ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01167</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO10</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Se Enxerga: Nudes</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;João Marcos Maia de Santana da França (Faculdade Anísio Teixeira); Daniela Costa Ribeiro (Faculdade Anísio Teixeira); Mayara Souza Suzart (Faculdade Anísio Teixeira); Milena Brandão Barros (Faculdade Anísio Teixeira)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Nudes, Ciberespaço, Privacidade, Reportagem, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O produto que se refere este projeto é a vídeo-reportagem Nudes, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=CgKBH8_Q1Kc. O material jornalístico em questão trata sobre o envio e compartilhamento de fotos íntimas do corpo, sem autorização, no ciberespaço e foi produzido por alunos do semestre 2016.1 da Faculdade Anísio Teixeira em atendimento à disciplina de Comunicação e Novas Tecnologias. Este projeto relaciona o tema nudes com as novas tecnologias, a exemplo dos aplicativos de relacionamento que têm se popularizado a medida que também é crescente o número de pessoas que têm acesso à internet no Brasil.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A partir da década de 80, quando a internet se popularizou, e mais tarde com o surgimento de aplicativos de relacionamento, o compartilhamento de fotos íntimas do corpo, ou simplesmente nudes, se tornou uma prática comum principalmente entre os jovens. Tal comportamento chamou a atenção para colocar o assunto em debate, colhendo opiniões, relatos e a análise científica de especialistas de diferentes áreas do conhecimento como é o caso da sociologia, psicologia e comunicação, apresentando diversos aspectos que permeiam o envio de nudes, desde a motivação até as consequências morais e judiciais que podem ser provocadas devido a divulgação/compartilhamento desse tipo de conteúdo. A produção também é norteada a partir da intenção de responder questionamentos como: Qual a diferença entre o real e o virtual? Quais os perigos de você na rede? Por que o pudor corporal masculino e feminino são tratados de forma desigual? Para provocar reflexão e conscientizar os usuários da rede em relação ao envio de nudes. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A vídeo-reportagem Nudes tem o propósito de promover debate sobre o envio e compartilhamento de imagens íntimas do corpo no ciberespaço e informar sobre as consequências legais e morais que podem ser ocasionadas. Para oportunizar reflexão sobre o assunto através da exibição de exemplo, e opinião de especialistas em ciências que possuem relação com o tema. A vídeo-reportagem em questão, visa também observar como as novas tecnologias têm interferido na construção de relações inter e intrapessoais.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Ao pesquisar o termo  nudes no Youtube, por exemplo, é possível perceber a escassez de conteúdo, em formato de vídeo, que trate o assunto com seriedade. Por isso, a importância de abordar a temática sob um olhar crítico, direcionado à análise do ambiente cibernético e do comportamento dos usuários, com a interferência de especialistas nas áreas de ciências sociais, psicologia e sistemas para internet. A representação dos nudes, portanto, revela como a sociedade está lidando com a chegada de novas tecnologias, que permitem a fácil troca de informações entre usuários. Os riscos são cada vez mais notáveis devido as notícias de casos de vazamentos de nudes envolvendo, principalmente, mulheres como vítimas. O problema é que as imagens enviadas, mesmo que apagadas nos aparelhos, se eternizam no ciberespaço, só podendo ser retiradas por meio de ação judicial. Ainda que utilizada por 58% da população brasileira, como aponta a pesquisa "Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) Domicílios - 2015", a internet ainda é um espaço que possui uma dinâmica própria de funcionamento que é pouco conhecida pelos usuários. O rastro de informações que os internautas deixam todos os dias no ciberespaço, a imensa gama de dados produzidos e compartilhados que muito diz sobre quem acessa a rede, pode simbolizar uma ameaça contra o próprio usuário, assim como a eternização dessas imagens no ambiente virtual pode trazer uma série de perigos, tanto àqueles que enviam, como aos que recebem e, posteriormente, compartilham. O ato de divulgar fotos íntimas sem autorização constitui crime e os danos sociais e psicológicos causados aos que têm as suas imagens divulgadas são imensuráveis.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Nudes foi o tema escolhido por meio de reuniões de pauta em sala de aula, nas quais foram expostas diversas sugestões de assuntos que pudesse ser associados às novas tecnologias, com relevância na sociedade atual e que estivessem imersos na realidade de pessoas com faixa etária entre 14 e 24 anos, nosso público alvo. A recorrência do tema no nosso dia-a-dia, a falta de informação com o viés jornalístico na internet, o interesse de entender mais sobre o mesmo foram os critérios que motivaram a seleção. Inicialmente, para captar vítimas de vazamento de nudes, e compor a reportagem em questão, publicamos na página do Facebook do Se Enxerga (projeto criado pelos autores deste trabalho para, através de plataformas digitais como blog, Youtube e Facebook, abordar temas voltado aos jovens, por meio de material jornalístico) um texto informativo sobre o envio de nudes, inserindo os usuários da rede no debate e encorajando aqueles que se identificassem com o tema a relatar suas experiências pessoais no material a ser produzido, sem a obrigatoriedade de exposição da imagem. Esta estratégia possibilitou o contato de Mirela, uma das personagens da matéria, com a equipe. Utilizamos a vídeo-reportagem por acreditar que por estarmos inserido numa sociedade imagética, o impacto, difusão e absorção das informações seriam muito maiores através de uma matéria vídeo jornalística divulgada nas redes sociais. O produto foi roteirizado pelos autores, sob orientação da profa. mestra Daniela Ribeiro, durante as aulas de Comunicação e Novas Tecnologias, no semestre 2016.1. Após cumprida essa etapa, realizamos as marcações para gravação utilizando os recursos técnicos do NAV - Núcleo Audiovisual da Faculdade Anísio Teixeira. O produto foi gravado em estúdio e também utilizamos gravações externas. Durante as entrevistas nas gravações externas, a pergunta feita foi:  você já mandou nudes? . Tratando-se de um assunto delicado, não são todas as pessoas que falam disso abertamente. Assim, a pergunta foi feita com a intenção de capturar, principalmente, as reações dos entrevistados, que expressavam de indiferença à vergonha. Após a captação de imagens e sonoras, gravamos o off da reportagem e foi realizada a edição do produto no laboratório da faculdade. O material foi publicado nas redes sociais: Facebook e no Youtube, na fanpage e canal do Se Enxerga, respectivamente.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A vídeo-reportagem Nudes, que tem duração de 6 minutos e 20 segundos, começa exibindo corpos semi-nus, enrolados em fios, com palavras escritas de batom em várias partes do corpo que são apagadas pelas mãos dos próprios personagens em cena como ato de revolta. Ego, íntimo, confiança, pudor e vergonha, são alguns dos termos usados na abertura do vídeo com a intenção de aguçar a curiosidade do receptor. As imagens em preto e branco foram intencionalmente utilizadas para transmitir a ideia de mistério e suspense. A disposição destes elementos tem por objetivo fazer uma contextualização semiótica sobre a relação existente entre o tecnológico, por meio dos fios e do celular; o humano, através da exposição dos corpos; e o social, por meio das através das palavras escritas nos corpos. Gravamos também pessoas de diferentes idades ao serem perguntadas se já haviam mandado nudes. O objetivo da pergunta é revelar a percepção de diferentes públicos em relação ao tema. Assim, o questionamento não visa apenas saber se o indivíduo tem conhecimento sobre o assunto e se já enviou imagens íntimas do corpo para alguém, mas, principalmente, a reação do sujeito entrevistado em relação ao envio de nudes. Na vídeo-reportagem o cientista social, Ricardo Aragão, relaciona o compartilhamento não consentido de imagens íntimas do corpo de outrem, com o machismo presente nas sociedades patriarcais, como é o caso da sociedade brasileira. A Psicóloga Emanuele Cajaíba destaca o fato do ciberespaço possibilitar a revelação de múltiplas identidades do indivíduo, facilitando, no ambiente virtual, a realização de vontades reprimidas no mundo físico. O supervisor de tecnologia web, Vinicius Duarte, em sua fala alerta para o fato destas imagens não deixarem de existir, ainda que apagadas dos aparelhos celulares. Sendo assim quem envia uma imagem via internet não tem controle sobre a dimensão de alcance que a imagem pode atingir. Em consonância com a fala dos especialistas mostrado na vídeo reportagem, está a história da personagem Mirela Duarte, de 21 anos, vítima do vazamento de nudes aos 16. O relato desta experiência de Mirela comprova a importância de se promover conhecimento acerca do assunto para a formação de internautas conscientes da responsabilidades inerentes ao uso da internet e da produção de conteúdo no ciberespaço. Pelo fato do vazamento das fotos de Mirela ter causado a ela alguns constrangimentos, a personagem não quis gravar entrevista, mas nos enviou um texto que foi inserido na produção:  Existem pessoas de todas as maneiras, de todas as ideologias. As que se apaixonam fácil, as mais retraídas, as que são curiosas e que muitas vezes se permitem fazer coisas novas. Assim, quando conhecemos pessoas que nos atraem, fazemos coisas que nem costumamos fazer. Bem, o que aconteceu comigo foi o seguinte. Conheci um rapaz, e depois de muitas conversas legais, o papo foi fluindo até que um dia começou uma brincadeira meio íntima. Acho que na hora que essas coisas acontecem, nem pensamos tanto nas consequências. Dá aquele frio na barriga mas acho que por você ter um conhecimento sobre a pessoa, as coisas vão fluindo. E foi o que aconteceu. Comecei a enviar fotos minhas íntimas depois de ter ouvido do próprio, que as fotos não vazariam. É, não foi bem isso que aconteceu. No início, eu não sabia que minhas fotos tinham sido enviadas, e por ironia as próprias foram enviadas pra mim com a seguinte legenda  Mais uma puta na cidade . A sensação é horrível por você saber que os nomes mais chulos são soletrado, apesar de muitos não te reconhecerem. O que me prejudicou? Confiar em outras pessoas. Como superei? Depois de sentir muita vergonha, depois de ter ouvido do rapaz que foi um "acidente" as fotos estarem na rede, depois de muitos dias olhando pra si e sentindo vontade de se esconder, eu meio que fui aproveitando pra me descobrir. Pra perceber que aqueles registros íntimos foi um deslize. O que eu aprendi? Independentemente de quem for, as pessoas sofrem mutações com suas personalidades e você precisa tomar muito cuidado. O que eu dou de conselho? Quando alguém te pedir um nude... por mais que seja brincadeira, por mais que você confie, pense mais um pouco. O crime não é enviar, crime é vazar a imagem e denegrir seu eu. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Este trabalho propõe a discussão à respeito do envio e compartilhamento de imagens íntimas, popularmente conhecidas como nudes. Não sendo missão deste material classificar o envio dessas imagens como bom ou ruim, certo ou inadequado, mas sim abordar um assunto de notória relevância por interferir em diversos aspectos da vida em sociedade, como o político, familiar e cível, para o exercício, ou não, consciente da prática. Em consonância com a ideia de Pierre Levy, de que o virtual não se opõe ao real, a importância da reportagem Nudes, fica ainda mais clara quando nos deparamos com casos de suicídio motivados pela divulgação não autorizada dessas imagens na internet e as ações judiciais movidas no Brasil em relação ao assunto. Por isso, concluímos que o conhecimento sobre a dinâmica de funcionamento do ambiente virtual é um passo primordial para a formação de internautas responsáveis e conscientes do seu papel de produtores/reprodutores/consumidores de informação e dos impactos que ações no ciberespaço também desencadeiam fora do ambiente virtual. A vídeo reportagem, conduz o receptor à reflexão mas revela que características sociais do mundo físico também estão presentes no ciberespaço. O machismo da nossa sociedade, por exemplo, se revela em ações, como o compartilhamento de nudes, e em discursos na internet. A problemática que permeia esta discussão é que a sensação de anonimato e distanciamento de quem está do outro lado da tela do celular ou computador, causa a falsa sensação de que o virtual é uma outra realidade, uma realidade fantasiosa. No entanto, a realidade virtual está em consonância com o mundo físico e não em antagonismo. Por exemplo, os ditos criminosos virtuais, assim são chamados porque feriram, no ciberespaço, preceitos constituídos no mundo físico, e suas consequências se revelam também fora do ambiente cibernético.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BOCCHINI, Bruno. Pesquisa mostra que 58% da população brasileira usam a internet. Disponível em: < http://agenciabrasil.ebc.com.br/pesquisa-e-inovacao/noticia/2016-09/pesquisa-mostra-que-58-da-populacao-brasileira-usam-internet>. Acesso em 23 de abril de 2017.<br><br>LEMOS, André. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto Alegre. Editora Sulina, 2002.<br><br>LÉVY, Pierre. Cibercultura. (Trad. Carlos Irineu da Costa). São Paulo: Editora 34, 2009.<br><br>NASCIMENTO, David. O corpo político: sexualidades e regularidades acerca do prazer, dever, castigo e liberdade. Disponível em: <http://www.iptan.edu.br/publicacoes/saberes_interdisciplinares/pdf/revista12/O_CORPO_POLITICO.pdf> Acesso em: 24 de abril de 2017.<br><br>PILOTO, Alessandra; BORGES, Clara. Relações Líquidas: A Pornografia de Revanche no Ciberespaço. Disponível em: <http://ojs.up.com.br/index.php/raizesjuridicas/article/viewFile/206/pdf_1>. Acesso em: 23 de abril de 2017.<br><br> </td></tr></table></body></html>