ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #000000"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00707</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA07</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Ana e o Mundo</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Ronivaldo da Silva de Almeida (Universidade do Estado da Bahia); Daise Maria Silva dos Santos (Universidade do Estado da Bahia); Carolina Ruiz de Macedo (Universidade do Estado da Bahia); Débora Aparecida Santana da Silva (Universidade do Estado da Bahia); Silvana da Silva Simões (Universidade do Estado da Bahia); Adson Rodrigues Ferreira (Universidade do Estado da Bahia)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Fotografia fílmica, pintura, criação imagética, Edward Hopper, Ana e o Mundo</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O curta ficcional Ana e o Mundo foi produzido como proposta avaliativa do componente curricular Fotografia II do Curso de Comunicação Social - Rádio e TV (UNEB) com o objetivo de experimentar a influência das artes visuais, especialmente a pintura, na criação e desenvolvimento da visualidade fílmica pelas direções de arte e fotografia. Para tanto, tomamos como referência três obras do pintor norte americano Edward Hopper (1882- 1967), Sol da manhã, (1952), Automático (1927) e Noite de Verão (1947), que também foram utilizadas como inspiração para a criação do roteiro. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Durante a disciplina de Fotografia II, ministrada pela Profª. Me. Carolina Ruiz, tivemos acesso a obras de pintores clássicos que provocaram influências na composição visual de alguns filmes. Tomamos como ponto de partida o entendimento de Edgar Moura (2005), para o qual existe uma relação indiscutível entre a fotografia cinematográfica/videográfica e a pintura, apontando ser esta última uma fonte privilegiada de inspiração para a constituição da fotografia fílmica. Diante disso, escolhemos como referência as obras Sol da manhã, (1952), Automático (1927) e Noite de Verão (1947), do pintor norte americano, de tradição realista, Edward Hopper (1882- 1967), conhecido por abordar cenários, em sua maioria, urbanos com um forte teor de descrença nas pessoas, na cidade, e na perspectiva de uma vida melhor (RIBEIRO, [200-?]). Suas obras frequentemente retratam a solidão e a melancolia características da modernidade. Essas obras serviram de base tanto para a elaboração do roteiro quanto para a construção da composição visual de Ana e o Mundo. Em relação ao roteiro, construímos duas personagens solitárias, Ana e Tom, que possuem um relacionamento amoroso, mas, que, ao que parece, o ambiente urbano caótico, o ritmo da modernidade, a efemeridade das coisas, não lhes permitem estabelecer conexões estáveis. No que se refere à composição fotográfica, delegamos atenção à predominância do verde e do vermelho, a dessaturação das cores, ao pouco contraste, bem como a uma temperatura de cor quente, elementos imediatos em uma leitura dos quadros e que são caros para construir uma atmosfera semelhante a das pinturas de Hopper.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O objetivo desse trabalho é apresentar a apropriação da pintura como fonte de inspiração e experimentação na construção da visualidade fílmica. Tal objetivo foi desenvolvido das seguintes formas: através da inspiração visual e da influência técnica. O primeiro aspecto se refere à influência da pintura na direção de arte, que para Vassalli e Sousa (2014) está diretamente ligada  à construção visual de um filme, tendo responsabilidade sobre a concepção de cenários, objetos, figurinos, caracterização dos personagens e esquemas de cores para construir um universo único para cada narrativa . (p. 5). Nesse sentido, tais elementos de responsabilidade da direção de arte foram pensados tomando como referência os três quadros de Hopper: a escolha da paleta de cores, das locações, do figurino e dos objetos cénicos. O segundo aspecto se refere à influência da pintura em relação à escolha do tipo de iluminação e temperatura de cor da imagem, elementos de atribuição da direção de fotografia, entendida aqui como processo que  transforma os conceitos em relação à cor, contraste e profundidade, confirmando o clima, a atmosfera da obra (CASARIN, 2008, p. 6). </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Devido a sua capacidade mecânica de reprodução, através da luz, da imagem de um objeto tal como ele se apresenta à câmera, o cinema angariou um status de realismo no campo das representações, lugar já desfrutado pela fotografia, pois, como afirma Marcos Kurtinaitis,  tem sido visto como uma técnica que retira sua razão de ser da reprodução do real e, nesse sentido,  o que se espera diante de uma tela onde um filme é exibido é que ali sejam vistas imagens e ouvidos sons que reproduzam a forma como estamos acostumados a experimentar o mundo . Nesse sentido, a escolha de Hopper como referência de nosso trabalho não se dá por acaso, já que esse pertence a uma corrente artística do modernismo que se firma nos ideais realistas. Moura (2005) nos diz que  todo mundo de cinema foi se banhar um pouco em Hopper. Os fotógrafos, nas cores e nas luzes. Os diretores, nas imagens de solidão. Os diretores de arte, nos cenários estilizados e sintéticos (p. 217). Partimos então dessa premissa. A produção desse curta se justifica, portanto, por conceber a apropriação da pintura pelo audiovisual tanto na construção da composição visual quanto em relação à escolha da temática, como um potente disparador de sentidos e de experiência estética e, nesse sentido, um  agente que nos desestabiliza e nos coloca frente a diversas possibilidades criativas. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O trabalho de produção do curta Ana e o Mundo surgiu a partir das discussões, em sala de aula, do uso das obras de pintores, em sua maioria do realismo, como referências para construção visual, fotografia e arte, de um filme. Partindo dessa premissa, nosso foco foi desenvolver o conceito estético do filme a partir da paleta de cores dos quadros de Hopper nos apropriando também do efeito de iluminação pretendido pelo pintor. O objetivo de toda escolha estética foi produzir uma atmosfera semelhante a dos quadros, principalmente o aspecto da solidão, da melancolia, da vida na cidade. Para isso, utilizamos os seguintes equipamentos: Uma câmera Canon DSLR EOS 5D Mark III, um tripé, rebatedores, luz contínua, e steadycam. Em relação à composição fotográfica, o filme possui uma tonalidade amarelada, pois pretende reproduzir a iluminação incandescente, característica do período da industrialização, a ambientação dos quadros. Fizemos isso configurando a câmera para uma temperatura de cor de 4600K e, além disso, a escolha dos objetos que compuseram a cena e o uso de refletores com a luz amarelada foi fundamental para obtenção de tal efeito. Na paleta de cores há o predomínio do verde, amarelo e vermelho. Usamos, através do menu da câmera, uma configuração que esmaece as cores diminuindo a saturação, além disso utilizamos o contraste em zero. Em todas as cenas procuramos manter uma fidelidade ao tipo de iluminação vista nos quadros, por exemplo, luz de janela em o Sol da Manhã, luz ambiente em Automático e Noite de Verão. No entanto, nas cenas noturnas acrescentamos luz rebatida nos rostos dos personagens para manter a uniformidade na imagem final. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Fomos conduzidos pela Profª Me. Carolina Ruiz a escrevermos um roteiro que tivesse por inspiração as três obras, já citadas, de Hopper. Depois da construção do roteiro e da viabilidade de execução, definimos as funções que cada componente desenvolveria no projeto, já que a atividade foi realizada por todos os alunos matriculados no componente Fotografia II no semestre 2017.2. Como afirma Moura (2005), antes de saber  o que fazer é necessário saber o  quem irá fazer a fim de evitar contratempos na produção. Com isso resolvido, passamos para a próxima etapa. A pré-produção se iniciou a partir da leitura do roteiro. Diante disso, o desafio foi articular a proposta da direção com a dos outros diretores, já que, como diz Moura, os diretores de fotografia e de arte revelam a imagem do diretor. Essa parceria e junto com o bom entendimento são fundamentais para que todo o processo seja bem sucedido. Após dois ensaios com os atores foi possível gravar a primeira cena na Subway, em Conceição do Coité, locação escolhida para a cena com inspiração em Automático. O primeiro contato foi desafiador, mesmo já tendo feito os testes anteriormente. Iluminamos esta cena com a luz ambiente e uso da luz contínua sendo rebatida para atriz. O desafio era evidenciar o vermelho do vestido da atriz e valorizar o amarelo oferecido pelo ambiente. Para tanto, usamos recursos da câmera aumentando a temperatura de cor. Na segunda gravação foram mantidas tais configurações, tanto da câmera como para iluminar a cena. Como se tratava de uma cena matinal, o desafio de manter a paleta de cores sem perder a qualidade da imagem foi enorme. Aproveitamos a iluminação que vinha da janela, como em Sol da Manhã. No entanto, em cenas com planos mais fechados utilizamos a luz rebatida. A externa gravada à noite, reprodução de Noite de Verão, sem dúvida foi a mais complicada de iluminar, pois apenas a iluminação ambiente não gerava o efeito de completa escuridão que queríamos criar. Utilizamos luz direta nos rostos dos atores, criando sombras duras, como nos quadros de Hopper e, especialmente nesta cena, que é de tensão e despedida entre os personagens, esta iluminação foi utilizada para enfatizar o aspecto dual, enigmático, de ambos. Além da luz que vinha do teto, luz ambiente, utilizamos a luz extra de um abajur improvisado. Conseguimos o efeito pretendido. A ideia do curta é reproduzir a confusão emocional da personagem Ana através de alguns fragmentos de memória que não necessariamente são apresentados ao espectador na ordem que ocorreram. Para isso recorremos ao uso de flashbacks. Essa perturbação decorre tanto da sua relação com o seu namorado, Tom, como do seu modo de estar no mundo, a vida em cidade, a solidão intrínseca à modernidade, as massas anônimas, entre outros fatores. Por esse motivo iniciamos o curta com a cena completamente desfocada enquadrando Ana e um pouco do ambiente em que ela está. A ideia é conduzir o espectador a um lugar desconhecido, nebuloso e enigmático, a subjetividade de Ana. A proposta se mantém, pois trata-se de um filme com uma narrativa lenta, imersiva, um convite à introspecção da personagem. O silêncio de Ana associado ao barulho distante, mas sempre presente, da cidade, acompanhado do uso do celular, apresenta de imediato elementos promissores para entender a solidão fruto da modernidade, urbanidade nas grandes cidades, também tratada em Hopper, sendo que no caso do curta apresentamos sutilmente as novas tecnologias como potencializadoras desse fenômeno. A ambientação sonora, barulhenta, em contradição com a imagem, silenciosa, como esclarece o teórico russo Eisenstein (2017), elimina o que ele chama de redundância e assim contribui para criação de um novo sentido. Aqui, o da solidão. O primeiro flashback se apresenta através de um toque de celular que nos conduz ao interior dos pensamentos de Ana. O espectador viaja junto com ela e o enquadramento fechado promove ainda mais a ideia de interiorização da personagem. Sua subjetividade fica cada vez mais exposta, e por isso, a cada cena o espectador a conhece melhor. Da mesma forma, uma voz exterior àquela ambientação conduz o espectador de volta ao momento  original de Ana e dá pistas para entender o que está acontecendo, ao passo que também conduz a outro fragmento de memória. Nesse segundo flashback, utilizamos o desfoque para adentrar nos pensamentos de Ana, e então apresentar ao espectador mais detalhes sobre essa personagem reflexiva e solitária. Na cena Ana e Tom estão conversando. Apenas os personagens são iluminados, o ambiente está completamente escuro. Duas pessoas perdidas em uma  escuridão , na tentativa de descobrirem algo que lhes direcione à fuga da solidão. Tal efeito imagético e metafórico foi provocado pelo tipo de iluminação utilizado. No último flashback, há o desfecho. Através do conteúdo de uma carta, entendemos um pouco o porquê da instabilidade emocional de Ana. Como forma de ressaltar essa instabilidade, a cena final foi gravada com a câmera na mão acompanhando o rosto da personagem, que vai passando por diversas pessoas, todas alheias a seus sofrimentos. Sozinha não, porém solitária. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A produção deste curta busca evidenciar a apropriação da pintura como um elemento estético disparador do processo criativo cinematográfico. Além de tomá-la como referência na construção da visualidade fílmica, entendemos também como uma fonte rica de inspiração temática ainda não esgotada. O cinema, apesar de ser entendido como a forma mais fiel de representação da realidade, é um processo criativo que envolve diversas subjetividades, o que não é diferente na pintura, respeitando suas peculiaridades e especificidades técnicas. Essas duas formas surgem como necessidade do homem de registrar aspectos do mundo e da vida. Enxergamos, portanto, nesse diálogo um espaço criativo potente. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">CASARIN, Marcela Ribeiro. Hoje é Dia de Maria: a influência das artes visuais nas direções de arte e fotografia. In: Trabalho apresentado no NP Comunicação Audiovisual, do XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Natal. 2008. p. 2-6.<br><br>EISENSTEIN, Sergei. A forma do filme. Zahar, 2017.<br><br>KURTINAITIS, Marcos. Edward Hopper e a imagem cinematográfica (Parte 2). Disponível em: <https://pupilarevista.wordpress.com/caleidoscpio/edward-hopper-e-a-imagem-cinematogrfica-parte-2/> acesso em: 12 de maio de 2018.<br><br>MOURA, Edgar. 50 anos luz, câmera e ação. São Paulo: Senac, 2005.<br><br>RIBEIRO, Diana. Edward Hopper: o pintor da solidão. Disponível em: < http://obviousmag.org/archives/2011/07/edward_hopper_o_pintor_da_solidao.html> acesso em: 12 de maio de 2018.<br><br>VASSALLI, M. C., de SOUSA, F. C. C., do Patrocínio, C. U. N. S., & Salto, S. P. A Direção de Arte em Hertz. In: XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste  Vila Velha  ES, 2014.<br><br> </td></tr></table></body></html>