EXPOCOM NACIONAL 2019

INSCRIÇÃO 00195
 
INSTITUIÇÃO Universidade Federal de Ouro Preto
 
CAMPUS Mariana
 
CIDADE Mariana
 
UF MG
 
CATEGORIA JORNALISMO
 
MODALIDADE JO04
 
TÍTULO Revista Laboratorial Curinga
 
ESTUDANTE-LÍDER Laryssa da Costa Gabellini
 
CURSO ESTUDANTE-LÍDER Jornalismo
 
COAUTOR(ES)/ ORIENTADOR(ES) CURSOS:

Larissa Beatriz Venâncio (Universidade Federal de Ouro Preto); Suzane de Almeida Pinheiro (Universidade Federal de Ouro Preto); Raphaela Lima Delgado Cyrne (Universidade Federal de Ouro Preto); Juliana Penna Folhadella (Universidade Federal de Ouro Preto); Felipe Alvares da Cunha (Universidade Federal de Ouro Preto); Frederico de Mello Brandão Tavares (Universidade Federal de Ouro Preto); Michele da Silva Tavares (Universidade Federal de Ouro Preto); Dayane do Carmo Barretos (Universidade Federal de Ouro Preto)
 
DESCRIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO:

Com início em 2012, a Revista Curinga nasce vinculada a uma disciplina laboratorial do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto, atualmente denominada de Laboratório Integrado II: Grande Reportagem. Desde o seu lançamento até hoje foram publicadas 26 edições do material, que é semestralmente produzido e distribuído pelos alunos. A partir do primeiro semestre de 2018, a Revista passou por uma modificação editorial, assumindo assim o caráter de dossiê documental. Com essa mudança, as reportagens que eram divididas em dois ciclos produtivos de atuação passaram a ter um perfil mais aprofundado e investigativo, voltadas para apenas uma edição semestral a ser publicada, abordando um tema amplo, dividido em diversas ramificações de pensamentos e questões, totalizando assim uma edição de 88 páginas. Atualmente, a Revista Curinga possui dois formatos de vinculação distintos, uma voltada para o jornalismo impresso, e outra para o digital. Dessa forma, são produzidos conteúdos que diferem em sua forma, destinados a essas duas vertentes de atuação. Por se tratar de uma revista laboratorial, a Curinga é produzida em parte dentro da sala de aula, com orientação de três professores divididos por áreas de atuação; e também em campo, com atuação jornalística dos discentes. Hoje em dia, em sala de aula, essa divisão ocorre da seguinte forma: professor de visual, com foco na diagramação e no planejamento visual do material que será produzido, professor de fotografia, responsável por auxiliar e construir a identidade visual das fotos que serão produzidas para ilustrar as matérias e professor de texto, com obrigação de orientar e coordenar os alunos em suas produções textuais, além de auxiliar nos conteúdos referentes às reportagens digitais como um todo. Na edição de número 26, de 2018, o tema designado foi os “30 anos da Constituição Federal de 1988”. Surgiu, então, a necessidade de propor questionamentos e analisar como temas que permeiam os direitos previstos em nossa CF estão atualmente. Por isso, cada página deste dossiê foi construída de maneira a refletir sobre a atemporalidade de um documento que representa segurança civil, cidadania e garantia de direitos. Trazemos em nossas reportagens especiais a capacidade de resistência, no sentido de luta, das leis, em frente a inúmeras tentativas de avanços. Liberdade, racismo, homofobia, misoginia, desigualdade, o significado do trabalho, a existência do Estado Laico, dentre outros necessários debates que dizem respeito à Constituição da República Federativa do Brasil são abordados. Trata-se de um conjunto de reportagens que busca criar não apenas uma totalidade sobre o tema escolhido, assim como “esgotá-lo”, mas tentar fazê-lo funcionar de maneira reflexiva e original, tomando o jornalismo como potência e ao mesmo tempo como forma de conhecimento da e na sociedade. Em suma, na 26º edição da Revista Curinga, o objetivo, a partir do tema principal, foi mais que celebrar os 30 anos da Constituição Federal Brasileira, mas sim rememorar a importância de um documento histórico e também simbólico, que se refere à garantia de direitos, além de questionar a efetividade e modo de execução da Carta Magna em relação a diferentes espaços sociais e esferas abordadas. Hoje e ao longo do tempo. Voltamos, pois, nosso foco para as pessoas que representam a sociedade na qual nos enquadramos e que traduzem os significados de pensamentos diversos, tensões e propostas. Observamos esses sujeitos como atuantes dentro de um plano que os rege e dialogamos de forma dual: por um lado, sobre como este documento de representação defende indivíduos ou como os cidadãos podem ser anulados por esses meios; e por outro, sobre como a vivência desse documento em nosso cotidiano pode também transformá-lo (com críticas e avanços) ou protegê-lo (defendendo seus preceitos democráticos e universais).
 
DESCRIÇÃO DAS PESQUISAS REALIZADAS:

Ao longo das 11 reportagens produzidas para o Dossiê, diversas formas de investigação e apuração foram utilizadas. Dentre elas, pode-se destacar o entendimento da Constituição Federal a respeito do assunto abordado na reportagem, bem como pesquisas relacionadas à coleta de dados e informações que desenham aspectos sociais, políticos e econômicos de pautas como intolerância religiosa, direito à liberdade, entre outras que estão presentes na edição 26 da Revista Curinga. A partir do entendimento prévio, com estudos e discussões, sobre o que era ou não previsto em lei, sobre os assuntos falados, e sobre como construir um panorama geral com dados retirados de documentos, análises e percepções, deu-se início então a seleção de fontes que agregaram para as reportagens. Assim, as matérias visam uma diversidade de pessoas e documentos que pudessem falar a respeito dos assuntos trabalhados por diferentes óticas de pensamentos e análises. Pautados pela informação de qualidade, falas agregadoras e todo um processo produtivo embasado em apuração e investigação, as matérias foram crescendo e se consolidando como importantes documentos de questões e reflexões. Após o processo de produção e envio para a gráfica a revista retorna para Universidade, onde os alunos se dividem em bairros e pontos estratégicos para distribuição deste conteúdo. Atualmente, os locais são variados de acordo com estudo de demanda envolvendo as cidades e arredores de Mariana e Ouro Preto. Para além da distribuição física dos 3000 exemplares do dossiê, o material também é disponibilizado através de forma digital e diversas plataformas diferentes. A primeira delas é o site oficial da edição 26, o mais recente exemplar da revista que pode ter seus conteúdos acessados de forma livre pelo link: https://revistacuringa.wixsite.com/edicao26. Outra forma de distribuição é pela plataforma yumpu, onde os interessados podem conferir todas as edições da Revista Curinga de forma completa e ilimitada. Dentro desta plataforma constam atualmente 27 documentos, 12.8928 acessos distribuídos entre os conteúdos lá disponíveis. Esta plataforma pode ser acessada através do site: https://www.yumpu.com/user/revistacuringa. Dessa forma, é possível analisar que o dossiê possui grande relevância para a comunidade no qual está inserida, tanto de forma digital, quanto em sua versão impressa. Na tentativa de propor discussões abrangentes e que visam tensionar questões sociais, políticas e econômicas, tanto da região, quanto do Brasil como um todo, a Revista aborda diversos temas diferentes, assumindo recentemente o caráter investigativo e aprofundado de um dossiê, oferecendo assim maior credibilidade, responsabilidade e conteúdo de qualidade. Mais que isso, ao eleger um tema também amplamente tratado pela mídia do país, o Dossiê busca vestir-se de novidade e originalidade, buscando um olhar que oscila entre o local e o global, algo ofertado e possibilitado pela singularidade do lugar de onde a revista fala e para quem ela fala.
 
DESCRIÇÃO DA PRODUÇÃO:
A partir da definição do tema da 26ª edição, dividiu-se os alunos em grupos de 4 integrantes, que seriam responsáveis por cada reportagem, todas previamente decididas. Os alunos ficaram livres em relação à funções, trabalhando em grupo e atuando como repórteres de diferentes funções. As apurações fundamentaram-se primeiramente na própria leitura da Constituição, que funcionou como um documento oficial de partida para análise, tensionamentos e questões e, a partir daí, trechos destacaram-se e foram associados às temáticas que foram abordadas pelo dossiê, divididas em 11 esferas diferentes que abarcaram a discussão principal dos 30 anos da Constituição Federal. Baseada nisso, a apuração foi feita em busca de especialistas desde a área jurídica até estudiosos de temas sociais, como no caso das reportagens sobre racismo e LGBTfobia. O processo apuratório trouxe fontes locais, como acadêmicos e estudantes da área, bem como especialistas de diferentes estados brasileiros, movimento que ajudou a pluralizar as vozes do dossiê como todo, dar maturidade e densidade à edição, além de ampliar a visão das matérias produzidas com questões para além do local de origem da produção. Após esse processo, a produção textual iniciou-se juntamente às ideias de fotografias e diagramação que acompanhariam os textos. As diversas matérias tomaram, então, diferentes rumos: houve a produção de ensaios fotográficos, recuperação de arquivos, bem como documentos oficiais, e fotos de locais e eventos que ocorreram durante a produção da edição. Juntamente a isso, o planejamento visual foi tomando forma, com as paletas de cores, montagem das páginas e escolha das tipologias e os formatos que as reportagens tomariam. A revisão e a edição da revista foram os processos finais, envolvendo professores, monitores e alunos, que ficaram com os cargos de gestão editorial, participando de todas as reportagens, realizando correções e sugestões para a melhoria das matérias. As editorias eram divididas por campo de atuação: havia de um a dois alunos responsáveis pelo texto, visual, fotografia, multimídia e audiovisual. Dessa forma, a 26º edição da Curinga se estrutura da seguinte forma: abertura em forma de entrevista, na qual a Deputada Federal, Benedita da Silva, fala como representante (e testemunha) constituinte, trazendo luz ao processo de construção e significação da CF; seguido pela reportagem “Constituição, mostra sua cara”, que busca traçar a história das CFs brasileiras, bem como o processo de relevância da Constituição de 88; além de reportagens que tratam de liberdade de expressão, buscando tensionar limites e abordagens; racismo como dívida histórica social; LGBTQI+ e a busca por direitos e representatividade; liberdade religiosa, trazendo aspectos de religiões africanas em contraponto com as tradicionais, entre outras abordagens. Por fim, as escolhas da capa e páginas iniciais, como sumário, foram realizadas em um esforço comum dos alunos, sendo definida a identidade visual no estilo colagem como um padrão que também foi adotado na web. A ideia de concepção da capa foi dialogar com o tema da revista em dois sentidos. O primeiro, nos coloca para questionar sobre até que ponto nossos direitos são assegurados pela Constituição, trazendo colagens de movimentos simbólicos que ocorreram durante o ano de 2015, como as manifestações políticas. E o segundo, utilizou-se do mecanismo da colagem, a partir do zine, tipo (e prática) de publicação considerado uma forte produção independente, artística e política. A concepção da contracapa foi construída por letras recortadas de jornais, método muito usado pelos Lambe-Lambe, que é um pôster artístico com o uso de mensagens colocado nos espaços públicos. A mensagem que passamos foi o parágrafo único da Carta Magna: “todo poder emana do povo”. Dialogando com a capa, que mostra a manifestação dos estudantes nos espaços públicos.