INSCRIÇÃO: | 01788 |
CATEGORIA: | CA |
MODALIDADE: | CA02 |
TÍTULO: | Papel Filme |
AUTORES: | FILIPE PEREIRA DA SILVA (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ); Naiana Rodrigues da Silva (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ); Iury Figueiredo Campos (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ); Larissa Pereira dos Santos (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ); Ana Beatriz Leite de Souza (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ); Carlos Eduardo Pereira Freitas (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ); Marcelo Andrey Monteiro de Queiroz (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) |
PALAVRAS-CHAVE: | Audiovisual, Docudrama, Medo, Jornalismo, |
RESUMO | |
O docudrama Papel Filme se propõe a abordar a temática do medo de uma forma psicológica tomando como base as análises de Zygmunt Bauman, em "Medo Líquido". Assim, através do reconhecimento do "medo derivado" (BAUMAN, 2008), sentimento presente na sociedade moderna, foi criado um produto que destoasse da abordagem da mídia de massa, que busca nos critérios de audiência formas de retratar a realidade e difundem a cultura do medo. As abordagens tradicionais abandonam os possíveis mecanismos que possam a vir solucionar e superar os sentimentos de medo, reforçando as ansiedades individuais. O documentário dramatizado (SOUZA, 2015), com atores desconhecidos que encenam os personagens reais, busca representar situações significativas para as vidas do receptor, por meio dos efeitos de representações verossímeis, colaborando para uma abordagem mais psicológica e crítica. | |
INTRODUÇÃO | |
O docudrama "Papel Filme", produzido pelos alunos do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará para as disciplinas de Laboratório de Multimídia e Laboratório de Televisão, sob a orientação dos professores Naiana Rodrigues e Diego Morais, é uma produção que tenta destrinchar a temática do medo. Ele faz parte de um especial em multimídia intitulado "Além dos Muros" que trata do medo e da violência urbana. O docudrama é inspirado no livro de Zygmunt Bauman, "Medo Líquido". A urgência deste material surge em uma cidade como Fortaleza que passa por um acelerado processo de urbanização e enfrenta, constantemente, problemas de violência nos mais diversos setores. O especial em multimídia "Além dos Muros" surge com a proposta de tratar da temática, mas com o cuidado de não repetir o que já vem sendo feito na mídia tradicional que só aumenta a sensação de insegurança da população. A ideia é analisar a cidade, a violência, e quem convive com essas situações. Ao "Papel Filme" fica, dentro do especial, o trabalho de tratar de forma mais psicológica dos medos. Assim, ele faz parte do todo, mas possui sentido enquanto uma narrativa particular, usando da linguagem do audiovisual e das técnicas de docudrama para tratar de forma mais lúdica e íntima do medo que perpassa a qualquer cidadão comum. Tenta, usando entrevistas com pessoas comuns, gerar um texto que traga a identificação com quem assiste, mas também a reflexão sobre a realidade da cidade. | |
OBJETIVO | |
A temática da violência urbana já é amplamente explorada pela mídia tradicional diariamente. Nos mais diversos meios encontram-se notícias que se concentram em contar essas histórias. Tornou-se prática comum nas redações brasileiras uma "ronda" pelas delegacias em busca de ocorrências para serem noticiadas (HAMILTON, 2009). "Essa prioridade dos telejornais regionais e as escolhas sobre as ocorrências que vão virar notícia indicam um primeiro elemento da criminalidade transformada em mensagem televisiva. Até se tornar um produto de consumo atrativo, capaz de mobilizar (ou imobilizar) mesmo as pessoas que nunca vivenciaram um ato de criminalidade (Porto, 2002), estas notícias passam por um processo de codificação, que envolve a escolha, o tratamento, a significação das mensagens e o público-alvo." (HAMILTON, 2009, p222) É exatamente essa capacidade de mobilizar e (ou) imobilizar que os programas policialescos possuem que ganhou foco na hora de pensar em um produto jornalístico laboratorial que tratasse da violência. Quais são os efeitos que esta cobertura jornalística tradicional traz para a sociedade em grandes cidades? O que significa segurança e violência em grandes metrópoles em desenvolvimento, como Fortaleza? Como o medo desenvolvido nesta conjuntura social é capaz de mudar uma cidade? O "Papel Filme" foi idealizado para trazer uma alternativa ao debate midiático da violência. A proposta é se distanciar desta cobertura tradicional e voltar-se a entender os efeitos da violência e desta cobertura da criminalidade na sociedade atual. Escolhe-se, também, dar uma abordagem mais próxima de quem assiste, abrindo mão da linguagem tradicional dos documentários e adentrando na linguagem lúdica dos docudramas. Entendendo a temática, se propõe a falar com o fortalezense comum sobre situações corriqueiras que são capazes de modificar a interação do indivíduo com a cidade e com os demais. E busca desenvolver uma reflexão sobre a temática do medo na sociedade moderna. | |
JUSTIFICATIVA | |
O medo é um sentimento conhecido de toda criatura viva. Os animais, por exemplo, possuem um rico repertório de reações à presença imediata de uma ameaça que ponha em risco suas. Tais perigos podem desencadear ações de fuga, comportamento agressivo ou apenas reações de trauma e repulsa daquilo que se é considerado como medo sendo presenciado. Nos seres humanos, acontece, porém, algo que se pode chamar de medo de "segundo grau", um "medo derivado" que define e forma seu comportamento. Esse medo é responsável por reformar a percepção de mundo e as expectativas que guiam as escolhas da sociedade, quer haja ou não uma ameaça imediatamente presente. "O medo secundário pode ser visto como um rastro de uma experiência passada de enfrentamento da ameaça direta - um resquício que sobrevive ao encontro e se torna um fator importante na modelagem da conduta humana mesmo que não haja mais uma ameaça direta à vida ou à integridade" (BAUMAN, 2008, p9). Em análise individual, uma pessoa que tenha interiorizado uma visão de mundo que inclua a insegurança e a vulnerabilidade recorrerá rotineiramente, mesmo sem uma verdadeira ameaça, como se tivesse em estado de reação ao perigo. O medo derivado acaba inibindo ações, estimulando comportamentos extremos e criando ciclos, pois esse indivíduo também será um emissor das informações que recebeu, sendo estas passíveis até de maiores modificações de acordo com o imaginário pessoal. A globalização negativa (BAUMAN,2008) intensifica o alcance dos medos populares, logo,o número pessoas que acabam por criar e receber estilos comunicativos que estimulam o medo crescem a todo vapor. O homem contemporâneo é bombardeado por constantes informações que incluem perigo e atenção. Independentemente da efetiva letalidade dessas inúmeras ameaças (doenças físicas e psicológicas, consequências negativas relacionadas à problemas políticos, atos terroristas, balas perdidas, mortes, problemas de segurança na internet, possíveis exposições sociais), elas são tantas, tão disseminadas pelas inúmeras possibilidade de acesso e compartilhamento, que acabam sendo pouco controláveis e se tornando parte do ciclo do medo. A sociedade passa a imaginar as situações em função do que é transmitido através dos telejornais e programas de entretenimento. A mídia comercial, ao seguir padrões que seguem os modelos de audiência, acabam assumindo o papel de reforçadores da cultura do medo. Seja nas páginas policiais ou nos programas televisivos, os fatos que acabam sendo assumidos como verdade por grande parte da população, nada mais são do que produtos de pedagogias da sedução. "Para chamar a atenção do público e obter o lucro, a mídia passa a utilizar expedientes sensacionalistas, normalmente dando conta de fatos negativos, como crimes e catástrofes, disseminando o sentimento de insegurança no seio social, ocasionando o surgimento da cultura do medo." (SILVEIRA, 2013, p2) O crime e a morte, por exemplo, despertam curiosidade na população por apresentar uma ameaça, inclusive tornando-se até critérios de noticiabilidade. A mídia atua explorando a característica humana de ser estimulada pela sensação de insegurança e de temor pelo desconhecido. "Como consequência, a cultura do medo tem levado as pessoas a intensificarem suas próprias medidas visando uma suposta diminuição de vulnerabilidade, como a construção de muros e barreiras, assim como a se isolarem dentro de suas próprias casas, evitando sair a eventos e espaços públicos por medo da violência, o que configura uma mudança radical de comportamento, algo que beira a paranoia" (SILVEIRA, 2013, p6) A sociedade passa a incorporando todo tipo de informação que é imposta sem nem ao menos questionar a real veracidade dos fatos. A verdadeira prevenção de possíveis ameaças, que existem, ficam de lado, e o que permanece é o sentimento de que tudo e todos possam ser ameaçadores. O docudrama Papel Filme tem como objetivo explorar a narrativa do medo e as questões daí resultantes. | |
MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS | |
Contar a história do medo, contudo, tornou-se desafio diante das possibilidades que a linguagem jornalística traz, especialmente no audiovisual. Essencialmente a ideia demandava uma dose de intimidade. Filmar ocorrências de violências ou situações de criminalidade em nada parecia fugir do que já é feito diariamente na mídia tradicional. Além disso, havia a preocupação de como tornar o assunto interessante e entendível por qualquer pessoa. Foi então que decidiu-se abrir mão do gênero documentário, usualmente atrelado a realidade, e partir para o docudrama, que faz uso deste real, mas também do lúdico. O gênero docudrama é descrito por Souza (2015) como "um documentário dramatizado, com atores que encenam os personagens reais, reconstituindo crimes, interpretando história de personalidades ou protagonizando um assunto. O tema mais abordado nos docudramas está relacionado a temas policiais como crimes hediondos, acidentes, mortes, contravenções penais, ações policias etc. Ao se tratar sobre temas principalmente relacionados a dramas humanos, os docudramas tendem sempre alimentam uma carga dramática maior nas narrativas." (SOUZA, 2015, p.3) Mais a frente os autores falam sobre a necessidade de uma base factual nas histórias contadas no docudrama (SOUZA,2015), isto é, alguma produção prévia que retire informações da realidade para posteriormente serem trabalhadas e encenadas por atores. A liberdade de se criar um produto que segundo Rosenthal (1999) aponta como sendo um formato híbrido resultante da fusão entre documentário e drama possibilita fazer uma imersão, uma identificação do público com as diferentes situações e problemas abordados. Esta relação com o telespectador depende, segundo Souza (2015), diretamente da escolha dos atores que participarão da produção: "a utilização de atores desconhecidos tem a intenção de produzir no público os efeitos de realidade, ou seja, é a inserção corporal do caráter não-ficcional da história ficcional." (SOUZA, 2015, p.3) A proposta é que, pelo menos por um momento, o que está sendo reproduzido ao telespectador é a realidade. Rostos conhecidos nas telas podem prejudicar esse potencial de simulacro do real. Alguns estudos de recepção constaram que o público realiza, em alguns casos, um processo ativo individual e de conversa familiar. Elas comparam sua própria experiência de vida com a experiência ficcional das pessoas reais/personagens representadas e muitas vezes discutem grupalmente sobre qual seria a própria atuação em situações similares. "As pessoas reconhecem no docudrama algo parecido com sua própria realidade existencial; a trama ficcional/real representa intratextualmente situações significativas para suas próprias vidas – quer dizer, a representação tem analogia e verossimilhança. O reconhecimento não acontece com o estranho e o alheio, mas com representações que são reconhecidas como análogas e significativas. O texto em seu interior representa o seu público de maneira verossímil." (Manetti, 1998). O docudrama Papel Filme utilizou do suporte docudrama inserindo 4 atores ainda desconhecidos no grande mercado. O objetivo foi direcionar dirigir os atores para que estes promovessem uma conversa "natural" com o receptor, como se estivessem confessando particularidades das suas vidas. | |
DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO | |
Inicialmente, a direção do docudrama organizou um pequeno roteiro para explorar os medos mais comuns na sociedade e, mais especificamente, na cidade de Fortaleza. Também entrou em análise a forma como estas perguntas seriam feitas, já que o produto possui o grande desafio em promover a reflexão crítica sobre o medo desde sua execução. O roteiro de entrevista foi dividido entre os seguintes tópicos: Medo Geral Medo do escuro Medo social Medo da morte Dentro desta ordem, foram formuladas perguntas para cada tópico. Os questionamentos procuravam promover uma reflexão do entrevistado, para que esse pudesse fazer o maior número de considerações possíveis. Por exemplo, do medo do escuro seguiam indagações como " O que você faz para evitar o medo quando está no escuro?" e "Você sempre teve medo do escuro?. O produtor chileno Valério Fuenzalida explica que a esta origem "real" das histórias deve supor uma pesquisa prévia dos casos como "entrevistas com as pessoas, autorização para representar o caso ficticiamente, medidas para preservar a privacidade e o anonimato etc (FUENZALIDA, 2008, p. 162). A abordagem foi realizada com bastante cuidado. A equipe de entrevista precisou proporcionar um ambiente favorável para uma conversa, pelo fato do tema ser bem pessoal. Uns ficaram mais confortáveis sem o gravador de som, outros precisaram ir para outro lugar para responder o questionário. Durante as entrevistas, realizadas dentro dos Campus da Universidade Federal do Ceará, alguns desafios foram encontrados como desistências no meio do processo e complicações em continuar com as perguntas. Algumas das questões que estão dentro do Código da Ética Jornalística precisaram ser respeitadas, como: Art. 8° – Sempre que considerar correto e necessário, o jornalista resguardará a origem e a identidade de suas fontes de informação. Art. 14 – O jornalista deve: – Ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos, todas as pessoas objeto de acusações não comprovadas, feitas por terceiros e não suficientemente demonstradas ou verificadas; – Tratar com respeito todas as pessoas mencionadas nas informações que divulgar. Da entrevista para o roteiro Ao se tratar sobre temas principalmente relacionados a dramas humanos, os docudramas tendem sempre alimentam uma carga dramática maior nas narrativas. "Esse gênero é a hibridização entre o gênero informacional (que documenta um núcleo ocorrido apoiado em fatos sobre temáticas com desventuras cotidianas) e uma representação ficcional feita por atores" (FUENZALIDA, 2008, p.160). Uma das preocupações foi modificar um relatório decupado de entrevistas em áudio para algo que fosse semelhante a um roteiro de cinema. Foi quando o gênero informacional se misturou com o ficcional. As possíveis entradas de cena, o início da atuação e os encerramentos foram algumas das etapas do docudrama levadas em consideração na hora de fazer o melhor roteiro possível. Algumas orientações de luz, entrada e saída de trilha sonora, e pausas foram colocadas no roteiro. Essas marcações foram importantes para definir as etapas da gravação. Filmagem O produto foi filmado depois da confirmação de todos os atores, que encenaram todos no mesmo dia, no laboratório de fotografia da Universidade Federal do Ceará. Os atores eram personagens que iriam representar não um personagem fixo, mas um conjunto de sentimentos pessoas e sua relação com seus medos. As gravações foram feitas com cada ator em separado, embora o roteiro já mesclasse as falas como se fosse na reprodução final. | |
CONSIDERAÇÕES | |
Trabalhar com as narrativas do medo e ter que proporcionar um olhar crítico diante da forma como o tema é tratado nos possibilitou ter a dimensão dessa problemática nos dias atuais. Pesquisar sobre a modernidade e o medo líquido de Bauman é perceber como, muitas vezes, até inconscientemente, nós entramos e colaboramos para determinados ciclos que definem não só nossas vidas, mas o funcionamento da sociedade. O grande legado desse reconhecimento foi entender que o medo perpassa desde as instâncias mais individuais, como a forma de percepção do mundo e o comportamento diante a sociedade até os problemas que afetam o coletivo, como a segurança e a saúde pública, os direitos humanos e diversas questões políticas. O produto perpassou desde a procura de fontes que abordam temos filosóficos e antropológicos até a produção de um roteiro cinematográfico, experiências que permitiu o manuseio e o trabalho com diversas linguagens. Em cada uma de suas etapas (planejamento, produção, execução) a linguagem, tanto no que se diz respeito a sua estética quanto o seu formato, foi um fator decisivo na escolha das decisões a serem tomadas. Nas entrevistas, a abordagem do público precisou de uma linguagens jornalísticas que respeitasse o espaço e as vivências dos entrevistados. O roteiro exigia um saber mais técnico (orientação de iluminação e fotografia) e também e ficcional (elaboração de um texto teatral dramático). Trabalhar com o gênero docudrama e usá-lo como técnica de linguagem do audiovisual para tratar de forma mais lúdica e íntima do medo foi uma experiência rica dentro do campo da comunicação. Elaborar textos, dirigir atores e filmar usando técnicas de enquadramento e iluminação, tudo com o objetivo de gerar um texto que traga a identificação com quem assiste é a prova de como a comunicação pode ser trabalhada em prol de questões de grandes questões sociais. | |
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS | |
ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento: Fragmentos Filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. 㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䈀䄀唀䴀䄀一Ⰰ 娀礀最洀甀渀琀⸀ 䴀攀搀漀 氀焀甀椀搀漀⸀ 吀爀愀搀甀漀 搀攀 䌀愀爀氀漀猀 䄀氀戀攀爀琀漀 䴀攀搀攀椀爀漀猀⸀ 刀椀漀 搀攀 䨀愀渀攀椀爀漀㨀 䨀漀爀最攀 娀愀栀愀爀Ⰰ ㈀ 㠀⸀
FERREIRA, L. B.; SOUZA, F. das N. O tom do gênero docudrama no programa jornalístico Tribunal na TV: um estudo da atuação cênica do apresentador. In: Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2015. Disponível em: HAMILTON, Fernando Arteche. Encenações sobre a criminalidade: as estratégias de produção e emissão de um programa policialesco de televisão. Revista ECO-Pós, v. 12, n. 2, 2009. Disponível em: SOUZA, José Carlos Aronchi de. Gêneros e Formatos na Televisão brasileira. São倀愀甀氀漀㨀 匀甀洀洀甀猀Ⰰ ㈀ 㐀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀ऀ㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀 |