrição do ambiente, do cenário social e histórico possui uma grande importância nesse contexto de produção e elaboração do livro-reportagem. Na formação do livro-reportagem "Ruas e cores: o grafite como arte viva na cidade", apresentado neste relatório, escolhemos essa técnica para explicar como se deu o desenvolvimento do grafite, por exemplo: no primeiro capítulo dos cinco grafiteiros entrevistados, destacamos dois que possuem uma forte relação de amizade. Assim, descrevemos esse vínculo, o local da entrevista e a história de cada um, priorizando como eles conheceram e adentraram no mundo do grafite. O aprofundamento da informação e o contato com várias fontes torna a discussão importante sobre a relação entre o entrevistador e o entrevistado, como aponta, Ricardo Kotscho (1995) em "A prática da reportagem". O autor considera que para conseguir informações o repórter deve ganhar a confiança de sua fonte. Ele também pontua que para uma reportagem eficaz com a descrição de conhecimentos do que está sendo discutido é preciso a leitura prévia sobre o tema e pesquisas. "Filão mais rico das matérias chamadas humanas, o perfil dá ao repórter a chance de fazer um texto mais trabalhado - seja um personagem, um prédio ou uma cidade. Para isso, é necessário que ele se municie previamente sobre o tema de que vai tratar: para ir fundo na vida de uma pessoa ou de um lugar é preciso antes de mais nada conhecê-lo bem". (KOTSHO, 1995, p. 42) Assim, Kotscho (1995) reflete que a matéria deve ser uma forma que faça com que o leitor conheça melhor sobre algum assunto, por isso deve ser escrita com uma linguagem simples e direta. A leitura possibilita que o leitor se interesse ainda mais pelo livro. A reflexão do autor vale para as matérias do cotidiano, mas também para o livro-reportagem, pois trata-se de um formato jornalístico. Nesse ponto, Kotscho (1995) considera que a criatividade do autor é de suma importância já que será a forma como é contado as entrevistas e os resultados obtidos por elas. Ele descreve que acaba sendo uma função e responsabilidade do repórter e autor do livro incluir o leitor naquele lugar desenvolvido na narrativa. Isso porque a partir da linguagem e até da utilização de fotografias, a fim de ilustrar esse contexto dito na narrativa, pode ficar mais claro ao indivíduo as questões relevantes que estão escritas no livro. Outra autora, Ana Estela de Sousa Pinto (2009), considera que uma boa entrevista depende também da pesquisa, observação e documentação feita antes dela. Assim, acrescenta que a preparação do entrevistador é essencial para o bom resultado daquele diálogo. O autor Eduardo Belo (2006), na obra "Livro - Reportagem", explica que a apuração é a busca de informações comprovadas, checadas e contextualizadas. Assim, o repórter possui a função de organizá-las e explicar os fatos anteriores e atuais. Belo (2006) esclarece que a contextualização e detalhamento não quer dizer que as particularidades do conteúdo devem estar incluídos no produto, mas que o repórter deve procurar compreender por inteiro o assunto. O autor pontua que a reportagem nasce da pauta e, consequentemente, o livro-reportagem também. Como foi dito por Lima (2009), Belo (2006) concorda que, para o livro, a pauta se diferencia do que é proposto na maioria dos jornais. A apuração possui o papel de antecipar as futuras necessidades que o conteúdo do livro precisará, contribuindo para a organização do repórter ao pensar aquele material do início ao fim. A fim de cumprir com os princípios éticos jornalísticos, para cada entrevista era levado o Termo de Autorização de Entrevista e Imagem Fotográfica para ter a autorização do entrevistado àquela entrevista concedida. Todas as fontes e pessoas entrevistadas assinaram o termo e concordaram com o uso da entrevista e imagens no livro Ruas e Cores. Nos preocupamos também em escutar as fontes diversas, oficiais e não oficiais, para ouvir os dois lados dos principais casos que apareciam no decorrer do processo de entrevistas e de produção. | |
DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO | |
A ideia de produzir e elaborar um livro-reportagem surgiu a partir da vontade de escrever e fotografar, com o objetivo de entender o potencial comunicativo do grafite e como ocorre essa intervenção em Fortaleza. A pré-produção ocorreu a partir da escolha, junto com a orientadora, de temas que fossem pertinentes em relação ao grafite na nossa cidade. Assim surgiram as temáticas grafiteiros, eventos e festivais, patrimônio público e transeuntes. Houve uma organização de possíveis fontes para cada capítulo e também leituras prévias de textos teóricos e notícias de jornais sobre os acontecimentos atuais na cidade que envolvessem os temas. No decorrer da produção de cada capítulo, nos meses de fevereiro, março e abril de 2017, havia uma preparação prévia a fim de marcar o local, data e hora com cada entrevistado. Os equipamentos, como câmera e gravador, e o deslocamento para os locais eram feitos pela responsabilidade da autora. A escolha da narrativa ocorreu principalmente a partir de técnicas do jornalismo, utilizando a reportagem, com um texto em terceira pessoa, objetivo a fim de expressar os valores jornalísticos como a veracidade, objetividade e aprofundamento dos fatos. Além disso, também foram utilizados o formato de crônica, informações extras por meio de boxes e fotografias para contribuir com a reportagem. Durante o processo de apuração escolhemos experimentar maneiras que pudessem contribuir para a coleta de informações e inspirações à escrita. Isso possibilitou uma escrita com características polifônicas ampliando a potência de experimentação do trabalho, que fez uso de imagens como elemento narrativo e de uma linguagem textual que era possível imprimir a fluidez do pensamento. Apesar de ter sido um processo jornalístico, havendo o contato com as fontes, gravação e registro fotográfico das entrevista, houve uma imersão no campo em que acompanhamos as fontes, visitamos in loco, vimos as práticas e elaboração de grafites e intervenções. Na pré-produção foi definida a linguagem que seria utilizada em cada capítulo e durante a produção ela foi discutida. Com isso, dividimos entre os capítulos outras linguagens de comunicação, como a crônica e o box, para que houvesse outras formas de informar ao leitor determinadas informações. Por dificuldades enfrentadas durante a produção, foi possível apenas que o terceiro capítulo, "De quem é o patrimônio?", tivesse uma entrevista em ping pong, já que determinadas características de linguagem dos outros capítulos tinham sido definidas na pré-produção, mas passaram por mudanças. Há algumas ferramentas utilizadas no livro para possibilitar também uma escrita criativa, diversas informações e depoimentos que permeiam além dos acontecimentos atuais. O primeiro e segundo capítulos possuem a seção "Janelas Paralelas" que complementam em poucos parágrafos sobre fatos que possuem alguma relação com o texto. No terceiro capítulo, foram utilizados os "Depoimentos", que são opiniões de moradores de Fortaleza sobre o grafite na cidade e em prédios tombados. Outra seção é a "Rabiscos e Pinceladas" que busca contar histórias por meio da linguagem de crônica sobre temas possíveis e pertinentes de acordo com a temática de dois capítulos do livro. A escolha para a escrita da crônica foi da autora por ser outra linguagem narrativa, também do campo jornalístico que permitia maior liberdade de escrita. Esta seção está presente no primeiro e terceiro capítulo. Na produção ocorreu a marcação das entrevistas e escrita de cada capítulo do livro em que, para cada entrevista, foram levados equipamentos próprios como o gravador e uma câmera fotográfica. Após a elaboração, correção do texto e realização das fotografias, o material era enviado para a estudante Ravelle Gadelha que no mesmo período desenvolveu seu Trabalho de Conclusão de Curso, o design editorial do livro "Ruas e Cores: o grafite como arte viva na cidade". As entrevistas foram iniciadas em fevereiro de 2017 para o primeiro capítulo com os grafiteiros e finalizado no início do mês de março. Neste período, foi escolhido e definido a seção, box, "Janelas Paralelas" com o objetivo de informar curiosidades e detalhes sobre algo que está sendo dito no texto. Por exemplo, no primeiro capítulo quando há a explicação que o grafite surge a partir do movimento Hip Hop, há um box informando sobre o Hip Hop. No primeiro capítulo houve uma entrevista e realização de fotografias de um jovem, Josué Peixoto, de apenas 15 anos. No apêndice deste trabalho está a autorização e consentimento da responsável do adolescente, Ana Cristina Peixoto, que autorizou a entrevista e publicação do material. "Rabiscos e Pinceladas" está presente no primeiro e terceiro capítulo com o intuito de mesclar uma crônica, com linguagem diferenciada e mais leve acrescentando informações à reportagem. Depois de cada finalização e correção do capítulo com a orientadora, as fotos e o texto eram enviados para a diagramação feita por Ravelle Gadelha. Então a construção do livro foi elaborada também no mesmo período de escrita e produção de fotografias. O processo de diagramação do livro "Ruas e cores: O grafite como arte viva na cidade" ocorreu durante o período de formação do material que era enviado depois de estar finalizado. Neste último processo, o trabalho de Ravelle Gadelha foi essencial para dar forma, traços e cor ao texto que também passou a ler e se informar sobre o tema grafite e design editorial para construir e findar a atividade. Junto com a Ravelle Gadelha testamos diferentes cores, formas, fontes e texturas para compor a identidade, beleza e estilo do livro. Os estilos tipográficos são o ponto principal para discernir a identidade de uma publicação. Foi estabelecida a escolha de duas ou três fontes, no máximo, para compor a tipografia do livro. Para o título, houve uma análise de fontes que pudessem assemelhar-se ao traço do "spray" dos grafites. Uma fonte rabiscada e manuscrita seria a ideal para a obra. A grande dificuldade encontrada foi selecionar uma tipografia que possuísse todas as variações de acentos da língua portuguesa. Já para o abre, os olhos e os intertítulos, a procura era por uma fonte leve, mas marcante, diferente do corpo do texto para demarcar bem as divisões entre os trechos da narrativa. Essa diferenciação foi decidida depois de testes com esses elementos imitando a fonte do título ou do texto principal. Por fim, o corpo de texto requeria um estilo comum e neutro que facilitasse a leitura, sem deixá-la cansativa ou enfeitada demais. As cores em cada capítulo estão indicadas também em uma espécie de "menu de navegação" na lateral de todas as páginas direitas, cujo objetivo é apresentar em qual capítulo cada página pertence. O terceiro capítulo, por exemplo, tem a cor verde e essa cor está em destaque na lateral das suas páginas, enquanto as cores dos capítulos posteriores estão ofuscadas. A escolha das cores do projeto permitiu a diferenciação entre os três capítulos e os pré-textos. Os elementos dispostos em cada capítulo, tendo como exemplo as cores dos títulos e das aspas dos olhos, eram sempre correspondentes à cor apontada no "menu de navegação". A cor do primeiro capítulo, definida previamente por um tom forte de rosa, foi modificada pelo vermelho, a fim de corresponder melhor com o tom avermelhado das imagens selecionadas. Os demais tons pesquisados foram os das cores amarelo, azul e verde. Na pós-produção houve a finalização da diagramação, com o boneco do livro, contendo 108 páginas. Os pontos positivos de fazer um livro-reportagem sobre o grafite em Fortaleza foi entender melhor como as intervenções iniciaram na cidade, seus impactos, as diversas opiniões acerca do assunto e a possibilidade do livro servir como discussão sobre essa temática que se mostra muitas vezes polêmica. Outro ponto positivo foi a oportunidade de aprimorar as técnicas de entrevista e de fotojornalismo. | |
CONSIDERAÇÕES | |
A experiência da investigação que proporcionou elaborar um livro-reportagem sobre a comunicação na cidade tendo como referência central o grafite produzido em Fortaleza nos permitiu a vivência com os artistas, possibilitou a realização de entrevistas a criação e elaboração do produto no formato jornalístico. 䐀攀猀猀攀 洀漀搀漀Ⰰ 挀漀渀挀氀甀椀ⴀ猀攀 焀甀攀 漀 最爀愀昀椀琀攀 攀猀琀 攀洀 愀猀挀攀渀猀漀 渀愀 挀椀搀愀搀攀Ⰰ 洀愀猀 愀椀渀搀愀 栀 洀甀椀琀愀猀 挀漀渀焀甀椀猀琀愀猀 愀 猀攀爀攀洀 爀攀愀氀椀稀愀搀愀猀 瘀椀猀琀漀 焀甀攀 攀猀琀攀 琀椀瀀漀 搀攀 攀砀瀀爀攀猀猀漀 愀爀琀猀琀椀挀愀 瀀漀搀攀 爀攀瀀爀攀猀攀渀琀愀爀 甀洀愀 愀琀椀琀甀搀攀 搀攀 爀攀猀椀猀琀渀挀椀愀 搀攀 甀洀 猀攀最洀攀渀琀漀 瘀椀猀琀漀 挀漀洀漀 洀愀爀最椀渀愀氀椀稀愀搀漀Ⰰ 挀漀渀猀椀搀攀爀愀渀搀漀 愀琀 甀洀 洀漀搀攀氀漀 攀昀洀攀爀漀 搀攀 攀砀瀀爀攀猀猀漀 愀爀琀猀琀椀挀愀Ⰰ 瀀漀氀琀椀挀愀 攀 猀漀挀椀愀氀⸀ 준 甀洀愀 氀椀渀最甀愀最攀洀 搀攀 挀漀洀甀渀椀挀愀漀 搀攀 昀挀椀氀 瘀椀猀椀戀椀氀椀搀愀搀攀Ⰰ 愀琀爀愀琀椀瘀愀 愀漀 漀氀栀愀爀 搀攀 洀甀椀琀漀猀 琀爀愀渀猀攀甀渀琀攀猀⸀ 倀漀爀洀Ⰰ 愀 椀渀琀攀爀瀀爀攀琀愀漀 瀀攀猀猀漀愀氀Ⰰ 漀甀 猀攀樀愀Ⰰ 挀漀洀漀 攀猀猀愀 氀椀渀最甀愀最攀洀 琀漀挀愀 攀 愀琀椀瘀愀 愀 猀攀渀猀椀戀椀氀椀搀愀搀攀 搀愀猀 瀀攀猀猀漀愀猀⸀
O grafite muitas vezes utiliza da livre inspiração com origem da experiência do artista na rua, sendo assim denuncia frente às limitações da vida social. A intuição e técnicas, como as “mãos livres”, contribuem para a definição da identidade, bem como a produção de significados e sentidos na urbe. Os grafiteiros, consequentemente o grafite, têm se mostrado algumas vezes carentes de apoio institucional devido a falta de atenção de instituições públicas governamentais- aos gritos que são diariamente escritos nas paredes. Outras vezes há a atenção destas instituições, já que apoiam os desenvolvimentos de projetos e eventos na cidade que contemplam, de alguma forma, o grafite ou a arte urbana. Entretanto, estes responsáveis ainda têm de compreender a função primordial do grafite que, antes mesmo de embelezar, pode ter a proposta de ser um ato de resistência e protesto. 伀 ᰀ删甀愀猀 攀 挀漀爀攀猀㨀 伀 最爀愀昀椀琀攀 挀漀洀漀 愀爀琀攀 瘀椀瘀愀 渀愀 挀椀搀愀搀攀ᴀ†琀攀瘀攀 漀 漀戀樀攀琀椀瘀漀 搀攀 挀漀渀琀攀洀瀀氀愀爀 猀漀戀爀攀 愀猀 搀椀昀攀爀攀渀琀攀猀 瘀漀稀攀猀 搀漀 最爀愀昀椀琀攀 攀洀 䘀漀爀琀愀氀攀稀愀Ⰰ 洀漀猀琀爀愀渀搀漀 栀椀猀琀爀椀愀猀Ⰰ 愀爀最甀洀攀渀琀漀猀Ⰰ 爀攀猀椀猀琀渀挀椀愀猀 攀 爀攀猀甀氀琀愀搀漀猀 焀甀攀 攀猀猀愀 椀渀琀攀爀瘀攀渀漀 瀀漀猀猀甀椀 渀愀 挀愀瀀椀琀愀氀 挀攀愀爀攀渀猀攀 瀀攀氀漀 挀漀渀琀攀砀琀漀 挀漀渀琀攀洀瀀氀愀搀漀 渀愀猀 爀攀瀀漀爀琀愀最攀渀猀⸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀☀渀戀猀瀀㬀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀㰀猀瀀愀渀 挀氀愀猀猀㴀∀焀甀愀琀爀漀∀㸀㰀戀㸀刀䔀䘀䔀刀쨀一䌀䤀䄀匀 䈀䤀䈀䰀䤀伀䜀刀섀䤀䌀䄀匀㰀⼀戀㸀㰀⼀猀瀀愀渀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀 眀椀搀琀栀㴀∀㤀 ─∀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀䈀䔀䰀伀Ⰰ 䔀搀甀愀爀搀漀⸀ 䰀椀瘀爀漀ⴀ爀攀瀀漀爀琀愀最攀洀⸀ 匀漀 倀愀甀氀漀㨀 䔀搀椀琀漀爀愀 䌀漀渀琀攀砀琀漀Ⰰ ㈀ 㘀⸀
CAMPOS, Ricardo. Porque Pintamos a Cidade? Uma Abordagem Etnográfica ao Graffiti Urbano. Lisboa: Fim de Século, 2010.㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䌀䄀一䔀嘀䄀䌀䌀䤀Ⰰ 䴀⸀ 䄀 挀椀搀愀搀攀 瀀漀氀椀昀渀椀挀愀㨀 攀渀猀愀椀漀 猀漀戀爀攀 愀 愀渀琀爀漀瀀漀氀漀最椀愀 搀愀 挀漀洀甀渀椀挀愀漀⸀ 匀漀 倀愀甀氀漀㨀 匀琀甀搀椀漀 一漀戀攀氀Ⰰ 㤀㤀㜀⸀ FARIAS, Carla Galvão. Um passeio enativo com acidum: arte urbana em Fortaleza e a criação de ficções pela cidade. 2015. 134p. Tese (Mestrado em Artes) - Instituto de Cultura e Arte, Universidade Federal do Ceará, 2015.㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䬀伀吀匀䌀䠀伀Ⰰ 刀椀挀愀爀搀漀⸀ 䄀 瀀爀琀椀挀愀 搀愀 爀攀瀀漀爀琀愀最攀洀⸀ 匀漀 倀愀甀氀漀㨀 䄀琀椀挀愀Ⰰ 㤀㤀㔀⸀ LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas Ampliadas. São Paulo: Manole, 2009.㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀倀䤀一吀伀Ⰰ 䄀渀愀 䔀猀琀攀氀愀 搀攀 匀漀甀猀愀⸀ 䨀漀爀渀愀氀椀猀洀漀 䐀椀爀椀漀⸀ 匀漀 倀愀甀氀漀㨀 倀甀戀氀椀昀漀氀栀愀Ⰰ ㈀ 㤀⸀ TSCHICHOLD, Jan. A Forma do Livro: Ensaios sobre tipografia e estética do livro. São Paulo: Ateliê Editorial, 2007. 224 p.㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀ऀ㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀 |