ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #000000"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00599</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;RT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;RT05</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;O Cinema do Interior para o Interior</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;carla nascimento lima (universidade do estado da bahia); Carolina Ruiz de Macedo (universidade do estado da bahia)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Bahia, Cinema, Espectatorialidade, Itinerante, Interior</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">RESUMO: As imagens nos reportam para um mundo que existe dentro de nós, como as sensações, as emoções e as inquietações pessoais. Só podemos de fato descobrir essas sensações experimentando e recriando experiências, assim como a apresentada neste trabalho. Trata-se de um documentário sobre as reações das pessoas ao assistirem filmes em um ambiente que faz parte do seu cotidiano. Foram apresentados filmes com temáticas diretamente ligadas à realidade dos moradores de três comunidades rurais do município de Serrinha, na Bahia, com o propósito único de estimular sensações através da experiência fílmica.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">INTRODUÇÃO: Este projeto experimental teve como objetivo a realização de um vídeo-documentário sobre recepção e espectatorialidade cinematográfica a partir da experiência de exibições de filmes em 3 comunidades rurais do município de Serrinha, na Bahia, que atualmente possui 76 comunidades delimitadas na área rural. Para realização do projeto, escolhi as comunidades de Cajueiro, Recanto e Mato Grosso como locação para as filmagens e pesquisa de campo do projeto. A ideia de organizar uma expedição itinerante de cinema exibindo filmes baianos surgiu no ano de 2015, quando realizei uma oficina de vídeo e fotografia na comunidade de Vertente, no município supracitado. Na ocasião, durante dois dias, apresentei alguns curtas-metragens baianos para uma turma de alunos do ensino fundamental I. A partir dessa experiência, relacionei a minha inquietação de perceber uma crescente na produção de filmes que retratam a cultura da Bahia e histórias do cotidiano do seu povo, através de uma linguagem e "dialetos" peculiares dos baianos, à identificação dos alunos com os filmes apresentados na oficina de vídeo. O que me instigou a pesquisar sobre a espectatorialidade cinematográfica (BAMBA, 2013) dos moradores dessas localidades foi o desejo de compreender a lógica que orienta a disseminação e valorização de filmes realizados na Bahia, que, em sua maioria, são finalizados e não distribuídos para veiculação em salas de cinemas públicas ou privadas. Esse projeto se sustentou na crença no potencial do cinema, da arte e das manifestações culturais de forma mais ampla como ferramenta de formação social (MORIN, 2014). Desse modo, elaborei um dispositivo (a exibição de filmes de cor local em comunidades sem acesso à salas de cinema) que resultou na produção do documentário O cinema do interior para o interior.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">OBJETIVO: O objetivo geral do projeto foi realizar um vídeo-documentário que investiga o processo de recepção dos espectadores durante sessões de exibição pública ao ar livre de filmes produzidos no interior do estado da Bahia, e perceber como o público nestas comunidades do município de Serrinha vivencia essa experiência a partir das propostas que os diferentes filmes oferecem. Essa abordagem com o público e interação com a comunidade foi, sobretudo, uma estratégia que me auxiliou no entendimento sobre os efeitos que o cinema produz diante de uma experiência coletiva, em um espaço físico que remete a uma sala de cinema, com uma tela projetando imagens em movimento, diferente do habitual modo de assistir filmes em casa. Nas exibições foram apresentados apenas filmes produzidos por cineastas baianos, a fim de acionar os conceitos de identificação, representatividade, memória, educação, percepção, recepção e espectatorialidade (BAMBA; FRESQUET; MORIN). O documentário final tem um tratamento estético cuidadoso e visa ser distribuído através das mídias digitais a fim de alcançar repercussão e compartilhar com o maior número possível de pessoas o encantamento e transformação que o cinema pode trazer.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">JUSTIFICATIVA: O documentário evidencia o comportamento do público durante as sessões fílmicas e os relatos de diferentes olhares e conexões entre as pessoas com relação aos filmes através de depoimentos colhidos após as sessões. Minha inquietação partiu da curiosidade de investigar os efeitos dessas experiências e como o olhar do outro pode nos proporcionar um leque de interpretações com diversas variações de refecias e experiências pessoas. Nesse contexto de pensar o uso do cinema itinerante, da subjetividade e da espectatorialidade. Penso o cinema como agente formador, podendo se comunicar com diversas pessoas, ultrapassando os limites da representação e ajudando a construir novas leituras por intermédio dos mecanismos audiovisuais. Em todo o processo, pude observar atentamente o potencial de transformação social que o cinema detém, saltando a tela e construindo um novo espaço de relação interpessoal entre os moradores das comunidades, o espaço físico ressignificado pela tela de cinema juntamente com as temáticas dos filmes.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS: O modo observativo requer muito da realidade para que o documentário tenha de fato uma credibilidade perante o público, é necessário mostrar de fato a verdade. Em diversas cenas é possível identificar a presença da técnica de câmera subjetiva que legitima ao expectador a ideia de que o que se vê é realmente o que aconteceu. Essa técnica foi utilizada para melhor representara a visão do expetador durante as exibições. O modo observativo (NICHOLS, 2005), que consiste em capturar cenas espontâneas &#8223;sem interferências do diretor, propõe uma série de considerações éticas que incluem o ato de observar, respeitando o espaço de cada indivíduo. Os recursos do modo observativo foram utilizados para apreender a experiência fílmica dos moradores das comunidades, flagrando discretamente com a câmera suas reações e comportamentos durante as exibições. Em produções desse tipo, a impressão é de que quem está à frente, na figura de documentarista ou mediador, tem o papel de conduzir a representação do real através das imagens que vão construindo a narrativa do que está sendo filmado (LUCENA, 2008). Busquei investigar nesse projeto os efeitos da experiência fílmica itinerante utilizando a construção de um dispositivo. Escolhi trabalhar o conceito de filme-dispositivo (LUCENA, 2012) define os dispositivos como, antes de qualquer coisa, um fator relacional a uma máquina que provoca e permite filmar encontros. O dispositivo é a construção de linhas que se relacionam com os fenômenos temporais, tecnológicos e metodológicos a partir da abordagem que o cineasta ou documentarista impõe no seu objetivo com o mundo social. Como método para a construção do vídeo que retrata as impressões pessoais dos espectadores relacionadas com a experiência fílmica e por fim trago como fenômeno plástico do cinema paredes ressignificadas pela tela do projetor. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO: O processo de pré-produção teve início com o mapeamento das três comunidades escolhidas para execução da experiência itinerante de cinema. Usei o critério de distância dessas comunidades em relação à sede da cidade de Serrinha, na Bahia, baseada na quilometragem, visto que o acesso a mecanismos tecnológicos como Internet, assinatura de TVs e até mesmo aparelhos celulares é difícil nestas localidades rurais. Escolhi as três que mais se distanciam da área urbana do município, sendo elas os povoados de Cajueiro, a 12 km de distância, Recanto, a 18 km, e Mato Grosso, também 18 km distante do centro do município. Organizei as exibições para acontecerem da seguinte forma: um projetor conectado a um notebook e uma caixa de som amplificada posicionada estrategicamente na frente da parede externa das escolas, tendo em vista o suporte funcional de energia elétrica, mesa e cadeiras para montagem do equipamento necessário para a realização das sessões. Em seguida, fiz contato com as escolas da rede pública do município através de convites, cartazes e apresentei a proposta de desenvolvimento do documentário para conseguir suporte e apoio das comunidades. Para esse primeiro contato, organizei uma agenda com as datas para as exibições, que aconteceram às terças e quintas, no horário das 19h até as 22h. Em seguida, organizei a lista com 10 produções: um longa-metragem, Cuíca de Santo Amaro; uma série infantil, A professora de música, com 12 episódios que juntos contabilizam 1h23min; e oito curtas-metragens, a saber, O menino do Cinco, Menino da Gamboa, O babado de Toinha, O Boi Roubado, Astrogildo e Astronave, Reviramundo, Teodorico Majestade e O filme de Carlinhos. Procurei selecionar filmes que retratassem questões sociais, relacionadas ao cotidiano das pessoas, com o intuito de provocar uma experiência de identificação dos sujeitos com os enredos que os filmes apresentam. Os programas de exibição foram montados visando, ao mesmo tempo, proporcionar uma experiência de entretenimento coletivo com o uso de filmes de classificação livre e abordagens mais complexas, com a escolha de filmes que provocam o espectador a expressar uma opinião sobre o tema. Dividi os filmes escolhidos em dois blocos de cinco para cada exibição. Com a agenda programada, montei um roteiro de gravação e organizei uma equipe voluntária de produção que contribuiu com ideias e sugestões para a etapa prática do documentário, dividindo as tarefas em dois subgrupos: um para as exibições dos filmes e outro para execução das filmagens. Para a efetiva execução das exibições foi preciso montar uma logística ágil e rápida dos equipamentos para que o público conseguisse entender do que se tratava a proposta do projeto e ser instigado por ele desde o princípio. Conseguimos com as comunidades mesas e algumas cadeiras para instalação do material de exibição: projetor, notebook, extensões e caixa de som, levadas por nós em todas as sessões. Com tudo pronto, a exibição começava e, em seguida, iniciávamos também as gravações das primeiras cenas do documentário. Usando câmeras DSLR, optamos por capturar imagens em Grande Plano Geral (GPG) e Plano Geral (PG) com o uso de lentes objetivas de 18-135 mm de distância focal com o intuito de situar o espectador sobre a comunidade que estava sendo filmada, e variando para Primeiríssimos Planos (PPP) e Plano Detalhe (PD), construindo assim um ponto de vista a partir dessa composição de planos. Com uso de uma teleobjetiva de 70-300 mm de distância focal, buscamos evidenciar as reações dos espectadores ao decorrer de cada filme apresentado, mantendo a espontaneidade dos seus comportamentos por não invadir diretamente o espaço do público. Para as entrevistas que compõem o documentário, realizadas após cada exibição fílmica nas comunidades, optamos por usar a objetiva 50 mm, considerando suas características e funcionalidades essenciais para a composição das cenas em primeiro plano, podendo explorar os recursos de cores e o ganho de iluminação oferecido pela objetiva, já que as gravações ocorreram durante a noite e não disponibilizávamos de muitos recursos para tal finalidade na zona rural.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">CONSIDERAÇÕES: Ao fim dessa experiência, penso todo o conjunto de ações elaboradas como uma via de mão dupla para nós e para os moradores que colaboraram com a execução das sessões e realização do documentário. Construímos uma narrativa coletiva sobre a experimentação, pautada na produção audiovisual, que dialoga com as pessoas e as comunidades. Tudo foi ganhando forma e as ideias foram se materializando. No decorrer de cada experiência, construímos diferentes caminhos para o acesso ao cinema. O cinema é formação, construção e desconstrução. Por fim, esse trabalho serviu para despertar o encantamento e a imaginação dos moradores das comunidades em que foram realizadas as exibições e as gravações, os personagens do documentário, e para, partindo da percepção de que o cinema não é um fazer distante, motivar novos realizadores a explorar as inúmeras possibilidades que a linguagem audiovisual traz. Além disso, o documentário, ao circular através das mídias digitais, alarga a possibilidade de encantamento e sensibilização em torno da potência transformadora que é o cinema, assim como leva essa experiência a muitas outras pessoas a fim de que possam conhecer um pouco mais sobre as localidades representadas. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BAMBA, Mahomed. Introdução: Estudos da recepção e da espectatorialidade cinematográfica: da teoria dos estudos de casos (vice-versa). In: BAMBA, Mahomed. A recepção cinematográfica: teoria e estudos de casos. Salvador: EDUFBA, 2013.<br><br>FRESQUET, Adriana. Pontes e caminhos  entre a realidade e a imaginação. In: FRESQUET, Adriana. Cinema e educação: reflexões e experiências com professores e estudantes de educação básica, dentro e  fora da escola. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013<br><br>IKEDA, Marcelo. Leis de incentivo para o audiovisual: como captar recursos para projetos de uma obra de cinema e vídeo. Rio de janeiro: WSET Multimídia, 2013.<br><br>LUCENA, Luiz Carlos. Nem tudo é verdade! Produção simbólica e construção do real no documentário contemporâneo. São Paulo: Ativa, 2008.<br><br>LUCENA, Luiz Carlos. Como fazer documentários: conceito, linguagem e prática de produção. São Paulo: Summus, 2012. <br><br>MEDINA, Cremilda. O signo da relação. São Paulo: Paulus, 2006.<br><br>MORIN, Edgar. A alma do cinema. In: XAVIER, Ismail. A experiência do cinema: antologia. Rio de Janeiro: Edições Graal: Embrafilme, 1983. <br><br>MORIN, Edgar. O complexo do sonho e realidade. In: MORIN, Edgar: O cinema ou o homem imaginário: ensaios de Antropologia Sociológica. São Paulo: É realizações editora, 2014.<br><br>NAME, Leonardo. Cinema e análise espacial. In: NAME, Leonardo. Geografia pop: o cinema o outro. Rio de Janeiro: Ed. PUC- Rio, Ed. Apicuri, 2013. <br><br>NARADORES DE JAVÉ. Direção: Eliane Caffé Produção: Vania Catani, André Montenegro, Brasil, 2003, DVD. <br><br>NICHOLS, Bill. Introdução ao Documentário. Tradução Mônica Saddy Martins. Campinas, SP: Papirus, 2005. <br><br>SANT&#8223;ANNA, Márcia. A face imaterial do patrimônio cultural: os novos instrumentos de reconhecimento e valorização. In: ABREU, Regina& CHAGAS, Mário (orgs). Memória e Patrimônio. Ensaios Contemporâneos. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.<br><br>SILVA, Dafne Pedroso da; BONIN, Jiani Adriana. A recepção de cinema nas mostras itinerantes organizadas pelo cineclube Lanterninha Aurélio. In: BAMBA Mahomed. A recepção cinematográfica: teoria e estudos de casos. Salvador: EDUFBA, 2013.<br><br>TEIXEIRA, Francisco Elinaldo (Org.). Documentário no Brasil: tradição e transformação. São Paulo: Summus, 2004. <br><br>UNIÃO DOS CINECLUBES DA BAHIA. http://uniaodoscineclubes.blogspot.com.br/https://cncbrasil. wordpress.com/category/cnc-gestao-nacao-cineclube/cnc-diretoria- de-articulacao-nacional/cnc-diretoria-regional-nordeste/cnc-bahia/cnc-uniao-de- cineclubes-da-bahia. <br><br> </td></tr></table></body></html>