ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01040</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO06</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Liga quilombola de futebol feminino</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Jayanne Rodrigues Sousa (Universidade do Estado da Bahia); Lucas Matheus Oliveira Barros (Universidade do Estado da Bahia); Carla Conceição da Silva Paiva (Universidade do Estado da Bahia); Matheus Gondim de Macedo (Universidade do Estado da Bahia)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Série de telejornalismo, Comunidades Quilombolas, Futebol , Mulheres Negras, Entrevista em Profundidade</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"><div align="justify">Historicamente, o futebol se caracteriza como um esporte atrelado ao sexo masculino, pelo seu meio social, força física e impacto corporal. Os meios de comunicação, em geral, reforçam esse estereótipo, omitindo a participação das mulheres nesse esporte. Diante disso, a produção desta série de telejornalismo se apresenta como uma oportunidade de divulgação para o esporte feminino que vem combatendo alguns preconceitos sociais e como um meio de dar visibilidade a participação das mulheres negras no esporte. A série retrata como o futebol está se constituindo como uma nova prática cultural em comunidades quilombolas no município de Juazeiro-BA, promovendo a interação entre essas comunidades e revelando a prática esportiva como uma chave de empoderamento para essas mulheres. </div></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"><div align="justify">O futebol surgiu em 1884, no Brasil, destinado a homens brancos que frequentavam os clubes da elite, mas, no decorrer de sua história, acabou se popularizando. Segundo Betti (2004), o aumento do interesse pelo esporte começou pela atração de um público maior aos estádios e pela valorização dos clubes, que começaram a investir em campeonatos e a buscar jogadores nas classes baixas, onde existia um grupo que demonstravam muito mais talento e habilidade. Assim, o futebol foi caminhando para a sua profissionalização, implantada em 1933.<br>Historicamente, as mulheres sempre ficaram à margem do futebol, sendo postas pela imprensa apenas como espectadoras que embelezavam os estádios. Em 1921, os jornais noticiaram o primeiro jogo de futebol disputado por mulheres, que foram, na época, adjetivadas de audaciosas e vistas com desconfiança. Mesmo sofrendo esse julgamento social, elas eram livres para praticá-lo até 1941, quando o Conselho Nacional de Desportos - CND decretou que alguns esportes não seriam compatíveis com a natureza feminina, proibição em voga até 1979 (PISANI, 2014). <br>A postura da mídia nacional ainda é bem similar com essa conduta do CND, por isso não assistimos a divulgação do futebol feminino de maneira que incentive o seu crescimento e valorização. Em 2004, após a Seleção Brasileira de Futebol Feminino ganhar a medalha de prata nas Olimpíadas de Atenas, as reportagens lidavam mais com a estética das jogadoras do que com sua qualidade técnica. Paralelo a essa questão, soma-se, a força do racismo que impregna também no esporte práticas preconceituosas acentuadas pelas hierarquias de gênero, colaborando para a estigmatização da identidade das mulheres negras.<br>No desenvolvimento da série "Liga Quilombola de Futebol Feminino", a questão era produzir um material audiovisual que valorizasse o futebol na sua essência enquanto prática esportiva, dando visibilidade a participação feminina nesse processo.<br></div></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"><div align="justify">A série tem como objetivo principal divulgar a "Liga Quilombola de Futebol Feminino", composta por membros de nove comunidades quilombolas da região do Submédio São Francisco, que fazem parte da cidade de Juazeiro-BA, contribuindo assim para a valorização do futebol na sua essência enquanto prática esportiva e dando visibilidade a participação feminina nesse processo. Especificamente, buscamos:<br>&#9679;    Produzir outras maneiras de tratamento do telejornalismo ao futebol, revendo preconceitos e a relevância da prática feminina nessa modalidade;<br>&#9679;    Dar visibilidade ao empoderamento das mulheres nessas comunidades quilombolas, através das suas práticas cotidianas no esporte;<br>&#9679;    Ressignificar o papel do jornalismo oportunizando a produção de antigos formatos voltados para temas que protagonizam a transformação social dos povos tradicionais.<br></div></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:WordDocument> <w:View>Normal</w:View> <w:Zoom>0</w:Zoom> <w:TrackMoves/> <w:TrackFormatting/> <w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone> <w:PunctuationKerning/> <w:ValidateAgainstSchemas/> <w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:DoNotPromoteQF/> <w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:Compatibility> <w:BreakWrappedTables/> <w:SnapToGridInCell/> <w:WrapTextWithPunct/> <w:UseAsianBreakRules/> <w:DontGrowAutofit/> <w:SplitPgBreakAndParaMark/> <w:EnableOpenTypeKerning/> <w:DontFlipMirrorIndents/> <w:OverrideTableStyleHps/> </w:Compatibility> <w:DoNotOptimizeForBrowser/> <m:mathPr> <m:mathFont m:val="Cambria Math"/> <m:brkBin m:val="before"/> <m:brkBinSub m:val="--"/> <m:smallFrac m:val="off"/> <m:dispDef/> <m:lMargin m:val="0"/> <m:rMargin m:val="0"/> <m:defJc m:val="centerGroup"/> <m:wrapIndent m:val="1440"/> <m:intLim m:val="subSup"/> <m:naryLim m:val="undOvr"/> </m:mathPr></w:WordDocument> </xml><![endif]--><div align="justify">O esporte também é visto como um trajeto emancipatório capaz de possibilitar transformações sociais, principalmente, entre as mulheres negras quilombolas das comunidades onde esta série foi produzida, que vislumbram uma ascensão através do futebol. O termo quilombo teve várias conotações, para o presente projeto, entendemos como uma continuidade histórica e não apenas um local geográfico, mas um espaço simbólico em que práticas étnicas sobreviventes da diáspora africana são (re)significadas (NASCIMENTO, 1982).<br>Nesse sentido, o espaço, o corpo e a identidade dessas mulheres interrelacionam as práticas do futebol com os preconceitos de raça e gênero. O esporte praticado por elas proporciona um momento de encontro e diversão, redefinindo o olhar sobre o próprio corpo da mulher negra e a série, ao tratar de um tema pouco explorado, se esforça para compreendê-lo sem reproduzir estereótipos. Descolonizando nossas visões, podemos compreender o outro, aflorando outra elaboração nas produções de telejornalismo. <br>Dessa forma, esta série possui um efeito potencializador para pesquisas posteriores sobre a área. Além da relevância social e teórica, o assunto foi escolhido, devido ao ineditismo do tema na cidade e sua nula abordagem na mídia, visto que não foi encontrado nenhum trabalho semelhante.<br>O produto tem como missão dar visibilidade a uma identidade que existe formada entre essas comunidades, servindo como um registro material sobre a prática cultural. A produção pode ser prova legal no processo para obter o certificado de autodefinição como remanescente de quilombo, vislumbrando que há uma interação histórica entre eles.<br></div></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"><div align="justify">A série "Liga Quilombola de Futebol Feminino" é produto da disciplina Seminário Interdisciplinar I, ministrada pela professora Carla Paiva, no segundo semestre de 2016, no curso de Jornalismo em Multimeios da Universidade do Estado da Bahia, Campus III, Juazeiro-BA. A proposta desse componente curricular envolvia diversas questões relacionadas a comunicação e os movimentos sociais e nossa equipe escolheu como tema as comunidades quilombolas da região. Para realização dessa atividade, resolvemos fazer visitas nas comunidades quilombolas do Alagadiço e Rodeadouro. <br>O Alagadiço se encontra a 18 quilômetros de Juazeiro, cidade situada no norte da Bahia, se estende por aproximadamente três quilômetros, abrigando 43 famílias de origem quilombolas, totalizando 120 moradores. Já a comunidade do Rodeadouro fica a 12 quilômetros desse município e tem aproximadamente 660 moradores. Ambas comunidades, situadas no Submédio São Francisco e banhadas pelo Rio São Francisco, carecem de acesso aos equipamentos públicos como escola, posto de saúde e sofrem com a interferência dos latifundiários que cercam terras da comunidade e mudam o ecossistema das regiões ribeirinhas. <br>Para a efetivação da pesquisa de campo, as mulheres dessas comunidades solicitaram como retorno a produção de um documentário sobre seu cotidiano e relevância cultural. Entretanto, devido ao pouco tempo para a conclusão do semestre letivo e atividades avaliativas, o documentário que planejamos fazer não ficou pronto a tempo para exibição na comunidade. Apresentamos apenas um copião na disciplina Seminário Interdisciplinar I e assumimos essa dívida com as comunidades quilombolas e acadêmica que participou do projeto. Foi essa angústia que gerou esta série de telejornalismo.<br>Aproveitamos o arcabouço teórico já estudado em outras disciplinas, como o conceito de gênero de Scott (1990), o recorte racial do feminismo feito por bell hooks (1995) e complementamos com as reflexões sobre o quilombo de Nascimento (1982) e retornamos às localidades já com o olhar voltado para as jovens jogadoras de futebol. Para coleta das informações, aplicamos a entrevista em profundidade, definida por Jorge Duarte (2005) como "uma técnica dinâmica e flexível, útil para apreensão de uma realidade tanto para tratar de questões relacionadas ao íntimo do entrevistado, como para descrição de processos complexos nos quais está ou esteve envolvido". <br>As entrevistas foram realizadas em diversos momentos, semiestruturadas, uma vez que eram norteadas por questões-guias como a origem dos times, do campeonato e suas finalidades; relação das jogadoras entre si e os times concorrentes; dificuldades geracionais, e, por fim procuramos saber da recepção da comunidade, ficando visível como o machismo ainda atravessa as dinâmicas locais. Evidente que o roteiro por ser flexível sofreu algumas alterações conforme as respostas das entrevistadas. Tivemos como objetivo compor esta série somente com depoimentos de mulheres, desde a líder da comunidade, passando pelas jogadoras e culminando na realização de entrevista com uma pesquisadora sobre feminismo negros e jornalismo e representação do esporte. Assim, selecionamos as fontes visto a disponibilidade e a importância das mesmas para que o campeonato fosse efetivado. Entrevistamos uma jogadora do Curral Novo Futebol Clube (Curral Novo), duas jogadoras do Alagadiço Futebol Clube (Alagadiço) e quatro jogadoras do Coleguinhas Fashion (Rodeadouro), também foi entrevistada Dona Ovídea líder comunitária do Rodeadouro e a professora Ceres Santos.<br>Na primeira visita ao Alagadiço, já com o objetivo de realizar a série, reencontramos Erlaine que nos apresentou Sara, fundadora do time Alagadiço Futebol Clube, e aproveitamos para entrevistá-las. Então, em outro momento, visitamos o Rodeadouro e lá entrevistamos novamente Dona Ovídea que nos indicou as principais jogadoras da sua comunidade. Na terceira ida às comunidades, filmamos o último jogo do torneio em que os times do Curral Novo e Ilha disputavam a final. Neste dia, entrevistamos a jogadora do Curral Novo. Realizada as entrevistas nas duas comunidades, definimos algumas questões que apareciam na decupagem das entrevistas e percebemos que seria importante refletir sobre o histórico das mulheres negras nos esportes e o que elas enfrentam hoje e para serem abordadas essas questões optamos por entrevistar a pesquisadora Ceres Santos. <br>Os equipamentos utilizados na produção da série foram: uma câmera Canon 70D, disponibilizada pela Universidade do Estado da Bahia, utilizada na primeira visita ao Alagadiço e na gravação dos jogos e uma câmera Canon 5Ti, empregada nas entrevistas com as jogadoras do Rodeadouro e a referida pesquisadora. A troca de uma câmera com maior qualidade na produção de vídeos por uma de menor aptidão foi devido à falta de recursos da Universidade, que só possui oito câmeras para serem utilizadas pelos estudantes do curso. <br></div></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:WordDocument> <w:View>Normal</w:View> <w:Zoom>0</w:Zoom> <w:TrackMoves/> <w:TrackFormatting/> <w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone> <w:PunctuationKerning/> <w:ValidateAgainstSchemas/> <w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:DoNotPromoteQF/> <w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:Compatibility> <w:BreakWrappedTables/> <w:SnapToGridInCell/> <w:WrapTextWithPunct/> <w:UseAsianBreakRules/> <w:DontGrowAutofit/> <w:SplitPgBreakAndParaMark/> <w:EnableOpenTypeKerning/> <w:DontFlipMirrorIndents/> <w:OverrideTableStyleHps/> </w:Compatibility> <w:DoNotOptimizeForBrowser/> <m:mathPr> <m:mathFont m:val="Cambria Math"/> <m:brkBin m:val="before"/> <m:brkBinSub m:val="--"/> <m:smallFrac m:val="off"/> <m:dispDef/> <m:lMargin m:val="0"/> <m:rMargin m:val="0"/> <m:defJc m:val="centerGroup"/> <m:wrapIndent m:val="1440"/> <m:intLim m:val="subSup"/> <m:naryLim m:val="undOvr"/> </m:mathPr></w:WordDocument> </xml><![endif]--> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:36.0pt;line-height: 150%"><span style="font-size:12.0pt;line-height:150%;font-family:"Times New Roman","serif"; color:windowtext">O presente produto de caráter experimental é uma série dividida em três episódios: "Primeiro Tempo", que aborda as origens da Liga Feminina de Futebol Quilombola e motivações dos times; "Segundo Tempo", em que a relação das jogadoras entre si e os times concorrentes e as dificuldades geracionais são expostas; e, por último, "Prorrogação", revelando todas as lutas enfrentadas por nossas personagens para garantir um momento de lazer nas comunidades e sintetizando a recepção da comunidade e o machismo presente. A série tem duração total de 15 minutos. As gravações foram realizadas nas comunidades quilomobolas das entrevistadas, respectivamente, Alagadiço e Rodeadouro, com intuito de estabelecer um ambiente de naturalidade e confiança mútua entre entrevistado e entrevistador. As imagens de futebol que estão nos episódios são do Campeonato Feminino que estava acontecendo na época, entre outubro e novembro de 2016. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:36.0pt;line-height: 150%"><span style="font-size:12.0pt;line-height:150%;font-family:"Times New Roman","serif"; color:windowtext">O primeiro episódio inicia-se com uma oração antes do jogo, revelando a manifestação religiosa evidente na comunidade. A primeira fala é de Dona Ovídea, líder comunitária do Rodeadouro, que enxerga no futebol feminino um espaço empoderador para as mulheres. A figura de Dona Ovídea iniciando o primeiro episódio simboliza uma harmonia entre as gerações de mulheres. Em seguida, o depoimento de Sara, fundadora e jogadora do Alagadiço Futebol Clube, relata a criação dos times e as dificuldades encontradas para iniciar a prática esportiva. As falas de Eliane, Josiane e Elisandra representam o time Coleguinhas Fashion. Nesse sentido, a série segue por entrevistas intercaladas, que segundo Cervo e Bervian (2002), "recorre-se às entrevistas quando há necessidade de obter dados que não podem ser encontrados em registros e fontes documentais e que podem ser fornecidos por pessoas". A autora Verena Alberti (2013) justifica a relevância de um depoimento gravado em que a qualidade das imagens esteja de certa forma prejudicada pelo fato de constituir um documento de valor único e insubstituível, dessa forma, optamos por não retirar alguns depoimentos, apesar dos problemas técnicos, visto que, eles apontavam importantes questões para o presente projeto e futuras pesquisas. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:36.0pt;line-height: 150%"><span style="font-size:12.0pt;line-height:150%;font-family:"Times New Roman","serif"; color:windowtext">O segundo episódio da série reproduz a rede de sororidade que o futebol trouxe para a vida das jogadoras, resgatando uma nova forma de interação entre os jovens da comunidade. O futebol se tornou uma forma de lazer e sociabilidade, além de ampliar a rede de contatos e criar vínculos de afetividade entre as jogadoras. O episódio segue com falas das jogadoras: Sara, Josiane e Ludmilla, acompanhado do depoimento de Dona Ovídea. A atividade esportiva aproxima as comunidades quilombolas uma das outras, mas não deixam de lado a rivalidade dentro de campo, como cita Eliana uma das jogadoras. Dessa maneira, o futebol é uma forma de auxiliar as comunidades na preservação das tradições dos quilombolas, além de abrir espaço para novas práticas culturais.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:36.0pt;line-height: 150%"><span style="font-size:12.0pt;line-height:150%;font-family:"Times New Roman","serif"">O terceiro e último episódio foca no preconceito de raça e gênero no meio esportivo, com depoimentos que destacam a vaidade da mulher que<span style="color:#3366FF">,</span> na maioria das vezes<span style="color:#3366FF">,</span> é estereotipada para tornar-se uma forma de consumo:</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-left:144.0pt;text-align:justify;line-height: 150%"><span style="font-family:"Times New Roman","serif"">A mulher no esporte em geral, é lembrada não por seu desempenho ou conquista, mas pela sua beleza e sexualidade frente ao que a mídia retrata, "o jogo bonito de se ver" não está relacionado ao jogo em si, nem ao aspecto das belas jogadas, mas às pernas das jogadoras, às 'sainhas e bermudas', enfim, associado a imagem veiculada e vendida pela indústria cultural, determinando padrão de beleza feminina, que confunde a estética do jogo com a estética do corpo" (BRUHNS, 2000 apud CHAVES 2007, p.5)</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:36.0pt;line-height: 150%"><span style="font-size:12.0pt;line-height:150%;font-family:"Times New Roman","serif"; color:windowtext">Dessa forma, a mídia continua disseminando preconceitos sexistas, cravando uma visão errônea sobre beleza e a competência profissional das mulheres. O depoimento da pesquisadora Ceres Santos, no último episódio, portanto declara a importância dessas mulheres negras no esporte. Seguindo essa linha, a autora hooks (1995) expõem o preconceito sofrido pelas mulheres negras na nossa sociedade em geral, ressaltando que há uma insistência em considerar o corpo da mulher negra um "símbolo quintessencial de uma presença feminina natural, orgânica, mais próxima da natureza, animalística e primitiva" (p.468). E, na fala das demais jogadoras, foi apontado de forma transparente o preconceito que as jogadoras lésbicas sofrem fora de campo.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:36.0pt;line-height: 150%"><span style="font-size:12.0pt;line-height:150%;font-family:"Times New Roman","serif"; color:windowtext">Na série, percebemos que a junção de relatos diferentes em uma única história demonstram que há muita persistência dessas mulheres por dar visibilidade ao futebol feminino em suas comunidades. O enfrentamento para afirmação do futebol como prática esportiva também feminina destaca outro papel das mulheres no meio rural, elas estão exercendo várias tarefas e reconfigurando, de certa forma, as relações familiares dentro dos times, visto que, historicamente o futebol sempre foi projetado como um espaço de homens. Dessa forma, para as mulheres o esporte torna-se uma luta pelo reconhecimento social e uma busca pela liberdade.</span> </p></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A produção da série "Liga Quilombola de Futebol Feminino" foi uma superação, em níveis técnicos e pessoais para o grupo, desde a dificuldade com o meio de transporte para ir às comunidades até os suportes tecnológicos. Foi o primeiro contato dos alunos com povos tradicionais da região e com os equipamentos utilizados para a produção da série, que contribuíram não só para formação acadêmica, mas também para o crescimento pessoal. A construção do tema com a comunidade projetou novas perspectivas direcionadas ao esporte feminino. Também conclui-se que as práticas esportivas fomentam a integração dos moradores de cada localidade e entre as comunidades participantes do campeonato, despertando também o espírito de liderança entre as jovens, o pertencimento e o estímulo para lutar por seus direitos. Assim, as produções feitas nas comunidades, podem promover uma maior visibilidade das mulheres no âmbito esportivo, mas entendemos também que este trabalho pode mudar e auxiliar a face do telejornalismo esportivo que deve rever suas abordagens, incluindo temas sobre a participação da mulher negra. Essa compreensão parte do princípio que é um dever do campo jornalístico tratar com compromisso e transparência as informações, reprimindo discursos que estimulem a desigualdade étnico-racial e reproduções que discriminem as mulheres.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ALBERTI, Verena. Manual de história oral. FGV, editora, 2013.<br><br>BETTI, M. Violência em campo; dinheiro, mídia e transgressão às regras no futebol espetáculo. Ijui: ed. Unijui, 2ª ed., 2004. <br><br>BRANDÃO, Gorete; COELHO, Marília. 2013. Negras são vítimas de mais de 60% dos assassinatos de mulheres no país. Disponível em: . Acesso em: 21 nov. 2013. <br><br>BRUHNS, Heloisa T. Futebol, carnaval e capoeira: Entre as gingas do corpo brasileiro. Campinas - SP: Papirus, 2000.<br><br>CERVO, Amado; BERVIAN, Pedro A. Metodologia científica. São Paulo:Prentice Hall, 2002. <br><br>CHAVES, Alex, S. O futebol feminino: uma história de luta pelo reconhecimento social. Disponível em: <http://efdeportes.com> Revista digital Bueno Aires, ano 12- nº111, ago 2007. Acesso em 23/04/2017. <br><br>DUARTE, Jorge. Entrevista em profundidade. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antônio (org.). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2005. <br><br>HOOKS, B. Intelectuais negras. Revista Estudos Feministas, Rio de Janeiro, IFCS/UFRJE, PPPCIS/UERJ, v. 3, n. 2, 1995. <br><br>NASCIMENTO, Maria Beatriz. Kilombo e memória comunitária  um estudo de caso. Rio de janeiro, Estudos Afro-Asiáticos 6-7, 1982. <br><br>NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Campinas: Papirus, 2005. <br><br>SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Revista Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 16, n. 2, 1990. <br><br> </td></tr></table></body></html>