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INSCRIÇÃO: | 02086 |
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CATEGORIA: | JO |
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MODALIDADE: | JO11 |
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TÍTULO: | A culpa não é minha! A violência sexual e social de vítimas de estupro |
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AUTORES: | Aldenora Teófilo Vieira Santos Cavalcante (Universidade Federal do Piauí); Eulália Ribeiro Gonçalves do Nascimento Teixeira de Vasconcelos (Universidade Federal do Piauí) |
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PALAVRAS-CHAVE: | Violência Sexual, Jornalismo, Estupro, Livro-Reportagem, Violência Social |
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RESUMO |
O livro-reportagem "A culpa não é minha! A violência sexual e social de vítimas de estupro" propõem-se a discutir a violência sexual no Brasil. A obra aborda o tema sob diversas perspectivas para tentar compreender causas e consequências desse crime no país. Para isso, fala-se sobre assuntos que se relacionam com o tema principal, como: a cultura do estupro, as questões de gênero, as relações de poder entre homens e mulheres, o patriarcalismo, a culpabilização da vítima pela sociedade, a luta e a união dos movimentos feministas. Além de fazer uma análise de dados quantitativos de pesquisas encomendadas com o intuito de mapear casos e o perfil de vítimas e agressores, bem como a opinião colhida da população a respeito do tema e a análise de profissionais que lidam com a temática durante o seu trabalho. |
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INTRODUÇÃO |
A violência sexual está presente em todas as partes do mundo, atinge as mais variadas classes sociais e é considerada um grave problema de saúde pública. A prática é definida pela Organização Mundial de Saúde, OMS, (2002), como "qualquer ato sexual, tentativa de obter um ato sexual, comentários ou investidas sexuais indesejados, ou atos direcionados ao tráfico sexual ou, de alguma forma, voltados contra a sexualidade de uma pessoa usando a coação, praticados por qualquer pessoa independentemente de sua relação com a vítima, em qualquer cenário, inclusive em casa e no trabalho, mas não limitado a eles" e abrange diferentes formas de agressão que ferem a dignidade sexual das vítimas, como a exploração sexual, o assédio, o abuso e o estupro. Dados da OMS sugerem que em alguns países quase uma em quatro mulheres podem vivenciar a violência perpetrada por um parceiro íntimo e quase um terço das adolescentes relatam que sua primeira experiência sexual foi forçada. Além disso, a violência sexual também atinge homens – crianças, adolescentes e adultos –, apesar de ser um crime que acomete principalmente pessoas do sexo feminino. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, IPEA, (2014), 11,5% do sexo masculino em comparação a 88,5% das mulheres já foram vítimas de estupro no Brasil. Os efeitos da violência sexual são sentidos durante toda a vida e a vítima acaba sendo duplamente agredida. Além da dor exposta causada pela violência sexual, ela lida com a "agressão social", ou seja, com o julgamento da sociedade, no qual muitos culpam a vítima pela violência que ocorreu-lhe, ponto que será aprofundado mais adiante. Isso acaba interferindo em algumas decisões, como contar para outras pessoas sobre o ocorrido para tentar dividir a dor sofrida, buscar ajuda e atendimento médico e psicológico e optar ou não por denunciar o agressor. |
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OBJETIVO |
O livro-reportagem tem como principais objetivos: explicar em que ambientes a violência sexual pode estar inserida; Compreender os altos índices de violência sexual que tem como principais vítimas mulheres, crianças e adolescentes; Compreender os altos índices de subnotificações destacados nas pesquisas que envolvem essa temática; Relatar casos reais de violência sexual para melhor compreender como eles ocorrem; Mostrar as principais consequências da agressão sexual para suas vítimas; Compreender as relações sociais dos casos de estupro no Brasil; Buscar soluções para contribuir com o combate a violência sexual. |
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JUSTIFICATIVA |
Em 2014, 67,1% da população afirmou ter medo de ser agredida sexualmente. 73,7% dos entrevistados entre 16 e 24 anos afirmaram ter medo de sofrer violência sexual e 90% das mulheres afirmaram que temem serem violentadas. Esses dados constam no 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado em 2015. Segundo a análise presente na pesquisa, são constantes as denúncias de abuso sexual, sobretudo, em transportes públicos de grandes cidades brasileiras. Vale ressaltar que muitos dos crimes não chegam ao conhecimento de órgãos como a polícia e os serviços de atendimento a vítima. Isso demonstra que inúmeros casos acontecem sem que ninguém saiba – além da vítima e de seu agressor. Segundo o primeiro estudo empírico com cobertura nacional que busca analisar a temática, intitulado "Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde", publicado em 2014, somente 10% dos casos são notificados em um país que se estima que aconteçam 527 mil estupros por ano. O fato é que os crimes de violência sexual e de estupro sempre aconteceram e acontecem diariamente. Diante disso, tratar do assunto não é somente um dever como jornalista, mas uma obrigação. Por ser um assunto que envolve outras temáticas, a violência sexual e o estupro, acabam trazendo à tona discussões como a desigualdade de gênero, o machismo, o patriarcalismo tão enraizado na história do Brasil, entre outros. E é por isso que foi escolhido abordar o tema em um livro-reportagem que tem como principal característica o aprofundamento dos assuntos, bem como a possibilidade de trata-los sob um viés diferente. Já que será praticamente impossível colar todos os pedaços deixados na vida das vítimas que tomamos conhecimento, adotar a decisão de produzir um livro-reportagem sobre estupro é tentar contribuir para que os índices desse crime diminuam, visto que, debater o tema também é uma forma de lutar contra ele. |
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MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS |
Por ser um trabalho que exige um maior aprofundamento no tema e a necessidade de aborda-lo nas mais diversas perspectivas, pensou-se em dividir o livro-reportagem em seis capítulos assim intitulados, respectivamente: Introdução; A violência sexual e o estupro; Causas e consequências; A culpa e a luta; A busca por ajuda; O que vem depois.嘀愀氀攀 爀攀猀猀愀氀琀愀爀 焀甀攀Ⰰ 搀攀猀搀攀 漀猀 瀀爀椀洀攀椀爀漀猀 洀漀洀攀渀琀漀猀 搀攀 瀀爀漀搀甀漀 搀攀猀猀攀 琀爀愀戀愀氀栀漀 搀攀 挀漀渀挀氀甀猀漀 搀攀 挀甀爀猀漀Ⰰ 瀀攀渀猀漀甀ⴀ猀攀 攀洀 甀琀椀氀椀稀愀爀ⴀ猀攀 搀愀 瀀爀漀搀甀漀 渀漀琀椀挀椀漀猀愀 ጀ†瀀愀甀琀愀Ⰰ 愀瀀甀爀愀漀Ⰰ 攀猀琀爀甀琀甀爀愀 琀攀砀琀甀愀氀 攀 攀猀挀爀椀琀愀 ጀ†攀 搀愀猀 琀挀渀椀挀愀猀 搀攀 爀攀瀀漀爀琀愀最攀洀 椀渀攀爀攀渀琀攀猀 愀漀 樀漀爀渀愀氀椀猀洀漀⸀
A produção do livro-reportagem iniciou-se com a busca de pesquisas e estudos já realizados em anos anteriores que trouxessem dados reais e precisos em relação à violência sexual e o estupro no Brasil. Após uma busca ampla, foram delimitados quais materiais seriam utilizados como base para o trabalho. Com o estudo das pesquisas já selecionadas, elencaram-se possíveis fontes que seriam essenciais para contribuir com o trabalho – pesquisadoras de gênero e educação, psicólogas, representantes de movimentos feministas, vítimas reais, entre outras. Paralelo a isso, foi feito um mapeamento dos órgãos que lidam diretamente com vítimas de violência sexual e estupro. São eles: delegacias especializadas da mulher, Plantão de Gênero, Serviço de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual (SAMVVIS). Toda a busca foi importante para delimitar as fontes essenciais para cobrir algumas lacunas referentes ao tema. |
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DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO |
Partindo de um esclarecimento geral sobre o conceito de violência sexual e estupro, em um capítulo introdutório, buscou-se reunir informações gerais sobre as causas e efeitos desse crime, como ele pode ser combatido e, como inúmeros aspectos inseridos na estrutura social que determina as relações de gênero legitimam a violência sexual desmedida. Utilizou-se do primeiro capítulo também para pincelar alguns tópicos – como a mudança na lei que rege os crimes contra a dignidade sexual e a importância dos movimentos feministas no processo de empoderamento de mulheres, principais vítimas de estupro – que foram abordados no decorrer do livro, com a finalidade de preparar o leitor para o que ele poderia esperar do trabalho. No segundo capítulo, pretendeu-se destacar os dados referentes aos casos de estupro registrados e mostrar a causa dos altos índices de subnotificações existentes no país. Os dados foram usados em conjunto com opiniões de especialistas, de fundamental importância para tentar compreender como que a relação de dominação entre os gêneros, a objetificação da mulher e a herança patriarcal, por exemplo, resultam no que chamamos de "cultura do estupro" e determinam ações do cotidiano. Além disso, esse capítulo também levanta a importância do debate de gênero – principalmente dentro das escolas e durante a infância – para o combate à violência sexual. No terceiro capítulo, mostramos as consequências e os traumas que a violência sexual traz para as suas vítimas. Impactos que, devido a sua magnitude, são difíceis de serem mensurados. Para entender como isso se dá, trazemos a fala de uma psicóloga que lida diretamente com meninas vítimas de violência sexual. Além disso, também mostramos a realidade vivida por uma mulher que foi agredida por anos pelo pai dos seus filhos, quando ela estava vulnerável diante de seu agressor. Esse relato foi essencial para saber como que esses crimes de fato acontecem Brasil afora. Dando seguimento à discussão, no quarto capítulo a abordagem girou em torno da relevância dos movimentos feministas durante a luta por justiça. Através de exemplos reais, mostrou-se que a união de mulheres faz a força. A luta contra a cultura do estupro é uma pauta constante em coletivos de mulheres e é na militância que as experiências são compartilhadas, que os relatos são ouvidos e é onde as vítimas podem ter a sensação de que elas não estão sozinhas e que elas devem sim reivindicar seus direitos. O quinto capítulo fala de como que a forma que a vítima é atendida nos serviços especializados de saúde e segurança influência na vida que ela vai ter dali adiante. Muito se critica a forma como as vítimas – frágeis e ainda mais vulneráveis – são recebidas após já terem sido violentadas por parte dos agressores e isso é um ponto essencial para ser tocado nessa discussão. A falta de preparo de profissionais durante o acolhimento, a falta de estrutura dos locais – tudo isso afeta a vítima. Por fim, o livro encerra a temática mostrando o caminho final traçado pela vítima e pelo agressor, bem como traz um panorama geral de tudo que foi discutido no trabalho prático. Muitas vezes quem sofre a agressão sexual acaba por ter que ser retirada da sociedade por alguns fatores: porque está sendo ameaçada e porque necessita passar por uma reabilitação, sobretudo psicológica, para só então retornar ao convívio social menos debilitada, por exemplo. Enquanto que o responsável pelo crime geralmente continua em liberdade, seja por conta da fragilidade do sistema judiciário, responsável pela punição devida, seja pelos casos que sequer chegam ao conhecimento da justiça – muitas vezes por conta do medo da vítima em denunciar o ocorrido. Ou seja, como se pode ver, os caminhos das vítimas e dos agressores futuramente não se cruzam, mas um está intrinsecamente ligado ao outro e, muitas vezes, isso não é positivo. Encerrar o livro-reportagem falando do possível futuro tanto para o agressor quanto para a vítima de violência sexual e estupro é uma forma de mostrar como essa realidade afeta de formas completamente diferentes ambos os lados. Ou seja, o sofrimento causado nas vítimas nunca será sentido na mesma proporção pelo agressor. |
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CONSIDERAÇÕES |
Colocar em prática a concepção de um livro reportagem em apenas um período acadêmico não é tarefa fácil, visto que esse tipo de trabalho demanda tempo, esforço e muita dedicação. Foi preciso abdicar de várias coisas para poder me entregar, quase com exclusividade, a esse trabalho. Ao final dele, confesso que o trabalho final que entrego aqui muito me orgulha.伀 氀椀瘀爀漀 渀漀 昀漀椀 愀瀀攀渀愀猀 愀 甀渀椀漀 搀攀 椀渀昀漀爀洀愀攀猀 猀漀戀爀攀 漀 琀攀洀愀 焀甀攀 攀猀挀漀氀栀椀 攀 愀挀爀攀搀椀琀漀 焀甀攀 樀愀洀愀椀猀 瀀漀搀攀 猀攀爀 瘀椀猀琀漀 挀漀洀漀 甀洀 琀爀愀戀愀氀栀漀 昀爀椀漀 搀攀 愀渀氀椀猀攀猀Ⰰ 搀攀猀琀愀焀甀攀猀 搀攀 瀀漀渀琀漀猀 爀攀氀攀瘀愀渀琀攀猀 攀 挀漀氀攀琀愀 搀攀 搀愀搀漀猀 攀 椀渀昀漀爀洀愀攀猀⸀ 吀甀搀漀 焀甀攀 昀椀稀 搀甀爀愀渀琀攀 攀猀琀攀 琀爀愀戀愀氀栀漀 愀挀愀戀漀甀 猀攀渀搀漀 甀洀愀 椀洀攀爀猀漀 攀洀 栀椀猀琀爀椀愀猀 焀甀攀 瀀漀搀攀爀椀愀洀 琀攀爀 愀挀漀渀琀攀挀椀搀漀 挀漀洀椀最漀 焀甀攀 琀漀 戀攀洀 洀攀 攀渀挀愀椀砀漀 攀洀 琀漀搀愀猀 愀猀 攀猀琀愀琀猀琀椀挀愀猀㨀 猀漀甀 洀甀氀栀攀爀Ⰰ 猀漀甀 樀漀瘀攀洀 攀Ⰰ 瀀漀爀琀愀渀琀漀Ⰰ 攀猀琀漀甀 洀甀椀琀漀 洀愀椀猀 猀甀猀挀攀琀瘀攀氀 愀 挀愀猀漀猀 搀攀 攀猀琀甀瀀爀漀⸀ 䔀 椀猀猀漀Ⰰ 搀攀 挀攀爀琀愀 昀漀爀洀愀Ⰰ 洀攀 猀攀渀猀椀戀椀氀椀稀漀甀 洀甀椀琀漀 洀愀椀猀 攀 洀攀 搀攀甀 昀漀爀愀 瀀愀爀愀 挀漀渀琀椀渀甀愀爀 漀 琀爀愀戀愀氀栀漀⸀
À medida que fui estudando e me aprofundando no tema pude ver o quão importante é tocar em um tema que assusta, que amedronta e, ao mesmo tempo, que é silenciado e renegado socialmente. Sinto que estou cumprido com a minha proposta inicial e, muito mais que isso, sinto que esse trabalho me ajudou a ampliar minha visão de mundo e a entender o quanto que nossa forma de ser, de agir – até nos micro espaços – nas relações sociais e de gênero influenciam em ações dentro e fora do nosso meio, ainda que essas ações não estejam interligadas a nossas atitudes diárias.䘀椀挀愀 甀洀 瀀漀甀挀漀 搀愀 猀攀渀猀愀漀 搀攀 焀甀攀 愀椀渀搀愀 栀 洀甀椀琀漀 焀甀攀 猀攀 昀愀稀攀爀⸀ 䴀愀猀 琀愀洀戀洀 昀椀挀愀 愀 猀攀渀猀愀漀 搀攀 焀甀攀 攀猀琀攀 愀瀀攀渀愀猀 漀 洀攀甀 瀀愀猀猀漀 椀渀椀挀椀愀氀 ጀ†焀甀攀 樀 昀漀椀 搀愀搀漀⸀ 䘀椀挀愀 攀渀琀漀 愀 挀攀爀琀攀稀愀 搀攀 焀甀攀 搀愀焀甀椀 攀洀 搀椀愀渀琀攀Ⰰ 愀 氀甀琀愀 猀攀爀 挀漀渀琀渀甀愀 攀 焀甀攀Ⰰ 瀀漀爀琀愀渀琀漀Ⰰ 渀漀 瀀漀搀攀洀漀猀 瀀愀爀愀爀⸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀☀渀戀猀瀀㬀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀㰀猀瀀愀渀 挀氀愀猀猀㴀∀焀甀愀琀爀漀∀㸀㰀戀㸀刀䔀䘀䔀刀쨀一䌀䤀䄀匀 䈀䤀䈀䰀䤀伀䜀刀섀䤀䌀䄀匀㰀⼀戀㸀㰀⼀猀瀀愀渀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀 眀椀搀琀栀㴀∀㤀 ─∀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀䘀爀甀洀 䈀爀愀猀椀氀攀椀爀漀 搀攀 匀攀最甀爀愀渀愀 倀切戀氀椀挀愀⸀ 䄀渀甀爀椀漀 䈀爀愀猀椀氀攀椀爀漀 䐀攀 匀攀最甀爀愀渀愀 倀切戀氀椀挀愀Ⰰ 㤀먀 愀渀漀Ⰰ 匀漀 倀愀甀氀漀Ⰰ ㈀ 㔀⸀ 䄀渀甀愀氀⸀ 䤀匀匀一㨀 㤀㠀㌀ⴀ㜀㘀㌀㐀⸀ 䐀椀猀瀀漀渀瘀攀氀 攀洀㨀 㰀栀琀琀瀀㨀⼀⼀眀眀眀⸀昀漀爀甀洀猀攀最甀爀愀渀挀愀⸀漀爀最⸀戀爀⼀猀琀漀爀愀最攀⼀搀漀眀渀氀漀愀搀⼀⼀愀渀甀愀爀椀漀开㈀ 㔀⸀爀攀琀椀昀椀挀愀搀漀开⸀瀀搀昀㸀⸀ 䄀挀攀猀猀漀 攀洀 㔀 搀攀 樀甀氀栀漀 搀攀 ㈀ 㘀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀ऀ㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀
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