ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01466</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA07</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Transeuntes</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Piera Pires Lobo (Universidade Católica de Pernambuco); Diego Luiz Nóbrega Rodrigues (Universidade Católica de Pernambuco); Maria Sofia de Queiroga Vieira (Universidade Católica de Pernambuco); Luis Carlos de Lima Pacheco (Universidade Católica de Pernambuco)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Bauman, Direção de fotografia, Fotografia em movimento, Recife, Tempos pós-modernos</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> Transeuntes é um curta metragem experimental no limite entre o documental e a ficção. São fotografias em movimento de pessoas e paisagens no Recife, relacionando o ambiente como a expressão da sociedade urbanizada. Os presentes tempos líquidos, como defende o sociólogo Bauman, são marcados pela velocidade, construções verticais e fugacidade comercial. Dessa forma, o trabalho visa dialogar, de forma crítica e consciente, sobre essas questões contemporâneas. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O sociólogo polonês Zygmunt Bauman afirmou que  vivemos em tempos líquidos, em que nada é feito para durar , em seu livro  Modernidade Líquida (BAUMAN, 2001). A base do ser humano é a segurança e a liberdade, em busca de ser amado e respeitado por outros seres humanos. Isso é um dos motivos, por exemplo, da prática de ir à igreja, adorar a Deus e pedir perdão pelos próprios pecados, como também de consumir produtos, a fim de agregar o status que eles trazem, assim ser inserido em determinados grupos sociais. A grande quantidade de habitantes e a grande velocidade de consumo deste período pós-moderno marcam a arquitetura da cidade. Prédios recentes coabitam a mesma região de outros bem mais antigos no centro do Recife, polo comercial popular da cidade, cuja avenida principal, a Conde da Boa Vista, é uma das mais agitadas e movimentadas do lugar. Nas ruas as pessoas são vendedores ambulantes ou transeuntes efêmeros que passam praticamente sem olhar uns aos outros. A pretensão da realização de  Transeuntes foi explicitar o processo de criação e de experimentação, como processo pedagógico desenvolvido no Curso Tecnológico Superior de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco, que culminou na produção do vídeo. Dessa forma, a fotografia desenvolve narrativamente o curta, essa que é a arte do imaginário por excelência, como afirma François Soulages,  fragmento de nonsense que pede uma construção de sentido imagético , em seu livro  Estética da fotografia: perda e permanência (SOULAGES, 2010, p. 78). Os planos são parados, como um olho em observação atenta aos velozes movimentos de caminhar das pessoas ou do vento que balança as folhas das árvores e a camisa estendida na janela. As fotografias do curta foram tiradas e montadas de forma a gerar metáforas visuais, como o movimento frenético das formigas, em busca do próprio alimento, e das pessoas no centro urbano, seja na calçada ou dentro dos carros. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Desenvolver um olhar original e autêntico da realidade contemporânea dos centros urbanos, como fruto da inquietação dos três realizadores com a cidade do Recife, uma das metrópoles mais emblemáticas da Região Nordeste do país. Bem como estudar a influência da fotografia de rua e do fotojornalismo no trabalho, linguagens de interesse dos três realizadores do vídeo. Neste trabalho pretendemos explicitar o processo criativo e de experimentação, como processo pedagógico realizado no Curso Tecnológico Superior de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco, que culminou na produção do vídeo Transeuntes. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Com uma sensibilidade crítica à fugacidade das relações líquidas urbanas, o trabalho procura provocar a reflexão e debate relevantes sobre essa questão. Há não muitos anos, era comum as crianças brincarem na rua ou em parques próximos com outras crianças, porém esse costume é dificilmente visto nas grandes cidades, como Recife. Dessa forma, os balanços do pequeno parque se movimentam apenas com o vento, enferrujando-os com o passar do tempo. As formigas são animais que nunca dormem, conhecidas por trabalharem tanto a fim de ter os itens mais básicos de sobrevivência. Os seres humanos também trabalham, de forma distinta, obviamente, a fim de conquistar tanto os itens mais básicos, como moradia e alimento, como os mais fúteis, os quais ajudam a construir a personalidade de cada indivíduo ou nutrir o ego. O filme não é oralizado, pois, segundo Platão, a música é a arte que melhor expressa as emoções humanas, dessa forma a trilha sonora foi explorada sozinha para criar uma nova camada de significados às fotografias em movimento. Como o diretor Reggio do filme Koyaanisqatsi melhor expressa:  Não é por falta de amor à linguagem que estes filmes não têm palavras. É porque, do meu ponto de vista, nossa linguagem está em um estado de vasta humilhação. Não descreve mais o mundo em que vivemos (REGGIO, 1982).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para o registro do curta foi utilizado um iPhone 5SE, visto que vídeos e fotografias tiradas de smartphones são inovações bastante recentes e isso foi inserido no conceito do projeto. Além da resolução em 4K e um tripé acoplado com uma peça específica para celular, a fim de dar maior estabilidade à imagem. O som ambiente foi gravado em cada locação, porém na pós-produção, o grupo optou por não utilizá-lo, mas sim uma música instrumental,  Winnie goes to sea , do Philip Glass, para gerar um contraste entre os graves e agudos da música clássica com as imagens da fugacidade urbana. O time-lapse foi gravado utilizando o recurso do próprio aparelho e não houve manipulação na pós-produção. O horário escolhido para a gravação foi o período diurno para maior aproveitamento da luz natural e melhor apresentar o caos urbano da cidade, motivo principal da criação do projeto. As locações escolhidas foram públicas, exceto a da cena do time-lapse da Conde da Boa Vista, que foi gravada no alto de um prédio. O software utilizado para a edição foi o Adobe Premiere Pro CC; primeiro houve a montagem da sequência dos planos e em seguida foi inserida a trilha sonora, ajustando cada cena ao ritmo da música. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O processo criativo do filme surgiu a partir de conversas sobre o abundante crescimento vertical da cidade do Recife e o quanto isso afeta a população no quesito poluição sonora e ambiental. Dessa forma, foi construído o conceito de comparar a adoração às construções religiosas, as quais tão maiores fossem, mais perto de Deus, como às das empreiteiras, que prometem segurança e lazer à proteção delas. Foram realizadas diversas conversas e pesquisas de campo para saber quais as melhores locações para melhor expressar o conceito do curta. Por conseguinte, foram escolhidas regiões centrais da cidade por lá haverem os primeiros edifícios construídos em cima de pilastras, saindo do térreo dos prédios caixões e iniciando o processo de verticalização. O vídeo se inicia com fade out black para acompanhar o primeiro agudo da música, antes de entrar a cena das formigas, com o objetivo de criar, desde o início, uma expectativa e conduzir para o clima do vídeo. Há uma frequência nesse agudo na trilha que acompanha as mudanças de cena e planos, contribuindo também para a tensão dramática. No período da pré-produção foi desenhado o storyboard como um guia para as gravações. A cena da formiga, por exemplo, foi filmada em plano detalhe plongée, a fim de mostrar a rotina do inseto em comparação com a dos transeuntes na avenida (fig.02), também gravada em plongée, enquadrada em plano geral. Há personagens distintos olhando diretamente para a câmera. Os planos médios em seus rostos valorizam a interação direta entre o espectador e o olhar deles, provocando inquietação por não existir pessoalmente tanto a interação olho a olho. O último personagem dessa linha dos  encarados desvia o olhar, o que, na montagem, foi aproveitado para direcionar para o backbus da próxima cena, cuja imagem é uma moça olhando para o cano de escape. A fumaça não sai do cano de escape, mas sim da boca da outra personagem que traga um cigarro. O pulmão dela é tão consumido pela fumaça quanto o meio ambiente pela exposição dos gases emitidos pelos veículos de transporte, ambos criados pelo homem. As últimas duas sequências do curta são uma crítica aos locais resistentes de lazer, com o passar dos dias menos frequentados pelas novas gerações, pelo crescente medo por parte da população dos ambientes públicos não cercados, assim estimulando o divertimento digital e isolamento por parte das crianças.  Transeuntes finaliza com a frase do escritor português José Saramago,  O caos é uma ordem ainda indecifrável , em seu livro  O Homem duplicado (SARAMAGO, 2012, p. 05), com o objetivo de finalizar com o pensamento de que a complexidade urbana é um caos a se pensar, debater e discutir amplamente. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify"> Transeuntes foi a expressão visual de inúmeros debates sobre temas pontuais, como: poluição, relações humanas, arquitetura e religião, durante o período acadêmico no Curso de Fotografia pelos três realizadores. O curta foi realizado como finalização da cadeira de Captação de Vídeo em HDSLR e Edição, na Universidade Católica de Pernambuco, orientado pelo professor Luis Carlos de Lima Pacheco. Por conseguinte o caráter experimental da disciplina foi absorvido e explorado pelos três alunos como uma forma de aprendizado das técnicas e linguagens audiovisuais. Dessa forma, produzir o curta foi profissionalmente enriquecedor e esclarecedor para questões conflitantes enquanto alunos e moradores da cidade do Recife. A linguagem da fotografia em movimento de  Transeuntes causa inquietação nos espectadores e os motiva a refletirem sobre o seu entorno. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">SAMSARA. Direção: Ron Friche. Produção: Mark Magidson. Estados Unidos, 2011, cor, 99min. Formato: 70mm covertido para digital<br><br>KOYAANISQATSI: Life Out of Balance. Direção: Godfrey Reggio, Ron Fricke. Estados Unidos, 1982, cor, 87min. Formato: 16mm.<br><br>BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Tradução: Plínio Dentzien. 1ªed. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2001. <br><br>SOULAGES, François. Estética da fotografia: perda e permanência. 1ªed. São Paulo: Editora Senac, 2010. <br><br>SARAMAGO, José. O homem duplicado. 1ªed. São Paulo: Editora Companhia das letras, 2002. <br><br>BARAKA. Direção: Ron Fricke. Produção: Mark Magidson. Estados Unidos, 1992, cor, 96min. Formato: 70mm.<br><br> </td></tr></table></body></html>