ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #000000"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00049</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO10</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Carolinas: as mulheres da Ocupação Carolina de Jesus</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Ana Sofia Lucchesi Carneiro Leao (Universidade Católica de Pernambuco); Filipe Tavares Falcão Maciel (Universidade Católica de Pernambuco); André de Azevedo Norões (Universidade Católica de Pernambuco)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Direito à moradia, feminismo, movimentos sociais, ocupação Carolina de Jesus, videorreportagem</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Carolinas: as mulheres da ocupação Carolina de Jesus é uma videorreportagem produzida durante a disciplina de Técnicas de Captação e Edição para Vídeo, presente na matriz curricular do curso de graduação em Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). A ideia surgiu a partir da vivência dos repórteres na ocupação Carolina de Jesus, assentamento localizado na capital pernambucana e vinculado ao Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST-PE), em que se notou uma forte atuação das mulheres ocupantes. Esse recorte também foi influenciado pela leitura de artigos científicos sobre a participação de mulheres nos movimentos sociais de luta pela moradia. A proposta é visibilizar a luta feminina dentro da ocupação, mostrando os processos de transformação e empoderamento que perpassam as subjetividades de cada uma das quatro entrevistadas.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A ocupação Carolina de Jesus surgiu em fevereiro de 2017 no Barro, Recife, quando cerca de mil famílias decidiram se juntar ao Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST-PE) e ocupar um terreno baldio ao lado do Terminal Integrado do Barro. O terreno, que pertencia ao Governo do Estado de Pernambuco, estava numa situação de ociosidade, sem função social. O nome da ocupação é uma homenagem à escritora Carolina Maria de Jesus, falecida em 1977, mulher negra e moradora da periferia de São Paulo. O contato dos repórteres com a Carolina de Jesus e seus ocupantes teve início em agosto de 2017, quando começaram a frequentar os mutirões de limpeza do espaço. Nesse contexto, percebeu-se o destaque da presença feminina na ocupação. Elas realizam diversas atividades, como capinação e limpeza da terra, além de organização e coordenação do espaço, bem como cozinham e cuidam dos filhos. Muitas são mães solteiras e chefiam seus lares. A partir do que foi apurado em pesquisa de campo, iniciou-se também uma pesquisa acadêmica, que confirmou a importância das mulheres dentro dos movimentos sociais de luta pela moradia, como pontua a autora Amanda Paulista de Souza, citando Ferreira (2008): "Por vivenciarem de forma tão direta a falta ou insuficiência das políticas, dos serviços e equipamentos urbanos, as mulheres se organizam e estão em maioria no interior das associações comunitárias, nas entidades e nos movimentos de luta pela moradia e pela Reforma Urbana (FERREIRA, 2008, p. 116 apud SOUZA, 2013). A videorreportagem se em escolhas estéticas e linguísticas que privilegiam a fala das próprias ocupantes sobre a experiência em detrimento de passagens ou offs do repórter. Essas escolhas são movidas por um desejo de posicionar as ocupantes num território simbólico de empoderamento, opondo-se também a discursos comuns ao jornalismo, em que as pessoas em situações de vulnerabilidade são expostas de forma sensacionalista ou dramática.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A videorreportagem tem por objetivo direcionar um olhar sobre os processos micropolíticos que vem acontecendo na ocupação, se debruçando sob a forma como essa experiência afetou e segue afetando os sujeitos femininos nela envolvidos. Na atualidade, em que os movimentos sociais de luta pela moradia (e os movimentos sociais em geral) são muitas vezes criminalizados, invisibilizados ou abordados fora de seu contexto pela mídia massiva, a transformação "que vem de dentro" não possui espaço nessa narrativa hegemônica. Nesse sentido, o vídeo é também um instrumento de disputa sobre a narrativa projetada a respeito dos movimentos sociais de luta pela moradia, trazendo para o plano visível um material simbólico pouco visto por quem não participa dessas lutas. Durante a atuação na Carolina, essas mulheres têm aprendido sobre seus direitos, sobre privilégios de gênero, machismo, patriarcalismo e sobre a importância do seu protagonismo na vida e nas lutas, passando por processos de empoderamento. Visibilizando a luta feminina, os relatos colhidos na reportagem desconstroem padrões de comportamento esperados pelas mulheres na sociedade brasileira, geralmente associados à fragilidade e submissão. Nos relatos, elas citam o enfrentamento com a ação policial e a violência desses episódios, bem como contam sobre a história da ocupação, seus motivos e vivências, além de outros aspectos de mudança internos, relacionados à suas próprias subjetividades e questionamentos a respeito de seu lugar no mundo, processo este que move a principal força do vídeo.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Em 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) aprovou o texto que viria se chamar Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento que até hoje norteia direitos e liberdades individuais e coletivas a serem garantidas pelos Estados. Em seu artigo 25, o documento enfatiza que: "Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação [...]" (Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948, artigo 25 item 1). Configura-se ao direito à moradia, então, um caráter universal, posteriormente também o de direito constitucional brasileiro, assegurado pela Constituição Federal de 1988, capítulo II, art. 6: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição." (Constituição Federal, 1988, capítulo II, art. 6) Apesar da moradia ser um direito universal e constitucional no Brasil, os números do déficit habitacional no país permanecem grandes. Segundo dados da Fundação João Pinheiro (FJP), o déficit habitacional brasileiro somava 6,198 milhões de famílias em 2015. Em 1991, as Nações Unidas também esclareceram, diretrizes fundamentais para a efetivação deste direito. São elas: segurança da posse; disponibilidade de serviços, materiais, instalações e infraestrutura; economicidade; habitabilidade; acessibilidade; acessibilidade; localização e adequação cultural. Neste cenário, é preciso atentar para um descompasso histórico na efetivação do direito à moradia para com as mulheres. Em 2011, a Relatoria da ONU para o Direito à Moradia Adequada em 2011, sob organização de Raquel Rolnik, publicou a cartilha oficial "Como fazer valer o direito das mulheres à moradia?". No documento, constam razões pelas quais a ausência ou defasagem de cada um dos setes elementos que integram o direito à moradia afetam a vida das mulheres de forma diferenciada. Como exemplo dessas razões, estão o fato de que as mulheres ganham menos que os homens, consequentemente tendo menos condição de pagar aluguel, bem como, pelo mesmo motivo, são elas que mais usam os equipamentos públicos. Por causa da transversalidade dos direitos humanos, essa problemática afeta também a saúde, independência, lazer, entre outros. Pelas razões aqui apresentadas, os repórteres observaram a relevância de fazer esse recorte feminino. Para o entendimento desta problemática, pesquisas acadêmicas apontam para a divisão sexual do trabalho como base desta desigualdade (LEVY, LATENDRESSE, CARLE-MARSAN, 2013; SOUZA, 2013). O conceito de divisão sexual do trabalho está relacionado à construção social do papel que espera ser cumprido pelas mulheres dentro de uma sociedade patriarcal, atribuindo a elas a execução de trabalhos da esfera reprodutiva, enquanto o homem se insere na esfera do trabalho produtivo (SOUZA, 2013). O trabalho reprodutivo, atribuído às mulheres, refere-se a afazeres domésticos, cuidado de pessoas (crianças, idosos, etc), estando atrelado à esfera privada - do lar e do ambiente doméstico -, enquanto o trabalho produtivo, destinado aos homens na sociedade, constitui-se numa produção que recebe em troca valor monetário, o trabalho assalariado - na esfera pública. Segundo Souza (2013), isso implica uma ligação forte da mulher com o lar. Coloca-se aqui a necessidade de visibilizar a luta feminina nos movimentos sociais pelo direito universal à moradia, objetivo principal que permeia este trabalho. A linguagem audiovisual, que registra o transpõe essas mulheres num campo material de visibilidade. Optou-se pela videorreportagem pois, além de registrar imageticamente o espaço e as pessoas, para que aquilo pudesse ser um arquivo para o movimento, também é uma linguagem mais acessível do que o texto escrito, inclusive para as próprias entrevistadas, que não costumam ler.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Desde o início, a ideia do vídeo sempre foi colocar como protagonistas de sua própria história as mulheres da ocupação, para que a experiência pudesse ser vista e ouvida a partir de seu modo de interpretá-la, a partir dos estímulos gerados pelas perguntas feitas durante as entrevistas. A intenção dos realizadores era que as idiossincrasias de cada mulher, seus jeitos de falar, seus rostos, suas expressões, gestos e corporalidades fossem registrados, para que a existência do vídeo perpetuasse também as existências delas próprias. Na videorreportagem, não são usadas offs ou passagens do repórter, diferindo-se da estrutura clássica da reportagem televisiva. Para conceitualizar esse formato, Thomaz (2006) cita Barreiro e Lima (2002): "O conceito estabelece que a câmera deve ser uma extensão do próprio corpo, e por isso ele pode produzir reportagens num formato diferente do tradicional off-passagem-sonora, consagrado nos telejornais das emissoras de TV do Brasil. [...] O off da matéria desaparece e dá lugar a uma narração dos fatos que estão sendo filmados e a história que ele pretende contar, e tem quase sempre um tom coloquial. (...) a passagem, geralmente, é uma forma de reafirmar o local onde a história transcorre. Na videorreportagem a história transcorre toda, ou quase toda, no cenário em que aconteceu" (BARBEIRO; LIMA, 2002, p. 73 - 74 apud THOMAZ, 2006, p. 96). No entanto, numa perspectiva mais contemporânea, a linguagem do vídeo se relaciona bastante com o que é visto nos webdocumentários, em que a narrativa é construída apenas em cima das sonoras com entrevistados. A estética do vídeo foi bastante influenciada pela produção audiovisual feita pelo movimento Ocupe Estelita, movimento de ocupação urbana que visa impedir a construção de torres na área do Cais José Estelita, Centro do Recife, no qual faziam parte cineastas como Marcelo Pedroso, Pedro Severien e Ernesto de Carvalho. Vale ressaltar que também integram o repertório dos repórteres o cinema de documentaristas como Eduardo Coutinho e Maria Augusta Ramos, o que pode posicionar o vídeo num território linguístico híbrido: é um produto jornalístico, uma videorreportagem, mas com forte influência do cinema documental, referência esta que também integra a produção audiovisual do movimento Ocupe Estelita. Buscou-se estabelecer relações que diminuíssem as fronteiras entre os repórteres e as entrevistadas. Tentamos fazer com que as quatro entrevistadas - Marinete, Nalva, Andreza e Leleu - não fossem simplesmente "retratadas" como simples objetos ou personagens, mas que as relações ali estabelecidas fossem uma troca entre sujeitos. Olhamos então para que foi produzido em vídeo através do que Paz e Salles (2013) chamam de documentário de dispositivo: "Os documentários de dispositivo já parecem estar mais inseridos no universo nômade, como pensamentos imagéticos que se lançam em busca de experiências imprevisíveis, que não existiam previamente ao projeto. Eles se lançam em campos de potencialidade relacionais em busca de interações férteis de experiências com as pessoas abordadas." (PAZ, SALLES, 2013, p.53) Nessa metodologia mais intuitiva, as perguntas feitas eram mais como agentes de ativação de memória e sentimentos, pois, como enfatiza a jornalista Eliane Brum em seu livro "O Olho da Rua": "O que as pessoas falam, como dizem o que têm a dizer, que palavras escolhem, que entonação dão ao que falam e em que momentos se calam revelam tanto ou mais delas quanto o conteúdo do que dizem. Escutar é mais do que ouvir. Escutar abarca a apreensão do ritmo, do tom, da espessura das palavras." (BRUM, 2017, p. 35) Além de perguntas mais objetivas, como sobre o começo da ocupação e momentos que tinham marcado a experiência, perguntas como "o que significa para você ser mulher?" ou "O que a Carolina de Jesus representa para você?". Essa estratégia de entrevista levou a conversa outros lugares menos óbvios e pouco esperados pelos próprios repórteres. Para as gravações, foram utilizadas duas câmeras DSLR, uma Canon T3i e outra Canon T5i, ambas as câmeras com mesmo tipo de lente, grande angular 18-55. Para a captação de som, a maior parte se deu pelo próprio microfone embutido na câmera, mas em algumas entrevistas utilizou-se microfone de lapela. A montagem foi feita pelos próprios repórteres, no software Final Cut Pro.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A apuração teve início de forma não-intencional, a partir do contato dos repórteres com a ocupação Carolina de Jesus através dos mutirões de limpeza, que são divulgados publicamente através das redes sociais do MTST Pernambuco ou anunciados em grupos de Whatsapp, para que qualquer um que deseje possa colaborar com a manutenção do espaço. Como mencionado na introdução deste artigo, o primeiro contato explicitou a intensa atuação das mulheres na ocupação, que realizam atividades geralmente não relacionadas ao feminino em sociedades como a brasileira. Trabalhos de liderança, gestão e organização são realizados por elas, que, lado a lado aos homens, também capinam, limpam o terreno, transportam materiais pesados. Logo, a vontade de registrar de alguma forma o que se passava ali aconteceu. Durante as filmagens, notou-se o quanto aquela posição de entrevistada conferia às ocupantes um estímulo para sua autoestima, pois elas se mostraram contentes em serem ouvidas e inseridas num lugar de protagonismo. Quando voltamos com o vídeo pronto para mostrá-las, essa sensação de contentamento foi ainda maior. Esse processo deu origem a uma videorreportagem com duração de 5 minutos e 46 segundos. Grande parte do pensamento narrativo da videorreportagem se deu durante a montagem do material, inclusive, a partir do início da edição, em que os repórteres viram a necessidade de colher outras imagens. Assim, sua feitura não teve início exatamente a partir de um roteiro, mas sim a partir de uma proposta (PUCCINI, 2009). Podemos dizer que o vídeo se divide em três momentos: contextualização, desafios e a experiência enquanto mulher. No começo do vídeo, o plano geral apreende o terminal de ônibus do Barro e a ocupação, que vista de cima dimensiona sua proporção. Em seguida, uma série de imagens da ocupação são mostradas em tela. Acompanham as imagens a música Africadeus (Concerto pra Mãe Bio), do músico pernambucano Naná Vasconcelos, presente álbum Africadeus, de 1973. A música consiste basicamente num berimbau sendo tocado, e foi escolhida porque remete à capoeira, que consequentemente pode evocar sentimentos de luta que atravessam a reportagem em sua temática e angulação. A música surge logo no início do filme, e é utilizada também em outros momentos de "respiro" entre as falas, com imagens da ocupação, filmadas em câmera estável, em movimento, plano geral, como o espaço e a dinâmicas do dia-a-dia, como crianças brincando. Ela também é utilizada como "textura sonora" ao longo do vídeo, mais baixas e com pausas. No segundo momento, desafios, as falas mais densas trazem relatos sobre a violência policial, contextualizadas por uma matéria da Rede TVT sobre a repressão policial durante um protesto do MTST-PE na sede da Companhia Estadual de Habitação. No terceiro momento, as entrevistas falam de forma empoderada e orgulhosa sobre o que é ser mulher e estar na luta, encerrando o documentário com um certo tom "positivo" sobre as adversidades apresentadas em momentos anteriores. Esta escolha foi feita pois a mensagem que gostaríamos de deixar com o vídeo é que há um "saldo" muito maior daquela ocupação do que a conquista da casa própria. Há uma conquista de conhecimento, de autoestima e empoderamento, posicionando essas mulheres na esfera pública do debate e sobre decisões que influenciam os rumos das suas próprias vidas. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">O desejo do documentário, desde seu início, era de se debruçar sobre o potencial desses processos micropolíticos para além de conquistas "práticas" ou "materiais", mas conquistas subjetivas para cada uma daquelas individualidades participantes deste processo. Trazer a luta feminina e evidenciar as desigualdades de gênero no acesso à moradia, direito básico que atravessa a efetivação de todas as outras políticas públicas, é incentivar a tomada de consciência e autonomia das mulheres. Por isso mesmo, colocá-las como protagonistas das narrativas, trazendo uma visão "que vem de dentro pra fora" é disputar as narrativa corrente nos meios de comunicação hegemônicos. Apesar de curto e rápido, acreditamos que (e talvez também por conta disso mesmo, por sua dinamicidade) o vídeo pode ser útil não só para fins de registro e arquivamento, mas também pela função social, para compreensão de uma questão que envolve diretamente sujeitos, seus corpos e suas subjetividades, se contraponto a um debate distante sobre dados e leis a respeito dos direitos à moradia e das mulheres.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BRUM, Eliane. O OLHO DA RUA: UMA REPÓRTER EM BUSCA DA LITERATURA DA VIDA. Porto Alegre, Arquipélago Editorial, 2017. <br><br>Caderno da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Direito à Moradia Adequada, 2013. Disponível em: <http://www.sdh.gov.br/assuntos/bibliotecavirtual/promocao-e-defesa/publicacoes-2013/pdfs/direito-a-moradia-adequada> Acesso em 22 de abril de 2018.<br><br>Cartilha da ONU. Como fazer valer o direito das mulheres à moradia? , 2013. Disponível em: <https://raquelrolnik.files.wordpress.com/2011/12/guia-mulheres-pt_ok.pdfENGELS> Acessado em 22 de maio de 2018. <br><br>Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf> Acessado em 22 de abril de 2018. <br><br>Déficit Habitacional no Brasil 2015/Fundação João Pinheiro, Diretoria de Estatística e Informaçõe, 2015. Disponível em: <http://fjp.mg.gov.br/index.php/docman/direi-2018/estatistica-e-informacoes/797-6-serie-estatistica-e-informacoes-deficit-habitacional-no-brasil-2015/file> Acesso em 22 de abril de 2018. <br><br>LEVY, Charmain; LATENDRESSE, Anne; CARLE-MARSAN, Marianne. MOVIMENTO POPULAR URBANO E AS MULHERES NO BRASIL: UMA EXPERIÊNCIA DE FEMINIZAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE HABITAÇÃO, Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 18, n. 63, 2013.<br><br>PAZ, André; SALLES, Julia. DISPOSITIVO, ACASO E CRIATIVIDADE: POR UMA ESTÉTICA RENACIONAL DO WEBDOCUMENTÁRIO. Revista Doc On-line, n. 14. Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/5372081.pdf> Acessado em 22 de maio de 2018.<br><br>SOUZA, Amanda Paulista de. AS MULHERES NOS MOVIMENTOS SOCIAIS DE MORADIA: A CIDADE SOB UMA PERSISPECTIVA DE GÊNERO. Revista Humanidades em Diálogo, São Paulo, 2013. <br><br>THOMAZ, Patrícia. A NARRATIVA EXPERIMENTAL DA VIDEORREPORTAGEM NA PRODUÇÃO DA OBRA AUTORAL. Comunicação e Informação, Goiânia, 2007. Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/ci/article/view/10344/7158> Acessado em maio de 2018. <br><br> </td></tr></table></body></html>