ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00359</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO08</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Reportagem em HQ: Tachos sem Sonhos - O Trabalho Infantil e suas Causas</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;LUIZ ERNANE MARTINS (Centro Universitário Estácio do Ceará); RODRIGO MATOS SILVA (Centro Universitário Estácio do Ceará); ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS (Centro Universitário Estácio do Ceará)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Jornalismo Literário em Quadrinhos, Reportagem em HQ, Trabalho Infantil, , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O presente trabalho surge da busca por um formato de apresentação de reportagens jornalísticas que abranja variados públicos e, ao mesmo tempo, permita o aprofundamento da pauta, valorizando histórias reais e penetrando em temas de difícil acesso e amostragem. A escolha pelo "Jornalismo em Quadrinhos" se apresenta como uma possibilidade de adaptação de vários gêneros do jornalismo, na valorização dos aspectos literários e sensíveis às experiências pessoais do repórter durante a apuração. A opção pela investigação sobre o trabalho infantil em "Tachos Sem Sonhos" se dá pela sua relevância social, como uma preocupação com o jornalismo na atual conjuntura das novas mídias e à reafirmação do papel do jornalismo para a cidadania. O relatório apresenta as concepções do papel do jornalismo na sociedade, a evolução dos quadrinhos nos jornais e sua utilização sob a luz das práticas jornalísticas.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O chamado 'Jornalismo em Quadrinhos', termo apresentado por Joe Sacco (2016), apresenta-se como uma grande aposta na convergência de uma mídia popularizada nos jornais no século passado, como é o caso dos quadrinhos, com a variedade de gêneros jornalísticos disponíveis, potencializando-os pela narrativa literária. Esta nomenclatura é questionada por alguns autores, principalmente pela preocupação com a classificação ou não classificação deste formato como um novo gênero jornalístico. Longe da discussão acadêmica, não que ela não seja importante, mas, atendo-se aos resultados que já são mensuráveis para as obras publicadas e denominadas 'Jornalismo em Quadrinhos', é possível dizer que esta nova mídia adaptada a algumas práticas do jornalismo literário e investigativo veio para ficar. A reportagem em quadrinhos "TACHOS SEM SONHOS" nasce da inquietação com os gêneros jornalísticos que não despertam a atenção e surge da busca por um formato de apresentação da notícia que inclua todas as faixas etárias como potenciais leitores, além de ajudar a preservar a identidade das crianças e adolescentes, como uma atitude de ética jornalística exigida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente  ECA. E ainda, cumpre o papel do jornalismo para a cidadania, em ser os olhos atentos para denunciar as injustiças e "o espelho da consciência crítica de uma comunidade em determinado espaço de tempo" como defende o Jornalista Ricardo Noblat (2016).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Produzir uma reportagem jornalística que acolha os gêneros literário e em quadrinhos, com os rigores de todas as etapas de apuração e retrato fiel da realidade, e que possa ser referência na abordagem do assunto Trabalho Infantil. Desenvolver um texto jornalístico aprofundado e que desperte interesse em diferentes faixas etárias, podendo contribuir na formação de público leitor de matérias extensas e aprofundadas. Cumprir com os preceitos da ética e cidadania na abordagem da temática da Infância e Adolescência e dentro dos parâmetros do Jornalismo para Cidadania.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O jornalismo para a cidadania deve sempre prezar pelo seu papel social, categoricamente, de informar para formar cidadãos críticos, de esclarecer a população os assuntos técnicos e os trâmites formais, traduzindo os conteúdos informativos numa linguagem acessível, não minimalista e, ao mesmo tempo, esclarecedora. A ideia de jornalismo como um serviço prestado à democracia, é defendida também pelo jornalista Ricardo Noblat, quando explica que "a democracia depende de cidadãos bem informados". O mesmo ideal sobre o papel do jornalismo na sociedade, pode ser subentendido por Marcondes Filho (2002) ao falar em "jornalismo da era tecnológica" e intitular o seu texto de "Industria da consciência dos robôs". Ambos os autores defendem que o papel do jornalismo deve ser não somente o de passar informações, mas primordialmente, em conseguir transportar a realidade dos acontecimentos de forma acessível, de fácil compreensão ao cidadão. A reportagem "TACHOS SEM SONHOS", traz uma abordagem imersiva por se preocupar desde o princípio da apuração com a imersão pelo repórter na narrativa. Por se preocupar em sentir a realidade vivida pelas crianças exploradas e as implicações desta exploração do trabalho infantil na vida social e nas expectativas para o futuro. Com a escolha do formato de apresentação em quadrinhos se propõe exatamente a fazer uma "narrativa didática" e literária, acessível aos cidadãos de qualquer idade. E pelo dever jornalístico, com uma bagagem de informações ampliadas pela arte-sequencial, desenhos baseados na realidade e texto narrativo enquadrado e balonado de acordo com as imagens, pretende chamar a atenção da sociedade para um problema muito grave que, por ora, não recebe o devido espaço na mídia e nos meios de comunicação. Consequentemente, tornam-se crianças esquecidas pelo poder público, e ainda pior, numa cena natural diária das cidades, que passa na vista das pessoas mas não despertam os seus olhares críticos, muito menos a indignação: ao trabalho infantil. Esta foi a razão para a pauta escolhida: Trabalho Infantil. Assumindo o papel de apresentar um problema social esquecido pela mídia de massa e consequentemente, pela sociedade que vê todos os dias nas ruas, mas só causa indignação a poucos. Em pesquisa nos sites dos dois maiores jornais impressos do estado do Ceará, 'Diário do Nordeste' e 'O Povo', respectivamente, foi feito um "clipping" do tema "exploração do trabalho infantil". Foi possível perceber o tempo que cada um dedica ao assunto. De acordo com os resultados obtidos na pesquisa, o Jornal O Povo apresentou um número bem maior de matérias sobre o assunto, são pelo menos 7 no presente ano, 6 em 2015 e 6 em 2014. Enquanto que, no Diário do Nordeste, em 2016 são 3 matérias e 2 notas curtas sobre eventos relacionados ao tema, em 2015 apenas 2 matérias e 2014 somente 1 matéria no portal online. O presente trabalho se compromete, primeiramente, em abordar um problema de difícil apresentação, com raro impacto nos leitores, haja visto que, mesmo diante das várias publicações nos últimos três anos não se tem uma repercussão interessante, compartilhada pela massa. Mas aqui, numa linguagem relativamente nova de noticiar, a reportagem em HQ ou jornalismo em quadrinhos, propõe-se a causar um impacto diferente, ampliado, por se permitir assim como no jornalismo literário, o envolvimento emocional e reflexivo do repórter com a matéria e, consequentemente, a ambientação do leitor com a história. Os desenhos e os balões das falas, por sua vez, permitem apresentar as crianças sem necessariamente expô-las, mostrá-las. Ao mesmo tempo que, a sensação de pertencimento às cenas acontecidas, na história em quadrinhos da vida real, garante um engajamento na leitura do início ao fim, assim como acontece nos livros de literatura.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Os quadros com imagens de sátiras, humor e histórias infantis, representados através das tirinhas, charges e cartuns deram origem ao que chamamos hoje de nona arte. E longe daqueles ideais de quando surgiu, com objetivo cômico, comics como ainda hoje são chamados os quadrinhos nos Estados Unidos, a proposta de usá-los para reportar acontecimentos e histórias em um jornal ou livro-reportagem seguem todos os padrões de apuração jornalística, e ao mesmo tempo, os processos de construção de uma narrativa em história em quadrinhos. Da criação do storyboard, sequenciamento de quadros e imagens, personagens, motivação, conflitos, desfecho. O storytelling, ou seja, a forma de contar a história, em como será mostrado cada quadro da HQ. Definição do narrador, com o uso do recordatório (caixa que serve para colocar a fala do narrador), que no caso do presente trabalho será em primeira pessoa, feita pelo próprio repórter, com a intensão de transmitir os sentimentos vividos e percebidos durante o processo de apuração, nas entrevistas e observações de campo. Definido assim, principalmente para o leitor se ver na cena do fato e sentir o problema próximo aquilo que o repórter sentiu com suas indagações internas como ser humano que é. Na construção da história em quadrinhos, um dos maiores desafios para o jornalismo neste formato é a transformação do texto escrito, da reportagem apurada, em narrativa gráfica. Todas as construções em nona arte requerem um espaço-tempo bem delimitado, ou seja, os detalhes relacionados ao tempo e ao espaço, assim como os sons percebidos, movimentos e deslocamentos dos personagens necessitam de uma observação atenta do repórter na apuração. Para realizar o "TIMING, uma ação simples em que o resultado (apenas) é prolongado para realçar a emoção", como explica Eisner: O fenômeno da duração e da sua vivência  comumente designado como "tempo" (time)  é uma dimensão essencial da arte sequencial. No universo da consciência humana, o tempo se combina com o espaço e o som numa composição de interdependência, na qual as concepções, ações, movimentos e deslocamentos possuem um significado e são medidos através da percepção que temos da relação entre eles. (2006, p. 25) Sem a observação atenta desde a apuração, é impossível construir uma narrativa gráfica jornalística com o detalhamento enriquecedor e fiel aos vários acontecimentos que se passam em um só quadro, dentre os vários presentes no produto final. Semelhante ao que a fotografia serve de referência para o texto da matéria, cada quadro criado para a história "em quadrinhos" precisa apresentar elementos novos e instigantes para chamar a atenção do leitor. No desafio de transformar um texto escrito em narrativa gráfica não perdendo os fenômenos da sua vivência espaço-temporal e as emoções vividas pelo repórter, optou-se em construir a reportagem diretamente para os quadros. Sem necessariamente separar o processo escrito em um gênero para depois adaptá-lo aos quadrinhos, ao projeto gráfico. Assim, da apuração de campo e das interações entre as fontes nas entrevistas e diálogos, o pesquisador transportou seus registros e histórias para os quadros, quase que concomitantemente, fazendo um sequenciamento de imagens temporais, ou seja, a forma de contar a história, 'storytelling' é semelhante à um diário de viagem. Por isso, a presença do repórter na história é constante, em primeira pessoa e, serve de ponto de equilíbrio na "composição de interdependência" de Eisner, o que resulta em sua constante interação com os fatos. Tudo para oferecer uma visão mais realista dos significados, da percepção das cenas, ainda que dependa da interpretação do profissional jornalista e do profissional desenhista/quadrinista, ou de ambos ao mesmo tempo, em suas trocas de conhecimentos e interações, o resultado dependerá do compromisso deles com a veracidade. Por isso, merece destaque no processo de construção a forma de registro das cenas e a interação constante entre repórter e quadrinista. Uma vez que neste trabalho se tratam de duas pessoas diferentes e, que carregam interpretações diferentes do mundo, quanto mais registros fidedignos e relatos detalhados das cenas presenciadas, melhor será a representação nos desenhos. O repórter e quadrinista Joe Sacco defende que "tudo o que pode ser desenhado fidedignamente, deve ser representado fidedignamente". O repórter conduziu toda a produção da narrativa: o sequenciamento dos quadros, a escolha das cenas, a perspectiva, as posturas, os gestos, as falas dos balões às narrações e, os dados bibliográficos e estatísticos presentes na história. Do início ao fim cuidou da contação da história e da fidelidade aos relatos das fontes, pois ele é o responsável pelo produto final: a reportagem, como um produto jornalístico. Para não haver um distanciamento dos lugares e das observações, procurou registrar tudo com fotografias e, quando isto não era possível ou suficiente para o detalhamento repassado ao desenhista, também acrescentava de suas anotações de bordo detalhes imprescindíveis à exploração das cenas por parte do designer. Em nosso primeiro encontro, o repórter Luiz Ernane e o designer Rodrigo Matos decidiram pela realização do trabalho, bem como as etapas para a entrega do material produzido pelo repórter. Semanalmente, repórter e desenhista (designer) se encontravam para atualizar as informações: as fotos, as notas, rabiscar os movimentos dos personagens no tempo e no espaço, as ações de cada um e detalhar como ficariam cada um dos quadros. Semelhante ao diálogo de um diretor de cinema com um produtor/escritor/roteirista, que detalha criteriosamente cada cenário, cada emoção e cada personagem como ele quer. E a cada novo encontro novas dúvidas surgiam e novos encaminhamentos eram dados pelo repórter para dar continuidade as produções dos desenhos. A opção pelo desenho em preto e branco se deu, principalmente, pela questão do tempo disponível para a entrega do trabalho prático: a reportagem em quadrinhos. Se a escolha fosse por um desenho em cores, seria necessário criar várias camadas, uma para cada cor, o que resultaria num gasto maior de tempo e recurso financeiro. Depois, o resultado dos quadrinhos monocromáticos permite ao leitor uma maior reflexão das cenas, chama mais a atenção para o problema denunciado, por não apresentar as cores, abre um espaço para a interpretação livre da estética. Assim como a fotografia em preto e branco permite uma maior reflexão sobre a cena do que a fotografia colorida, um só tom de cor conduz o observador-leitor para refletir os detalhes da composição na estética, pois ele não entrega por completo a sua composição. E nos quadrinhos, este recurso da monocromia, em preto, pode trazer possiblidades de uma leitura mais sensorial, mais aguçada e, mais independente de uma só interpretação. Entretanto, Will Eisner ( 2005, p. 128), considerado o pai do termo arte-sequencial e um dos maiores quadrinistas e teóricos de quadrinhos no mundo, adverte quanto ao julgamento antecipado de uma narrativa gráfica. Ao falar sobre o 'posfácio na escrita' explica que é muito difícil manter a mesma interpretação até o leitor final. Independente de se tratar de quadrinhos jornalísticos, novela gráfica ou tiras, quando o trabalho é realizado por mais de um profissional, o resultado depende da sintonia de ambos no projeto. Como ocorre no presente trabalho de reportagem em quadrinhos, com a combinação de todos os elementos essenciais à narrativa em arte sequencial. Os encontros semanais serviram não só para os novos encaminhamentos, dos novos quadros, mas principalmente para revisar os anteriores, reavaliando os resultados e modificando quando se fazia necessário.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O produto Reportagem impressa em Revista HQ nasceu inicialmente na pesquisa do autor, graduando em Jornalismo, frente a realização do Trabalho de Conclusão de Curso  TCC, no Centro Universitário Estácio do Ceará. Na oportunidade, buscava-se trabalhar com um gênero jornalístico que melhor explorasse as várias linguagens, mídias e suportes, e que fosse capaz de despertar a atenção de crianças e adolescentes para a leitura de conteúdos jornalísticos, de interesse social e para a formação crítica dos cidadãos. No caso, a apresentação da Reportagem em História em Quadrinhos foi aquela em que o autor, enquanto professor pedagogo, observou os melhores resultados nas práticas de leitura dos educandos. Além disso, numa pesquisa a respeito da utilização do suporte HQ para reportar no jornalismo, foi possível identificar uma crescente aceitação pelo mundo, tendo inclusive jornalistas-quadrinistas responsáveis por realizar grandes coberturas de guerras, como Joe Sacco, o mais conhecido atualmente, e tendo rendido um Prêmio Pulitzer de Jornalismo (1992) para Art Spiegelman com a Obra Maus  A história de um sobrevivente. Como se tratava de uma abordagem nova, que nenhum orientador havia trabalhado antes e não havia nenhum trabalho de alunos semelhante no Centro Universitário Estácio do Ceará, foi bastante difícil a aceitação da proposta. Somente após algumas conversas com o coordenador do curso de jornalismo da Estácio do Ceará, Valente Júnior, e com a professora da Estácio Alessandra Ferreira, que lecionava a disciplina técnicas de reportagem jornalística, foi possível chegar a um acordo, tendo ela se prontificado a ser a orientadora do projeto. No percurso do planejamento, com reuniões semanais entre o autor e a orientadora, foram definidos a pauta  Trabalho Infantil , os entrevistados, as fontes e bibliografias a serem consultadas, assim como os prazos para a conclusão do trabalho. Começando pela apuração da reportagem, diagramação da revista com a quantidade de quadros, balões e outros recursos gráficos presentes nas HQ s. Durante a apuração e apresentação dos resultados prévios, que perdurou vinte dias, ficou definido a utilização do texto pelo repórter em primeira pessoa para valorizar as interações com as fontes, a relação espaço-tempo sequencial, tão presente nos quadrinhos, e a necessidade de se convidar um aluno do curso de designer para realizar os desenhos, afim de se conceber mais qualidade gráfica ao trabalho. A partir de então, foi convidado o aluno Rodrigo Matos como co-autor, que de pronto se engajou na proposta, formando uma relação de parceria com o autor. E do primeiro ao terceiro mês da finalização do projeto reuniam-se quinzenalmente para trocar ideias a respeito das cenas, personagens da história, características das cenas nos quadros, observação de fotografias dos ambientes cobertos na apuração e atualização das etapas concluídas dos desenhos. Durante o processo, os desenhos eram realizados em papel, esboços para a avaliação e aprovação do repórter. Após esta qualificação de fidelidade ao observado na apuração, eram digitalizados, levados ao software Adobe Photoshop para o tratamento de imagem e finalização. Somente com os desenhos finalizados, seria possível o trabalho de diagramação. Durante esta última etapa, o software mais utilizado foi o Adobe InDesign, pois além de permitir a diagramação da revista de acordo com a proposta de um produto impresso e E-book, era possível alterar a organização das imagens (desenhos), quadros e balões a qualquer tempo, de acordo com a avaliação do grupo de trabalho (autor, co-autor, orientador) até a data de entrega de produto. A organização final da revista  Tachos sem Sonhos: O trabalho infantil e suas causas , resulta numa reportagem impressa de 24 páginas, no formato 190 x 270 mm, apresentada ao Centro Universitário Estácio do Ceará, e com a possibilidade de se tornar e-book no portal da instituição de ensino, sob a responsabilidade do coordenador do curso de jornalismo. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Tendo explicitado a importância do jornalismo para a cidadania, na escolha de pautas de interesse público e na repercussão de temas que favoreçam a democracia. A evolução dos quadrinhos no jornalismo, as implicações sociais no decorrer de seu amplo desenvolvimento como mídia de massa e, a aplicação das HQ s para apresentação de reportagens em quadrinhos, permite aferir que eles nascem, crescem, desenvolvem-se e não se esgotam nos jornais. Mas, ao contrário, o trabalho desenvolvimento nos quadrinhos por jornalistas renomados como Joe Sacco (1996) e Art Spiegelman (1992), com verdadeiras obras-primas da arte sequencial e sua relação com o jornalismo literário, garantem que o  Jornalismo em Quadrinhos vive ou está prestes a viver o seu ápice. Como apresentado no presente trabalho e observado na reportagem  TACHOS SEM SONHOS , as HQ s tem uma linguagem própria, muito autêntica, artística e literária. E por sua proximidade com a linguagem cinematográfica e o audiovisual permite tecer relatos de qualquer espécie ou gênero, inclusive jornalísticos. Facilitando a vislumbração de fatos, que num texto convencional seria impossível trazer à tona a reflexão. Para todas as idades e todos os níveis de leitores, por se permitir uma leitura de imagens e/ou textos, juntos ou separados. Porém, só hibridizados imagem e texto numa leitura sequencial é possível atingir a compreensão da mensagem por inteiro. A proposta inicial dos quadrinhos como algo cômico (comics), de humor e/ou destinado ao público infantil não definem a perpetuação desta identidade pitoresca. É a prática jornalística: da apuração, da verificação dos fatos e das fontes, da construção textual e imagética vinculada ao real observado, que garantirá quando um produto informativo será considerado jornalístico. É também o resultado de sua aplicação na sociedade, cumprindo a função social de informar, esclarecer, alertar, denunciar e permitir a formação da opinião pública, que designarão um  quadrinho jornalístico . </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">CIRNE, Moacy. A explosão criativa dos quadrinhos. Petrópolis : Vozes, 1970.<br><br>CORBARI, Marcos Antonio. Jornalismo em Quadrinhos: Reflexões sobre a utilização da arte sequencial como suporte ao conteúdo jornalístico. 2011. 40f. Monografia (Graduação em Comunicação Social  Jornalismo)  Universidade Federal de Santa Maria, Frederico Westphalen, 2011.<br><br>DINES, Alberto. Educação: Revista Digital. Por Portal Brasil - publicado 17/01/2011 19h25, última modificação 28/07/2014 14h03. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/educacao/2011/01/alberto-dines Apenas para inscritos, necessário fazer login. Acesso em: 12 nov. 2016.<br><br>DUTRA, Antônio Aristides Corrêa. Três Camadas da relação entre quadrinhos e jornal. In : CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 25., 2002, Salvador. Anais... NP16-Núcleo de Pesquisa História em Quadrinhos. Salvador : INTERCOM, 2002. p. 3-13.<br><br>_______. Jornalismo em quadrinhos : A linguagem quadrinística como suporte para reportagens na obra de Joe Sacco e outros autores. 2007. 253f. Dissertação (Mestrado em Comunicação)  Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003.<br><br>EISNER, Will. Quadrinhos e Arte Sequencial. Tradução Luís Carlos Borges. São Paulo : Martins Fontes, 1989.<br><br>_______. Narrativas Gráficas de Will Eisner / escrito e ilustrado pelo autor. Tradução Leandro Luigi Del Manto. São Paulo: Devir, 2005.<br><br>GOIDANICH, Hiron Cardoso. Enciclopédia dos Quadrinhos. Goida e André Kleinert. Porto Alegre : L&PM, 2014.<br><br>JUNIOR, Juscelino Neco de Souza. A linguagem dos quadrinhos e o jornalismo. In: CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUL, 10., INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, 2009, Blumenau  SC. p. 3-7.<br><br>LIMA, Edvaldo Pereira. CONCEITOS. Academia Brasileira de Jornalismo Literário. Disponível em: http://www.edvaldopereiralima.com.br/index.php/jornalismo-literario/conceitos Acesso em: 8 set. 2016.<br><br>MARCONDES FILHO, Ciro. Comunicação e Jornalismo. A saga dos cães perdidos. 2. ed. São Paulo: Hacker Editores, 2002.<br><br>MCCLOUD, Scott. Desvendando os quadrinhos. Tradução Hélcio de Carvalho, Marisa do Nascimento Paro. São Paulo: Makron Books, 1995.<br><br>MEDINA, Cremilda. A arte de tecer o presente: narrativa e cotidiano. 2. ed. São Paulo: Summus, 2003.<br><br>MOREIRA, Eliane. Educomunicação para a Sustentabilidade e a Cidadania. Caderno de Estudos e Pesquisa  Metodologia de Educação à Distancia  EAD  Pós-graduação em Educomunicação. Brasília: Faculdade UnyLeya, 2016.<br><br>NASCIMENTO, Patricia Ceolin. Técnicas de Redação em Jornalismo.1. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.<br><br>NOBLAT, Ricardo. A arte de fazer um jornal diário. 8. Ed., 2ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2016.<br><br>PENA, Felipe. Jornalismo Literário. São Paulo: Contexto, 2006.<br><br>_______. O jornalismo literário como gênero e conceito. In: NÚCLEO DE PESQUISA EM JORNALISMO DA INTERCOM, 2006. Rio de Janeiro : INTERCOM, p. 6-8.<br><br>_______. Jornalismo / Coordenação Felipe Pena (Coleção 1000 Perguntas). Rio de Janeiro: Ed. Rio, 2005.<br><br>PRIMO, Alex; TRÄSEL, Marcelo Ruschel. Webjornalismo participativo e a produção aberta de notícias. Contracampo (UFF), v. 14, p. 37-56, 2006.<br><br>SACCO, Joe. Reportagens. Tradução Érico Assis. 1. ed. São Paulo : Quadrinhos na Cia, 2016<br><br> </td></tr></table></body></html>