ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00670</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;RT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;RT03</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;As aventuras de Zé Pancada: Relato de uma experiência</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;MARIA GORETE OLIVEIRA DE SOUSA (FACULDADES NORDESTE/DEVRY BRASIL); Francisco Italo França de Sousa (FACULDADES NORDESTE/DEVRY BRASIL); Paulo Júnior Silva Pinheiro (FACULDADES NORDESTE/DEVRY BRASIL)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Extensão, Programa de rádio, As Aventuras de Zé Pancada, Humor, Relações de poder</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Muitos cursos superiores, no Brasil, exigem pontos extra para complementar a carga horária regulamentada. Rádio, TV e Internet, e Jornalismo, por exemplo, são 280 e 260 pontos, respectivamente, sem o cumprimento dos quais, o aluno não estará apto a colar grau. Por essa razão, a faculdade institui os pontos PEX. A sigla corresponde a Programa de Extensão, no qual, ao longo da graduação, os alunos vão, durante um semestre, fazendo aulas práticas, experimentando as diversas atividades das profissões que, no futuro, assumirão. Ao final de cada PEX, os alunos devem apresentar, geralmente, em equipe, um produto. Assim, surgiu a série de três programetes, As Aventuras de Zé Pancada,criada durante o PEX de Rádio, em 2016.1.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">1 INTRODUÇÃO As Aventuras de Zé Pancada é uma série experimental de três programas, que surgiu das atividades obrigatórias para o exercício das práticas de rádio, durante o PEX Rádio de 2016.1. A orientação para se começar a produzir roteiros era a de que todos apresentassem uma ideia e uma proposta metodológica para desenvolvê-la. Escolher equipe ou produzir sozinhos era condicionado aos procedimentos pensados, a partir do tema, para a produção. Esse fator foi decisivo para que as histórias de Zé Pancada fossem apresentadas em dupla. Para se conhecer melhor a personagem, algumas informações são básicas. Por exemplo: de onde surgiu o Zé Pancada? Dizem Alves, Fontoura e Antoniutti (2012, p. 171) que, "para expressar seu potencial criativo, todo indivíduo precisa de um ambiente que o encoraje". O ambiente para o nascimento da personagem estava surgindo ali.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">2 OBJETIVOS A ideia original foi a de se lançar um olhar crítico sobre o comportamento do brasileiro. O ponto estritamente criticado foi o curioso desajuste entre a consciência crítica e as atitudes políticas diárias de grande parte dos cidadãos. Por relatos diversos veiculados em vários meios, inclusive em redes sociais, não se demorou em inferir que brasileiro reclama da corrupção, odeia crime de colarinho branco e considera altamente reprovável a reputação da classe política nacional. Se não houvesse contrapartida, seria louvável. Contudo, os mesmos veículos, o senso comum e as observações diárias sobre o modo de agir das pessoas no cotidiano trazem indícios de quase todas ou já se corromperam ou corromperam outras.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">3 JUSTIFICATIVA Entre os próprios presentes na sala, durante o exercício, não faltou quem desse um depoimento de já ter sido, de uma ou de outra maneira, lesado, violado, invadido, usurpado etc. por cidadãos que, certamente, não gostariam de ser desrespeitados. Aí está o nó da questão. Desrespeito, ninguém quer para si, mas as atitudes de muitos dão depoimentos de que, de um modo geral, não se hesita em violar direitos para levar vantagem, furando fila, estacionando em vaga privativa, pagando propina, vendendo sem nota, mentido para proteger-se ou acobertar outros etc. O consenso entre os presentes era o de que não deveria, mas as pessoas têm quase sempre a injúria para os outros, e a condescendência para si mesmas. Essa espécie de brainstorm, no entanto, não trouxe apenas discussões inquietantes, trouxe também um problema. A nova implicação era como se falar de tantas questões, tão insalubres, sem cair em falsos moralismos, ou pior, sem parecer estar com o dedo apontado. Esse volume de discussões configuravam a problemática que impulsionavam, cada vez mais, ao desenvolvimento do produto bem como ao modo de se responder aos desafios. As respostas aos desafios, de modo geral, constituem um conjunto de justificativas às ações que se empreendem.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> 4 MÉTODOS E TÉCNICAS EMPREGADOS Discutindo-se metodologias para viabilizar a ideia, escolheu-se o caminho do humor. Ainda assim, havia um problema. Faltava o formato. Na busca pelo formato, porém, surge a ideia da personagem. Por analogia às considerações de Alves, Fontoura e Antoniutti (2012, p. 171), que dão conta de que "as comunicações são um campo fértil para a criatividade se desenvolver e [...] na produção audiovisual, essa fertilidade se multiplica, uma vez que é o momento em que as ideias saem do papel e se tornam algo concreto", pode-se dizer que, numa produção somente de áudio, o mesmo fenômeno pode ser observável. A personagem foi surgindo e, ao mesmo tempo, sugerindo contextos e situações pelos quais passaria. Isso trouxe, na contiguidade, a ideia do seu nome, Zé Pancada. Daí, para se chegar ao formato, o caminho se iluminou. De certa maneira, esse caminho cabe nas considerações de Candido et alli (2014, p. 31): "Em todas as artes literárias e nas que exprimem, narram ou representam um estado ou estória, a personagem realmente 'constitui' a ficção". O contexto da ficção é também essencial para se responder quem é Zé Pancada. 4.1 Pré-produção Para se traçar um perfil, é imprescindível dizer que se trata de uma personagem de ficção, idealizado, sem inspiração em pessoa real; um homem simplório; de tão alta consciência crítica e política do comportamento humano que chega a ser inocente. Esses elementos fazem de Zé Pancada  mais do que uma personagem cômica  a representação da categoria do cômico no programa, que adotou o humor como método. De certa forma, a personagem representa um protótipo ideal do que o homem deveria ser, mas não é. Esse ser provoca riso porque é estranho em si mesmo. A propósito desse encontro do humor com o riso, há diálogo entre Zé Pancada e as considerações de Georges Minois (2003, p. 79): O humor surge quando o homem se dá conta de que é estranho perante si mesmo; ou seja, o humor nasceu com o primeiro homem, o primeiro animal que se destacou da animalidade, que tomou distância em relação a si próprio e achou que era derrisório e incompreensível. A bem dizer, Zé Pancada é uma espécie de bobo que lida com a verdade de uma forma radicalmente estranha. Tal como o bobo da Idade Média, conforme Georges Minois (2003, p. 285), "seu papel é expressar a verdade pelo riso, pela derrisão, chamando as coisas por seu nome [...]". Esse caráter faz que Zé Pancada seja tanto amado como odiado. Essa dualidade oposta representa o fator que motivou seu batismo. A personagem recebeu o epíteto de Zé Pancada por reunir em si o simplório e o irônico; a inocência e a verdade. Tal epíteto pode ser explicado assim: Zé a é redução pela metade da popular Zé Ninguém, expressão que corresponde à banalização, ao nivelamento por baixo que o vulgo faz de si próprio; é a cara cruel do preconceito popular para com aqueles que não têm nome. Não ter nome aqui significa não ter poder. O segundo nome, Pancada, mistura muitos elementos da linguagem popular que, por via da ambivalência, retrata o juízo social, que a personagem carrega em si, como a marca de uma identificação inconfundível das vozes que o rejeitam e, ao mesmo tempo, sentem dó dele. Explicando melhor: Pancada vem da língua do povo, do rebaixamento aos ditos doentes mentais, quando se declara ironicamente que alguém é meio pancada da cabeça. Ou ainda, como que rogando uma isenção de culpa para tal criatura, informa-se simplesmente que a infeliz é pancada. Pancada também se reporta ao saco de pancadas, equipamento das academias de pugilismo, por exemplo. A linguagem popular também apanhou essa expressão e fez dela a metáfora daqueles em quem todos devem bater. E aí estava aparecendo o Zé pancada: um sujeito meio retardado mental, que faz da verdade a sua inconveniência; da honestidade, sua impertinência; da inocência, seu atrevimento. Por isso, desperta a raiva dos outros e acaba apanhando. Por outro lado, seus machucados, físicos ou morais, despertam a compaixão dos que o conhecem. 4.2 Produção Dessas questões e das implicações delas, surge a ideia do formato do programa: uma apresentadora recebe diariamente, no estúdio, um convidado, o Zé Pancada, que vem com o objetivo de discutir um assunto do dia a dia. Ao chegar o convidado, a apresentadora percebe alguma coisa, e aquela percepção se transforma no conteúdo do programa, quer dizer, aquilo vira o assunto do dia. A rigor, é o convidado que traz a pauta, mas não tem consciência disso; e a apresentadora altera a hipotética pauta original do programa, sem também se dar conta. E essa é a pauta real do programa As Aventuras de Zé Pancada, que recebe este nome justamente porque é pautado nas histórias diárias em que se envolve a personagem. No primeiro programa da série, Zé Pancada chega com a cabeça toda enfaixada, e deixa a apresentadora curiosíssima. Ao final, fica-se sabendo que a miserável criatura cedeu seu lugar no ônibus para uma grávida  quer dizer, ele achou que fosse gravidez  mas a mulher só era gorda. No segundo, ele chega triste porque, sem saber, fora submetido a um teste de honestidade no trabalho. Passou no teste  é claro  pois honestidade era de sua índole. O problema foi seu patrão ter ido parabenizá-lo por sua reputação de homem probo. Zé Pancada se magoa profundamente porque não sabe o que é probo. No terceiro, ele chega feliz porque vai receber um troféu enviado pelos alunos de uma faculdade, depois de ter passado uma tarde com eles, falando inocentemente de sua ética. Quando a apresentadora lê, no ar, o cartãozinho, vê que, na verdade, os estudantes foram sarcásticos, e mandaram ao pobre Zé Pancada o troféu de bobo da corte. 4.3 Pós-produção Após gravadas, As Aventuras de Zé Pancada eram editadas e veiculadas no programa experimental Zap Intervalo. A via de transmissão do Zap , por excelência, é o Whatsapp, mas também são usadas outras mídias sociais da rádio da faculdade, como a página do Facebook, por exemplo. Essa veiculação nesta era de novas mídias, como também de convergência, redimensiona, sob muitos aspectos, o conceito de rádio. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO Vencidas todas as etapas, da concepção da ideia até o final da produção, chegou o momento em que se tinha em mão a arte final pronta para seguir, em primeira mão, via Whatsapp, ao encontro do consumidor final, o público usuário de redes sociais. Resultava, então, que se havia conseguido produzir e gravar uma série de três programetes com uma média de um minuto e meio de duração cada um, dentro dessa linha cômica em que se agregaram elementos da dramaturgia para ambientar a personagem nas cenas. Além disso, os recursos dramatúrgicos relativizaram riso e relações de poder em face da ação dramática. Discutindo as relações de poder entre os meios de comunicação  em especial o rádio  e os ouvintes, e descrevendo a redução da autonomia destes últimos a um feedback de índices, em 1932, Bertolt Brecht, (Apud ENZENSBERGER 2003, p. 18) analisa e critica: O rádio deve ser transformado de um aparelho de distribuição em um aparelho de comunicação. O rádio poderia ser o mais incrível meio de comunicação inimaginável da vida pública, um fantástico sistema de canais, isto é, ele o seria se conseguisse não apenas emitir, mas receber, ou seja, se não permitisse ao ouvinte apenas ouvir, mas ainda, falar, não o isolando, mas integrando-o. Considerando que esse perfil ideal do rádio foi traçado numa época dura, de repressão, em que o ouvinte tinha um papel bem diferente daquele que o humor o faz ter em As Aventuras de Zé Pancada, chega-se à compreensão de que o programa, de certa maneira, põe o ouvinte no patamar reclamado pelo dramaturgo. O ouvinte desse programa tem seu mecanismo de vazão e instrumento de autonomia, o riso. Ele só ri porque entende, e faz disso também a sua voz. Esse ouvinte dialoga, ele se entende dentro daquela comunicação, ele também é um agente transformador, não apenas um receptor, não um mero ponto final para onde a informação fora transportada. Isso seria estagnação no processo de comunicação, o que iria a contramão em relação ao um mundo dinâmico. Esse dinamismo está no substrato da série tanto pelo meio de difusão quanto pela duração. Em suas análises semióticas Irene Machado (In: HOHLFELDDT; MARTINO; FRANÇA, 2011, p. 279-280) diz: Há, também, uma outra possibilidade de se entender a comunicação valorizando, não a troca como transporte, mas a dinâmica dialógica transformadora da informação em linguagem e, consequentemente, da mensagem em instância produtora de sentido dentro do circuito de respondibilidade. Essas considerações, em muitos pontos, reafirmam o lugar do riso nas histórias do emblemático Zé Pancada. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">6 CONSIDERAÇÕES Assim sendo, tratando-se da série As Aventuras de Zé Pancada, pode-se dimensionar os valores metodológico e dialógico do humor, bem como entender o riso como crítica e catarse, pois era justamente esse riso que constituía o desfecho de cada programa. Ao escolher-se o método e definir-se o formato, obteve-se como resultado um espaço em que o ouvinte também fala. Conclui-se que a crítica pelo riso, sob muitos pontos de vista, põe abaixo a ilusão de que ouvinte é apenas um ser passivo, que não faz mais do que ouvir. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ALVES, M. N.; FONTOURA, M.; ANTONIUTTI, C. L. Mídia e produção audiovisual. 1 ed. Curitiba: Intersaberes, 2012.<br><br>CANDIDO, A. et al. A personagem de ficção. 13 ed. São Paulo: Perspectiva, 2014. <br><br>ENZENSBERGER, H. M. Elementos para uma teoria dos meios de comunicação. Trad.: Cládia S. Dornbusch. São Paulo: Conrad, 2003.<br><br>MACHADO, I. O ponto de vista semiótico. In: HOHLFELDT, A.; MARTINO, L. C.; FRANÇA, V. V. (Org.). Teorias da comunicação: conceitos, escolas e tendências. 11 ed. Petrópolis: Vozes, 2011. p. 279-280.<br><br>MINOIS, G. História do riso e do escárnio. Trad.: Maria Elena O. Ortiz Assumpção. São Paulo: Unesp, 2003.<br><br> </td></tr></table></body></html>