ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01030</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PP</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PP08</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;A Qualquer Hora Em Qualquer Lugar</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Thais Mesquita Gadelha (Universidade de Fortaleza); Henrique Bruno Rodrigues Vasconcelos (Universidade de Fortaleza); Maria Clara Amaral Matos (Universidade de Fortaleza); Nicácio Ramon Braga Lira (Universidade de Fortaleza); Pablo Luiz Mesquita (Universidade de Fortaleza); Jari Vieira Silva (Universidade de Fortaleza); Jari Vieira Silva (Universidade de Fortaleza)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Assédio, Fotografia Publicitária, Mulher, Violência, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O trabalho desenvolvido faz parte da disciplina Fotografia II do curso de Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). O briefing teve como desafio produzir uma fotografia publicitária sem teor vendável e que disseminasse a cultura de paz, tendo como público alvo os próprios estudantes da universidade. Por meio de uma reunião foi escolhido o tema violência contra a mulher. Simulando um ambiente comum mas muito conhecido por ocorrências de assédio: uma festa noturna. Utilizou-se um pó fosforescente para evidenciar a marca dessa violência. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Esse projeto desenvolvido na disciplina de fotografia II, concluída no 4º semestre do curso, tem por finalidade preparar os alunos para reproduzir mais do que imagens triviais e, portanto, elaborar um enredo significativo para a construção de uma fotografia. Além da síntese de conjunturas proporcionada pelas próprias, são apresentados métodos, elementos e técnicas que são necessários para a execução de uma obra que apresenta bons predicados e diversos sentidos. Também são abordados os principais elementos da fotografia, tais como: luz, velocidade do obturador, diafragma, ISO, enquadramento, composição e iluminação de estúdio. Para o fotógrafo Walter Nurnberg (apud SUSPERREGUI, 2010, p.154),  o paradigma da fotografia publicitária é resultado de um esquema que segue certas pautas de comportamento: o fotógrafo deve interpretar a ideia do diretor de arte e traduzi-la, o mais fielmente possível, em uma representação visual concreta. Nesse processo, o fotógrafo deve permanecer atado ao objetivo de comunicação da peça publicitária . Uma das maneiras de chamar a atenção do consumidor é através da imagem. O visual é fator importante não só na fotografia mas na publicidade em geral, pois o público-alvo precisa se sentir tocado. Neste trabalho apresenta-se uma fotografia publicitária de uma campanha de combate à violência contra mulher. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A finalidade da atividade apresentada em sala de aula foi desenvolver um anúncio publicitário de caráter institucional, ou seja, sem teor vendável, que informasse algo de importância para a comunidade, para gerar discussões sobre temas relevantes e disseminar a cultura de paz. Percebeu-se que violência contra a mulher era um assunto significativo e precisava estar em destaque para ser discutido. Foi destacado um ambiente do cotidiano dos jovens de forma a atingir o maior número de pessoas: uma balada ou festa noturna, retratando o que acontece com as mulheres nesses ambientes, como um indicativo do que pode acontecer em qualquer hora e em qualquer lugar. O objetivo específico da disciplina, é pensar a fotografia antes do ato de clicar, elaborar um contexto e organizar signos para atingir o resultado que se deseja. Partindo da ideia de que o principal objetivo da publicidade é incentivar o consumo, o desafio feito pela professor foi um questionamento sobre como vender ideia e não apenas o produto. A fotografia publicitária auxilia como mais uma ferramenta de estímulo para cumprir esse objetivo da campanha juntamente com recursos gráficos e textuais. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O corpo da mulher que nos anos 90 era utilizado para atrair homens nas campanhas publicitárias, hoje se desconstrói e vira instrumento de luta, manifestação e resistência. Essa mulher que antes era apenas exaltada e notada por suas curvas, hoje grita pelo seu espaço não só no mercado de trabalho como na sociedade em geral, além do reconhecimento de uma gama de qualidades que vão além da beleza exterior. A estética dá-se a compreensão pelos sentidos, ou seja, transcende o campo visual e abrange um conjunto de sensações que representam a percepção da beleza. Tal concepção diz respeito a toda a natureza, entretanto, neste caso, avaliamos julgamentos do que é belo no contexto de uma situação comum na vida das mulheres. A violência contra a mulher na sociedade brasileira ainda continua invisível , apesar da propagação de casos indiretamente, a mídia ainda não toma para si esse tabu estigmatizado, não o abordando como algo relevante. Foi na década de 60 que o corpo feminino ganhou visibilidade, muitas vezes tornando-se desejado e utilizado como objeto nos meios de comunicação a fins de vender produtos designados especificamente a mulheres. Dessa forma, o corpo feminino deixa de pertencer somente àquelas mulheres, tornando-se pertencente ao público, provocando um descontrole desse corpo inibido de ser dominado, sendo aprisionado, contrariando o que possivelmente seria uma autonomia e independência Não é de hoje que as estatísticas desse tipo de violência são alarmantes. Usando dados do Ministério da Saúde, o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) analisou os registros de violência sexual e concluiu que 89% das vítimas são do sexo feminino. Do total, 70% são crianças e adolescentes. Embora muitos avanços tenham sido alcançados com a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), hoje contabilizamos 4,8 assassinatos a cada 100 mil mulheres, número que coloca o Brasil no 5º lugar no ranking de países com maiores índices de feminicídio. Segundo o Mapa da Violência de 2015, dos 4.762 assassinatos de mulheres registrados em 2013 no Brasil, 50,3% foram cometidos por familiares, sendo que em 33,2% destes casos, o crime foi praticado pelo parceiro ou ex. Essas quase 5 mil mortes representam 13 homicídios femininos diários em 2013. Roland Barthes. (1980, p. 129) diz :  A fotografia é violenta, não porque mostra violência, mas porque enche de força a vista e porque nela nada pode recusar-se ou transformar-se. Barthes enfatiza o poder da fotografia de impactar e de não ser possível mentir através dela, pois mesmo que os signos sejam manipulados, a imagem precisa acontecer para ser capturada pelo fotógrafo. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Após ter sido passada a atividade pelo professor, a equipe se reuniu para decidir o tema, pensou-se em mais de um conteúdo, porém optamos por abordar o tema assédio por ser um assunto que nunca sairá de moda e que acrescentaria não só para os membros do grupo, que teriam que estudar sobre o assunto, mas toda a comunidade que vive isso todos os dias, seja a sua vivência, a de uma amiga ou até mesmo pelos noticiários de tv. Além disso, o tema também foi escolhido devido ao amplo espaço de subtemas dentro dele, como o corpo da mulher como instrumento de venda nas campanhas publicitárias, o espaço de fala da mulher na sociedade contemporânea e o espaço da mulher no mercado de trabalho. Após decidido o tema, analisou-se como seria a abordagem, buscamos algo que se aproximasse do público, depois de uma chuva de ideias da equipe, resolveu-se que partiríamos de um ambiente de festa noturna, já que o nosso público alvo seria os estudantes da universidade, de forma a provocar reflexão quanto ao assunto. Para iniciar o processo de produção, buscou-se referências de casas noturnas e características principais desses ambientes. Percebeu-se que as luzes desses lugares era algo bem específica, luzes negras fluorescentes. Um breve estudo de algumas matérias sobre o assunto foi realizada com fins de apontar os principais tipos de assédio sexual que as mulheres sofrem dentro destes ambientes, além de partes dos seus corpos mais exploradas pelos assediadores. Chegou-se a uma sondagem do corpo feminino abordado nesses locais de assédio, destacando os braços, boca, nádegas e peitoral apalpados de alguma forma por quem ultrapassa o limite de respeito, espaço e corpo, concluindo, assim, a ideia central da campanha resumida em um anúncio de 5 peças. Afinada a ideia da campanha, para se aproximar ainda mais dos receptores e gerar uma identificação, foram utilizadas luzes negras fluorescentes e figurantes que completam a encenação. A produção da imagem foi realizada em uma tarde no estúdio de fotografia da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) com uma câmera Canon T3 com uma objetiva de 50 mm. As luzes do estúdio foram apagadas, sendo utilizadas como iluminação apenas duas luzes negras fluorescentes fixas em tripés de iluminação. Devido a baixa luminosidade do ambiente, foi necessário utilizar uma velocidade baixa do obturador. A câmera foi então acoplada a um tripé para que a foto não saísse tremida. A modelo vestia roupas comuns ao ambiente e os figurantes seguravam garrafas tornando o ambiente ainda mais real. A luz negra fluorescente deu à fotografia um tom azulado, muito conhecido em ambientes de boates e festas.  A fotografia publicitária é resultado da fusão da fotografia artística, documental e da moda. Contudo, diferente das outras, essa visa atender aos interesses do mercado. Para isso, em alguns momentos, ela é meramente informativa, mostra o produto ou forma de uso de maneira direta; em outros, explora o potencial estético do objeto ou recorre às metáforas e poética para valorizar o produto de forma indireta, simbólica. Os recursos digitais encontram, nessas duas maneiras de pensar a foto publicitária, um campo fértil para novas experiências estéticas . (EGUIZÁBAL, Raúl, 2001, p. 11-12) A tinta neon utilizada foi uma sombra de maquiagem (pó fosforescente) para deixar marcado o assédio. Depois de pensada, realizada e selecionada, a foto foi tratada com contraste, brilho, saturação e níveis de shadows, com intuito de acentuar a escuridão da festa e realçar cor do assédio.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A mulher conquistou seu espaço na sociedade, mas ainda é vítima de várias formas de violência. São recorrentes as reclamações das mulheres por assédio físico no transporte público, "passada de mão" durante um passeio ou o beijo forçado na balada. O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revela que 26% de 3810 brasileiros entrevistados concordam total ou parcialmente com a afirmação: "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". Este trabalho visa combater esse tipo de assédio e causar uma desconstrução de comportamento machista. A fotografia se apresenta inserida em um projeto gráfico que por trás dela existe uma composição estrutural dentro do anúncio propagando mais força à imagem. É importante lembrar que o anúncio se faz da relação entre texto e imagem em sua estrutura, porém com a finalidade de evidenciar a fotografia devido ao impacto da mesma. A campanha conta com cinco peças que percorre por uma mesma lógica, o destaque da fotografia dentro do anúncio, com texto de uma data costumeira e um dado relevante. Cada peça evidencia uma área do corpo diferente, tais como os braços, boca, nádegas e peitoral. Para este projeto foi escolhida a foto que transmitisse uma maior representatividade do corpo feminino visto por uma sociedade machista, as nádegas. A objetificação do corpo da mulher brasileira é muitas vezes descrito pela sociedade machista com o formato de um violão, ressaltando as curvas e sendo naturalizada na mídia com fins do prazer masculino. Foi feito um recorte adicional na imagem, para enfatizar a marca do assédio, ressaltando assim o vestígio da mão do assediador no corpo da modelo. O texto simula a data de uma festa comum para toda mulher: despedida de uma amiga, e logo abaixo um dado do Sistema de Indicadores de Percepção Social. O produto foi pensado para uma divulgação interna na própria universidade, para gerar debates e discussões sobre o tema. Foi almejado para três meios de mídias, uma delas um outdoor, onde seria localizado na entrada do estacionamento da universidade. A outra um cartaz, uma mídia impressa que seria distribuída pelos blocos. E por último, uma página dupla de revista.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Desde o início de todo o processo criativo foi possível adquirir conhecimentos acerca de um tema relevante e atual como a violência contra a mulher, fazendo de nós, alunos e futuros profissionais, pensadores e questionadores de uma sociedade melhor. O projeto reforça a ideia de manter uma relação de respeito e limite para com as mulheres. Tendo como o maior desafio, produzir algo que não tivesse caráter de consumo, muito comum entre as fotografias publicitárias. A ideia é alertar a população e para os dados alarmantes dessa violência, além de suscitar novas pesquisas e provocar sensações nos receptores da mensagem em questão. Violência contra mulher deve ser debatida e combatida todos os dias.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BARTHES, Roland. A Câmara Clara, Editora Edições 70, 1980. EGUIZABAL, Raul. Fotografia Publicitária. Madrid: Cátedra, 2001. CARDOSO, João B.F, Manipulação digital na fotografia publicitária: criatividade e ética, 2013. Estupro no Brasil, uma radiografia segundo os dados da Saúde. Disponível em:<http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/pesquisas/estupro-no-brasil-uma-radiografia-segundo-os-dados-da-saude-ipea-2014/> Acesso em 10 de abril de 2017. Alguns números sobre a violência contra as mulheres no Brasil. Disponível em: <http://www.compromissoeatitude.org.br/alguns-numeros-sobre-a-violencia-contra-as-mulheres-no-brasil/> Acesso em 10 de abril de 2017. Mapa da violência 2015 homicídio de mulheres no Brasil. Disponível em: <http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2015/MapaViolencia_2015_mulheres.pdf> Acesso em 10 de abril de 2017. Violência doméstica e familiar. Disponível em: <http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/violencias/violencia-domestica-e-familiar-contra-as-mulheres/> Acesso em 10 de abril de 2017. Assédio sexual: mulher, a culpa não é sua. Disponível em: http://www.vix.com/pt/bdm/estilo/assedio-sexual-mulher-culpa-nao-e-sua> Acesso em 10 de abril de 2017. A fotografia publicitária no Brasil e a contribuição da obra do fotógrafo Chico Albuquerque. Disponível em: < https://lumina.ufjf.emnuvens.com.br/lumina/article/viewFile/121/115 > Acesso em 01 de maio de 2017. <br><br> </td></tr></table></body></html>