ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00424</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;RT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;RT01</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Radiodocumentário "Guerra dos Mundos em São Luís: a invasão alienígena no rádio maranhense </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Ana Paula Silva de Sousa (Universidade Federal do Maranhão); Dara de Sousa Santos (Universidade Federal do Maranhão); Marcus Elicius dos Santos Garcez (Universidade Federal do Maranhão); Ramon Bezerra Costa (Universidade Federal do Maranhão)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Guerra dos Mundos, história do rádio, memória, metalinguagem, radiodocumentário</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O Rádiodocumentário "Guerra dos Mundos em São Luís: a invasão alienígena no rádio maranhense" possui como principal objetivo realizar uma homenagem aos 45 anos da versão do grande fenômeno A Guerra dos Mundos, de Orson Welles (que apresentou um suposto ataque extraterrestre em Nova Iorque) e foi adaptada na Rádio Difusora, em São Luís do Maranhão em 1971. O produto radiofônico contou com a participação de alunos do sétimo e oitavo período dos cursos de Rádio e Televisão e Relações Públicas, que cursaram a disciplina "Gestão de Projetos Especiais em RTV", na Universidade Federal do Maranhão. A proposta é utilizar o conceito de metalinguagem para retratar aspectos daquele 30 de outubro de 1971, dia que marcou para sempre a memória e a comunicação no estado.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Em comemoração ao dia das bruxas nos Estados Unidos, em 30 de outubro de 1938, o roteirista e teatrólogo Orson Wells realizou um fato significativo para a história da ficção no rádio mundial, o episódio da "Guerra dos Mundos". A peça radiofônica começava com uma simulação de um noticiário em áudio, na qual informava aos ouvintes sobre uma suposta invasão alienígena à terra. O trecho foi sustentado com tanto realismo e dramaticidade que parte da população acabou por acreditar que os fatos descritos e narrados na transmissão realmente estavam acontecendo. No Maranhão, em 30 de outubro de 1971, o programa Guerra dos Mundos foi reproduzido pela equipe da Rádio Difusora AM. A versão comemorava o 16° aniversário da Rádio Difusora e os 33 anos da primeira transmissão do roteiro original. As adaptações mundiais eram apresentadas como radioteatro, contudo, a transmissão em são luís contou com um elemento fundamental para o sucesso: as pessoas não sabiam e nem conheciam a ficção, ou seja, existia o elemento surpresa. A população da cidade de São Luís entrou em pânico, supostamente com uma invasão alienígena e o fim do mundo. A proposta deste trabalho intitulado "Guerra dos Mundos em São Luís: a invasão alienígena no rádio maranhense" é mostrar a importância do rádio, resgatar e registrar uma parte significativa de sua memória, que pode ser encarada como um marco midiático na história da comunicação maranhense, devido a repercussão que teve em todo o estado, no período em que foi transmitido.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O objetivo principal do Radiodocumentário "Guerra dos Mundos em São Luís: a invasão alienígena no rádio maranhense" é resgatar o fato histórico, utilizando para isso inserções de sonoras originais, entrevistas com os envolvidos na transmissão de 1971 e um texto claro e sucinto, que visa o entendimento do ouvinte. Os meios de comunicação tornaram-se referência no que diz respeito a construção da memória. Para Silverstone (2005, p. 20), a mídia "filtra e molda realidades cotidianas, por meio de suas representações singulares e múltiplas [...] Em nossa era midiática, criamos um conjunto de memórias de segunda mão. Por isso, atualmente, "nossa mídia, tanto intencionalmente como à revelia, é instrumento para articulação da memória" (SILVERSTONE, 2005, p. 234). Isso faz com que o programa se transforme não só em um agente, um meio, mas parte integrante da memória de um acontecimento. A junção dos componentes do programa radiofônico (essenciais para o sucesso da transmissão) objetiva demonstrar a relevância do evento para a história da comunicação maranhense, do poder do rádio não só naquela época, e nas diversas possibilidades que ele possui, através da linguagem sonora.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Segundo dados da Pesquisa Brasileira de Mídia, realizada pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República em 2016, o rádio permanece na segunda posição no que se refere ao meio de comunicação mais utilizado pela população no país. A mesma pesquisa, que é considerada o Maior levantamento sobre os hábitos de informação dos brasileiros avaliou que em 2015, 55% das pessoas ouvidas afirmaram que utilizam o rádio e que dentre esses, 30% ouvem todos os dias. Apesar do pleno desenvolvimento das tecnologias digitais de comunicação e informação, o rádio ainda possui audiência e inserção, seja ela em qualquer circunstância. Ferraretto (2001) fala que, por definição, "o veículo é um meio dinâmico. Está presente lá e em qualquer lugar, onde a notícia acontece, transmitindo-a em tempo real para o ouvinte. Ferraretto destaca que o radiodocumentário é caracterizado por abordar um determinado tema em profundidade. Baseando-se em uma pesquisa de dados e de arquivos sonoros, reconstituindo ou analisando um fato importante. Inclui, ainda, recursos de sonoplastia, envolvendo montagens e elaboração de um roteiro prévio (2001, p.57). Desse modo, a escolha do rádio, como veículo de propagação do radiodocumentário "Guerra dos Mundos em São Luís: a invasão alienígena no rádio maranhense" aconteceu por diversos fatores: clareza da mensagem, baixo custo para realização, velocidade de propagação, intimismo com o público, entre outros. O conjunto desses fatores garantem uma boa difusão da notícia e da informação, sem deixar de lado a preocupação com a clareza do texto, preservação da história original e disponibilidade para o público. De acordo com Marialva Barbosa (2004), é importante que o discurso seja e passível de consulta futura. Por isso, o comunicador pode ser considerado um dos "senhores da memória". "Ao selecionar o fato, transpondo-o do lugar da normalidade para o da anormalidade, transformando-o em acontecimento, e ao escolher a forma da narrativa, o comunicador está constituindo o próprio acontecimento e criando uma memória da atualidade" (BARBOSA, 2004, p. 4). Para ela, é extremamente importante o trabalho de enquadramento da memória por meio do resgate do acontecimento como informação e notícia. Seu desempenho repercute na formação e consolidação da memória coletiva e histórica. A pesquisadora destaca ainda a relação entre Comunicação e história, onde as pesquisas se baseiam em grandes feitos, singularidades e particularidades dos grandes personagens. "A maioria [...] adota uma visão que privilegia a ruptura, produzida por fatos marcantes, na qual a temporalidade linear e a sucessão de acontecimentos dão o tom da narrativa " (Barbosa, 2007a, p. 11). Diante dessa realidade, buscamos com a proposta do documentário levar um recorte da história radiofônica local, através da utilização de todas as suas possibilidades e recursos de construção de sentido, que podem ser adquiridos pela linguagem, som, pré-produção, texto (roteiro), gravação, edição, entre outros)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A ideia do radiodocumentário sobre a versão maranhense do programa radiofônico Guerra dos Mundos surgiu em sala de aula. Durante a disciplina de Gestão de Projetos Especiais em RTV /UFMA, ministrada pelo professor Ramon Bezerra, quando foi elaborada a proposta de uma plataforma composta por fotografias, áudios e pequenos vídeos, com o propósito de registrar a memória da história e cultura do nosso estado. No decorrer do planejamento, foi incluído uma categoria a qual abordasse a temática comunicação e consequentemente a Guerra dos Mundos em São Luís. Poucos alunos conheciam a versão original do programa e não imaginavam que o mesmo aconteceu na cidade em 1971. A reação dos que conheceram e ouviram o remake maranhense foi surpreendente, e perceber o feedback positivo mostrou que a linguagem radiofônica ainda desperta o interesse e o imaginário do público. Diante disso, sugerimos fazer um documentário sobre esse episódio singular na radiofonia local, justamente para enfatizar e trabalhar o aspecto e sensação principal do programa: a arte de ouvir e criar. A sugestão foi aceita e após discussões, reuniões e orientações, definimos que o documentário seria apresentado de maneira a preservar o formato original o qual o programa foi transmitido, surgindo assim o produto radiofônico. A ideia é utilização do recurso da metalinguagem. O processo da metalinguagem é um sistema cujo plano do conteúdo é, ele próprio, constituído por um sistema de significação; ou ainda, é uma semiótica da semiótica (BARTHES, 2001). A intenção é valorizar as inúmeras possibilidades que a produção radiofônica disponibiliza. Falar da história do rádio através da mesma linguagem contribui para enfatizar a importância desse meio de comunicação para a vida das pessoas. Após fixar o recurso utilizado para a realização do radiodocumentário, Ortriwano (1985) define e conceitua sete categorias para as transmissões informativas, são elas: flash, edição extraordinária, especial, boletim, jornal, informativo especial e programa de variedades. Entretanto, o documentário não está incluso entre elas. A que mais se aproxima do gênero é o programa especial. "Ele analisa um determinado assunto, seja por sua grande importância e atualidade, seja por seu interesse histórico. Pressupõe pesquisa aprofundada sobre o tema, tanto no que diz respeito às informações textuais quanto às sonoras, principalmente as entrevistas. A rigor, sua emissão deveria ser ocasional, diretamente ligada à ocorrência de um fato que mereça, por sua importância, um tratamento especial ou pela comemoração de uma data de importância histórica" (ORTRIWANO, 1985, p. 92). Definida a categoria, passamos à pesquisa de referências bibliográficas que nos dessem suporte para a fundamentação teórica e descritiva deste artigo e para a construção do radiodocumentário. O primeiro direcionamento foi ouvir o programa Guerra dos Mundos, produzido pela rádio Difusora AM, a fim de destacar as partes principais e de mais tensão do programa. O áudio de uma das mais importantes transmissões radiofônicas do estado foi recuperado durante as pesquisas do professor e pesquisador da Universidade Federal do Maranhão Francisco Gonçalves. Em seguida, buscamos uma das fontes principais sobre o assunto, que foi o livro Outubro de 71, organizado pelo professor Francisco Gonçalves. Nele, é relatado, a partir de entrevistas com os participantes da transmissão, os bastidores dessa produção, contexto, como surgiu a ideia, entre outras curiosidades, além de reconstruir o roteiro do programa na íntegra. Neste caso, houve a decupagem do áudio. É importante ressaltar que o documentário proposto não se caracteriza como uma adaptação do livro, mas sim como mais uma das referências sobre o acontecimento (diferentemente dos atuais recursos disponíveis para consulta, como artigos, documentários audiovisuais, entre outros). Muitos participantes e detalhes são mencionados no decorrer do livro. Com isso, foi necessário definir um script e construir um roteiro para orientação, contendo quais os depoimentos seriam importantes para a elaboração do produto. Por isso, antes de iniciarmos o processo de execução, foi necessário realizarmos uma seleção dos escolhidos para composição. O objetivo das entrevistas foi buscar diretamente do entrevistado, fatos, razões e opiniões de um determinado assunto, de maneira que o receptor possa tirar suas próprias conclusões. Relacionado a essas entrevistas, Mcleish (2001) define três tipos: a informativa, interpretativa e emocional. O utilizado pela equipe na construção do trabalho foi a informativa e entrevista-documentário. Ainda segundo o autor, a primeira possui como objetivo transmitir, repassar informações ao ouvinte. Já a segunda é caracterizada pelo processo de recordar a história, contar novos detalhes sobre os acontecimentos e pessoas, levando àquele que ouve novas informações sobre o fato. Filho (2003, p. 102) ressalta que o radiodocumentário é como um meio de "[...] investigação sobre um fato ou conjunto de fatos reais, oportunos e de interesse atual, [...] e explicita ainda que esse produto é resultado de um trabalho de montagem do áudio capturado, que inclui depoimentos gravados com as fontes e offs produzidos e gravados pelos repórteres, além de trilhas que ambientalizam o material. Nesse sentido, para obter uma melhor qualidade no áudio (devido à junção de equipamentos e acústica), o local escolhido para a gravação da entrevista foi o estúdio da Rádio Universidade FM, localizada nas dependências da Universidade Federal do Maranhão. Para Mcleish (2001) os efeitos e trilha sonora constituem um enorme acréscimo àquilo que de outra maneira seria uma sucessão de matérias faladas, elas fazem parte, avivam, e compõem a memória, resultando no processo de criação de imagens, todavia, é necessário que sejam utilizadas sem exageros, podendo prejudicar o programa. Quando utilizadas de modo apropriado e com imaginação, o programa deixará de ser algo comum, mas ficará para a história, assim como o programa Guerra dos Mundos em São Luís. E após esse processo, que é imprescindível para um bom produto radiofônico, decidimos entre a equipe as atividades que cada um seria responsável em executar, com o objetivo de finalizar o projeto com êxito.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Após a definição da temática, começamos o processo de elaboração do produto. O primeiro passo foi a realização de um script de tudo que devíamos seguir, iniciando por um briefing geral. Para César (2005), a escolha dos elementos que devem compor a produção radiofônica e a ordem em que eles devem aparecer depende exclusivamente do resultado desejado. Entretanto, é necessário transmitir de modo claro e objetivo. A vista disso, o processo de desenvolvimento seguiu uma ordem: -Planejamento: Primeiramente, houve a necessidade de conhecer o conceito de radiodocumentário. Com isso, buscamos estudos, autores, que pudessem nos dar embasamento sobre o assunto. Filho (2003), por exemplo, define esse tipo de produção como o resultante de uma investigação sobre o fato real ou a junção deles, baseado em montagem de áudios, depoimentos gravados, textos in off, trilhas, entre outros. Então, durante essa etapa, foram definidas as atividades que seriam executadas por cada componente da equipe, seguida por relatórios dessas ações. -Pesquisa e coleta de material: O passo seguinte para a construção do produto foi a pesquisa, realizada por todos os participantes. Carmen Lúcia José (2003) explana que esse tipo de gênero tem a função de propagar as histórias, trabalhando as mesmas do início ao fim, estabelecendo as fontes e personagens que fizeram parte. Como já anteriormente citado, utilizamos como base o livro "Outubro de 71: memórias fantásticas da Guerra dos Mundos". Além dele, foram utilizados outros tipos de materiais, como artigos, vídeos e entrevistas com pessoas envolvidas e que lembram do fato. -Narrador: Para Mcleish (2001), varia bastante a utilização de um narrador na estrutura do radiodocumentário. Por isso, a intenção do nosso trabalho é apresentar esta figura como aquela que conduz a história, com o objetivo de conta-la em um curto período de tempo, de maneira intrigante, dinâmica, esclarecedora, imparcial, ou seja, ser o intermediador das informações. -Construção da história (roteiro): Após a definição do tema e pesquisas de campo, partimos para a construção do roteiro do programa radiofônico. Para isso, seguimos uma estrutura dividida em seis partes (MCLEISH, 2001, p.181): a primeira seria a introdução, apresentando o contexto, cenário e caracterização geral da transmissão radiofônica ocorrida nos Estados Unidos até chegar no remake maranhense: "[...] No dia 30 de outubro desse mesmo ano, o jovem e ousado Orson Welles adaptou para as ondas do rádio um clássico da ficção científica, escrito pelo inglês H.G. Wells, sugestivamente intitulado "A Guerra dos Mundos". [...] após 40 anos, aqui na cidade de São Luís do Maranhão, Sérgio Brito, Pereirinha, Parafuso [...] readaptaram a peça ficcional, trazendo suas características primárias e adequando para a realidade e cotidiano da capital maranhense". Em seguida, relacionamos os fatos resultantes, o conflito. Neste caso, o processo de criação do programa em São Luís: "[...] a Guerra dos Mundos maranhense foi ao ar durante dois programas da grade de programação da rádio, o Quem manda é você, apresentado por Zé Branco e São Luís Hit Parade, apresentado por Rayol Filho". Até então, o falso clímax está instalado no contexto o qual nos referimos. Já a terceira parte do roteiro começa a narrar o enredo principal, o suspense, o início da confusão causada pela invasão alienígena na capital: "A programação seguia normalmente, até que um suposto 'furo de reportagem' foi anunciado na transmissão em primeira mão. Essa seria a primeira de muitas notícias apavorantes [...]". Na próxima etapa, o ápice da história, atenção máxima, os acontecimentos principais: "Os comerciantes fecharam as portas e liberaram os funcionários, os ônibus estavam super lotados, faltavam táxis para o deslocamento da população, agonia e desespero era o que se via em todo canto e a correria era geral, pois naquela época ainda se preservava os costumes provincianos de calmaria. A cada boletim informativo e reportagens vindas de várias partes do mundo e de Campo de Perizes, única saída da cidade para o restante do estado, que estava sendo supostamente atacada por milhares de marcianos, faziam com que as pessoas corressem para ficar com suas famílias e esperar o 'fim do mundo' em suas casas". A partir da quinta parte, inicia o processo de resolução da história. No roteiro, é marcado pela sucessão de fatos ocorridos após a transmissão do programa: "A emissora difusora respondeu processo judicial durante três anos, devido à transmissão do remake Guerra dos Mundos, e após isso, houve arquivamento do caso. Já a produção foi totalmente inocentada [...] a equipe inseriu gravações na voz de Sérgio Brito, que dizia que todos os fatos que ocorreram, inclusive os de Campo de Perizes durante o programa, não passavam de "ficção científica [...]". Por fim, a sexta e última parte, caracterizada como o desfecho. Ela relata a importância do programa para a história da comunicação local: "Recontando a história original de maneira criativa, construindo todo um ambiente fictício de dentro de um estúdio e impactando através de um programa que despertou o imaginário do ouvinte, o episódio da Guerra dos Mundos em São Luís não foi somente importante para aquele período, mas um marco na história midiática do estado do Maranhão, sendo lembrado até hoje e relembrando o quão necessário é o rádio na vida das pessoas". -Entrevistas: Para uma das partes mais importantes do nosso radiodocumentário, utilizamos o registro in loco referencial evolutivo (MELO, 2002), que representa as entrevistas realizadas acerca do programa Guerra dos Mundos. O objetivo é utilizar esses depoimentos para relembrar situações que só quem participou pode relatar. Neste caso, dado a dificuldade (pois a maioria dos participantes já faleceram), as falas do sonoplasta do programa José de Ribamar Elvas, o "Parafuso" e o professor Francisco Gonçalves que ainda estão vivos, teve que ser retirada de um documentário realizado pelo Museu do Audiovisual do Maranhão, pois o mesmo já se encontra em idade avançada e com problemas de saúde. Mas, além dele, a equipe entrevistou um dos mais conhecidos radialistas da época, Arnold Filho, que relatou detalhes, repercussão e como a população reagiu diante do fato. -Sonorização e trilha sonora: Por fim, eis um dos pontos principais do nosso radiodocumentário, a trilha sonora. Silva (1999) afirma que a linguagem radiofônica é estruturada com base em três elementos: a palavra, a voz e a sonoplastia. César (2005) assegura que o conjunto desses elementos podem ser utilizados em qualquer produção de rádio, independentemente de qual seja o formato, duração ou conteúdo. Júlia Lúcia de Oliveira Albano Silva (1999) colabora afirmando que as potencialidades do rádio estão no caráter expressivo que é dado ao som, que permite ao ouvinte interpretá-lo de muitas maneiras, despertando diferentes respostas emocionais. Por isso, destacamos no produto músicas e efeitos sonoros que pudessem causar justamente essa sensação nos ouvintes: tensão, suspense, e que auxiliasse os mesmos no processo criativo e imaginário sobre o tema. "Talvez seja essa característica do rádio que o torna a mais criativa das mídias: ele não oferece nenhuma ideia acabada. A criação completa-se na cabeça e no coração do ouvinte. É ele que participa da criação, interpretando a mensagem segundo sua própria compreensão, seu repertório, sua imaginação". (SANT'ANNA, 2009, p. 176). Além disso, utilizamos sonoras originais do programa, pois é inevitável recontar uma história que aconteceu através das ondas sonoras do rádio sem incluir esses sons no produto. Segundo César (2005), o objetivo desse tipo de inserção é a ambientação, fazendo com que o público sinta, através do sentido da audição, como a população de São Luís ouviu e reagiu ao fato, diante das vozes, trilhas e interpretações distribuídas ao longo da transmissão. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">O remake da versão da Guerra dos Mundos no Maranhão representa um marco na história do rádio maranhense. Isso se dá por diversos fatores que contribuíram com o sucesso do programa. Desde a construção do roteiro até a sonoplastia realizada de maneira até então precária (naquela época, os equipamentos eram limitados e não existia muita tecnologia), a transmissão foi um diferencial na maneira de fazer comunicação no estado. Diferentemente do audiovisual,  o som apresenta essas imagens interiores, produzidas na mente, não podem ser confundidas com as imagens que se veem na tela. São imagens muito mais ricas  podem comportar três dimensões, e também incluir sensações táteis, olfativas, auditivas  e também muito mais econômicas: muitas vezes são dispensadas sem prejuízo da comunicação (MEDITSCH, 1999, p.126). A ousadia da produção mostrou o poder de convencimento e estímulo criativo e imaginário que esse veículo possuía e possui. Buscamos com essa proposta apresentar àqueles que não conhecem e para os que conhecem, o programa que parou a capital maranhense naquele 30 de outubro de 1971, o ano da invasão alienígena no rádio maranhense. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ARAÚJO, Ed Wilson Ferreira. A guerra dos mundos em São Luís do Maranhão. Anais do 1º Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho, Rio de Janeiro, 2004. <br><br>BARBOSA FILHO, A. Gêneros radiofônicos: os formatos e os programas de áudio. São Paulo: Paulinas, 2003.<br><br>BARBOSA, Marialva Carlos. História cultural da imprensa. Brasil  1900-2000. Rio de Janeiro: Mauad X, 2010.<br><br>BARTHES, Roland. A aventura semiológica. Trad. De Mário Laranjeiras. São Paulo, Martins, 2001. <br><br>CÉSAR, C. Rádio: a mídia da emoção. São Paulo: Summus, 2005. CONCEIÇÃO, Francisco Gonçalves da (org.). Outubro de 71: memórias fantásticas da Guerra dos Mundos. São Luís: EDUFMA, 2011.<br><br>CONCEIÇÃO, Francisco Gonçalves da; MATEUS, Elen Barbosa; CARVALHO, Mariela Costa; GOMES, Romulo Fernando Lemos. Guerra dos Mundos: A batalha de São Luís do Maranhão. Anais da, II Conferência Sul-Americana e VII Conferência Brasileira da Rede Mídia Cidadã, Belém, 2011. <br><br>FERRARETTO, L. A. Rádio: o veículo, a história e a técnica. 2. ed. Porto Alegre: Sagra DC Luzzatto, 2001.<br><br>FILHO, José Arnold da Serra Costa. Entrevista concedida a Marcus Elicius dos Santos Garcez e Ana Paula Silva de Sousa. São Luís, 05 abril. 2017.<br><br>JOSÉ, C. L. História oral e documentário radiofônico: distinções e convergências. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/ nacionais/2003/www/pdf/2003_NP06_jose.pdf>. Acesso em: 24 mar. 2017.<br><br>MCLEISH, R.; SILVA, M. Produção de rádio: um guia abrangente de produção radiofônica. 2. ed. São Paulo: Summus, 2001.<br><br>MEDITSCH, Eduardo, A Nova Era do Rádio, In: Del Bianco, Nélia e Moreira, Sonia. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007ª, 1999. <br><br>ORTRIWANO, Gisela S. A informação no rádio: os grupos de poder e a determinação dos conteúdos. São Paulo: Summus, 1985.<br><br>SANT ANNA, A. Propaganda: Teoria, Técnica e Prática. São Paulo: Cengage Learning, 2009.<br><br>SECOM. Pesquisa Brasileira de Mídia-PMB 2016. Disponível em: http:// http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-de-pesquisas-quantitativas-e qualitativas-de-contratos-atuais/pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-2016.pdf >. Acesso em: 06 abril. 2017.<br><br>SECOM. Pesquisa Brasileira de Mídia-PMB 2016. Disponível em: http:// http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-de-pesquisas-quantitativas-qualitativas-de-contratos-atuais/pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-2015.pdf >. Acesso em: 06 abril. 2017.<br><br>SILVA, J. L. O. A. Rádio: oralidade mediatizada: o spot e os elementos da linguagem radiofônica. 2. ed. São Paulo: Annablume, 1999.<br><br>SILVERSTONE, Roger. Por que estudar a mídia? São Paulo: Loyola, 2005. <br><br>A GUERRA DOS MUNDOS. Direção do programa: Sérgio Brito. São Luís: Rádio Difusora, 1971. Versão digitalizada e disponibilizada em 02 CD s (120 min). São Luís, 2005.<br><br>GUERRA DOS MUNDOS NO MARANHÃO. Museu do Audiovisual do Maranhão. São Luís. TV MAVAM, 2016. Duração: 35m30s. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XxKJhhye7B4&t=1037s. Acesso em: 03 de abril de 2017.<br><br> </td></tr></table></body></html>