ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #000000"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01074</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PT13</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;NI Notícia Interativa</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Luis Vinicius Gericó da Silva (Universidade Federal da Bahia); Suzana Oliveira Barbosa (Universidade Federal da Bahia)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;aplicativo, geolocalização, jornalismo colaborativo, jornalismo de fonte aberta, quinta geração do jornalismo digital</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O Notícia Interativa (NI) é um protótipo de um aplicativo de notícias colaborativas por geolocalização. A principal função do NI é proporcionar a qualquer pessoa, do jornalista ao cidadão comum, enviar relatos de cunho noticioso de sua própria realidade, ou de fatos que tenha presenciado, com objetivo de que outras pessoas da comunidade também tenham acesso ao conteúdo e construam notícias coletivamente. O produto foi criado para dispositivos e tablets do sistema Android e também dispõe de uma web app acessível pelo domínio noticiainterativa.com. O funcionamento do NI se baseia nos modelos de jornalismo colaborativo  especialmente o de fonte aberta  e é guiado pela produção do jornalismo de proximidade hiperlocal. O NI foi testado em Salvador e apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do curso de Comunicação com habilitação em Jornalismo, da Universidade Federal da Bahia.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Os smartphones conectados à internet já são parte do cotidiano. Por eles, é possível fotografar, gravar vídeos, áudios e acessar conteúdos de diferentes partes do mundo, aplicativos de compartilhamento de mensagens e dados. Isto é, o usuário pode facilmente se transformar em um produtor de informação. A proposta do NI nasce ao visualizar em tais possibilidades a elaboração de um produto cuja função base é a de ser um instrumento para construção coletiva de conteúdo jornalístico, sobretudo em comunidades pouco representadas. Na interface do NI, há dois modos de visualização das notícias: um com um mapa dinâmico e outro uma lista; ambos classificam os artigos a partir do local do usuário. Na tela, há um botão flutuante para que conteúdos possam ser enviados pelos colaboradores. Após o envio, o mesmo é avaliado pelo jornalista (que completa e checa a informação, se for o caso) e, em seguida, libera. Cada artigo ocupa uma coordenada geográfica. O conceito e delimitação das funções do NI surgiram após observar o constante uso da geolocalização em outras aplicações e sites e do uso frequente dos smartphones para produzir notícias, tanto por parte das audiências quanto do jornalista nos processos de apuração. Toda programação do NI foi construída do zero e envolveu conhecimentos de três áreas: do Design, da Engenharia da Computação e do Jornalismo. Pelo conceito, jornalistas e comunidade podem produzir informações de forma coletiva pelo viés da proximidade. A ação, consequentemente, pode contribuir para a pluralidade de discursos, fundamental para a democracia e cidadania. Uma vez que, os utilizadores são incentivados a compartilhar informações de sua realidade, inclusive com a inserção de pautas que podem não estar presentes nos produtos das marcas jornalísticas referenciais, em função de restrições orçamentárias e políticas editoriais. O NI é ainda uma forma de se pensar a inovação na imprensa por meio de produtos digitais com capacidade de despertar engajamento de audiências e novos modelos de negócio.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A experimentação faz parte dos objetivos da graduação, sobretudo nos cursos de Comunicação e Artes, pelos quais a criatividade e as críticas sociais podem fluir sem que haja imposições e pressões de mercado. Diante disso, o TCC é uma oportunidade para explorar conhecimentos tendo como ponto de partida a experimentação por meio da elaboração de produtos de naturezas distintas. O NI, por sua vez, é de caráter experimental e reflete a transdisciplinaridade de áreas de conhecimento (Design, Engenharia da Computação e Jornalismo), o que torna a formação acadêmica mais enriquecida. O NI enquanto produto tem como objetivo proporcionar o ambiente interativo e participativo em que o usuário-cidadão possa enviar conteúdo para produção colaborativa de informação jornalística. Ele vislumbra também ser uma plataforma que integre tecnologias recentes para a produção da notícia, bem como conjeturar formas de endereçamento e customização de conteúdo para leitores, aqui explorado pelo viés da geolocalização. Como objetivos secundários, o NI visa contribuir, prevendo participação ativa da comunidade, para a expansão da área geográfica de cobertura dos meios de comunicação referenciais (jornais impressos e online) de Salvador  ou da comunidade em que estiver imerso  e, a partir disso ofertar, quando oportuno, conteúdos e serviços fundamentados no conceito do jornalismo hiperlocal e participativo. O produto tem como objetivo ainda, possibilitar ao leitor-cidadão condições para que seja mais ativo na sociedade ao ampliar o repertório de sua realidade local (social, econômica e política) com a informação plural e coletiva: seja a produzida por ele, a recebida por meio da colaboração de outros atores da comunidade ou do jornalista. Tal movimento é fundamental para o exercício da cidadania. Por fim, o NI objetiva ser uma espécie de retorno à sociedade pelos investimentos  por meio dos impostos  na educação pública, ao ser pensado como instrumento de uso livre das comunidades normalmente excluídas.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O local é um dos motores para produção noticiosa e também por onde pulsa a vida cotidiana (ROCHA, 2014, p. 155), as relações sociais, econômicas e, consequentemente, a expressividade  esta última se materializa em dimensões físicas e virtuais, com o uso da internet. "Como elemento caracterizante do que é notícia, a proximidade é vista como um dos valores centrais do jornalismo, determinante do interesse do público pelas notícias" (CAMPONEZ, 2012, p. 35). Somado a adesão dos smartphones ao cotidiano para recepção de notícias; como sugerem os dados da última pesquisa do "State of the News Media", realizado pela Pew Research Center, em que cerca de nove em cada dez adultos (93%) já recebem notícias on-line; e a presença do smartphone nas redações  o que configura a quinta geração do jornalismo em redes digitais (BARBOSA, 2013)  há um ambiente favorável para o desenvolvimento de projetos com o caráter do NI. Embora exista a necessidade por informação local, para que membros da comunidade conheçam o próprio entorno e o construa coletivamente com os demais, ainda hoje os veículos referenciais não conseguem alcançar determinadas áreas para tocar em assuntos que são de natureza local, seja por limitações de equipe, segurança ou editoriais. Em consequência, há uma tendência a baixa representatividade de determinadas regiões nos meios massivos, além de abordagens generalizadas que contribuem negativamente para o debate e reconhecimento público. Mesmo com o contexto favorável para a criação de ferramentas que aproximem jornalistas de comunidades normalmente exclusas, não há atualmente nenhuma aplicação para smartphones em Salvador, e talvez no Brasil, que se proponha a fazer o que o NI vislumbra, com as suas características, simplicidade e dinâmica. Evidentemente, não podemos ignorar o poder das redes sociais como instrumentos para abordar pautas de interesse público, e da própria imprensa que abre canais de participação. No entanto, essa participação é limitada ao agendamento dos próprios meios. Pela proposta do NI, o cidadão tem total poder de escrever, em parceria com jornalistas, sobre assuntos que lhe tocam cotidianamente, isto é, pautas que não necessariamente estão na agenda midiática, mas que são relevantes para determinadas comunidades em públicos geograficamente específicos. Ao observar a proposta do NI sob o espectro das dinâmicas das redações dos veículos  que vivem crises financeiras com cortes de equipe e redução de investimentos  o banco de dados do NI  que traz informação de proximidade e características de regiões por elas desconhecidas  pode ser favorável para pensar pautas e alcançar novos públicos com matérias em profundidade e apelo social. Inclusive, a presença do jornalista em NI está longe de ser entendida como censura prévia, mas sim o reconhecimento das habilidades deste profissional em checar a informação e defender o interesse público das boatarias, informação falsa e parcialidade. Portanto, a proposta de existência do NI se fundamenta nessas lacunas inerentes provocadas pelas dinâmicas de produção dos meios referenciais e pela ciência de que os membros das comunidades podem falar de suas próprias realidades de forma independente e plural, o que pode levar a construção mais representativa, ativa e cidadã do que se entende como local. Por fim, o projeto se justifica ainda pela natureza interdisciplinar que é um incremento na formação acadêmica de excelência. Ao mesclar conhecimentos de áreas, como foi feito em NI, há o aprendizado mútuo com o que até então era desconhecido. Ao mesmo tempo, há maior preparo para lidar com a realidade de mercado que preza pelo trabalho coletivo com equipes interdisciplinares. Inclusive, jornais como o The New York Times, The Guardian e Estadão, já dispõe de grupos interdisciplinares para pensar e estruturar projetos que visam não apenas a construção coletiva de conteúdo e formas de consumi-lo, mas prezam também pela inovação, fundamental nesse cenário de crises na imprensa.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para criar e testar o protótipo do NI nas comunidades foi necessário, primeiramente, refletir acerca do que o produto viria a ser nas bases das teorias do jornalismo em redes digitais. Em seguida, por ser um projeto interdisciplinar, traçar os caminhos que firmariam o diálogo com as outras áreas. Uma vez que, ao mesmo tempo em que é um produto digital e online, o NI está imbricado com outras áreas como o Design e a Computação  esta última para a arquitetura de um sistema exclusivo para recepção, produção, edição e difusão de conteúdo por geolocalização. Desenvolver um protótipo de um aplicativo, testá-lo com a comunidade e avaliar a sua recepção, como parte do TCC e no tempo corrente dos semestres letivos, não é algo comum nos cursos de comunicação, uma vez que há um distanciamento (ainda que existam iniciativas) com a área de programação. Por isso, a etapa de fundamentação teórica e do planejamento foram indispensáveis para visualizar as limitações, as estratégias de público a fim da execução satisfatória. A base da concepção do que é o NI enquanto produto jornalístico passa primeiramente pela compreensão do conceito de jornalismo digital (BARBOSA, 2007, 2002) e (PALACIOS, 2004)  em resumo, os autores discutem o jornalismo digital e elencam atributos como a multimialidade, interatividade, hipertextualidade, personificação, memória e atualização constante. Eles observam, entre outros aspectos, os primeiros experimentos de jornalismo feitos no ambiente da web. Tal definição é a ponto de partida para visualizar o cenário recente e complexo da produção jornalística de quarta e quinta geração (BARBOSA, 2013) em redes digitais, na qual o NI se insere. Em seguida, os conceitos de jornalismo de proximidade, base de dados, hiperlocal, colaborativo e fonte aberta (open source), permitem entender o que é a lógica de produção e difusão do NI e de como essas práticas estão imersas na convergência jornalística (BARBOSA, 2013, p. 35). Em complemento, as pesquisas sobre experimentos semelhantes (ALMEIDA, 2014) também foram usadas para entender os desdobramentos recentes do jornalismo em redes digitais. De acordo com os estudos de Suzana Barbosa (2013), fundamentada em outros autores, o cenário atual da produção do jornalismo em redes digitais requer novas práticas. A lógica entre os meios e suportes deixa de ser de dependência e competição, para uma de atuação conjunta, integrada. Tais processos e produtos são marcados pela horizontalidade nos fluxos de produção, edição e distribuição de conteúdo. Ainda nessa conjuntura, a autora observa os estágios recentes da evolução do jornalismo em redes digitais que são pertinentes para compreensão deste trabalho, a saber: a quarta e quinta geração. A produção jornalística da quarta geração tem, entre outras características, o caráter dinâmico dos produtos, a redação integrada, a agilidade, a qualificação, a informação estruturada, a narrativa dinâmica e a presença dos smartphones e tablets. A quinta geração, por vez, elenca características como a horizontalidade, o continuum multimídia, as mídias móveis, os aplicativos e os produtos autóctones (originais para tablets). Tais gerações, entre outras questões, são resultados de amplos processos evolutivos ocorridos nas gerações anteriores de quando o jornalismo passou a ser feito na web e pelo emprego de novas tecnologias, como a de base de dados como componente primordial para produção jornalística (BARBOSA, 2013, p.42). Assim, neste cenário recente, ainda de acordo com a autora, as mídias móveis, sobretudo os smartphones e tablets são agentes que "reconfiguram a produção, a publicação, a distribuição, a circulação e recirculação, o consumo e a recepção de conteúdos jornalísticos em multiplataformas" (BARBOSA, 2013, p.42). Destarte, diante das definições brevemente explanadas é possível identificar qual o contexto em que o produto se insere e quais as suas características enquanto produto jornalístico online. No que diz respeito ao jornalismo colaborativo de fonte aberta  que, em síntese, é a produção em que permite audiências e jornalistas a construírem em conjunto  ao se aprofundar nos estudos e experimentos (BRAMBILLA, 2006) que embasam tal modelo, é possível ver a dinâmica proposta para o NI, inclusive com a discussão do papel do jornalista enquanto mediador do que a comunidade dispõe de informação e o que dela pode ser publicizado para os demais membros. Esse processo de edição e curadoria do material enviado pelos usuários está longe de ser censura prévia, tampouco se configura como desqualificação dos atores que presenciaram o fato para descrevê-los. Inclusive, é justamente contra essa corrente, que por vezes desqualifica as comunidades de falar delas mesmo (BRAMBILLA, 2006), que o NI vai de encontro. O papel de mediador-editor do jornalista em NI, assim como nos demais experimentos que se baseiam no modelo colaborativo (BRAMBILLA, 2006), é, entre outros, o de manter o conteúdo a ser apresentado às audiências nos padrões textuais e éticos do jornalismo  valores como a objetividade, imparcialidade e múltiplas fontes são imprescindíveis ao publicar informações de interesse público (LAGE, 2001). A função mediadora, ainda segundo os estudos da autora, não limita o jornalismo em suas práticas, ao contrário, propõe outros desafios para as redações e para jornalistas, como o de chegar de fato aos locais cujo público geral não tem acesso, além de explorar as funções afora das factuais. Sob o ponto de vista do jornalismo de proximidade, em NI observamos que a informação de proximidade é o contexto geral e a informação hiperlocal é o núcleo, uma vez que, na interface do aplicativo, as notícias são dispostas em uma ordem hierárquica que segue o critério da localização do ponto mais próximo para o mais distante  mas sem extrapolar a natureza de ser uma plataforma voltada para a informação de proximidade (local). Desta forma, o NI se baseia no conceito de jornalismo hiperlocal, que pode ser entendido, em síntese, como um tipo de produção de notícias orientada a partir de locais específicos e para uma audiência que também é. As pautas vão refletir os interesses desta parcela de leitores. Na grande imprensa, principalmente nos jornais impressos e online, esse modo de fazer jornalismo aparece em seções fixas que tratam exclusivamente de um bairro ou região de uma determinada cidade. No caso de 'O Globo', há uma seção denominada como "Bairros", em que há notícias apenas sobre determinados bairros do Rio de Janeiro. Há também uma subdivisão com tags para bairros específicos. Ou seja, há uma segmentação na própria segmentação. Em NI, a característica que o distingue dessas seções fixas habituais é que o modo de produção é majoritariamente colaborativo (leitores e jornalistas), além da própria dinâmica de funcionamento do aplicativo, cuja produção e a recepção se orientam (e reorientam), a partir da localização do usuário. Como já dito, foi necessário recorrer aos conhecimentos para além da área da Comunicação, do Jornalismo. Da Engenharia da Computação, para o desenvolvimento dos códigos de funcionamento do protótipo  cuja assistência e produção orientada foi feita por um estudante também da UFBA, Rodrigo Araújo. Houve troca de conhecimentos sobre as próprias lógicas de programação e usabilidade, como as funções táteis e aplicação do design proposto. Do Design, para dar forma visual ao protótipo, uma vez que, o design permite ao jornalista tornar as histórias mais acessíveis e atrativas para audiência. "Tanto os jornalistas quanto os designers devem estar preocupados o tempo todo com a melhor maneira  a mais legível  de contar uma boa história" (SCALZO, 2003, p. 67). Estes conhecimentos foram inicialmente adquiridos nas disciplinas optativas ofertadas ao longo do curso com foco na programação visual. Desta forma, foi possível estruturar toda identidade visual do NI para que ela dialogasse não apenas com as funções jornalísticas, mas também para que o produto fosse interessante e chamasse atenção do público para qual é voltado.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O NI começou a ser elaborado no início de 2017. O nome escolhido para batizar o experimento reflete a dinâmica de interação entre jornalistas e leitores-colaboradores, que juntos constroem e disponibilizam informações de interesse das comunidades. A produção se deu em três etapas, a primeira, de definição do produto e pesquisa teórica; a segunda, o desenvolvimento em si do protótipo, web app e plataforma de gerenciamento de conteúdo; e a terceira, a fase de testes e avaliação. a) O NI: O conjunto do experimento é composto por duas partes: a primeira, a aplicação em si voltada para dispositivos Android; a segunda, a plataforma web (dashboard) de gerenciamento de conteúdo do aplicativo pelo jornalista e a web app que espelha tudo publicado na versão do Android. O conjunto foi construído com base no sistema de mapas online da Google. A escolha por Android se deu por ser o que mais tem usuários ativos, além da possibilidade de explorar mais recursos visuais e da programação. O protótipo do NI (API) possibilita a qualquer pessoa a criar conteúdo de cunho noticioso por meio da localização no mapa. Ele é voltado para homens e mulheres, na faixa etária entre 17 e 35 anos, das classes A, B, C e D, que normalmente já acessam as edições dos jornais online referenciais via celular. Na etapa de testes, para a realização do que se exige para o TCC, o público foi formado por universitários membros da comunidade acadêmica da UFBA que possuem tais características. Para o usuário, o aplicativo se comporta como uma plataforma híbrida, pois ao mesmo tempo em que é um produto informativo é também instrumento de ação do colaborador. Cada leitor tem um produto noticioso customizado para a sua realidade, de acordo com o seu bairro, com a sua comunidade. Dessa maneira, a relevância é o local e, ao mesmo tempo, se incentiva a ampliação das possibilidades de contribuição para produção jornalística a partir do relato coletivo, como já abordado. Em complemento, essa forma de apresentar a informação ao leitor pode ser entendida na síntese da pirâmide invertida do autor Adelmo Genro Filho (1986), que, em resumo, diz que a produção jornalística deve se orientar a partir da realidade local para explicar e alcançar a universal. Em uso, a cada nova informação inserida em um ponto do mapa, o conteúdo é submetido instantaneamente para a análise e edição de um jornalista, para só então ser publicada para todos. Na tela da notícia publicada é identificado o autor, se assim for solicitado por ele. O off jornalístico é possível ao selecionar no próprio aplicativo a opção de anonimato. Na edição, os artigos são ajustados para o formato compatível do NI e é verificado se está de acordo com os padrões jornalísticos, isto é, com o devido cuidado de não expor personagens ou apresentar informações sem ouvir os dois lados, além da exclusão de informação parcial e com interesses comerciais ou pessoais. O NI não disponibiliza textos de gêneros variados como crônicas, opinião ou contos. Antes de liberar qualquer artigo, o conteúdo deve ser minimamente consistente. Pelo conceito, nada impede que o jornalista vá até o local do ocorrido e faça apuração in loco. O NI funciona por meio de um gerenciador de conteúdo  programado em código HTML e CSS  que opera o banco de dados do aplicativo permitindo visualização e edição de tudo que é enviado ou está disponibilizado nele (imagens, textos, áudios, vídeos). Este sistema é acessado por computador apenas pelo jornalista com senha. É importante ter controle deste conteúdo, uma vez que, nessa filtragem serão preservados os personagens que porventura estejam envolvidos em um fato, como em imagens explícitas de acidentes ou violência. A checagem de conteúdos multimídia também é parte do processo de apuração a ser feito e conduzido pela equipe de jornalistas. No protótipo e na web app, os artigos são acessíveis também pelo menu em um sistema de tags que são: cidade, cultura, ciência e saúde, economia, trânsito, segurança e esportes, todos pautados na informação local. Os artigos são escritos em linguagem direta, objetiva, concisa e precisa, conforme as regras mais habituais dos manuais de redação jornalística (LAGE, 1985 e 2006). Há atenção com a extensão dos textos e títulos, uma vez que, a informação deve fluir nas diferentes telas. b) Identidade visual e desenvolvimento: Visualmente, a interface do aplicativo, web app e da dashboard seguiu a tendência adotada no sistema Android, que é a Material Design. O objetivo era fornecer ao usuário a experiência intuitiva através do contato com a tela. Por isso o uso de botão flutuante, ícones com aspectos visuais que já são familiares (como o menu, busca, etc.). O conjunto visa trazer também leveza e clareza ao experimento. No entanto, os conceitos táteis e visuais do Material Design não estão isolados no planejamento gráfico de um produto jornalístico, por isso, fez-se importante os conteúdos aprendidos nas disciplinas de programação visual, base para construção coerente capaz de dialogar com o público e com a proposta de funcionamento do NI. Foram combinadas tipografias, cores e ícones para melhor disposição dos elementos na tela, já que se trata de um produto com tamanho limitado (aproximadamente 750x1250px). Foi usado para construção da marca o software Adobe Illustrator. Para construção dos conceitos visuais das telas, o Adobe Photoshop. Desenvolvi toda a parte da identidade visual e design do aplicativo e web app. As tipografias escolhidas para o projeto foram as sem serifa. Elas foram testadas para se comportarem bem nas telas pequenas e grandes. O papel da tipografia não é de chamar atenção para si, mas de ser funcional ao conjunto do design (KANE, 2011, p. 95), por isso a atenção. Para a marca foram escolhidas duas. A primeira, serifada, para a letra 'n'. O objetivo é remeter aos antigos jornalões, mas com traços modernos. A segunda, uma tipografia sem serifa que lembra displays, mas com pequenas curvas e traços finos. Foi agregado ainda, o desenho de um ícone da geolocalização  um alfinete de um mapa  com a finalidade de reforçar o conceito. As cores exercem papel importante na comunicação e não são meramente recurso estético (WHITE, 2006, p. 201). É por meio delas, em conjunto com os demais elementos do design, que se constroem as associações e mensagens são transmitidas. Assim, foram escolhidas (seis) cores para compor o projeto, todas elas em diálogo com as associadas à notícia e a imprensa. Na programação, Rodrigo Araújo escreveu os códigos, aplicou as normas de design (planejado por mim) e a programação do sistema sob minha orientação. No início do projeto, foi apresentada a ideia e os conceitos para o protótipo e web app para ele. À medida que discutíamos as funções e limitações, ele passou a trabalhar com todos os comandos para responder as funções, etapa por etapa. No total foram feitas pelo menos dez versões do protótipo antes de finalizá-lo e liberá-lo para testes. A cada versão que o programador me enviava, eram pontuados erros e solicitado incrementos de funções e da parte visual. Inclusive escrevi alguns códigos para melhor compor o design nas páginas da web voltadas para desktop e dispositivos móveis. O aplicativo, a versão web app do NI e a dashboard foram construídos utilizando o software React. Para armazenamento dos dados, optamos por usar o Firebase. c) Testes e avaliação: Após a programação, foi iniciado o período de testes. Foram enviados 30 convites com instruções de como baixar pela loja da Google e de como usar o protótipo. Os testadores puderam escrever sobre suas comunidades. Em seguida, após dias de uso, foi enviado um questionário para colher informações da recepção, bem como sugestões. Por fim, avaliamos o processo de testes como uma etapa importante para se ter as impressões iniciais do público. Os dados do questionário, somado as conversas informais, indicaram sugestões e aprovações em NI. Um dos pontos tocados no feedback que destaco, é a possibilidade do NI em dar a comunidade chances dela mesma falar de si e romper com as representações já consolidadas.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Ter como projeto de TCC a construção e teste de um protótipo de um aplicativo pensado do zero foi um dos maiores desafios da minha graduação. Ainda que não tenha escrito os códigos, pensar e estruturar o funcionamento de todo um sistema novo, se configurou como um exercício reflexivo do que vem a ser e produzir nesse (e para esse) atual cenário de redes digitais e produção jornalística, que requer inovação. Para que este projeto fosse viabilizado foi necessário o intercâmbio entre áreas de conhecimento afora do jornalismo. A experiência interdisciplinar foi e é importante, principalmente diante dos cenários de mudanças na imprensa, cujos veículos constantemente vivem a revisão de equipes, das estratégias e dos modelos de negócios. Evidentemente, esse movimento de trocas tem de ser sem se afastar da principal função do jornalista, que é a de contar histórias e servir ao interesse público. Ao contrário, com o intercâmbio de áreas, o jornalismo pode explorar outras ferramentas que são capazes de impulsionar o seu papel nas sociedades democráticas. O modo de funcionamento do NI, conforme discutimos, pode motivar ao jornalista a repensar suas funções e a explorar outras para além das técnicas e das habilidades empregadas no factual, o que para a sociedade, pode representar ganhos ao que é de interesse público. É também uma forma de pensar e experimentar a inovação no âmbito da academia, na graduação. O feedback recebido pelos testadores trouxe novas e ricas reflexões, revisão de funções e deu sinais de como a comunidade pode se apropriar desta ferramenta desenvolvida em favor de si. O que para nós, cumpre um dos objetivos deste projeto que era o de criar uma ferramenta em que a sociedade pudesse fazer uso livremente. O NI se trata de um protótipo, o começo de algo com potencial de se tornar maior. Um desafio para minha graduação, que, se aprimorado, pode desencadear em outros modos de se fazer jornalismo. Esperamos que com essa ferramenta o cidadão comum possa contribuir diretamente para a construção da notícia e de um espaço urbano cada vez mais plural e inclusivo.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ALSINA, Miquel Rodrigo. A construção da notícia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. <br><br>ALMEIDA, Yuri. A segunda geração do jornalismo colaborativo: quando as bases de dados se tornam dispositivos para produção colaborativa de conteúdo. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas. Universidade Federal da Bahia. 2014. <br><br>BARBOSA, Suzana. Jornalismo Digital em Base de Dados (JDBD) - Um paradigma para produtos jornalísticos digitais dinâmicos. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas. Universidade Federal da Bahia. 2007. <br><br>BARBOSA, Suzana. Jornalismo digital e a informação de proximidade: o caso dos portais regionais, com estudo sobre o Uai e o iBahia. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas. Universidade Federal da Bahia. 2002. <br><br>BARBOSA, Suzana. Jornalismo convergente e continuum multimídia na quinta geração do jornalismo nas redes digitais. In: CANAVILHAS, João (Org.) 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LabCom Books. 2012. <br><br>GENRO FILHO, Adelmo. O segredo da pirâmide: para uma teoria marxista do jornalismo. Porto Alegre: Tchê!, 1987. <br><br>GRUJIC, Andrej. Psicologia das cores. São Paulo. IN: RAMOS, Ricardo Argenton. O sistema visual humano. 2014. Disponível em: http://www.univasf.edu.br/~ricardo.aramos/disciplinas/CompAplicSaude2014_1/Aula_RicardoRamos_O%20Sistema%20Visual%20Humano.pdf. Acesso: 27 mar. 2017 <br><br>HOLANDA, André Fabrício da Cunha. Estratégias de abertura: o jornalismo de fonte aberta dos casos Indymedia, CMI, Slashdot, Agoravox, Wikinotícias e Wikinews. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas. Universidade Federal da Bahia. 2007 <br><br>KANE, John. A type primer. Second Edition. Upper Saddle River. USA. Pearson Education. 2011. <br><br>LAGE, Nilson. Linguagem Jornalística. Ática, São Paulo, 1985. <br><br>LAGE, Nilson. Estrutura da notícia. 6ª ed. 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