ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01206</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO15</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Negação à vida: extermínio da juventude negra</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;André Oliveira da Silva Bisneto (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte); Alkena Kdyna Galdino Silva (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte); Francisca Meiriane da Silva (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte); Francisco Giovanni Fernandes Rodrigues (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Violência Racial, Genocídio, Racismo, juventude, Segurança Pública</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Propondo-se a denunciar o caráter racista no extermínio da população negra, o radiodocumentário "Negação à vida: extermínio da juventude negra" contextualiza a alta taxa de homicídio entre a população negra. Através da análise de dados oficiais e estudos elaborados pelo o governo federal brasileiro, revela-se uma óbvia relação entre as heranças do período escravocrata, que marginalizou e manteve os negros em guetos, e a passividade social diante a morte de negros.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A experiência do negro com o Brasil é marcada por violências. Raptado, chega a esse país desassociado de sua família e cultura. Em terras brasileiras é escravizado e, por conseguinte, desumanizado. O período escravocrata brasileiro vai durar, oficialmente, quase 400 anos. Entretanto, seus reflexos perduraram até os dias atuais. Apesar da abolição da escravatura, o negro permaneceu desumanizado e indesejado socialmente. Embora recém liberto, ele retorna às plantações de café e cana-de-açúcar, por vezes, trabalhando na mesma fazenda em que era escravizado. Essa ausência de perspectiva, seja ela social ou trabalhista, passa a marcar a vida do negro no Brasil. Mantido longe dos centros urbanos, os negros ocupavam os subúrbios e periferias. Contudo, o país permaneceu descontente com a existência de sua população negra. Originada com o estupro de mulheres negras escravizadas, a mestiçagem tornou-se política nacional. Sob o pretexto do progresso através da mão de obra especializada, o país incentivou a migração dos brancos europeus. Entretanto, a população negra permanece como maioria em território nacional. Do período escravocrata, o brasileiro herda: as estruturas de poder sócio-econômicas, as divisões sócio-geográficas, a violência racial, dentre outras. Isto é, a insatisfação com a existência de negros em sua população. Insatisfação essa que possibilita a negação à identidade nacional, furtando-lhe qualquer sentimento de pertencimento. O que, por sua vez, revela uma das principais heranças perpetuadas no país: o desejo de livrar-se da população negra.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Por essência, o presente trabalho busca denunciar o caráter racista na negação à vida aos jovens negros. O extermínio da juventude negra é uma consequência do racismo no país. Racismo que mata e que impede a comoção social. Uma vez compreendida a herança histórica das instituições e da sociedade, torna-se-á possível desenvolver um enfrentamento real a essas mortes. Portanto, este trabalho propõe lançar luz sobre a discussão da segurança pública no Brasil. Por consequência, contextualizar os níveis alarmantes de jovens negros assassinados.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">No Brasil, em média, a cada 23 minutos um jovem negro é morto. Ao final do dia, 82 jovens terão morrido. Os dados presente no relatório final da CPI do Senado sobre a violência contra jovens são alarmantes. "Nós estamos falando num patamar que é quase extermínio em massa [...] é como se caísse um avião cheio de jovens de 14 a 24 anos a cada dois dias". (ROQUE, 2016). Compreender o contexto dessas mortes se revela fundamental para combater esse extermínio. Todavia, mostra-se igualmente fundamental identificar as razões da passividade social frente à morte desses jovens. Para tanto, é indispensável compreender a amplitude do racismo nas relações brasileiras, uma vez que 77% dos jovens assassinados são negros. Sendo esses números tão reveladores, comparáveis aos números de mortos em guerras civis, lançar luz sobre o genocídio negro possibilita reações sociais em seu enfrentamento. Contudo, para um real enfrentamento será necessário desfazer do mito da democracia racial no imaginário popular brasileiro. Uma vez que difundida desonestamente, a percepção que o país é fruto da "mistura" de etnias, torna a denúncia do racismo ilegítima e inútil. É com a corroboração dessa percepção errônea que se difunde que no Brasil não há preconceito de cor, talvez de classe, mas jamais de cor. Entretanto, desonestamente, evita-se compreender que a questão de classe no país é fruto direto da escravidão, o que torna óbvio o porquê da maioria da população negra ser pobre. A insatisfação brasileira com a existência do negro o pôs na periferia, buscando escondê-lo. Esse mesmo descontentamento marginaliza e extermina, no sentido amplo do termo, o negro. Sob a alcunha de um país democraticamente racial, ao negro brasileiro é vetado a auto afirmação, o acesso à formação cultura e, consequentemente à identidade; constantemente reafirmando-o que não é negro, e sim brasileiro, fruto de "misturas étnicas". Efetivado o apagamento e a difusão da vivência harmônica, torna-se possível a perpetuação da marginalização que atribui à violência urbana as mortes da população negra. Apesar de 54% da população brasileira ser negra, apenas 12,8% possuem acesso ao ensino superior, o que corresponde a menos da metade dos brancos na universidade, estes são 26,5%. Ingressar ao ensino superior revela-se raro ao negro, em contrapartida, dos mais de 622 mil presos no país, 61,1% são negros. Não o bastante, os trabalhadores negros ganham, em média, apenas 59,4% do que correspondente ao rendimento dos brancos. A frieza dos números auxilia a revelar a segregação existente entre negros e brancos no Brasil. Frente ao desprezo, injustiça e violências seculares, o jovem negro é exterminado sistematicamente. Portanto, o combate ao extermínio do negro e à apatia social mostram-se urgentes. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para a realização do presente trabalho, buscamos primeiramente o significado da palavra racismo no dicionário e depois pesquisamos em livros e artigos autores que abordassem o tema do extermínio da juventude negra. Utilizamos os mapas da violência mais atuais para ter uma ideia do perfil das mortes no país, bem como o mapa do encarceramento 2015 para saber qual o perfil dos presos no Brasil. Também pesquisamos autores como Sant'Anna que fala da invisibilidade de alguns atores sociais na mídia, pois de acordo com o autor: Os veículos e os profissionais de imprensa se valem de práticas e de rotinas que podem ser consideradas uma forma de censura. Eles têm o poder de condenar à invisibilidade as ações e palavras dos atores sociais que por eles forem considerados insignificantes e de glorificar aquelas que julgarem relevantes. A mídia é um produtor histórico de difusão mercantil dos produtos simbólicos cujos processos de produção e consumo estão marcados pela divisão estrutural da sociedade. Em um sistema midiático oligopolizado, a tendência é o afunilamento ainda maior da agenda difundida à opinião pública, menos espaço para as contradições e exclusão mais acentuada de temas e acontecimentos da vida cotidiana (SANT'ANNA, 2009, p. 212). Dessa forma, como no caso do Brasil os meios de comunicação estão nas mãos da elite, a mídia acaba veiculando o que está de acordo com a ideologia dominante. Assim, por exemplo, quando um jovem negro de baixa renda pratica um crime, torna-se notícia, mas, geralmente a mídia não fala sobre o preconceito contra as pessoas negras que ainda persiste e nem do tema do extermínio da juventude negra. Diante desse contexto, fizemos também entrevistas com uma assistente social para falar dos direitos, do extermínio da juventude negra e sobre as causas desse cenário preocupante. Assim como também entrevistamos uma militante de um coletivo negro que trabalha com a conscientização da juventude negra com relação aos seus direitos e sobre o preconceito sofrido pelos negros. As gravações foram realizadas em uma rádio e pelo celular, editando tudo posteriormente na rádio. Pesquisamos também no Portal Brasil do governo federal para saber sobre o acesso da juventude negra ao ensino superior.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Depois de decidirmos o tema do radiodocumentário e delimitarmos o objeto de estudo, pesquisamos o significado da palavra racismo no dicionário Michaelis, para que as pessoas pudessem entender o sentido do termo. Em seguida, para esclarecer o significado do termo, trouxemos as ideias de Djamila Ribeiro, filósofa e mestre em filosofia política com foco nas relações raciais e de gênero, que explica de forma mais aprofundado o significado de racismo. Posteriormente, analisamos os mapas mais recentes da violência para comprovar o extermínio da juventude negra no país. Depois colocamos a entrevista da assistente social e em seguida da militante de um coletivo negro e posteriormente falamos do plano Juventude Viva. Nessas duas entrevistas foram abordados diversos temas relevantes que ocasionam o extermínio da juventude negra, mas também falam de ações que estão sendo desenvolvidas para conscientizar as pessoas na tentativa de mudar esse cenário de violência contra a juventude negra. Trouxemos também a opinião do diretor da Anistia Internacional no Brasil, Átila Roque, que é baseada no mapa da violência dos últimos dez anos. Depois colocamos uma citação do mapa da violência 2015, que afirma "a violência é tolerável em determinadas condições, de acordo com quem a pratica, contra quem, de que forma e em que lugar" (WAISELFISZ, 2015, p. 9). Este trecho resume os dados apresentados pelo mapa da violência. E finalmente pesquisamos no Portal Brasil sobre o acesso da juventude negra quanto ao ensino superior. Em suma, todos os dados coletados e opiniões dos especialistas comprovam a exclusão social e o extermínio sofridos pela juventude negra. Como trilha sonora, escolhemos a música 'Cê lá faz ideia', do rapper Emicida, que fala sobre o preconceito contra as pessoas negras. Utilizamos também barulho de tiros, de carros, latidos de cachorro, o canto do galo e o barulho do despertador para trazer um tom mais real ao radiodocumentário.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">O 13 de maio de 1888, com a assinatura da lei áurea pela princesa Isabel do Brasil, não libertou o negro. A abolição da escravidão libertou a consciência do branco, livrando-o das responsabilidades e consequências de seus atos. O negro permaneceu escravizado, obrigado a viver em condições degradantes, mas sob a nomenclatura de trabalhador, com a exploração da sua força de trabalho estendendo-se além assinatura. Expulso dos centros, confinado nas periferias, a marginalização desses espaços não demorou-se. Marginalizados, independente do que acontece a esses indivíduos, não era interesse da nação. Desse modo, essa prática de abuso e violações perpetuou-se aos dias atuais, sem jamais merecer apelo do país. Sendo a insatisfação secular, o genocídio é prática previsível frente ao racismo que estrutura o Brasil. Combater o extermínio e as violências decorrente desse racismo é obrigação com os ancestrais daqueles que sequer desejaram vir a este continente.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BRASIL. Mapa do encarceramento: os jovens do Brasil. Secretaria-Geral da Presidência da República e Secretaria Nacional de Juventude. Brasília: Presidência da República, 2015. Disponível em:<<http://juventude.gov.br/articles/participatorio/0010/1092/Mapa_do_Encarceramento_-_Os_jovens_do_brasil.pdf>>. Acesso em: 21 dez. 2016.<br><br>BRASIL. Senado Federal. CPI assassinatos de jovens. Brasília, 8 de jun. 2016. Disponível em: <http://www12.senado.leg.br/noticias/arquivos/2016/06/08/veja-a-integra-do-relatorio-da-cpi-do-assassinato-de-jovens> Acesso em: 23 abr. 2017.<br><br>Diferença cai em 2015, mas negro ganha cerca de 59% do salário do branco. Uol Economia. 28 jan./2016. Disponível em: <<https://economia.uol.com.br/empregos-e-carreiras/noticias/redacao/2016/01/28/diferenca-cai-em-2015-mas-negro-ganha-cerca-de-59-do-salario-do-branco.htm>> Acesso em: 23 abr./2017.<br><br>EMICIDA, Cê lá faz idéia. Emicídio. São Paulo, Laboratório Fantasma, 2010.<br><br>FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas / Frantz Fanon ; tradução de Renato da Silveira . - Salvador : EDUFBA, 2008.<br><br>Mais de 60% dos presos no Brasil são negros. Carta Capital. 26 abr./2016. Disponivel em: <<https://www.cartacapital.com.br/sociedade/mais-de-60-dos-presos-no-brasil-sao-negros>> Acesso em: 23 abr./2017. <br><br>MC S, Racionais. Sou mais você, Nada Como Um Dia Após O Outro Dia. São Paulo, Boogie Naipe, 2002.<br><br>MC S, Racionais. Salve, Sobrevivendo no Inferno, São Paulo, Boogie Naipe, 1997.<br><br>Negros representam 54% da população do país, mas só 17% dos mais ricos. Uol Economia. 04 dez./ 2015. Disponível em : <<https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2015/12/04/negros-representam-54-da-populacao-do-pais-mas-sao-so-17-dos-mais-ricos.htm>> Acesso em: 23 abr./2017<br><br>NOGUEIRA, Oracy. Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem. São Paulo, Tempo Social, Revista de Psicologia da USP, v. 19, n° 1, 2006.<br><br>PORTAL BRASIL. Percentual de negros no ensino superior é metade do de brancos. 28 jul. 2014. Disponível em: << http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2011/05/percentual-de-negros-no-ensino-superior-e-meta de-do-de-brancos>>. Acesso em: 29 out. 2016.<br><br>RATTS, A. Eu sou atlântica: sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Instituto KUANZA, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006.<br><br>RIBEIRO, Djamila. Vidas negras importam, ou a comoção é seletiva? Carta Capital, 03 mar./2016. Disponível em: <<https://www.cartacapital.com.br/sociedade/vidas-negras-importam-ou-a-comocao-e-seletiva>> Acesso em: 23 abr./2017<br><br>SANT ANNA. Francisco. Mídia das fontes. Um novo ator no cenário jornalístico brasileiro: um olhar sobre a ação midiática do Senado Federal. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2009.<br><br>VIEIRA, Isabela. Percentual de negros em universidades dobra, mas é inferior aos de brancos. EBC (Agência Brasil). 02 dez./2016. Disponível em: <<http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2016-12/percentual-de-negros-em-universidades-dobra-mas-e-inferior-ao-de-brancos>> Acesso em: 23 abr./2017.<br><br>VOLTOLINI, Arthur, Atila Roque:  é como se o Brasil escolhesse entre quais mortes se importar . Geledés - Instituto da Mulher Negra, 27 nov. 2011. Disponível em: <<http://www.geledes.org.br/atila-roque-e-como-se-o-brasil-escolhesse-entre-quais-mortes-se-importar/#gs.gXZfMPI>> Acesso em: 23 abr. 2017.<br><br>WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2014: Os jovens do Brasil: CEBELA, 2014. Disponível em: <<http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2014/Mapa2014_JovensBrasil.pdf>>. Acesso em: 25 out. 2016.<br><br>WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2015: Mortes matadas por armas de fogo: CEBELA, 2015. Disponível em: <<http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2015/mapaViolencia2015.pdf>>. Acesso em: 23 nov. 2016.<br><br> </td></tr></table></body></html>