INSCRIÇÃO: | 01103 |
CATEGORIA: | CA |
MODALIDADE: | CA08 |
TÍTULO: | Aqui tem Voz |
AUTORES: | Gabriele Alves dos Santos (Universidade Federal de Pernambuco); Daniela Maria Santos Marreira (Universidade Federal de Pernambuco); Adriana Maria Andrade de Santana (Universidade Federal de Pernambuco); Ana Caroline Silva Oliveira (Universidade Federal de Pernambuco); Mateus Luiz Barbosa do Nascimento (Universidade Federal de Pernambuco); Ana Clara da Silva Andrade (Universidade Federal de Pernambuco); Saulo Aleixo Cabral (Universidade Federal de Pernambuco) |
PALAVRAS-CHAVE: | arte urbana, ativismo, Direito à Cidade, Direito à Cultura, vinheta |
RESUMO | |
A arte enquanto ferramenta política na transformação social é o cerne do interprograma experimental de televisão "Aqui Tem Voz", produzido durante a disciplina de Redação para Meios do curso de Rádio, TV e Internet da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O projeto em questão trata da vinheta elaborada para apresentar a proposta do programa: a visibilização de movimentos sociais da Região Metropolitana do Recife que utilizam a arte como alicerce para o debate dos Direitos Humanos, como o Direito à Cultura e à Cidade, através de uma linguagem descontraída e dinâmica para atingir o público jovem. | |
INTRODUÇÃO | |
A Constituição Federal Brasileira, no artigo 125, garante a todos e todas "o pleno exercício dos direitos culturais". Mas como exercer este direito em sua plenitude com a escassez de espaços culturais acessíveis? Só na Região Metropolitana do Recife, no estado de Pernambuco, quase vinte equipamentos culturais públicos — entre teatros, cinemas e mercados — estão fechados. Assim, surgem os movimentos sociais organizados, resultantes da necessidade de protestar para reaver o lazer e a cidade que é sua por direito. E buscando estimular a combinação de ativismo e cultura, transformando a arte em ferramenta política, nasce o "Aqui Tem Voz". O interprograma audiovisual registra ações realizadas em prol dos Direitos Humanos, dando visibilidade à espaços esquecidos e à vozes não ouvidas. O cerne do projeto concentra-se na potencialização de movimentos baseados na arte como um meio de dialogar com a sociedade e a libertar expressivamente, um meio de transformar realidades. Para isso, criou-se uma vinheta descontraída e leve, no objetivo de atingir nosso público-alvo: os jovens. Para isso, o grafite serviu de inspiração, pois esperamos que, assim como os artistas de rua — que ao mesmo tempo em que transformam muros, paredes, ruas e avenidas, transformam a si mesmos (FURTADO; ZANELLA, 2009) —, o nosso público possa através da atividade criadora, transformarem-se em novos sujeitos, capazes de reconfigurar o ambiente em que vivem. | |
OBJETIVO | |
A vinheta, além de anunciar o conteúdo que está por vir, é responsável por definir a identidade de um programa, utilizando-se de imagens e som que, juntos, compõem uma narrativa audiovisual própria. Desenvolveu-se a vinheta do "Aqui Tem Voz" visando atrair a atenção do público jovem, e prepará-lo acerca da proposta do programa, utilizando como estética o grafite e a pichação, por terem se originado como representações gráficas da manifestação de grupos invisibilizados e por serem comumente relacionadas à "voz" de grupos periféricos. Esta estética ainda faz com que a vinheta anuncie que o programa a ser exibido tem um conteúdo acessível e de fácil identificação pessoal, pois como afirma Gitahy (1999), a pichação aparece como uma das formas mais suaves de dar vazão ao descontentamento e a falta de expectativa da população. Então, para além do papel estético da vinheta, que já possibilita a aproximação da audiência daquele conteúdo, o nome do produto também colabora para isto, trazendo a "voz" como a força e identidade daquele que assiste. | |
JUSTIFICATIVA | |
Pensado para fortalecer as construções coletivas de luta pelo direito à cidade e direito à cultura na região metropolitana do Recife, o Aqui Tem Voz, de forma metalinguística, dá voz à grupos e coletivos que, assim como ele, utilizam a arte de maneira política. Partindo do pensamento de Severien (2016, pg. 10) que afirma que "o audiovisual é utilizado como um instrumento importante de produção de visibilidade de grupos e pautas emergentes", o Aqui Tem Voz busca estar neste lugar de produção de sentidos e de pautas que construam uma nova configuração de cidade, discutindo o acesso e a busca por pertencimento de grupos minoritários através das artes. A partir desta reflexão, a vinheta do Aqui Tem Voz procura estampar sonora e graficamente o conceito do programa, aliando vetores animados digitalmente à trilha sonora de forma a construir uma narrativa que introduza o público aos ideais propostos pelo programa. Para além disso, busca despertar o interesse do público para a programação que virá a seguir. Segundo Petrini (2004, pg. 128), uma vez que vinhetas são "peças criativas, há um apelo pelo encantamento, pelo prazer da imagem e do som. O que pretende a criação estética é chamar a atenção para a mensagem. Daí a importância da estética da linguagem, pois desperta e prende a atenção para o efeito de memorização dos aspectos mais essenciais da mensagem", dessa forma, escolhemos a estética do grafite, tendo como trilha sonora o Hip Hop para a construção da narrativa da nossa vinheta. Com a produção do "Aqui Tem Voz", buscamos dar espaço para que coletivos de jovens, assim como nós, tenham a oportunidade de ocupar espaços e transformar sua realidade, sabendo que "no movimento da atividade criadora, os sujeitos atuam sobre a realidade e modificam suas relações com o contexto na mesma medida em que se transformam enquanto sujeitos, apropriando-se de novas formas de se relacionar com o mundo, consigo mesmos e com os outros." (FURTADO; ZANELLA, 2009, pg. 1285) | |
MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS | |
Sabendo que a vinheta é o primeiro contato do público com o produto que virá a seguir e responsável pela primeira associação com o tema, procuramos criar uma vinheta que acompanhasse a proposta do programa e que tivesse uma pegada jovem, com referências à arte urbana e aos movimentos da cultura hip hop, ligados à cultura afro-americana, que na década de setenta, encontrou no grafite e na pichação uma nova forma de lutar para terem suas expressões étnicas aceitas. A partir de então, "o grafite se uniu a outras manifestações seculares de grafismos [...] com a intenção de protestar contra regras e regimes ou de se manifestar socialmente em relação a uma pessoa ou grupo" (HONORATO; MARINHO, 2008/2009, pg. 5), popularizando-se como a expressão gráfica do protesto urbano. Apesar de terem uma raiz comum, grafite e pichação carregam elementos característicos distintos, "o grafite se difere da pichação por ter como objetivo um resultado mais elaborado e preocupado com questões técnicas e compositivas, já a pichação se apresenta como uma ação mais rápida, gestual, desprovida da intenção de elaborações artísticas" (Ibid., 3). Ainda assim, as duas ações são caracterizadas por serem manifestadas no espaço público e por gerarem desconforto e/ou estranhamento. De acordo com Furtado e Zanella (2009, pg. 1294) "o graffiti e a pichação criticam a estrutura da cidade, suas territorialidades, suas regulamentações, seus espaços definidos de expressão, comunicação e diálogo, e constituem linha de fuga e resistência dentro das propostas padronizadas e restritivas da organização urbana". É dentro deste aspecto que identificamos o objetivo do "Aqui Tem Voz": dar espaço à grupos que procuram repensar e recriar a cidade onde vivem através de intervenções artístico-sociais. Objetivo este que buscamos retratar na vinheta de abertura, responsável por introduz para o público as características que mais se destacam no produto, possibilitando um melhor entendimento das ideias ali inseridas. Assim, inspirados pela cultura do hip hop, em especial, um de seus pilares, o grafite, criamos a identidade visual do "Aqui tem Voz", para isso, utilizamos o banco de imagens "Freepik" ー onde buscamos os vetores de boca e do megafone ー e o programa Adobe Illustrator, que utilizamos para montar o logotipo que pode ser visto no anexo 1. A tipografia utilizada para o nome do programa traz elementos do grafite e foi projetada de forma a simular, de fato, esta arte urbana. Por fim, há a predominância da cor vermelha que, segundo Silva (2006), é "associada à inovação, mas uma inovação que beira a rebeldia, que afasta tudo o que é tradicional e conservador". Com a identidade visual definida e o conceito do programa bem estruturado, utilizamos uma câmera canon T5i para captar as imagens que serviriam de background e o programa After Effects para animar a identidade visual e, assim, construir a vinheta. Já no After Effects, utilizamos de fundo a parede grafitada de uma das imagens previamente captadas em preto e branco e, sobre a imagem, aplicamos o estêncil com tinta spray vermelha. Para simular o spray foram utilizados brushs e paint splatters, animados com o efeito stroke, função que permite controlar o movimento de um vetor, dando a impressão que toda a pintura estava sendo feita na hora. Logo que o estêncil é aplicado há uma transição do fundo preto e branco para o fundo colorido, onde, em um movimento de zoom out, aparece o logo original do "Aqui Tem Voz". As etapas, do estêncil ao produto final, podem ser vistos no anexo 2. Durante toda a vinheta é utilizado o efeito de "câmera na mão", para passar a sensação que a parede está sendo grafitada enquanto uma outra pessoa filma toda a ação. A proposta é mostrar o que acontece na realidade, onde as pessoas grafitam para deixar a sua marca ou para representar algo, "o graffiti e a pichação urbana manifestações emergentes de grupos e pessoas que, ao intervir na cidade, produzem uma cidade outra. [...] os grafiteiros e pichadores irrompem a ordem do discurso urbano, criando e recriando a cidade". (FURTADO; ZANELLA, 2009, pg. 1281 - 1282) | |
DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO | |
Com oito segundos de duração, a vinheta de abertura, complemento da identidade visual do Aqui Tem Voz, foi pensada de forma que estivesse afim à ideologia do programa, para compor harmoniosamente o produto audiovisual. De caráter experimental, o interprograma foi construído na disciplina de Redação para Meios, oferecida para o terceiro período do curso de Rádio, TV e Internet. O Aqui Tem Voz foi desenvolvido sob o tema arte e ativismo e foi pensado como produto coringa, tanto audiovisual para mídias digitais quanto radiofônico, salvo suas adaptações para cada meio. Decidiu-se então, para o programa piloto, registrar as ações do Movimento Ocupe Cine Olinda, pela relevância do tema naquele momento, tanto pelas ações que estavam movimentando o único cinema da cidade de Olinda que permanecia fechado há mais de 30 anos; quanto pela iminência de encerramento da Ocupação pelo poder público. O nome do produto foi desenvolvido a partir da música homônima de MV Bill, partindo do desejo do grupo de retratar a autenticidade da voz de quem não tem espaço por não ser ouvido. Assim como é cantado por MV Bill na sua canção sobre ser negro, pobre, periférico, e por isso, silenciado: "Levite, revide, só existe quem resiste". A busca pela reafirmação dessas vozes foi a principal inspiração para a criação da identidade visual do programa que consiste no nome, "Aqui Tem Voz", numa tipografia que faz referência à utilizada nos grafites de rua, aliado à imagem duplicada de uma boca gritando em um megafone ー instrumento muito utilizado em protestos e manifestações ー, simbolizando o direito à fala que vai ser dado no programa aos grupos e causas normalmente invisibilizadas. Com o nome, proposta e identidade visual do programa em mente, a vinheta foi pensada para atingir um público jovem, que possa se interessar pelos movimentos em prol do direito à Cidade e à Cultura envolvidos com as movimentações da cultura urbana e da arte de rua. Tivemos como referências estéticas a vinheta de abertura do programa "Manos e Minas", da TV Cultura, que traz elementos característicos da pichação ー anexo 3 ー e da série "The Get Down", disponibilizada na plataforma de streaming Netflix e que se utiliza do grafite para apresentar seus episódios ー anexo 4. Assim, com foco no grafite e na pichação, descritos por Furtado e Zanella (2009) como "manifestações emergentes de grupos e pessoas que, ao intervir na cidade, produzem uma cidade outra", a vinheta, completamente feita em animação, tem o objetivo de mostrar como os coletivos e grupos que atuam pelo Direito à Cultura e à Cidade, assim como os grafiteiros e pichadores, conseguem recriar a cidade em que vivem através de suas movimentações. A vinheta começa com uma parede preta e branca, em seguida surge um estêncil ー folha que serve de molde para aplicação de um desenho ー e nele vemos o nome do programa, "Aqui Tem Voz", logo o estêncil é aplicado na parede com tinta spray vermelha e, no instante seguinte, toda a imagem fica colorida e, num movimento de zoom out, podemos ver o logotipo do "Aqui Tem Voz". A animação foi desenvolvida no programa de criação de gráficos com movimento e efeitos visuais, Adobe After Effects, e aplicada sobre uma imagem de um grafite das ruas do centro de Recife, gravada por uma câmera digital DSLR Canon EOS Rebel T5i, usada como base para referência de cores e fonte a ser utilizada na logo e na vinheta do programa. O processo de concepção e produção da vinheta foi, relativamente, simples, visto que a maior parte do grupo está inserido no contexto de movimentações sociais pelo direito à Cidade e a Cultura ou vem de bairros periféricos, onde estão em contato direto com os artistas urbanos. Tal pluralidade foi possibilitada através da parceria com estudantes do primeiro ao quinto período do curso de Rádio, TV e Internet que se dispuseram a colaborar na produção, transformando o projeto para disciplina numa produção coletiva do curso. | |
CONSIDERAÇÕES | |
Partindo do tema proposto em sala de aula, construímos o Aqui Tem Voz para tratar de Direitos Humanos, arte e política de forma mais atrativa e descontraída, visando atrair o público jovem, e a produção da vinheta de abertura, tem papel essencial na "primeira impressão" que o público terá sobre o programa. O Aqui Tem Voz possibilitou que nós uníssemos a teoria à prática, resultando num programa com uma boa qualidade, não apenas estética, mas de conteúdo. Esperamos que o "Aqui Tem Voz" enriqueça o debate acerca dos coletivos que estão discutindo e repensando a cidade. Enquanto Radialistas, a produção, não apenas do programa, mas também da sua identidade visual (logotipo, vinheta de abertura, tarjas e etc) foi bastante enriquecedora, nos fazendo idealizar o programa para além do seu conteúdo, e nos ensinando a pensar a vinheta como uma narrativa própria, afim ao programa. | |
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS | |
FURTADO, Janaina Rocha; ZANELLA, Andréa Vieira. Graffiti e cidade: sentidos da intervenção urbana e o processo de constituição dos sujeitos. Rev. Mal-Estar Subj., Fortaleza , v. 9, n. 4, p. 1279-1302, dez. 2009 . Disponível em BENTES, Ivana. Mídia-Multidão: estéticas da comunicação e biopolíticas. Rio de Janeiro: Mauad X, 2015. SEVERIEN, Pedro Loureiro. O corpo-câmera no Recife contemporâneo: atravessamentos sensíveis numa paisagem biopolítica. 2016. 16 f. Artigo (Mestrado em Comunicação) - Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2016. (Manuscrito) GUIMARÃES, Denise Azevedo Duarte. Poesia visual e movimento: da página impressa aos multimeios. Tese de Doutorado. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2004. Disponível em: AZNAR, Sidney. Carlos. Vinheta: do pergaminho ao vídeo. São Paulo: Arte e Ciência; Marília: Unimar, 1997. SCHIAVONI, Jaqueline Esther. Vinheta Televisiva: usos e funções. In: Significação: revista de cultura e audiovisual. São Paulo. ECA/USP. 2011. Disponível em: BOARETTO, M. P. A influência da videoarte sobre a identidade visual das vinhetas da MTV Brasil. Londrina: Projética. n.2 v.4. p. 39-66. Jul/Dez 2013. 䐀椀猀瀀漀渀瘀攀氀 攀洀㨀 ऀ㰀栀琀琀瀀㨀⼀⼀眀眀眀⸀甀攀氀⸀戀爀⼀爀攀瘀椀猀琀愀猀⼀甀攀氀⼀椀渀搀攀砀⸀瀀栀瀀⼀瀀爀漀樀攀琀椀挀愀⼀愀爀琀椀挀氀攀⼀瘀椀攀眀⼀㔀㜀㤀㸀 Acesso em 23 abr. 2017 PETRINI, Paulo. Um estudo crítico sobre o significado das vinhetas da Rede Globo. Acta Scientiarum. Maringá, v. 27, n. 1, p. 123 - 133, 2004.䐀椀猀瀀漀渀瘀攀氀 攀洀㨀 ऀ㰀栀琀琀瀀㨀⼀⼀瀀攀爀椀漀搀椀挀漀猀⸀甀攀洀⸀戀爀⼀漀樀猀⼀椀渀搀攀砀⸀瀀栀瀀⼀䄀挀琀愀匀挀椀䠀甀洀愀渀匀漀挀匀挀椀⼀愀爀琀椀挀氀攀⼀瘀椀攀眀⼀㔀㘀㠀㸀 Acesso em: 23 abr. 2017 GITAHY, Celso. O que é Grafiti. São Paulo: Brasiliense, 1999.㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䴀䄀匀匀伀一Ⰰ 䨀⸀ 刀⸀ 倀椀挀栀愀搀漀爀攀猀 搀攀 爀甀愀Ⰰ 琀攀爀爀椀琀漀爀椀愀氀椀搀愀搀攀猀 甀爀戀愀渀愀猀 攀洀 挀漀渀昀氀椀琀漀㨀 琀攀爀爀椀琀爀椀漀猀 ⠀椀渀⤀瘀椀猀瘀攀椀猀 搀攀 䜀漀椀渀椀愀⸀ 倀爀漀最爀愀洀愀 搀攀 倀猀ⴀ䜀爀愀搀甀愀漀 攀洀 䜀攀漀最爀愀昀椀愀 搀愀 唀䘀䜀Ⰰ 䜀漀椀渀椀愀Ⰰ 䜀漀椀猀Ⰰ ㈀ 㔀⸀ 㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䠀伀一伀刀䄀吀伀Ⰰ 䜀攀爀愀氀搀漀㬀 䴀䄀刀䤀一䠀伀Ⰰ 䘀氀瘀椀漀⸀ 䜀爀愀昀椀琀攀㨀 䐀愀 洀愀爀最椀渀愀氀椀搀愀搀攀 猀 最愀氀攀爀椀愀猀 搀攀 愀爀琀攀⸀ 倀爀漀最爀愀洀愀 搀攀 䐀攀猀攀渀瘀漀氀瘀椀洀攀渀琀漀 䔀搀甀挀愀挀椀漀渀愀氀 ጀ†㈀ 㠀⼀㈀ 㤀⸀ 䐀椀猀瀀漀渀瘀攀氀 攀洀㨀 |