ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #000000"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00308</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO07</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;"Se respeite, se imponha respeito": como são abordadas as identidades LGBTs no Colégio Estadual da Cachoeira</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Cícero Bernar da Silva Muricy (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia); Rodrigo de Azevedo Gomes (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia); Talyta Louise Todescat Singer (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Educação, LBGTfobia, Identidades, Cachoeira, Estudantes</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Durante a Oficina de Jornalismo Online da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia foi produzida uma reportagem que buscou evidenciar os problemas que jovens LGBTs sofrem na adolescência, em um espaço que deveria ser acolhedor, a escola. O nosso foco de atenção foi o Colégio Estadual da Cachoeira, localizado na cidade de Cachoeira-BA. A apuração evidenciou que, além do preconceito praticado por outros alunos, esses jovens LGBTs contam ainda com um despreparo da escola em lidar com esses casos de forma a conscientizar a comunidade estudantil acerca da LGBTfobia.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O trabalho trata de uma reportagem multimídia, que utiliza de técnicas do jornalismo online como imagens, vídeos, áudios e infográficos para retratar a vivência de jovens LGBT na escola. O Colégio Estadual da Cachoeira se constitui como uma das mais tradicionais instituições de ensino na cidade. Inaugurada em 19 de setembro de 1954, a escola recebe jovens de cidades da região do Recôncavo, como São Félix, Muritiba, São Gonçalo, Bananeiras, Conceição do Almeida e Castro Alves. Segundo o portal da Secretaria de Educação da Bahia, entre julho e agosto de 2017, o Colégio possuía cerca de 960 estudantes matriculados, sendo a maior da rede pública no município, que detém uma população estimada de 35 mil habitantes, um PIB per capita (2015) de R$ 12.999,50 e o IDH (2010) em 0,647, de acordo com dados do IBGE. E é nesse contexto que jovens não heterossexuais do Colégio Estadual da Cachoeira, importante cidade do Recôncavo da Bahia, sofrem com o preconceito direto, através de piadas de mau gosto, xingamentos e outras formas de violência simbólica, inclusive em paredes do local que possuem  pichações preconceituosas por diversas partes do prédio. A escola, por sua vez, afirma que há poucos casos explícitos de LGBTfobia que chegam à diretoria, e que medidas para prevenção e conscientização dos estudantes são tomadas. Alguns alunos, porém, afirmaram em entrevistas que a escola pouco interfere nessas situações, e que, na maioria das vezes, nenhuma providência é tomada para os casos relatados. Entrevistamos professores e uma aluna com captação apenas em áudio. Uma entrevista em vídeo foi realizada com a então vice-diretora do Colégio, para dar um depoimento mais amplo acerca do tema e também da visão institucional. Outra entrevista em vídeo foi feita com um estudante homossexual, que relatou a homofobia sofrida na escola. Para além desses depoimentos, realizamos uma enquete com 91 estudantes do Colégio, distribuídos entre turmas do 1º, 2º e 3º ano do Ensino Médio.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O principal intuito com a realização deste trabalho foi apurar e mostrar qual a realidade que jovens LGBTs passam dentro do espaço escolar. A partir desse interesse, buscamos relatos diversificados que pudessem trazer um panorama amplo e o mais próximo do que esses estudantes realmente sofrem diariamente no seu ambiente de estudo. Expor essa problemática através das informações e dos dados coletados é importante para entendermos o contexto social em que vivemos, onde até mesmo em um local de aprendizado, o ódio direcionado a pessoas LGBTs começa a ser disseminado por futuros cidadãos.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A importância desse trabalho está no tratamento que os estudantes LGBTs recebem no Colégio Estadual da Cachoeira, demonstrando assim um reflexo do que acontece no restante do país, de acordo com os índices de LGBTfobia nas escolas e também o abandono desses mesmos estudantes pela opressão sofrida no ambiente escolar acerca de sua identidade e sexualidade. Para a formação da reportagem, usamos os dados da Pesquisa Nacional sobre o Ambiente Educacional no Brasil do ano de 2016. Na pesquisa, 1016 estudantes de escolas públicas, de faixa etária entre 13 e 21 anos, provenientes de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal (com exceção de Tocantins), expuseram por meio de um questionário online, em 2015, as suas visões sobre o tratamento dado pela diretoria, professores, colegas e até mesmo a família em relação às questões de diversidade sexual na educação do país. 73% dos jovens afirmaram ter sido vítimas de violência verbal relacionada à sua orientação sexual, enquanto 27% foram agredidos fisicamente. 35% dos estudantes também disseram que não obtiveram uma resposta da escola eficiente para combater possíveis reincidências de casos. Em relação à identidade de gênero, 68% dos entrevistados foram agredidos verbalmente e 56% sofreram assédios sexuais dos seus próprios colegas no âmbito escolar. Diante desse cenário, a discussão sobre esses estudantes e como eles se sentem nos seus momentos escolares, com os seus colegas e professores pode permitir uma maior visibilidade sobre a LGBTfobia e como essas agressões (sejam verbais, físicas ou até mesmo do tipo psicológicas) são graves para a sua permanência nas instituições de ensino, mostrando que esse tipo de comportamento deve ser mudado nesses espaços.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Criamos uma reportagem multimídia, que a autora Raquel Ritter Longhi (2014) define como: Definimos tais produtos como formatos noticiosos hipermidiáticos, ou seja, aqueles produtos informativos produzidos e distribuídos nos meios digitais de comunicação e informação, que contêm as características de multimidialidade, interatividade, conexão e convergência de linguagens próprias da linguagem hipermídia e do ambiente digital e online de informação. São exemplos: áudio-slideshows, picture stories, infografia online (interactive graphics), especiais multimídia (multimedia features) e, mais recentemente, a grande reportagem multimídia. Marcadamente por estarem compostos por características narrativas e multimidiáticas próprias e específicas, o que ocorre ainda devido às ferramentas de produção utilizadas, estabelecemos na cronologia proposta uma diferenciação entre os chamados  especiais multimídia e a  grande reportagem multimídia , como veremos no decorrer deste artigo. Quanto ao slideshow, trata-se do primeiro formato considerado  multimídia no jornalismo online. Desde seu surgimento, se constitui num produto largamente utilizado para o fato noticioso. (LONGHI, 2014, p. 901). Foram utilizadas para essa reportagem multimídia os recursos de captação através de gravadores de áudio, além de gravação de vídeo internas do espaço do colégio e também de entrevistas. Deram depoimentos em áudio quatro professores que atuam entre os ensinos fundamental e médio da escola, além de uma estudante cuja a identidade não foi revelada na reportagem; fizemos uma entrevista em vídeo com a então vice-diretora do Estadual e com um aluno homossexual, e que também preferiu não ter sua imagem e identidade divulgadas. Por fim, aplicamos um questionário (de forma anônima) a 91 estudantes, contendo perguntas sobre as identidades e sobre como os eles se sentiam na escola, separando-os a partir de idade, sexualidade e gênero. No corpo da reportagem utilizamos a técnica literária como fator condutor dos momentos presenciados em nossa pesquisa pela escola e dos resultados obtidos a partir dela.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A ideia surgiu a partir do tema Educação, que foi escolhido pelos alunos da Oficina de Jornalismo Online, orientada pela professora Talyta Singer, do semestre 2017.1 e a partir dele cada equipe deveria produzir uma pauta específica sobre o assunto. Assim foi pensado, além dos já  clássicos assuntos envolvendo educação como  precarização dos estudos, falta de estrutura das escolas públicas, etc e foi escolhido o tema sobre as identidades LGBTs em ambiente escolar pela ausência de visibilidade do assunto tanto em sala de aula quanto em outros grandes meios de comunicação, além de um dos autores ser homossexual e se identificar com tais questões apresentadas. Logo após essa etapa de reflexão, as primeiras negociações com a vice-diretora do Colégio Estadual da Cachoeira, Maria Helena dos Santos Araújo foram iniciadas em conversas pessoais em sua sala. Fomos recebidos pela vice-diretora, já que durante aquele período o diretor estava de férias. No dia seguinte ao nosso primeiro contato com a escola, ela concedeu uma entrevista em vídeo falando sobre a situação dos estudantes LGBTs no colégio. Na entrevista, Maria Helena contou que a escola acolhe, sim, os estudantes não heterossexuais de forma digna e respeitosa tanto pelos docentes quanto pelos discentes. Entretanto, durante nossas pesquisas no ambiente escolar, não foi exatamente essa a situação que encontramos. Em meio à insultos contra pessoas LGBTs escritos nas paredes da escola, principalmente na maior parte do prédio designado para o ensino médio, além de determinados discursos de culpabilização da vítima de LGBTfobia de um professor e denúncias de estudantes, em áudio e vídeo, como Ana Flávia* (14 anos) e Gustavo Henrique* (17 anos), entramos em um conflito, já que o espaço não era tão acolhedor assim. O conflito se deu em como pensar na construção de uma matéria que mostrasse as incongruências da vice-diretora e dos professores, sendo que ao mostrarmos a realidade estaríamos, de certa forma, rompendo o laço e a relação de empatia com as fontes - um dos desafios que cerca a profissão. Entretanto, continuamos com a nossa abordagem, já que havíamos explicado sobre o quê se tratava a reportagem. Para falarmos da realidade do Colégio Estadual da Cachoeira, tomamos como ponto alguns dados sobre a situação dos estudantes LGBTs brasileiros em geral através da Pesquisa Nacional sobre o Ambiente Educacional no Brasil (2016), além de números divulgados pelo Grupo Gay da Bahia dos assassinatos de pessoas LGBTs no Brasil e no estado baiano. O resultado final gerou uma reportagem com 3.330 palavras, uma foto, três imagens com dados, duas entrevistas em vídeos, quatro entrevistas em áudio e um link com seis gráficos obtidos e um questionário aplicado com 91 alunos. O conteúdo foi publicado no site do jornal laboratório Reverso Online, e compartilhado nas páginas do Reverso no Facebook, Instagram e Twitter. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A partir de toda pesquisa e produção relatada, acreditamos ter construído uma reportagem capaz de expor e questionar as situações que estudantes não heterossexuais sofrem no Colégio Estadual da Cachoeira, que reflete também em cenários de outras regiões do país. E essa é uma das funções de um jornalista: pesquisar sobre problemas sociais que são invisibilizados por grande parte da sociedade e assim informar sobre tais situações para que uma possível reflexão aconteça. Não à toa que, após a divulgação da reportagem na internet, alguns comportamentos de professores da escola foram sendo observados acerca do que foi relatado. Mesmo que com reações de rejeição e negação ao que foi escrito, gerou discussões entre os discentes e docentes do Colégio Estadual ao conteúdo. A LGBTfobia deve ser discutida e combatida nas escolas, sejam elas públicas ou particulares. No desenvolvimento da reportagem, tratamos de diferenciar os insultos e agressões contra lésbicas, bissexuais, gays, transexuais e travestis do famoso bullying, afinal em muitas situações essas agressões são confundidas como  brincadeiras ,  besteiras , sem ao menos questionar o porquê do colega estar chamando o outro de  viado ou  traveco . Utilizar as técnicas que uma reportagem multimídia oferece nos deu a possibilidade de um maior aprofundamento no assunto, usufruindo dos formatos de texto, áudio, vídeo, além de imagens e infográficos, para desenvolver um estilo de reportagem onde o público se envolva com a substância do trabalho e o conteúdo ali apresentado, permitindo não contar uma história única, mas combinar diferentes relatos e diferentes mídias para ampliar os assuntos que cabem em uma reportagem.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BRIGGS, Mark. Jornalismo 2.0 - Como sobreviver e prosperar. J Lab e Knight Citizen News Network. 2007.<br><br>CANAVILHAS, João. Notícias e mobilidade - Jornalismo na era dos dispositivos móveis. Livros LabCom. 2013.<br><br>CANAVILHAS, João. Webjornalismo - 7 caraterísticas que marcam a diferença. Livros LabCom. 2014.<br><br>FRANCO, Guilherme. Como escrever para a web. Editora Centro Knight. 2008.<br><br>GISLENE, Silva; KUNSCH, Dimas A.; BERGER, Christa; ALBUQUERQUE, Afonso. Jornalismo Contemporâneo - Figurações, impasses e perspectivas. EDUFBA/COMPÓS. 2011.<br><br>KUCINSKI, Bernardo. A nova era da comunicação: reflexões sobre a atual revolução tecnológica e seus impactos no jornalismo. POSJOR/UFSC. 2012.<br><br>ZAGO, Gabriela da Silva. Circulação jornalística potencializada: o Twitter como espaço para filtro e comentário de notícias por interagentes. UFRGS. 2012. <br><br> </td></tr></table></body></html>