ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #000000"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00272</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO13</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;É Dia de Feira: jornalismo literário e as diferentes perspectivas da realidade dos mercados municipais de Mossoró</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;MARCOS ANTONIO LEONEL DA SILVA JUNIOR (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte); Luíza Fernandes Medeiros (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte); Pedro Victor do Vale Carlos (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte); Francisca Leonora da Costa Sales (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte); Larissa Emanuelle Pereira do Vale Maciel (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte); Fernando Nícolas de Araújo Melo (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte); Antonio Hélio da Cunha Filho (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte); Esdra Marchezan Sales (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Cultura, Jornalismo Literário, Mercados, Subjetividade, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A partir de uma perspectiva que traz características do jornalismo literário, o presente paper tem a intenção de demonstrar a construção do projeto laboratorial  É Dia de Feira , que busca dar uma visão integral e poética a um patrimônio cultural, histórico e econômico da cidade de Mossoró, no interior do estado do Rio Grande do Norte. Em um texto que mescla literatura e jornalismo, os alunos da disciplina de Jornalismo Impresso, da UERN, ilustraram o cotidiano, os personagens, os problemas e a essência dos mercados municipais da cidade.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Com o crescente avanço, modernização e chegada dos grandes supermercados a Mossoró, no interior do estado do Rio Grande do Norte, os tradicionais mercados municipais vão perdendo seu destaque na paisagem urbana e social da cidade. Porém, as personagens que vivem diretamente ou indiretamente desses espaços, e deles tiram sua renda, seguem seu cotidiano exasperando seus desejos e sonhos. De responsabilidade da Prefeitura Municipal de Mossoró, os mercados do Alto da Conceição, Central e do Bom Jardim passam por uma série de problemas estruturais, econômicos e, principalmente, o da invisibilização. Um mal corriqueiro na sociedade contemporânea que tende a negligenciar as raízes culturais e a força da tradição. Mesmo que o termo  tradição tenha sido usado para justificar atitudes hediondas na história da humanidade, a essência dessa palavra remete à valorização dos costumes de uma coletividade. A planificação da sociedade e a pasteurização do consumo e do modo de produção vêmdesterritorializando os bens duráveis e não duráveis, fragmentando a sensação de pertencimento e de coletividade da identidade local. Os moldes de se  fazer mercado fazem com que as tradições das feiras populares percam seu valor simbólico para os indivíduos. Atualmente, os três mercados municipais continuam em pleno funcionamento mesmo diante de inúmeras dificuldades, mantendo os usuários assíduos. No entanto, esses sujeitos que ainda frequentam os espaços dos mercados são de uma faixa etária elevada, levantando o questionamento sobre a sobrevivência desse tipo de feira. Por isso, a reportagem tem o claro objetivo de reavivar o espírito que os mercados possuem, levando às novas gerações, que, pelo forte apelo das tecnologias, não se sentem atraídos por tais ambientes. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A reportagem  É Dia de Feira tem o objetivo maior de narrar e detalhar as vivências e as personagens que fazem parte da paisagem dos mercados municipais de Mossoró, difundindo a importância da manutenção dessa tradição para a cultura local. Secundariamente, a matéria possui também a responsabilidade de levar às novas gerações a importância de conhecer ambientes que ajudaram a construir a sociedade atual do município, que se caracteriza como segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, sendo de extrema importância para a economia e cultura do estado. Afinal, o que é jornalismo literário? Não se trata apenas de fugir das amarras da redação ou de exercitar a veia literária em um livro-reportagem. O conceito é muito mais amplo. Significa potencializar os recursos do jornalismo, ultrapassar os limites dos acontecimentos cotidianos, proporcionar visões amplas da realidade, exercer plenamente a cidadania, romper as correntes burocráticas do lide, evitar os definidores primários e, principalmente, garantir perenidade e profundidade aos relatos. (PENA, 2006, p. 6) Levando em consideração que a reportagem possui um cunho fortemente literário e foi escrita por jovens dentro da faixa etária entre 19 a 23 anos, fica claro que os mercados municipais podem atingir a um público diversificado. Justamente com isso em mente, a reportagem  É Dia de Feira teve como outro objetivo construir uma ponte com o público mais jovem para despertar seu interesse em relação aos mercados, utilizando-se de uma linguagem e de recursos mais literários para dar uma nova visão à realidade desses ambientes. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O presente trabalho foi idealizado e desenvolvido com a intenção de denunciar e procurar trazer à tona a atual realidade em que se encontram os mercados municipais de Mossoró. Além disso, também se procurou compreender as histórias que circundam aqueles ambientes. Por isso, justificamos em dois pontos a seguir: a escolha do objeto e a escolha da linguagem. 3.1 A Escolha Do Produto O escritor ou o idealizador de um projeto busca, em seu repertório cotidiano, encontrar personagens e/ou objetos que ilustrem seus textos e produções. Tendo em vista que os mercados municipais fazem parte da memória afetiva e social daqueles que conviveram com esse tipo de feira, muito presente nas cidades de interior dos estados nordestinos  como, por exemplo, Mossoró  fica clara a importância de sua existência para as gerações e famílias dos habitantes locais. Ainda, podemos compreender a importância dos mercados para os municípios em si, já que tais ambientes compõem, direta ou indiretamente, os setores econômicos, sociais e culturais da cidade e, mais nitidamente, nos bairros em que se encontram. No entanto, os mercados locais de Mossoró estão passando, já há algum tempo, por um sutil processo de invisibilização e descentralização por parte de setores como administração pública, grupos de comunicação e grandes empresas de supermercado. Assim, faz-se necessário que haja algum tipo de denúncia ou tentativa de visibilidade para a atual situação dos mercados. 3.2 A Escolha da Linguagem Delimitar a abordagem era de extrema importância para a construção da narrativa e a complexidade no olhar sobre o objeto de estudo, pois queríamos fugir da objetividade impregnada nos textos jornalísticos convencionais. Se as grandes mídias geralmente demonstram temáticas de cunho social e/ou popular de maneira unilateral e superficial, o nosso intuito era construir um texto que buscasse humanizar e valorizar os ambientes dos mercados municipais e as personagens que lá se encontram e se desenvolvem. Dentro das próprias escolas do jornalismo, marcas e vícios do mercado, a importância e a valorização dadas à objetividade fazem com que os futuros profissionais do jornalismo continuem a reproduzir esse modo de construção textual. A pirâmide invertida9 se cristalizou no fazer jornalístico como a maneira ideal de abordagem de qualquer objeto. [...] A objetividade é um ritual estratégico, porque não consegue identificar, no meio profissional, qualquer elemento palpável para uma elaboração conceitual mais coerente. Esse ritual se traduz na adoção de uma série de recursos que terminam por ser puramente formalistas. Um deles é o clássico preceito de  ouvir os dois lados , providencia evidentemente obrigatória que remete à raiz do princípio básico do direito ao contraditório, mas que, no caso do jornalismo, costuma reduzir-se a uma atitude mecânica. (MORETZSOHN, 2007, p. 185). Para uma abordagem integral, não basta cair no discurso falacioso de ouvir os dois lados; é preciso querer mostrar o objeto de forma integrada e não mecanizar o texto jornalístico a uma mera formalidade moral. Por isso, o uso de características do jornalismo literário que, além de permitir a presença da subjetividade no texto, esse padrão de narrativa está em consonância com a essência tradicional e cultural do objeto das reportagens, que, no caso, são os mercados municipais de Mossoró. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS Com a definição da pauta, os alunos da disciplina de Jornalismo Impresso foram a campo para a apuração das informações e procura de personagens para ilustrar toda a reportagem. Os grupos foram divididos para os três mercados municipais e, na chegada aos ambientes, realizaram, previamente, uma observação dos espaços, identificando as pessoas e a estrutura física. 4.1 Entrevista Após a observação, os alunos perceberam as personagens que se destacavam nos locais e as abordaram na tentativa de entrevistas. Primeiramente, foram reticentes com a proposta. Porém, ao explicarmos qual seria o objetivo da entrevista e o viés educacional do grupo na construção da reportagem, os entrevistados começaram a contar suas histórias pessoais e as histórias dos próprios mercados. Para o sucesso de uma entrevista, é preciso que haja interação e confiança entre os participantes envolvidos no método. Por isso, é necessário criar um ambiente acolhedor. Porém, sem interferir nas respostas, tendenciando-as. A entrevista, nas suas diferentes aplicações, é uma técnica de interação social, de interpretação informativa, quebrando assim isolamentos grupais, individuais, sociais; pode também servir à pluralização de vozes e à distribuição democrática da informação em todos estes ou outros usos das Ciências Humanas, constitui sempre um meio cujo fim é o inter-relacionamento humano. (MEDINA, 1986, p. 8) Caracterizando-se no conceito de entrevista dialogal exposto por Lage (2001), onde o entrevistado e entrevistador se reúnem em ambiente controlado. O teor do diálogo vai se baseando na condução do entrevistador. Por isso, é importante manter um roteiro de perguntas, mas não se prender a meras formalidades, observar o ambiente e tentar aproveitar-se das surpresas que o presente momento pode proporcionar. 4.2 Produções Dos Textos A construção do texto tentou buscar uma hibridização da objetividade, do leading10 e do jornalismo convencional com a subjetividade e poesia do jornalismo literário, que se encontra em predominância na reportagem. A pirâmide invertida ainda é um paradigma jornalístico que possui serventia no que diz respeito a informar sutilmente sobre determinado objeto. Entretanto, para a proposta da referida reportagem, esse tipo de texto jornalística era insuficiente. Para a notícia, esteja ela em que veículo for  e que se toma o termo notícia enquanto relato de fatos objetivos acontecidos num tempo recente  , a pirâmide invertida ainda continuará sendo o formato privilegiado e isso reside justamente no fato de ter sua origem ligada à maneira oral de se relatar uma história. O que deve acontecer, na verdade, é a convivência desse estilo com outros, possivelmente mais ricos, que sejam utilizados para análise e aprofundamento das notícias em matérias de outros gêneros, completando a informação do fato. (CAPRINO, 2006, p. 111) No entanto, ainda que a pirâmide invertida esteja presente na grande maioria das construções de textos e do ambiente jornalístico, o que buscamos realizar na reportagem sobre os mercados municipais de Mossoró foi demonstrar e denunciar os problemas factuais que estes locais sofrem, mas também humanizar as personagens que lá residem, trabalham e vivem. Nessa perspectiva, foi necessário utilizarmos outros gêneros e técnicas do jornalismo. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para o desenvolvimento do produto, primeiramente, foi feita uma visita de observação aos ambientes, que, no caso, são os três grandes mercados municipais de Mossoró, nos bairros Alto da Conceição, Bom Jardim e Centro. Em seguida, numa outra visita, buscamos realizar e registrar as entrevistas com as maiores e mais conhecidas personagens de cada mercado da cidade. Com isso em mãos, partimos para a elaboração do texto da reportagem, de acordo com as informações colhidas em campo, que detalhavam as vivências, experiências, opiniões e posicionamentos dos trabalhadores e consumidores que frequentam tais ambientes. Tendo em vista que a reportagem buscava humanizar não só as personagens como também os próprios mercados, a matéria foi dividida para falar de cada mercadoseparadamente. Isso porque, ao falar de cada um em seu espaço próprio, pudemos dar mais visibilidade a cada personagem que desempenha uma função simbólica de destaque nos mercados. Além disso, também procuramos explanar a história de cada um desses ambientes, trazendo à tona as situações em que se encontram atualmente, bem como suas dificuldades. Compreendendo e nos baseando plenamente nas técnicas aprendidas sobre jornalismo literário e suas ferramentas durante a disciplina Jornalismo Impresso, a reportagem  É Dia de Feira foi inteiramente construída levando em consideração a linguagem necessária para tal abordagem. A intenção ao escrever o texto era humanizar os mercados municipais e suas personagens, ao mesmo tempo em que denunciava todos os problemas estruturais, econômicos e sociais encontrados em tais ambientes, na esperança de que a administração pública tome alguma providência. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A ideia inicial para a criação e posterior desenvolvimento da reportagem literária  É Dia de Feira surgiu durante e em decorrência da disciplina Jornalismo Impresso, componente obrigatório para a turma de 5º período do curso de Comunicação Social, na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. A partir disso, buscamos detalhar e compartilhar, de forma literária e opinativa, a realidade vivida pelos mercados municipais de Mossoró, seus trabalhadores e consumidores, que lá transitam diariamente. Levando em consideração que jornalismo literário se define como uma vertente do jornalismo que procura potencializar e diversificar os recursos de se construir um texto narrativo e linear para os grandes meios de comunicação, assim como sair da zona de conforto ao retratar acontecimentos cotidianos de uma sociedade, a intenção principal da reportagem era explanar a essência e as situações vividas dentro dos mercados de Mossoró, proporcionando diferentes visões de realidade aos leitores. Compreender a contribuição, a participação e, especialmente, a importância dos três mercados municipais de Mossoró para a construção da identidade social, econômica, cultural e até mesmo política da cidade é essencial para entender, também, a dinâmica organizacional e administrativa de Mossoró, assim como o papel da cidade dentro do interior do estado. Reportar essa realidade através do jornalismo literário e opinativo traz maiores possibilidades para que possamos interpretar tal realidade a partir de diferentes perspectivas, contribuindo para a permanência dos mercados no cotidiano da cidade. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">CAPRINO, Mônica Pegurer. Questão de estilo: o texto jornalístico e os manuais de redação. Comunicação & Sociedade. São Bernardo do Campo: PósCom-Umesp, a. 23, n. 37, p. 105-123, 1º sem. 2002.<br><br>GALARÇA, S. L. S. Pirâmide invertida, lead clássico e interesse público: 50 anos depois, jornalismo impresso catarinense ainda segue padronização. In: Anais do XXX CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO  INTERCOM, 30, 2007, Santos. São Paulo: Intercom, 2007. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/R1523-1.pdf> Acesso em 23 de Abril de 2017.<br><br>MEDINA, Cremilda de Araújo. Entrevista: o diálogo possível. São Paulo: Editora Ática, 1986. <br><br>MORETZSOHN, Sylvia. Pensando contra os fatos: jornalismo e cotidiano: do senso comum ao senso crítico. Rio de Janeiro: Revan, 2007.<br><br>PENA, Felipe. O jornalismo literário como gênero e conceito. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <http://felipepena.com/wp-content/uploads/2015/03/jornalismo-literario-genero-conceito.pdf> Acesso em: 23 de Abril de 2017.<br><br> </td></tr></table></body></html>