ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #000000"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00633</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO05</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Debate em Pauta: a violência racial em Pernambuco</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Juliana da Costa Santos (Universidade Federal de Pernambuco); Bruno Vinicius Luiz da Silva (Universidade Federal de Pernambuco); Maria Luisa Leonidas Ferro (Universidade Federal de Pernambuco); Luane Ferraz de Souza (Universidade Federal de Pernambuco); Ana Maria da Conceição Veloso (Universidade Federal de Pernambuco)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;políticas raciais, racismo, reportagem especial, violência racial, série de reportagens radiojornalismo</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A série de duas reportagens para rádio "Debate em Pauta: violência racial em Pernambuco" busca suscitar a discussão sobre violência, raça e gênero no contexto estadual e nacional. A partir do levantamento de dados acerca os elementos apontados, as matérias radiofônicas se propuseram a discutir como o racismo institucional velado faz da população negra o principal alvo dos homicídios em Pernambuco e no Brasil. O material faz parte de uma série de programas desenvolvidos para discutir negritude e políticas públicas na disciplina de Técnica de Entrevista e Reportagem 2, do curso de Comunicação Social habilitado em Jornalismo da Universidade Federal de Pernambuco. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A elaboração desta série de reportagens fez parte do processo avaliativo da disciplina "Técnica de Entrevista e Reportagem 2", presente na grade curricular do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Após um semestre de experimentação com vários formatos radiofônicos, a avaliação final da disciplina se deu através da produção de uma ou mais reportagens especiais, a depender do grupo de estudantes. Assim surgiu a série de reportagens "Violência Racial em Pernambuco", dentro do programa  Debate em Pauta , que, desde o primeiro momento, pretendia tratar sobre as problemáticas da negritude no Brasil e em Pernambuco. O tema foi escolhido pela falta de discussão sobre tal na grande mídia, que se limita a relatar casos de racismo e violência policial esporadicamente e sem contextualização. A reportagem buscou, dessa forma, problematizar a questão racial brasileira através de duas matérias interdependentes. A primeira revela qual o perfil dos violentados, que se apresenta de maioria negra, pobre e de baixa escolaridade, trazendo uma abordagem histórica e social que explique por que tais indivíduos são os principais alvos da violência institucionalizada. A segunda reportagem traz um recorte de gênero dentro do movimento negro, enfatizando os altos números de feminicídios contra a mulher negra tanto nacionalmente quanto no estado de Pernambuco. O programa procurou explorar o "Atlas da Violência 2017", produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que aponta uma alta nos homicídios de pessoas negras, contando também, para fins de uma discussão mais plural, com fontes como a professora Rebeca Duarte, professora de relações raciais e gênero, o sociólogo Julio Jacobo, autor do "Mapa da Violência: a cor dos homicídios no Brasil", a socióloga Alyne Nunes, a coordenadora do Centro de Mulheres do Cabo, Isabel Santos, e Maria Galindo, integrante do Coletivo Feminista Periféricas.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A série de reportagens  Violência Racial em Pernambuco , do programa  Debate em Pauta , tem como objetivo geral apresentar, na linguagem radiofônica, uma discussão sobre a violência racial presente no Brasil e em Pernambuco, focando nas origens deste preconceito e em suas consequências. Alinhados a este, estão presentes os objetivos de observar, levantar apontamentos e problematizar a relação da sociedade brasileira com o histórico de violência da qual a população negra é a maior vítima. Também é de interesse da série apontar para as diferenças entre os preconceitos vividos por homens negros e mulheres negras, realizando um recorte de gênero dentro do próprio discurso de raça. Devido à falta de uma abordagem mais profunda da mídia tradicional para com o tema  fruto de uma narrativa constantemente superficial que não problematiza o papel de marginalização do negro  , o programa busca contextualizar historicamente a realidade do racismo brasileiro através de dados de pesquisas demográficas e entrevistas com fontes envolvidas com o tema, seja academicamente ou em sua vivência pessoal. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Sendo o último país ocidental a abolir a escravatura do povo negro, quando houve a promulgação da Lei Áurea no dia 13 de maio de 1988, o Brasil ainda não conseguiu garantir que a população negra conseguisse, de fato, ter participação efetiva no poder e acesso aos direitos humanos essenciais para a sobrevivência. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), em pesquisa de 2014, enquanto a participação de pessoas brancas nas universidades corresponde a 26,5%, o número de negros é de apenas 12,8%. Os números se invertem quando se analisa população presente nos presídios brasileiros: 64% da população carcerária é negra (dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, de 2017). Estes são apenas algumas das pesquisas que corroboram para o argumento de que negros e negras são os mais afetados pelos índices de desigualdade no País. É com isso em vista que a série de reportagens  Violência Racial em Pernambuco , do programa  Debate em Pauta , torna-se de suma importância para o debate sobre raça e gênero. Buscando traçar a limiar entre esses dois elementos, as duas reportagens têm como foco a problematização do genocídio da população negra no País, atentando para uma violência que tem cor, mas não data para acabar. Baseando-se em documentos como o  Atlas da Violência de 2017 , do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a reportagem verificou que, em Pernambuco, a situação não é diferente: de acordo com o relatório, um jovem negro entre 15 e 29 anos tem 3,8 vezes mais chances de ser assassinado que um branco da mesma faixa etária. Enquanto isso, o  Mapa da Violência , da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), revela que, entre 2003 a 2013, a violência contra a mulher negra aumentou em 54%, em paralelo à diminuição para as mulheres brancas no mesmo período. Tal realidade torna a discussão perante violência racial urgente, visto que se necessita, sobretudo, entender de onde veio tal violência, qual rosto ela toma nos dias atuais e como ela se mantém. A pergunta que nos guia é: Por que?. Afinal, o que torna o jovem negro uma vítima certa da violência? Quem colocou a mulher negra na base da pirâmide social? E, enfim, como é possível lutar contra essa opressão? </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para elaboração da série de reportagens, foi preciso fazer uma apuração de dados e de contexto histórico e socioeconômico para amarrar o tema em duas vertentes: primeiro, o recorte mais geral de raça e, depois, o gênero dentro da raça. As reportagens procuraram se basear e refletir os dados de relatórios e pesquisas de diferentes órgãos estatais e privados, que comprovaram que a violência no Brasil atinge principalmente a população negra. Após a fase de apuração, foram entrevistadas, através de gravadores portáteis e de celulares, cinco fontes diferentes, as quais são envolvidas profissional ou socialmente com temas ligados à segurança, raça e gênero. As fontes traziam consigo bagagens de estudos acadêmicos ou de vivências em movimentos sociais, o que permitiu às reportagens adquirir um caráter plural de discursos em volta de seu tema central. Depois do processo, os repórteres entraram em estúdio para a gravação das duas reportagens; neste âmbito, optou-se por uma narração manchetada, feita por dois repórteres em cada parte da reportagem especial. Logo após, houve a edição do conteúdo, que foi realizada no Laboratório de Som e Imagem (LIS) do Departamento de Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco. Com a finalização das duas reportagens, a professora e orientadora Ana Veloso revisou todo o conteúdo, partindo para uma edição final de tudo o que foi produzido.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O "Debate em Pauta: Violência Racial em Pernambuco" é formado por dois programa interdependentes, o primeiro com duração de seis minutos e dez segundos (6'10'') e o segundo com seis minutos e dezenove segundos (6'19''). Ambos os programas possuem o mesmo formato, com uma introdução sobre o tema que será abordado (feita de forma manchetada pelos dois locutores) e, logo após, as entrevistas com os personagens. Antes de mais nada, foi preciso entender o rádio como ferramenta de notícia imediata, com a possibilidade de propor uma conversa com o ouvinte. Sendo assim, percebeu-se a necessidade de se utilizar de todos os elementos da linguagem radiofônica como estratégia de construção do argumento contra o racismo e a favor de uma maior problematização acerca o extermínio na população negra. Tais iniciativas partiram da hipótese comprovada por Freire e Lopez (2015), que apontava que "entonação, trilhas, texto, efeitos, sons ambiente e silêncios comporiam as estratégias a serem utilizadas pelos jornalistas na elaboração desses especiais" (2015, p. 135). Com isso, o roteiro se construiu a partir de uma tentativa de contextualizar cada vez mais a negritude e algumas das problemáticas que a cercam. Como exemplo pode-se apontar a utilização da música "Boa Esperança", do rapper brasileiro Emicida, que discursa sobre discriminação racial. Trechos como "Por mais que você corra, irmão/Pra sua guerra vão nem se lixar" e "Favela ainda é senzala" corroboram com o argumento das reportagens de que o racismo têm raiz histórica e continua impune no País, por muitas vezes sendo deixado de lado pela grande mídia. Dito isso, no primeiro programa revelamos um panorama da violência racial através do relatório "Atlas da violência 2017", do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que traz jovens negros de baixa escolaridade como vítimas fatais. Através da fala da socióloga Alyne Nunes, que entra como primeira sonora do programa, a realidade de racismo velado no Brasil é explicada. Precedida por uma locução que contextualiza o racismo historicamente, a segunda sonora do programa apresenta a professora Rebeca Duarte, que comenta o embranquecimento da população durante os séculos XIX e XX e vincula o tema à violência policial sofrida por jovens negros. A partir daí, entramos na temática da criminalização do jovem negro, trazendo dados de 2012 e 2017 sobre o crescimento de homicídios negros na Região Nordeste. A última sonora é a de Julio Jacobo, sociólogo e autor do estudo "Mapa da Violência: A Cor dos Homicídios no Brasil", que comenta a persistência do perfil negro como vítima de assassinatos. No segundo programa, a problemática do feminicídio negro se fortalece através da sonora da socióloga Alyne Nunes, que explica a pirâmide social que hierarquiza a mulher negra como sua base, sem acesso à saúde, educação ou qualidade de vida. A marginalização da mulher negra também é ressaltada na sonora de Maria Galindo, integrante do Coletivo Periféricas, que fala sobre o contexto social em que vive a mulher negra: de maioria pobre, estão submetidas a uma realidade ainda maior de vulnerabilidade. A reportagem segue problematizando a falta de políticas públicas para mudar a realidade de racismo, também com sonora da socióloga. Isabel Santos, coordenadora do Centro de Mulheres do Cabo, comenta a falta de recursos para a Secretaria de Mulheres, que não consegue atender o estado como um todo e acaba levando a um alto índice de assassinatos no agreste pernambucano. Devido a preocupação em alertar e conscientizar as pessoas sobre o racismo e suas consequências fatais, as duas reportagens especiais disponibilizam, ao seu final, formas de denunciar crimes raciais, como discar 190 ou acessar o site do Ministério Público de Pernambuco (www.mppe.mp.br/gtracismo).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Este trabalho apresentou uma análise acerca das problemáticas da negritude no Brasil, detendo como olhar principal a violência racial ocorrida em Pernambuco através de um debate sobre a marginalização de jovens negros e um recorte mais profundo sobre gênero (neste caso, a violência voltada para mulheres negras). Diante dos fatos, a conclusão alcançada por esse trabalho é a constatação real de que a população negra vive um verdadeiro genocídio em escala nacional. Cenário este pouco discutido na grande mídia e historicamente mascarado por avanços paliativos no contexto político e social. Nesta conjuntura, é correto afirmar que ser negro dentro da sociedade atual é carregar inúmeras dificuldades no que diz respeito a garantia de direitos básicos, como a segurança. Para o gênero feminino, essa realidade é ainda mais grave, o que foi possível atestar compreendendo como o machismo somado ao racismo é determinante para a manutenção das mulheres negras como as maiores vítimas de violência. Roza (2016) aponta que  torna-se importante refletir sobre o fato de a mulher negra se encontrar em contextos específicos de vulnerabilidade. Analisar tais contextos exige uma análise sincrônica, como a falta de educação emprego e formal, o machismo e o racismo, por exemplo, mas também diacrônica, pois a relação histórica que existe entre violência e o povo negro estão intrinsecamente relacionados aos primeiros fatores (p. 64). Partindo de uma perspectiva geral, não restam dúvidas que, para a maioria dos negros  principalmente aqueles marginalizados, de baixa escolaridade e baixa renda  , o  pulso firme do racismo velado tem direção certa para atacar. Dessa forma, tomando como base o papel ético do Jornalismo, essa reportagem elucidou a origem das causas dessa violência, de que maneira elas se perpetuam até hoje e qual o papel da sociedade frente a este cenário.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">AGÊNCIA PATRÍCIA GALVÃO. Dossiê Violência contra as Mulheres. São Paulo, 2017. Disponível em: <http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossies/violencia/violencias/violencia-e-racismo/>. Acesso em: 20 mai. 2018.<br><br>BARSTED, Leila Linhares. O Progresso das Mulheres no Enfrentamento da Violência. In. BARSTED, Leila (Org.) O Progresso das Mulheres no Brasil 2003 2010. Rio de Janeiro: CEPIA; Brasília: ONU Mulheres, 2011. <br><br>FERRARETTO, Luiz Artur. Rádio: teoria e prática. São Paulo: Summus, 2014.<br><br>FREIRE, Marcelo; LOPEZ, Debora Cristina. Linguagem radiofônica e jornalismo: um estudo das estratégias estéticas das séries de reportagens da Rádio Eldorado. Logos: Comunicação e Universidade, Rio de Janeiro, v. 18, n. 2, p.134-144, jul. 2011. Disponível em: <http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/logos/article/view/2158>. Acesso em: 23 maio 2018. <br><br>Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Atlas da Violência, 2017. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/2/2017>. Acesso em: 23 mai. 2018.<br><br>ROZA, Gabriele. Violência de gênero contra mulheres negras: reflexões a partir do Mapa da violência 2015. Dignidade Re-vista, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, jun. 2016. Disponível em: <periodicos.puc-rio.br/index.php/dignidaderevista/article/download/205/219/>. Acesso em: 20 mai. 2018.<br><br>TAVARES, Manza (Org.). Manual de Redação CBN. São Paulo: Globo, 2011.<br><br>WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da violência 2015: homicídio de mulheres no Brasil. Brasília: OPAS/OMS, ONU Mulheres, SPM e Flacso, 2015. Disponível em: <http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2015/MapaViolencia_2015_mulheres.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2018.<br><br>WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da violência 2012: a cor dos homicídios no Brasil. Brasília: SEPPIR/PR, 2012. Disponível em: <https://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2012/mapa2012_cor.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2018.<br><br> </td></tr></table></body></html>